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Silenzio
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O empresário Ricardo Semler lança no fim do mês seu novo livro, "Você Está Louco! "
Na obra, o palestrante e presidente da Semco defende que, em nome da felicidade e da Produtividade de seus executivos, as empresas deveriam adotar agenda livre, abolir horários fixos e implantar a democracia em seu sistema de gestão.
1 - Não é utopia falar num sistema democrático e sem horários fixos? Como funcionariam as empresas de setores como aviação ou a indústria automobilística?
Os modelos atuais estão errados, tanto é que existem hoje poucas montadoras viáveis no planeta e quase nenhuma companhia aérea. Nesse setor, as notáveis exceções são as empresas pequenas, nas quais o funcionário tem voz ativa nas decisões, como a JetBlue e a Virgin Atlantic. Não é mera coincidência.
2 - É possível mesmo trabalhar menos, com toda a competitividade entre as empresas?
Se um executivo analisar sua agenda, verá que há uma perda extraordinária de tempo com assuntos desimportantes. Render-se às normas de internato das companhias não significa aumentar a produtividade. Minha empresa, a Semco, cresceu 27% ao ano por mais de uma década. Trabalho sem relógio, celular e agenda fixa. E não mais do que algumas horas por dia. É o suficiente.
3 - Sempre se falou que a tecnologia livraria as pessoas da obrigação de se deslocar diariamente para o escritório. Por que isso não aconteceu?
A estupidez ainda é a regra. É possível abolir o conceito anacrônico de ter sedes, é fácil eliminar o horário fixo, é moleza desfazer-se do organograma.
Mas a insegurança de executivos treinados por escolas ultrapassadas perpetua o modelo atual.
4 - As empresas chinesas e indianas trouxeram alguma novidade para esse ambiente?
Por enquanto, nenhuma. Elas apenas reproduzem os modelos ocidentais e aproveitam mão-de-obra barata, políticas governamentais ou ciclos de caixa gigantescos.
5 - O senhor costuma comparar esse ambiente de trabalho às imagens dos operários do filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin. Não é um exagero?
Não. O call center de 2006 é a linha de montagem de Chaplin da década de 20. Em vez de estimular a criatividade, os executivos estão preocupados em manter o controle. Alguns chegam ao cúmulo de impor restrições ao uso de ferramentas como a internet durante o horário de trabalho.
6 - A desculpa para esse tipo de restrição é que a internet pode prejudicar a produtividade. Não faz sentido?
O interessante é que a mesma empresa que proíbe a internet durante o expediente não proíbe seus executivos e funcionários de trocar e-mails aos domingos discutindo assuntos de trabalho. A questão não é policiar o funcionário para saber se está perdendo tempo na empresa. É preciso criar
interesse para que a pessoa tenha motivação e gratificação no que faz.
7 - Em seu novo livro, o senhor diz que sempre sonhou fazer uma experiência "Semco unplugged", ou seja, testar como seria um dia da rotina de sua empresa sem internet e e-mails. Já conseguiu realizar esse projeto?
Não. Ninguém deixou. Eu não mando nada lá na tal de Semco.
Na obra, o palestrante e presidente da Semco defende que, em nome da felicidade e da Produtividade de seus executivos, as empresas deveriam adotar agenda livre, abolir horários fixos e implantar a democracia em seu sistema de gestão.
1 - Não é utopia falar num sistema democrático e sem horários fixos? Como funcionariam as empresas de setores como aviação ou a indústria automobilística?
Os modelos atuais estão errados, tanto é que existem hoje poucas montadoras viáveis no planeta e quase nenhuma companhia aérea. Nesse setor, as notáveis exceções são as empresas pequenas, nas quais o funcionário tem voz ativa nas decisões, como a JetBlue e a Virgin Atlantic. Não é mera coincidência.
2 - É possível mesmo trabalhar menos, com toda a competitividade entre as empresas?
Se um executivo analisar sua agenda, verá que há uma perda extraordinária de tempo com assuntos desimportantes. Render-se às normas de internato das companhias não significa aumentar a produtividade. Minha empresa, a Semco, cresceu 27% ao ano por mais de uma década. Trabalho sem relógio, celular e agenda fixa. E não mais do que algumas horas por dia. É o suficiente.
3 - Sempre se falou que a tecnologia livraria as pessoas da obrigação de se deslocar diariamente para o escritório. Por que isso não aconteceu?
A estupidez ainda é a regra. É possível abolir o conceito anacrônico de ter sedes, é fácil eliminar o horário fixo, é moleza desfazer-se do organograma.
Mas a insegurança de executivos treinados por escolas ultrapassadas perpetua o modelo atual.
4 - As empresas chinesas e indianas trouxeram alguma novidade para esse ambiente?
Por enquanto, nenhuma. Elas apenas reproduzem os modelos ocidentais e aproveitam mão-de-obra barata, políticas governamentais ou ciclos de caixa gigantescos.
5 - O senhor costuma comparar esse ambiente de trabalho às imagens dos operários do filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin. Não é um exagero?
Não. O call center de 2006 é a linha de montagem de Chaplin da década de 20. Em vez de estimular a criatividade, os executivos estão preocupados em manter o controle. Alguns chegam ao cúmulo de impor restrições ao uso de ferramentas como a internet durante o horário de trabalho.
6 - A desculpa para esse tipo de restrição é que a internet pode prejudicar a produtividade. Não faz sentido?
O interessante é que a mesma empresa que proíbe a internet durante o expediente não proíbe seus executivos e funcionários de trocar e-mails aos domingos discutindo assuntos de trabalho. A questão não é policiar o funcionário para saber se está perdendo tempo na empresa. É preciso criar
interesse para que a pessoa tenha motivação e gratificação no que faz.
7 - Em seu novo livro, o senhor diz que sempre sonhou fazer uma experiência "Semco unplugged", ou seja, testar como seria um dia da rotina de sua empresa sem internet e e-mails. Já conseguiu realizar esse projeto?
Não. Ninguém deixou. Eu não mando nada lá na tal de Semco.