"A História é sempre contada do ponto de vista do vencedor" Heródoto
"A História é uma versão do passado na qual decidimos acreditar" Napoleão Bonaparte
"O segredo da Verdade é: não existem fatos, só existem histórias" João Ubaldo Ribeiro
Ultimamente tenho pensado muito nisso:
a gente tem sempre que desconfiar; jamais acreditar num discurso, pois ele é necessariamente uma
versão, que não reflete toda a verdade. Mesmo a "História" que aprendemos na escola é somente uma versão dos fatos: enquanto aquela ensinada antigamente, a chamada "Oficial", é contada pelas elites, as
vencedoras dos conflitos, a que é em geral ensinada atualmente parece contada pelos
vencidos, por sua orientação marxista (não vamos discutir isso!). Qual é a verdade? Segundo Napoleão, a que você decidir acreditar - se você for capaz, um pouco das duas e de outras.
Mas enfim: o que isso tem a ver com Tolkien? (o tópico tá tomando cara de artigo, o que não era minha intenção hehe)
Tudo. Não sei se ele desaprovaria essas minhas idéias (se ele realmente queria fazer entender que tudo aquilo aconteceu
de fato), mas eu vejo tudo o que ele escreveu como apenas
uma versão da História de Eä: aquela contada pelos Elfos, na qual Manwë é o Bem e Melkor é o Mal. Talvez até Tolkien respaldasse essas idéia, já que ele próprio notifica que O Senhor dos Anéis é contado "do ponto de vista dos hobbits". Desde que ele admite que é um ponto de vista, admite também que há outros plausíveis.
Acho uma boa tranplantar essas coisas pra mitologia dele. Quando li O Silmarillion com essa nova visão foi muito interessante: fiquei imaginando qual seria a versão do "Mal" para os fatos (por isso comecei a escrever os
Relatos de Melkor), e também como tudo teria acontecido de fato - façam isso, e percebam como a complexidade da mitologia aumenta.
Que vocês acham disso? Acham que o que lemos deve ser entendido como coisas inquestionáveis ou que também são apenas versões para o que aconteceu de fato?
De fato,a história é,e vai ser sempre contada por aqueles que vencem. O Silmarillion não é,digamos assim,o relato de um soldado diretamente,mas conta o lado "daqueles" que pensam estar do lado do "bem". Como diria Nietzsche,vamos para "além do bem e do mal". Ok,vou viajarum pouco aqui,recomendo uma boa erva de fumo antes de prossegir.
Tolkien era cristão,e cristãos são essenciamente bons ou maus,para tudo que acontece,certo? Digo,dentro do cristianismo existe a divisão entre o bem(Jesus Cristo) e o mal (Satã),correto? Certa vez li que o Silmarillion para o Tolkien era todo o conceito da sua teologia,diretamente relacionada a suas concepções filosóficas sobre a criação do mundo. Ao fazer isso,estabeleço um paralelo entre Erü e D-us(Jeová). Ambos,em suas devidas teologias,são o ponto de partida para todas as outras coisas. Enquanto Erü criou os Valar,D-us criou os Anjos,com uma função bem similar. Toda via,existe uma passagem do Silmarillion que agora não me recordo onde,que diz que os homens chamavam os Valar de Deuses e nunca compreenderam muito bem essas "criaturas". É inevitavel fazer uma comparação entre Ulmo e Poseidon. Logo,o Erü seria a supremacia do cristianismo sobre os Deuses pagãos do passado,sendo os próprios deuses,criação de outro deus.
E os elfos,bom,os elfos(em geral) eram belos,tinham conhecimento,sabedoria,música e beleza,correto? Não se parece muito com os Atenienses durante o regime de Sólon? Assim como se parece com o povo de Alexandria durante seu explendor helênico? Ou mesmo com a mítica Heliopolis,idéia abordada na primeira temporada de Stargate SG-1 ? Ok,voltando.
Erü,criou Melkor e Melkor é mal. Mas Erü,que eu me lembre,nunca disse que Melkor era mal ou os outros Valar eram bons. Basicamente,era apenas uma frequência diferente de música,algo como uma música do Enya,sobreposta por uma música de Heavy Metal,sobreposta por um tecno,e assim vai. Então a idéia é a seguinte: Cada pessoa aqui no fórum gosta de um tipo de música,assim como Tolkien,logo,para ele,a alteração na música poderia ser necessariamente ruim para os ouvidos dele. Ou para os ouvidos dos Valar no caso. Mas isso não pode ser necessariamente verdade para todas as outras pessoas,afinal,a variação de gostos músicais é enorme. Ou seja,se misturar Heavy Metal com Tecno,se tem Slipknot,que não é uma banda boa ou ruim,tudo depende de quem a escuta e para que a escuta.
Então,no meu ponto de vista, Melkor não bom ou mal,e sim,o conceito perfeito de Super-Homem de Nietzsche. Ok,vamos lá,ele cedeu a todos os desejos,correu atrás daquilo que ele cobiçava,controlou,dominou,enfim,fez o "diabo". Quase que um seguidor completo de Zaratustra. Enquanto todos os outros Valars eram "bons" e "ajudavam" os outros. Porém,se eles fossem tão bons,porque sentiram ira e não perdoaram os elfos do fraticídio? Afinal,eles eram bons!