Skywalker
Great Old One
RedeRPG disse:Agora que o ano já acabou e as rabanadas terminaram, é possível fazer um balanço do mundo dos games. Como foi 2006 para o mercado de RPG? Bem, ele foi impiedoso. As empresas de RPG que nunca concordam em nada, agora estão juntas, algo está acontecendo. As diversas associações e companhias de distribuidores apresentam números diferentes, mas todos para o mesmo lado, para baixo.
As vendas de livros de RPG caíram entre 10% e 30%, fazendo com que o RPG, que tinha 7% do mercado geral de games (CCG, Boardgames...) ficasse com apenas 3%. Para entender o que realmente acontece, não adianta ver os números ou ler entrevistas, é preciso pesquisar o que os números representam e o que não se diz nas entrevistas. Mas, qual a situação das grandes empresas?
Alderac Entertainment
www.alderac.com
Considerado uma das cinco maiores empresas de RPG do mercado, o ano de 2006 foi bom para a empresa, se esquecermos o RPG. A Alderac sempre foi conhecida por seus CCG, mas conseguiu emplacar grandes sucessos no mundo de RPG: 7th Sea, Legend of the Five Rings, Spycraft; mas em 2006 as coisas já não eram as mesmas. 7th já estava cancelado, e a grande novidade foi o lançamento dos livros em versão e-book. Os livros D20 da editora pararam em 2004 e não tem porque voltar.
Já o grande xodó da empresa, Legend of the Five Rings está devendo. A nova edição, 3°, foi lançada em 2005, mas em 2 anos a AEG só publicou um suplemento para o sistema, com um segundo para 2007. 2 livros em 2 anos, é muito pouco. Entre 2000 e 2004, durante a segunda edição a empresa publicou mais de 20 livros para L5R.
E a situação não tende a melhorar. Olhando os press-releases da empresa só duas coisas aparecem. Primeiro, o novo CCG lançado em 2006 de City of Heroes, MMORPG de super-heróis e a parceria para criar um RPG Online de Warlords. Isso é, o foco da empresa continuará com os Cards e MMORPGs. Não ficaria surpreso, se antes de uma nova versão de 7th Sea ou suplemento para L5R, tivéssemos o anúncio de jogos onlines para eles.
Mongoose Publishing
http://www.mongoosepublishing.com/
A Mongoose foi a empresa que mais cresceu com o D20. Ela surgiu do nada para em pouco tempo participar do seleto grupo de grandes do RPG mundial. Nos últimos anos, quando todas reclamavam do mercado de RPG, os diretores da Mongoose eram os únicos a proclamar o sucesso de vendas. Mas, no balanço feito por eles de 2006 o discurso mudou.
A marca da empresa nunca foi a qualidade, mas a quantidade absurda de livros lançados. Qualquer cenário, idéia era abraçada pela empresa. Hoje ela conta com mais de 5 linhas de RPG, mas o ano de 2006 não foi como esperado. A Mongoose começou a explorar o mundo das miniaturas e boardgames, e gostou. Basta olhar a lista de lançamentos e confirmar o crescimento no número de miniaturas e produtos para seus games. Nesse caso, a notícia não é ruim, já que a empresa sempre publicou livros demais com qualidade de menos (apesar de grandes sucessos). Talvez isso seja um reflexo da mudança de foco da empresa, que viu uma queda nas vendas dentro dos EUA e tenta se voltar para o mercado europeu. Segunda a própria Mongoose, eles perderam cerca de 30% das vendas no país em 2006.
Palladium Publishing
http://www.palladiumbooks.com
Responsável por Rifts, um dos mais populares RPGs dos USA, a Palladium sempre teve uma base sólida e sustentável (não precisava de novos jogadores os antigo mantinha a empresa) de fãs. Além de Rifts, a empresa lançou vários RPGs baseados em séries de sucesso como: Robotech, Tartarugas Ninjas... e sempre conseguiu se manter afastada das crises, até 2006.
Em 2006 o presidente da empresa, Kevin Siembieda, veio a público dizer que a Palladium estava em grave crise financeira. Segundo ele, a Palladium foi alvo de traição de um dos seus funcionários, que roubou diversos itens, causando um prejuízo enorme, U$ 1 milhão de dólares. A única salvação eram os fãs. Só eles podiam recuperar a empresa e salvá-la da falência. Começou assim, uma campanha para levantar novamente a gigante, com fãs comprando de tudo da loja online da Palladium, de camisas a livros antigos.
Mas, tudo tem dois lados. Kevin sempre foi uma figura polêmica e suas declarações já são contestadas. O processo contra o empregado que roubou a empresa foi julgado. Ele foi condenado à prisão e uma multa de U$ 47 mil dólares. Muito distante do valor roubado da empresa. Por que? Porque, segundo o processo, o valor total roubado da Palladium seria de U$20 mil dólares, U$ 980 mil dólares a menos que o divulgado pela empresa. Não existe confirmação sobre os valores, mas não parece que os problemas da Palladium não vem apenas do caso acima. Os últimos livros de Rifts não foram tão elogiados pelos fãs e uma queda de vendas não seria surpresa. O futuro é incerto, se as doações vão salvar a Palladium, só saberemos em alguns anos.
White-Wolf
www.white-wolf.com
O mundo das trevas está cada vez mais claro. 2006 foi o ano de afirmações para a White-Wolf: World of Darkness não é mais o mesmo. Exalted assumiu definitivamente o posto de grande sucesso da empresa. Entre os vinte produtos mais vendidos da empresa, uma surpresa em segundo lugar: Ptolus, o mega livro de Monte Cook com mais de 1000 paginas, custando U$120; em seguida dois livros de Exalted e os boosters de EVE CCG. Tirando os livros Live-Action, o primeiro produto do novo WoD é Mage The Awkening em 13 lugar.
O sucesso de Ptolus talvez explique o anúncio do novo WoD, Monte Cook'a World of Darkness. Ainda não existe nenhuma confirmação sobre o título, mas a tendência é que não seja uma versão D20, mas uma visão de Monte Cook sobre o cenário. Mas, a verdadeira bomba foi à fusão da WW com a CCP, nanica empresa de MMORPGs. Com a fusão podemos esperar Vampire Online e livros de RPG para EVE, o RPG Online da CCP. Mas, apesar da negação, fica bem claro qual o foco das empresas: o mercado online de games.
O ano de 2007 promete ser melhor para a WW, já que 2006 foi terrível. Segundo estimativas, a empresa viu uma queda superior a 50% nas vendas de seus livros de WoD. Com as novas diretrizes, a empresa deve focar nos produtos mais rentáveis, como Exalted, CCG e alguns RPGs com boas vendas. Não esperem uma enxurrada de títulos para Vampire.
Steve Jackson Games
www.sjgames.com
A SJG não ficou no final à toa. SJ acaba de divulgar o balanço da empresa para os acionistas. A situação é a que todos no mercado já sabiam, mas alguns fãs não conseguem acreditar, mesmo quando o SJ fala. O que começou como uma piada, Munchkin, é hoje o principal produto da empresa. Em 2005 ele representava 30% das vendas da SJG. Em 2006 foram 55%.
As palavras de SJG são claras: os Cards e Boardgames dominaram o mercado em 2006. Para crescer, o plano da empresa e investir em Munchkin (canecas, canetas, etc), Card Games e outros jogos. Para RPGs, o plano e continuar a incentivar a produção de livros onlines. A divisão online da empresa vem mostrando bons resultados e deve continuar assim.
E GURPS? Bem, GURPS terá menos livros que nunca. Segundo SJ, apenas dois de capa dura. Livros antigos só em versão digital. Não é o fim de GURPS, nem algo similar, mas os jogadores devem esperar uma diminuição no número de títulos e um aumento em produtos digitais.
Wizards of the Coast
www.wizards.com
Bem e a Wizards? Tentar fazer uma análise da Wizards é o mais difícil de todos. Como parte da Hasbro, a Wizards só é citada nos relatórios da empresa para falar de Cards, Pokemon e, mais recentemente, miniaturas. Se 2006 foi o ano de Exalted na WW, para a Wizards foi o ano das minis. As miniaturas dominaram as vendas da empresa. Hoje a WoC mantém quatro linhas de miniaturas: D&D, Star Wars, Axis & Allies e Dreamblade; além de Starship Battles, série limitada sobre batalhas espaciais de Star Wars. Não é segredo que foram as vendas de minis que salvaram o resultado contábil da WoC.
E o RPG está vendo essa mudança. Em 2005 a empresa lançou 7 suplementos para Forgotten Realms e 30 romances (com re-edições). Para 2006 foram 5 suplementos e 23 romances. Para 2007 são 4 suplementos confirmados e 15 romances. Já Eberron recebeu 7 livros em 2005, 6 em 2006 e 3 para 2007. Não há uma diminuição drástica no número de produtos, mas também não há um crescimento. Do outro lado, a WoC lança um ou dois novos jogos por ano.
O que esperar do futuro? A Wizards já percebeu a mudança no mercado, seu foco fica cada vez mais voltado para games, com o RPG em segundo plano. Ela tenta de todas as maneiras juntar esses jogos com o RPG, através de D&D Boardgame, novo Kit do Jogador; mostrando sua preocupação com o futuro. Ela é a única das grandes que não fala com entusiasmo sobre o novo mercado online de livros, por isso ainda podemos esperar muitos livros de papel.
O que isso quer dizer?
A situação é tão desesperadora como parece? Não. O mercado está mudando. Crise não significa acabar com o RPG, mas em mudanças drásticas. Lançar 20 livros por ano, esperando que seus antigos fãs paguem pelos custos da empresa não funciona mais. Vender apenas RPG está cada vez mais impraticável em um mercado altamente competitivo.
O jovem de hoje tem CCG, boardgames, RPGs Onlines; todos competindo por sua atenção. Os antigos jogadores não conseguem mais sustentar as grandes empresas, elas precisam de novas idéias, novas iniciativas, como e-books, miniaturas, parcerias... Quem está se adaptando continua. Quem segue a mesma estratégia de 10 anos atrás... O tempo dirá.
Fabiano
PS: Uma boa leitura para quem estuda o mercado. E depois eu que sou pessimista:
http://web.mac.com/rsdancey/iWeb/RS...6A7-4C05-89B8-15803410A740.html#comment_layer
Não me responsabilizo pelo suicídio daqueles que clicarem no link sugerido pelo Fabiano (que não sou eu ).