Percebi. Mas o que você quer dizer, exatamente?
Ahn? Que tipo, ele virou famoso aqui no Ocidente depois de Primavera, etc. COm A Ilha ele era ainda um diretor-de-festival. Hm.
Clichês tipo o monge e a criança; o cara vazio que entra em uma casa (vazia!), a mulher que o salva, o marido que bate na esposa, o policial malvado. Mas isso não teria problema se o KKD filmasse de maneira interessante, com pelo menos ALGUM sentimento, coisa que ele não consegue exprimir de modo algum.
"Banais"? Tá certo que o filme é basicamente sobre rendenção e aprendizado através da harmonia com a natureza (e a transmissão dessa sabedoria de geração para geração, daí o título), o que pode até ser considerado "óbvio", mas não banal (Budismo é banal? A natureza é banal? Você é alguma espécie de cínico? (Btw, assista DAMA NA ÁGUA, aparentemente o Shyamaladindong fez aquele filme especialmente pra você)); de qualquer forma, o filme tem consciência de que o mundo não é só aquilo; ele mostra o outro lado da moeda o tempo todo, de forma nada "banal". E "didático" ele seria se passasse essa mensagem principalmente através de palavras, e não de imagens. Cinema é um meio essencialmente visual, e esse filme sabe disso, e aproveita bastante as possibilidades de um meio essencialmente visual na minha opinião.
Ah, V, não acredito que você possa gostar tanto assim de Primavera, Verão, etc. Tipo, todo filme fala sobre alguma coisa (até TRÓIA), o que importa é em
como ele vai transmitir a mesangem dele.
Eu digo banal não por desconsiderar "rendenção e aprendizado através da harmonia com a natureza", mas sim pelo modo com o KKD expõe tudo isso, que acaba deixando-o com um clima de banal mesmo - "ah, ok, já li isso no novo livro do Paulo Coelho". Não há nenhuma gratificação cinematográfica, entende? Não adianta ser essencialmente visual se é um visual "poético" simplista imposta em mim para que eu admire a "dança da natureza e as suas relações com os homens e os homens entre si". E "didático" não se refere somente a
palavras, mas a
imanges também. Vou dar um exemplo, se eu me lembrei errado, me corriga, mas isso ficou na minha cabeça quando vi o filme: no final, quando o protagonista se amarra a uma pedra, o KKD está comparando com cenas da infância do cara, quando ele amarrava pedras em animais, certo? Até aí tudo bem. MAS, ele vem e insere flashbacks dessas cenas, martelando na minha cabeça que aquilo já havia acontecido, etc.
Aqui eu acredito que você esteja essencialmente errado. O Kim Ki-duk geralmente dá pouquíssimas falas pra um de seus protagonistas como um recurso estilístico; em BAD GUY isso tem um payoff semi-cômico, mas em CASA VAZIA aka 3-IRON aka BIN-JIP eu acredito que o fato dos dois protagonistas não proferirem sequer uma palavra durante o filme inteiro não é meramente um comentário sobre "vidas silenciosas" ou sobre a "importância do silêncio" (wtf) ou o que quer que você tenha entendido. Em outras palavras, o silêncio não é a mensagem, e sim, como ele a passa. Reveja o filme, dessa vez tentando entender.
É impressionamente como eu poderia dizer a mesma coisa que eu disso acima ao me referir a Casa Vazia. Me desculpe mas esse filme não me convence e não vou entrar a fundo em detalhes, só dizer que é uma "estética vazia" e ponto, é o que eu entendi do filme.
Não é necessário, você só precisa ter o poder de remover o seu preconceito durante um determinado período de tempo e de preferência não recoloca-lo no seu Ego no final desse período.
Mas eu vi os filmes dele sem qualquer preconceito. Tanto que consegui gostar um pouco mais do último, etc.
Pra você foi um acerto e dois erros, e pra mim foi dois acertos e quatro erros (incluindo um semi-erro), o que dá uma média basicamente proporcional. Te peguei.
Whatever.
Eu já sabia que não tinha muito a ver com esses dois, eu li algumas coisas por alto, etc. Provavelmente eu vou ver se passar no festival, o MDA deu 82 e o Theo deu 62 então ruim não parece ser.
Bom sessão e desligue o celular.
... eu não vi o filme ainda, então etc.
Mesma coisa com Primavera, etc. Precisava repetir todas as estações e depois colocar Primavera no final pra mostrar claramente que a vida é um ciclo eterno, recomeço, etc.
Essa do anzol é um spoiler de THE ISLE aka SEOM. Alguém te contou sobre essa cena ou foi você que fuçou no IMDB? Por que se alguém te contou, não devia. E eu desconfio que alguém te contou. Não seria a primeira vez. Por que as pessoas sentem a necessidade de dizer coisas como "esse filme tem uma cena envolvendo anzóis e vaginas" ao invés de dizer "esse filme se passa num lago"? É tipo alguém recomendando DURO DE MATAR dizendo "esse filme tem uma cena em que o vilão cai de um prédio".
Me contaram. Sim, pessoas tem problemas e complexos (e problemas complexos).
Quanto ao Festival, vejamos. O Filme do Festival é
JUVENTUDE EM MARCHA de PEDRO COSTA. Muda completamente a percepção de se ver um filme, o modo de se lidar com a cena em si e os personagens, em como deixar o filme fluir a seu máximo, ritmo e duração dos planos, entender como as pessoas se comportam (uma
mise-en-scene absolutamente inovadora, quadros de contra-plongee de tirar o fôlego, uma outra coisa, a iluminação, jesus, as luzes aparecem em certos lugares que fica difícil até de compreender o claro/escuro [nada a ver com o barroco, eu diria]). Um contato muito raro de se ter com os personagens da tela devido a como ele é filmado. Vi MUITA (mas MUITA MESMO) gente saindo da minha sessão, porque é um filme a ser recebido com calma, a entrar em sua complexidade de narrativa, etc. O Cinema no que pode de melhor oferecer, levado à seu extremo em espaço e tempo.
Ventura - também conhecido como O CARA - em Juventude de Marcha
Tem outro bom filme português, o possivelmente obscuro ALICE (Marco Martins), forte, belo, e triste, com um direção sensível que evidencia a dor do protragonista em busca de sua filha perdida.
Gostei bastante de 12:08 LESTE DE BUCARESTE, filme romeno e tal. Mas agora estou sem muito tempo.
O CÉU DE SUELY também é foda, Karim Ainouz se revelando grande diretor brasileiro da atualidade.
E, ah, sim THE WIND THAT SHAKES THE BARLEY não merecia Cannes nem um pouco. Blergh.