Lol, achei o texto aqui, é um blog de humor, mas às vezes o Kid escreve coisas sérias.
Fui dar aulas de matemática pra patroa outro dia e fiz uma descoberta mais chocante que encontrar o pai beijando o carteiro:
OS CANADENSES NÃO CONHECEM REGRA DE TRÊS.
Sim, é a dura realidade. Não sei como um país pode se tornar desenvolvido sem o domínio dessa importante (e BÁSICA, porra!) relação aritmética. Pior que isso, o nível da matemática que eles ensinam pro (equivalente ao) terceiro ano aqui é baixíssimo. Minha namorada trouxe pra casa uma tarefa que consistia em achar porcentagens. Nenhuma complicaçãozinha, nenhuma pergunta capciosa, nenhuma daquelas questões que você JURA que está certa até o professor esfregar o erro nas suas fuças.
Uma das questões da menina era "Quantos porcentos de 300 fazem 50?" Simples assim.
Sai resolvendo a questão aplicando a versátil regrinha de três. Demorei uns trinta segundos para achar a resposta. Pelo método dela, seria muito mais demorado.
Ela me olhava, pasma. "O que diabo você fez?"
Expliquei que, usando três números, poderíamos achar o quarto, que no caso é a porcentagem procurada. Ela reclamou, dizendo que só há dois números: o 300 e o 50. Falei que o cerne no problema está em equivaler 300 a 100%, e assim achar quantos porcento são 50. Regrinha de três simples. Ela, com um olhar confuso, me perguntou de onde saíram os tais 100%.
E aí perguntei se ela conhecia aquele modelo matemático. Ela disse que nunca viu na vida, e que não entendeu nada do que eu fiz. Falou que o método "certo" de resolver aquilo envolve uma fórmula que ela não lembra.
Claro que eu tive que humilhar. Falei pra ela que no País da Putaria, moleques de quarta série resolvem isso nas suas tarefas escolares. E a quarta série aqui é equivalente ao nosso jardim da infância. Nossos pivetes resolvem brincando equações que ela, uma quase-formanda do segundo grau, tem dificuldade em solucionar. Então ela se sentiu REALMENTE rebaixada. Haha, nós chutamos bagaças.
Ela me contou que os professores aqui ensinam diversas fórmulas diferentes para vários problemas que a nossa regrinha de três dá conta facilmente. O método de ensino daqui, ao contrário do que é ensinado no nosso amado país, não treina os estudantes para usar o pensamento lógico. Ao encontrar um problema um pouco diferente do convencional (como foi o caso da questão do 300 e 50), eles não sabem o que fazer.
As provas dela consistem em probleminhas de achar frações, números decimais e porcentagens. Cada um com sua equaçãozinha e analogias, como FOIL: First Out, Inside Last. Eles decoram isso para saber em que ordem começam a resolver as equações.
As provas deles, que para nós seriam a coisa mais fácil do mundo, tomam mais de uma hora desses autômatos treinados para seguir normas. Ao ensinar a patroa, percebi que eles não são acostumados a achar saídas lógicas para os problemas: eles só sabem aplicar fórmulas.
Porra, na moral, por que o Brasil é tão fodido? Revoltei-me agora. Pelo contato que tive com estadunidenses e canadenses, já saquei há muito tempo que eles não têm qualquer jogo de cintura, não têm aquela esperteza malandra que nos é tão familiar. O tal "jeitinho brasileiro" que está no nosso sangue é algo que foge à compreensão deles.
Enfim, mal posso esperar pra começar a estudar aqui. E vejam só, levarei nossa fama para a escola. Serei o "brasileiro que sabia calcular". A regra de três dominará. Vou cobrar esses vadios para ter aulas particulares comigo.
E se meus instintos não me enganam, meu contato com o sistema educacional canadense ainda renderão muitos posts.