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Livros sobre sexo

DiegoFerrite

Usuário
Opa, não estou me referindo, apenas, aos contos eróticos. Mas qualquer coisa que tenham lido que fale sobre sexo, como um Bocage por exemplo.

Eu li A casa dos Budas Ditosos e realmente não gostei muito. Achei meio forçado, e pra mim não passou de alguem querendo se passar por uma velha falando de sacanagem para chocar os outros. Mas é apenas minha humilde opinião.

E vocês, o que leram sobre sexo ultimamente?
 
Eu não leio sobre sexo. Acho que a literatura tem muitas coisas melhores para expor num mundo em que temos o sexo em tanta evidência. Mas nada contra literatura desse tipo.
 
Decameron é uma boa leitura, entre os diversos temas tratados o sexo é muito frequente e nada vulgar. Sexo é sempre um bom tema seja para fazer ou para ler.
 
"Teresa Filósofa". Anônimo, Século XVIII.
De tanto ouvir sobre esse livro na Universidade, acabei comprando.
A mistura de filosofia e erotismo é bem interessante. Eu recomendo.
 
8-O
Sinto como se tivesse entrado num universo paralelo... 8-O

Não... vocês tem razão, eu me senti um velho conservador naquele post la em cima, não podemos manter esses tabus chatos da sociedade, sexo é algo bom claro...

Talvez eu leia algum dos livros recomendados aqui no futuro.
 
8-O
Sinto como se tivesse entrado num universo paralelo... 8-O

Não... vocês tem razão, eu me senti um velho conservador naquele post la em cima, não podemos manter esses tabus chatos da sociedade, sexo é algo bom claro...

Talvez eu leia algum dos livros recomendados aqui no futuro.



É isso ai cara. Venha para o lado negro da força.

Eu tava até estranhando uma postura tão conservadora numa pessoa tão jovem.
 
Duas palavras:

Henry Miller.

Mais duas palavras: Charles Bukowisk

Ouvi falar muito bem dos dois já, mas nunca li nada.


Esses dias andei lendo o "memórias de minhas putas tristes", do Gabriel Garcia marques. Na verdade é um sexo mais "velado", voltado pra visão de romance do velho poeta. Achei a história em si meio sem sal, mas o jeito que ele escreve é sempre interessante.
 
Na minha opinião é mais ou menos o seguinte: O Bukowski é um bêbado e velho safado, o Sade é nojento, e o Miller é apaixonado pela vida. Três maneiras diferentes de abordar sobre sexo, do qual eu prefiro a maneira do Miller.
Os livros dele são repletos de sexo, é verdade, mas o que está em jogo não é falar sobre sexo ou coisa do tipo, o importante aqui é a paixão pela vida, pelos prazeres da vida, seja quais eles forem - o importante não é tornar-se um escritor, por exemplo, mas o processo até que isso ocorra. E ele consegue transmitir essa paixão perfeitamente - e num tom de jovialidade incrível. O Henry Miller consegue fazer o leitor querer sair à luta para viver a vida, cravar as unhas na terra, devorar a carne. É aquela mesma sensação de querer agarrar o mundo que os livros do Nietzsche também transmitem.

Um trechinho aqui do Sexus:
"Foi o livro de Belloc que realmente me inflamou. Homem sensível, erudito, homem para que a história da Europa era uma memória viva, ele havia decidido caminhar de Paris até Roma, apenas com uma sacola e um bastão resistente. E o fez. No caminho, aconteceram todas aquelas coisas que sempre acontecem em caminho. Era a minha primeira compreensão da diferença entre o processo e a meta, minha primeira conscientização da verdade de que o objetivo da vida é vivê-la."

(...)

"Quando penso hoje sobre o ardil que me libertou, quando penso que fui solto desta prisão porque a mulher que eu amava quis se livrar de mim, um sorriso triste, frustrado e mistificador cobre-me o rosto. Como as coisas são confusas e intrincadas! Somos gratos àqueles que nos apunhalam pelas costas; fugimos daqueles que poderiam ajudar-nos; nos felicitamos da nossa boa sorte, sem nunca chegarmos a sonhar que nossa boa sorte poderá ser um atoleiro do qual será impossível se desembaraçar. Corremos em frente com a cabeça voltada para trás; nos lançamos cegamente na armadilha. Nunca escapamos, exceto num beco sem saída."
 
E agora um trecho absolutamente foda do Trópico de Câncer:

"Caminhando em direção ao Montparnasse, resolvi seguir ao léu, não resistir em nada ao destino, não importa como se me apresentasse. Até então, nada do que tinha acontecido comigo conseguira me destruir nem nada fora destruído, exceto minhas ilusões. Eu estava intacto. O mundo estava intacto. Amanhã podia haver uma revolução, uma epidemia, um terremoto; amanhã podia não sobrar uma só alma na qual alguém pudesse encontrar solidariedade, ajuda, fé. Eu achava que a grande calamidade já se mostrara, e eu não podia ser mais verdadeiramente só do que naquele exato momento. Resolvi não me apegar a nada, não esperar nada, dali por diante eu viveria como um animal, uma fera carnívora, um nômade, uma ave de rapina. Mesmo se fosse declarada a guerra e eu tivesse de participar, pegaria a baioneta e a enterraria até o cabo. E se estupro fosse a ordem do dia, então que houvesse estupro, e com vingança. Naquele exato momento, no calmo amanhecer de um novo dia, o mundo não estava atordoado de crime e aflição? Será que um só elemento da natureza humana mudou, profunda e fundamentalmente, graças à marcha incessante da história? O fato é que o homem foi traído pelo que chama de melhor porção de sua natureza. Nos limites extremos de seu espírito, o homem está de novo nu como um selvagem. Ao encontrar Deus, digamos assim, está bem vestido: é um esqueleto. É preciso enfiar-se na vida outra vez para ter carne. O verbo tem que se fazer carne; a alma está sedenta. Toda migalha que meus olhos virem, vou pegar e devorar. Se o que está acima de tudo é viver, então vou viver, mesmo se tiver de virar canibal. Até onde estou, tentei salvar minha preciosa pele, tentando preservar os poucos pedaços de carne que escondem meus ossos. Estou cheio disso. Cheguei ao limite. Estou com as costas na parede, não posso recuar mais. Até onde vai a história, estou morto. Se houver alguma coisa além, terei de saltar para trás. Encontrei Deus, mas ele é insuficiente. Estou morto apenas espiritualmente. Fisicamente, estou vivo. Moralmente, sou livre. O mundo de onde saí é uma jaula. Amanhece um novo mundo, um mundo de selva onde os espíritos descarnados rondam com garras afiadas. Se sou uma hiena, sou descarnada e esfomeada: sigo em frente para engordar."

ps: bom, a essência do tipo de vida que ele levava é basicamente isso. Ele deixou de ter grandes ambições na vida e se sentiu livre por isso. Tudo que ele queria agora é "um punhado de sonhos, um punhado de livros e um punhado de vulvas".
 
Pra mim Miller é infinitamente superior. Ele não é só melhor ao descrever as cenas, mas o cara é realmente culto. Ele tem a capacidade rara de unir um linguajar completamente chulo à uma linguagem bem rebuscada. Tudo isso na mesma frase. E de seus livros salta vida.
 
"Foi então que ela fez algo que nunca fizera. Mexendo-se com abandono furioso, mordendo-me os lábios, a garganta, as orelhas, repetindo como um autômato enlouquecido: - Vamos, vamos, venha, bem fundo, Oh Deus, enfie, enfie tudo! - ela saltou de um orgasmo para outro, empurrando, puxando, erguendo-se, contorcendo a bunda, levantando as pernas e enroscando-as em meu pescoço, grunhindo, gemendo, chiando como uma porca e então subitamente, no fim da exaustão, pedindo-me que acabasse com ela, que soltasse a carga. - Acabe, acabe.. eu enlouqueço!... Deitada ali como um saco de aveia, arfando, suando, completamente indefesa, completamente extenuada que estava, eu lenta e deliberadamente atochei o pau para diante e para trás, e quando tinha saboreado meu bom bife, o purê de batatas, o molho e os temperos, lancei-lhe uma ducha na boca do útero que a sacudiu como uma descarga elétrica."
Miller
 

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