Poucos devem se lembrar dessa série, que saiu meio que pegando carona em "As Crônicas de Artur". É uma série de quatro volumes sobre a vida de Caio Júlio César, ditador romano. Como pode-se ler no tópico, comecei a ler a série em 2006 (caramba, parece uma eternidade atrás, e de certa forma é, afinal foram 5, 6 anos....), mas, apesar de algumas impressões positivas, acabei interrompendo a leitura no segundo livro. Sempre olhava os dois livros com pesar na estante, e nessas férias decidi relê-los.
O primeiro livro trata, em resumo, da infância de Caio na fazenda de seu pai, e também de seu contato com Roma (embora haja muito mais coisas do que isso, é claro, em especial o conflito entre Cornélio Sila e Mário, tio de Caio). Queixei-me do retrato da infância de Caio em 2006, mas já em 2012 para mim funcionou muito bem e foi o ponto alto do livro, embora também as batalhas sejam ótimas (ressalta-se a faceta subjetiva que o autor descreve em batalhas, preferindo cada dor, sensação, pensamento, temor, etc, dos que participam dela, do que uma visão clara da batalha como um todo). Conn tem um estilo um tanto quanto episódico, mas que contribui em muito com a dinamicidade da história. Se há uma batalha para retratar, ele retratará em um sub-capítulo, 10, 15 páginas no máximo - por mais longa que seja ela no tempo interno da obra. Uma ida na cidade, idem. E assim vai. Ele não passa muito tempo focando em um mesmo acontecimento ou intervalo de tempo. Ou seja, os fatos passam muito depressa e com dinamicidade, semanas e anos passam-se depressa.
O segundo livro segue esse mesmo estilo, mas aumentando ainda mais a escala dos acontecimentos, dos personagens, etc. Personagens muito interessantes - a noção de "vilão" perde-se muitas vezes, com figuras interessantíssimas como Mitrídates, rei grego rebelde, e de Spartacus, no ato final do segundo livro. Em dado momento, há um reencontro de César com os personagens marcantes de sua infância (Tubruk, administrador de sua fazenda... Rênio, antigo treinador.... A própria mãe de Júlio, que no livro sofre de uma espécie de doença mental, dificultando a relação com o filho.... etc), e para mim funcionou muito bem, porque de certa forma eu também conheci os personagens há muito tempo e também para mim eram figuras do passado, embora por motivos externos à obra, é claro.
Ele peca na descrição da cidade em si, faltando com detalhes físicos, porém é bastante satisfatório em retratar o dia-a-dia do número crescente dos personagens, seus pensamentos e afazeres, que acaba passando de forma satisfatória o modo de viver da época... embora esse aspecto melhore no segundo livro e os dois tipos de descrição meio que se equilibram.
Terminei o segundo livro agora pouco, vou começar a leitura do terceiro...