Todos os aeroportos do país estão fechados para decolagens, diz Infraero
A assessoria de imprensa da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) informou que todos os aeroportos do País estão fechados. Segundo a Infraero, estão sendo autorizados os pousos apenas dos vôos que estão no ar. As decolagens não estão sendo permitidas. Em Brasília a paralisação começou às 18h44.
Nesta sexta-feira, os controladores de vôo militares entraram em "aquartelamento voluntário", em "protesto contra perseguições pelo Comando da Aeronáutica", segundo o advogado Normando Cavalcanti Jr, que representa os controladores. Dezoito deles foram presos à noite em Brasília, disse o advogado.
A mobilização começou às 12h, quando os sargentos controladores anunciaram o início de uma greve de fome. A decisão foi tomada em reunião dos controladores na própria sede do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta 1), depois que os sargentos foram advertidos pelo próprio comandante da unidade, coronel Carlos Aquino, para que refletissem sobre a decisão de se aquartelarem e fazerem greve de fome. O coronel avisou que não hesitaria em "usar o regulamento" e lembrou que os subordinados poderiam ser enquadrados por promoverem um motim.
Irritados com as ameaças, os controladores resolveram suspender a greve de fome e partir para a paralisação total dos vôos. O estopim para o início da movimentação foi a transferência obrigatória do sargento controlador Edileuso do Cindacta-1 para o centro de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Segundo a Aeronáutica, "por necessidade do serviço". O sargento Edileuso era diretor de mobilização da Associação Brasileira dos Controladores de Vôo.
Na manhã de hoje, convocados por seus chefes, os sargentos participaram de uma formatura pelo Dia do Meteorologista, e decidiram que, a partir dali, que permaneceriam nas unidades, iniciando uma espécie de auto-aquartelamento. Às 15 horas, a turma que trabalhava pela manhã deveria deixar o serviço. Mas eles decidiram ficar no Cindacta, engrossando o movimento. Além de cerca de 120 militares de Brasília, seguiam o mesmo caminho os controladores de Manaus e do Galeão, no Rio de Janeiro. Enquanto isso, a FAB, oficialmente, dizia ignorar o movimento, alegando que não havia ninguém no quartel que não fossem as pessoas que estavam trabalhando.
Mas, por outro lado, as chefias determinavam que fosse preparada comida para todos e alojamento para os que quisessem ficar no quartel. Não esperavam, no entanto, a radicalização. Ao mesmo tempo, o próprio comandante, brigadeiro Juniti Saito, já se reunia com setores jurídicos do Ministério da Defesa, para ver em que poderiam enquadrar o pessoal. Neste momento, no entanto, não havia muito o que fazer, porque eles estavam no quartel, mas não estavam prejudicando o andamento dos trabalhos.
Por volta das 15h30, o comandante do Cindacta 1 reuniu os sargentos pedindo que eles voltassem atrás no movimento, que desistissem de dormir no quartel e que fossem pra casa descansar, para não enquadrados em insubordinação e motim. Nenhum controlador respondeu a uma única pergunta do coronel Aquino e voltaram a se reunir quando decidiram pela radicalização, suspendendo a greve de fome e partindo para a paralisação dos vôos.
Por volta das 18h50, os controladores de vôo comunicaram às chefias do Cindacta-1 de Brasília, que iam paralisar suas operações e que só iriam autorizar o pouso dos aviões que já estavam no ar ou que estivessem em emergência ou transporte de transplantados o pacientes. Exigiam a presença de uma autoridade do primeiro escalão para negociar.
Eles querem desmilitarização do trafego aéreo, melhoria dos equipamentos e criação de uma carreira de Estado. As mobilizações são uma resposta às represálias da Aeronáutica, que está transferindo os sargentos controladores de suas sedes para outras cidades, aleatoriamente. Os controladores lembram que a primeira paralisação por melhores condições de trabalho ocorreu no dia dois de novembro.
Gabinete de crise
O presidente da Republica em exercício, José Alencar, foi chamado às pressas em Brasília pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Felix, para tratar da crise. Alencar não quis antecipar as providências que pretende propor no âmbito do gabinete de crise criado em Brasília."A primeira coisa que pretendo fazer é conhecer o problema, depois as causas, para examinar as soluções e escolher a melhor saída", afirmou. Acrescentou que pelo relato que teve do general Felix, o problema é sério porque "a função dos controladores de Brasília é muito importante porque afeta todos os vôos."
Alencar ressaltou que a dedicação do presidente Lula tem sido notável e por isso ele acredita que "muito em breve o Brasil terá uma estrutura confiável" no setor aéreo. Alencar participou hoje, em Belo Horizonte, da solenidade de posse da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagi). Quando se preparava para conceder entrevista recebeu no celular uma ligação do general Felix, com quem conversou por 10 minutos. A entrevista foi bastante rápida e em seguida Alencar se dirigiu para o aeroporto de Pampulha para embarcar para Brasília.
Lula quer negociação
A bordo do avião em que viaja para os Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado da greve dos controladores de vôo e deu orientação à Aeronáutica para que "conversasse" com os grevistas, informou o Planalto.
O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Felix, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o chefe de gabinete do Planalto, Gilberto Carvalho, e o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, estão reunidos no Palácio do Planalto, segundo assessoria de comunicação do governo.
Com Agência Estado e Reuters
http://noticias.uol.com.br/ultnot/2007/03/30/ult23u325.jhtm
Dezoito controladores de vôo são presos em Brasília
SÃO PAULO (Reuters) - Dezoito controladores de vôo foram presos na noite de sexta-feira em Brasília após iniciarem uma greve, informou o advogado Normando Cavalcanti, que representa os controladores.
"Dezoito dos aquartelados foram presos", disse Cavalcanti à Reuters.
As decolagens em todo o país estão suspensas, de acordo com a Infraero.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2007/03/30/ult27u60694.jhtm
Mais um capítulo na história...