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[L][Bentus][A terra]

Breno C

Quack
Autor: Bentus
Género:
Título: A terra​
Capitulo I
O começo.​
Quando se é adolescente, tudo é mais difícil, isso para a maioria dos coisas. Tudo é maior do que se pode crer. Podemos dizer que a vida, para quem tem menos de dezoito anos, torna as coisas menos acessíveis. Eu por exemplo tinha apenas quinze anos quando me tornei o maior explorador deste e de outros mundos. Você deve ter achado essa ultima frase um pouco estranha, mas sinto lhe informar que é a mais pura verdade, tinha apenas quinze anos quando atravessei os mares escuros, o deserto de vidro e a floresta viva. Mais uma vez a frase anterior lhe causou duvidas ? Deve ser pelo fato de que poucas pessoas que moram no nosso mundo já conheceram tais lugares como eu conheci. Eu poderia lhes contar tudo sobre minha história, mas teria que dividi-la em partes. Você aceita ler sobre elas? Se aceita é só continuar a ler o que eu escrevi.
Vou dividir minha história. Gostaria de começa-la pelo seu inicio no meu parto aonde minha adorada e amada mãe me da a luz, mas seria prolongar em muitos anos uma história que deve ser contada o mais rápido possível.
Antes de qualquer coisa, vou lhe contar quem sou eu. Meu nome é Tristão, e o ganhei de meu avô, que gostava muito de histórias medievais, ele costumava dizer que dos cavaleiros, Tristão era o mais incrível e era um exemplo para min e minha geração, que por acaso nem conhecia as histórias medievais. Já que já falei meu nome, vou me descrever. Posso dizer que sou um garoto esperto, minhas notas são melhores que a da maioria das pessoas, mas não me destaco em nenhum esporte. Uso óculos, tenho o cabelo negro, a pele bem branca, fatores que me tornam motivo de brincadeira chulas no colégio. Não sou muito chegado a roupas "da moda", prefiro usar o que me agrada, o que nem sempre agrada os outros. Moro com meus pais, no Rio de Janeiro.
Agora que eu e minha vida já foram descritas, posso contar os fatos que se ocorreram comigo. Tudo começa em uma péssima sexta feira...

Rio de Janeiro. 06:00.
Mesmo ainda escuro, o céu já tinha a quentura do sol. Era um sexta feira, um dia amado por todos os moradores do Rio de Janeiro. As pessoas que vem de outros estados ou moram em outro estado, não entendem que a sexta feira, para um carioca, é quase um dia santo. As coisas não são iguais em uma sexta feira. É um dia magico, com cores magicas e pessoas magicas. Para os adultos, a chegada da sexta feira quer dizer que o final de semana estava lá junto com o final do trabalho e o começo das manhas de sábado na praia, que por acaso é a diversão da maior parte do carioca, sendo ele pobre ou rico. Para os adolescentes, a sexta feira é como uma carta de alforria, que é assinada e permiti que o endivido vá a qualquer lugar sem ter que dar muitas explicações, pois no sábado não há escola.
Mas como tudo tem seu lado ruim, como lado bom. Esta sexta não seria tão boa. Eu teria que ficar em casa e não poderia sair. Meus avos estavam doentes. Eu gostaria de saber a probabilidade de os quatro avos ficarem doentes no mesmo final de semana. Mas o que eu realmente estava interessado era o porque de meus pais terem que cuidar deles. Meus avos tiveram 26 filho somados juntos, pela parte do meu pai eu tenho quinze tios, sendo eles sete homens e oito mulheres, pela parte da minha mãe, eu tenho onze tios, oito homens
 
continuação...
Mas como tudo tem seu lado ruim, como lado bom. Esta sexta não seria tão boa. Eu teria que ficar em casa e não poderia sair. Meus avos estavam doentes. Eu gostaria de saber a probabilidade de os quatro avos ficarem doentes no mesmo final de semana. Mas o que eu realmente estava interessado era o porque de meus pais terem que cuidar deles. Meus avos tiveram 26 filho somados juntos, pela parte do meu pai eu tenho quinze tios, sendo eles sete homens e oito mulheres, pela parte da minha mãe, eu tenho onze tios, oito homens e três mulheres. Eu acho que meus avos tem muita gente para cuidar deles, mas como nos somos os mais ricos da família, meu pais foram os eleitos para cuidar dos meus avos. Minha mãe foi para São Paulo, para uma pequena cidade. Meu pai foi para o Espirito Santo, mais precisamente para a capital Vitória. E eu, eu fiquei em casa.
Toda vez que acontecia alguma coisa, eu tinha que ficar em casa. Eu até gostava de ficar em casa, era a minha única oportunidade de ter paz, pois eu tenho pais que fazem parte do C. de P. (Chatos de Plantão). Eles tem o poder de encher o saco até mesmo quando agente tira o dia para se "divertir" juntos, que dizer, quando a minha mãe tira o dia para agente se "divertir" juntos.
Por algum motivo que eu desconheço, ela tem a mania de achar que agente tem que passar mais tempo juntos, ela acha que agente não se comunica. O problema não é passar o dia juntos, o problema é que agente não parece ser filho e pais. Minha mãe acha que eu tenho que ser como os outros garotos, usar a mesma roupa que eles usam e tirando o fato de que ela é a pessoa mais superficial que eu conheço. Meu pai, bem, eu no o conheço muito, ele fala pouco e agente se vê pouco, o trabalho toma quase o tempo dele por todo, não tem tempo pra min ou para o que eu quero saber. Mas assim é a vida.
Eu sempre fui rico, se é que se pode ser rico em um país como o Brasil, aonde você pode ficar pobre sem perceber e pra ficar rico levasse anos. Eu não posso reclamar, sempre tive o que queria na hora que eu queria, mas nunca entendi porque eu não tinha que merecer para ter como os outros garotos. Bem diferente dos outros garotos, eu tenho vícios caros, como livros, CDs importados, DVD, e outras coisas mais caras, mas dissuado a maioria eu detesto roupas caras e tênis da moda. Talvez por isso que minha mãe queira que eu me pareça com os outros garotos.


Quando eu acordei as seis da manha de hoje, eu não imaginava que meu dia ia ser tão intenso. Pra min era mais uma sexta feira normal e boa para todos. Levantei da cama, fui até o banheiro do meu quarto, que como boa parte da casa tem a decoração de autoria da minha mãe. Escovar os dentes em uma pia baixa, em um banheiro preto, com teto vermelho é bem difícil. As vezes acho que minha mãe exagera no seu modernismo. Mas continuando a história... eu desci as escadas, fui até a sala de jantar e quem eu vejo? A empregada. Suelem, ela é o que nos cariocas chamamos de gostosa, mas definindo ela em outras palavras eu poderia dizer que ela é: maravilhosa, deliciosa, demais, um espetáculo, tudo de bom e entre outros. Era uma descendente de índios, com seis fartos, bumbum grande, cabelos macios, mas também era muito inteligente, se é que isso realmente importa, nunca entendi porque ela era apenas uma empregada, se tivesse feito faculdade seria ótima em qualquer coisa, arrisco dizer que até em física quântica.
 
Ai, posta o resto vai x)
Quando postar o resto me mande uma MP, eu to sempre por aqui (vício)
POsta vai ^^
 
continuação:

Fiquei surpreso. Ela estava catando uns grãos de feijão que haviam caído por debaixo da mesa. Nem me ouso contar a você em posição ela estava, posso dizer apenas, que a visão era muito bonita. Não me contive e disse a primeira coisa que me veio a cabeça.
  • Que saúde, Suelem!
  • Olha o abuso garoto. Eu tenho idade pra ser sua irmã mais velha. E seus pais já falaram com você sobre ficar me cantando.
  • Um: você não é minha irmã, se fosse eu teria que ficar cego, não ia conseguir morar com você vinte quatro horas. Dois: Meus pais não estão aqui, e mesmo que isso faça alguma diferença, eu não to te cantando, to apenas dizendo que você é uma pessoa saudável.
  • Sei... Você estava é de olho na minha bunda, que eu sei. E pões uma coisa na sua cabeça, você ainda é só um pintinho e eu gosto de coisa maior.
  • Ah ! isso foi maldade.
  • Não posso fazer nada se você é ainda um garotinho.
  • Bom?! Eu já tenho quinze, mas você ainda é mais velha que eu, e vai morrer mais rápido que eu.
  • Ai, garoto! Deixa de ser sinistro!
  • Eu sinistro? Só to falando a verdade.
  • Essa conversa vai chegar a algum lugar?
  • Não, acho que não, só se você quiser ir para o meu quarto comigo.
  • Eu não quero ir para o seu quarto com você, então eu acho melhor você ir tomar u banho porque vocÊ acordou e nem tomou banho, é um porquinho.
  • É verdade, eu to fedendo. Tem toalha lá encima?
  • Vai tomar o banho, que do meu trabalho cuido eu, tá bom?
  • Hummm... apesar de gostosa é irritada.
  • Corre daqui se não eu te taco o rolo de massa.
  • Fui.
Sai correndo e subi a escada num pique só. Quando estava passando pelo quarto do meus pais eu vi a porta aberta. Resolvi entrar, não sei bem o porque. O quarto estava como sempre esteve, frio e sem luz. Abri a janela. O cheiro de ar puro entrou. Eu moro em um condomínio perto de uma floresta, mas uma das doidices da minha mãe. Andei pelo quarto pensando. Vinham imagens da minha passada infância, as imagens de brigas dos meus pais, das discussões que sempre terminavam no meu pai indo morar em um apartamento por uma semana e depois voltando dizer que tinha voltado por min. Quando as lagrimas estavam quase caindo, eu vi um dos livros de restauração do meu pai. Ele tem uma livraria, mas se sente bem mesmo é restaurando livros.
O livro era pequeno com capa vermelha, não se parecia com nenhum dos livros que eu já o vira lendo ou restaurando. O titulo estava meio apagado, mas dava se para ler, era : "O Futuro". Abri-o, mas quando o fiz senti um vento passando por min como um gato sorrateiro. Fechei e larguei-o no chão e quando ele batei no chão eu pude ouvir nitidamente o som de urro. Aquilo me assustou.
O livro já era estranho por si só. Tinha uma capa vermelha que parecia nova, mas a tinta dourada com a qual estava escrita o título estava gasta. Juro que ouvi um urro de algum animal grande e feros saindo do livro quando eu o soltei no chão.
Sai do quarto deixando o livro aonde ele estava sem olhar para trás.
Fui para o meu quarto e tomei um bom banho. Devo ter demorado pelo menos uns vinte minutos, como sempre eu demoro. Saí do banheiro ainda pelado e encharcando o quarto todo. Procurei uma roupa confortável para ficar em casa. Tentei por vezes tirar a imagem do livro caindo no chão e fazendo um ruído de fera, mas não consegui. Eu estava preocupado, queria ler aquele livro, queria ver o que ele tinha de interessado, havia herdado do meu pai um espírito curioso e inquieto, sempre queria saber mais e mais. Não podia deixar aquela incógnita na minha mente, tinha que resolver aquele problema, tinha que saber o que estava acontecendo.
Resolvi ir até o quarto e ler o livro. Saí do meu quarto e fui em direção a porta do quarto dos meus pais. Quando estava caminhando senti o chão, enfrente ao quarto, molhado. Achei aquilo estranho. Quando coloquei a mão tremula na maçaneta, e estava pronto para abrir a porta quando ouvi uma respiração forte atras da porta. Meu sangue gelou, era como se houvesse alguém atras da porta, e pela forma com que a respiração fazia barulho, era alguém grande. Mas eu havia sido o ultima a entrar e sair daquele quarto até onde eu sabia, e aquela respiração não parecia ser humana.
 
continuação...

Aos poucos fui girando a maçaneta, quando ouvi o trinco batendo, fui abrindo a porta aos poucos, só parei de empurrar a porta quando ela fez um ângulo de noventa graus com a parede, estava de olhos fechados, o que era um método muito usado por quem esta com medo de ver alguma coisa. Me arrependi de aberto os olhos. O quarto estava com o chão todo coberto com uma água salobra. Aquela visão me deixou perplexo. A minha mente estava tentando achar explicação para tudo aquilo que eu via na minha frente, varias coisas passavam pelos meu pensamentos, mas nada explicava a visão de toda aquela água no chão do quarto dos meus pais. Lá estava ele, boiando entre os moveis naquela água, o livro. Andando, com a água na canela, fui até ele o peguei. Por incrível que pareça ele não estava molhado, nem só uma gota de água tinha nele. Com o livro nos braços andei até a porta e sai do quarto batendo a porta. Só depois de bater a porta, que eu pensei como tudo aquilo era impossível de estar acontecendo, como podia o nível da água presente no quarto não abaixar quando eu abri a porta? Rapidamente eu me virei em direção a porta, que eu mesmo havia fechado, e tornei a abri-la, quando olhei achei que estava louco, simplesmente não havia mais água no chão, olhei para a cama e o livro estava lá em cima. Como poderia não haver mais água no chão e o livro, que eu mesmo apanhei em meio aquela aguaceira estar na cama? As coisas estavam ficando mais estranhas. Era como se eu nunca tivesse entrado no quarto, como se toda aquela situação se resumisse a um simples devaneio. Entre de novo (pelo que eu saiba) no quarto, me sentei na cama e abri a livro.
Na primeira pagina vinha escrito uma dedicatória destinada ao meu pai, feita por um amigo, que dizia: “ Para se ler em momentos de tédio e monotonia”. Eu não conhecia esse amigo, era um inglês, já havia ouvido meu pai falar dele varias vezes, ele dizia que se senti feliz por ser amigo do maior escritor inglês que a história já conheceu. Passei de página, que não tinha muita coisa escrita, o que mais me assustava era que tudo estava escrito em português até a própria dedicatória. Passei mais uma página, havia escrito novamente o titulo do livro. Na página seguinte a história começava, e começava em um clichê: “ Era uma vez um a terra a muito perdida e isolada, em um mundo que não conhecemos, fora de nossa realidade...”. Assim que eu comecei a ler me senti sonolento e estava ouvindo a vento bater na janela fazendo um sussurro estranho, parei de ler na mesma hora e sussurro parou junto. Peguei o livro nas mão e fui até meu quarto. Guardei-o em uma estante que tenho destinada apenas a livros e me dirigi a porta, mas quando estava quase saindo pude ouvir mais uma vez o barulho de um fera saindo da livro, me virei para trás e vi o livro caído no chão fora do lugar que eu havia colocado. Fui até ele e o peguei novamente. Sentei na cama e voltei a abri-lo e comecei a ler de novo.
O livro falava sobre uma terra muito parecida com a Europa da idade média contada em livros de história, com castelos, reinados, dragões, lutas de espada, e com seres mágicos como elfos, anões, fadas, arvores falantes e magos. A leitura era boa, mas lembrava muito um daqueles panfletos promocionais que se ganha em agencias de viagem, aonde se fala sobre as maravilhas da terra que se vai viajar e outras coisas do tipo. Aquilo tudo era muito chato até pra min que gosto de livros. Eu não entendia como o amigo do meu pai podia achar aquilo um livro para momento de tédio, ele me deixava com tédio e sono a cada minuto que eu o lia. Meus olhos estavam quase fechando. O vento voltou a soar na janela, e começou a fazer o mesmo barulho sussurrado de antes.
 
Abaixei minha cabeça e meu corpo tombou para trás, deitando na cama, com o livro encima da barriga, os braços estendidos e as pernas fora da cama.

Capitulo II.
O novo mundo.​
Quando acordei não estava mais em casa. Provavelmente noa estava nem mais no meu mundo. Eu abri os olhos e vi estrelas que eu nunca havia visto no alto do céu. Um cinturão de estrelas com cores tão diferentes do azul e do vermelho que nos vemos no nosso céu noturno. O céu era diferente, a coisas estavam diferentes. Eu não podia me mexer, mas o que ou aonde eu estava deitado estava em movimento. Pude ver seres alados, que eu nem me arriscaria chamar de pássaros. Uma mão veio, encostou um pano molhado, com um cheiro forte em meu rosto e eu apaguei mais uma vez.
Ao abrir os olhos pela segunda vez percebi que não estava mais olhando o céu. Eu estava em alguma tenda ou forma de tenda. Tentei me levantar. Meu corpo doeu muito, tive que levantar o tronco usando as mãos para o apoio. Não havia muita luz e eu ainda estava enxergando as coisas em tons turvos da realidade. Foi nesse ato que ouvi um voz clara e doce dizendo:
  • Não se levante por favor. Você ainda esta muito mal.
  • Aonde estou? Quem é você? – perguntei como qualquer pessoa perguntaria, e nesse meio tem meu olhos observaram de melhor forma e pude ver que eu realmente estava em uma tenda, que por acaso parecia muito bem estruturado encima de três ates de madeira.
  • Você esta em uma Skin-paga, que na sua língua quer dizer "casa móvel". Meu nome é Thiunrá, e estou cuidando de você desde que você foi achado na grande estrada perto da pedra dos princípios. – enquanto ouvia aquela voz, especulei que pertencia a uma mulher e que devia ter uma idade avançada, havia nela uma entonação que lembrava a minha própria mãe quando estava cuidando de min se eu estivesse doente.
  • Como eu vim parar aqui? – eu a enchia de perguntas.
  • Para de fazer perguntas que eu não posso responder. Estou tão surpresa quando você. Não esperávamos você.
  • Em que ano nós estamos? Qual o nome da cidade que eu estou? – fiz, obviamente, essas perguntas, pois me lembrava que nos filmes essa é a perguntas mais importante a ser feita e é geralmente a ultima pergunta a se fazer, mas a resposta me deixou intrigado.
  • Não contamos os anos como vocês que vem da terra alem do nosso alcance. Nos usamos as sete luas para marcar o tempo, mas eu acho que os outros que vieram antes de você já devem ter contado isso.
  • Outros vieram antes de min? E aonde eu estou? – aquela situação piorava a cada minuto.
  • Você esta na terra. E outros do seu povo já vieram entes de você. Você não conhece a história da nossa terra? Os outros do seu povo não lhe contaram sobre a nossa terra?
Eu não entendia o que ela queria dizer com os outros do meu povo e sobre os outros não me contarem sobre eles. Eu queria explicações e queria o mais rápido possível. Deixei as perguntas dela sem resposta. Milagrosamente meu olhos tinham voltado ao normal e minha pernas já estavam se mexendo, dei um salto da cama, o que me fez perceber que a superfície em que eu estava era arenosa, corri até o que me parecia a saída da tenda, empurrei a cortina que me separava da saída. O que meus olhos viram quando eu saí da tenda não era normal. Eu estava em um deserto cercado de montanhas. Desmaie.
 
Aquilo já estava indo longe demais. Até onde eu me lembrava, eu estava em casa lendo um livro que meu pai havia ganho de um amigo, que era escritor e já havia morrido, logo depois eu estava na tenda de nome esquisito no meio de um deserto que eu nunca havia visto na vida, nem mesmo nos canais de exploração da televisão acabo. A única saída que minha cabeça encontrava era: "Tudo isso é um sonho, ou melhor um pesadelo". Mas para minha infindável tristeza aquilo era real ou pelo menos parecia real.
Quando, pela terceira vez, eu acordei estava na mesma tenda que havia estado na noite passada, mas agora era dia e eu podia ouvir vozes alem do lugar que eu estava. Levantei aos poucos e agora podia ver o sol entrando por fenda pequenas no tecido da tenda. A abertura que eu singelamente chamei de saída estava lá mostrando a areia que no dia anterior me fizera desmaiar. Saí de minha "cama", que era apenas um punhado de almofadas amontoadas. Ainda estava com minhas roupas, mas sem meu chinelo, previ que a areia estaria quente e que seria melhor eu calçar algo afim de não queimar meu pés, coloquei os primeiros calçados que encontrei, que mais pareciam pantufas dessas que se usa para sair da cama e que geralmente vem em formato de algum personagem de desenho animado. Caminhei até a "saída", afastei a cortina e sai com toda coragem que ainda me sobrava. Para meu agrado, o que recebeu não foi o calor infernal que geralmente se faz em um deserto. Estava frio, frio como o pico de alguma montanha e o ar estava parado e pesado. Minhas roupas tropicais não me pareceram a melhor escolha para o uso. Podia ver outras pessoas e todos estavam agasalhados da cabeça aos pés. Alguém veio correndo em minha direção. Eu não podia ver seu rosto, que estava encoberto por um véu. Ela, a pessoa, me pegou pelo braço e me carregou devolta a tenda. Só pude ouvir a voz dizendo:
  • Você está louco? Poderia ter morrido. Apenas mais um pouco e o frio ia te congelar se dar perdão a sua alma burra e sem consciência. – era a voz de uma mulher, ou melhor, de uma garota, parecia ter a minha idade. Disse isso tudo retirando o véu que a cobria. Quando a olhei melhor vi que havia alguma ligação entre ela e a mulher que cuidara de min no dia anterior.
Ela me jogou encima da "cama". Parecia muito furiosa. Foi para o canto da tenda e sentou perto de uma fogueira que eu nem havia notado a presença até aquele momento. Acendeu a fogueira de uma forma bem peculiar, usando duas pedras. Esquentou um pouco de água e depois mandou que eu me aproximasse. Ao chegar mais perto pude ver que ela era bem bonita e que tinha o rosto com o formato árabe. Ela mandou que eu sentasse perto dela e que aproximasse os pés a panela em que ela estava esquentado a água. Até aquele momento eu não havia me dado conta de que meus pés estavam congelado, estavam roxos e azulados como pele morta e congelada. Ela derramou aos poucos água nos meu pés e eu pude ver que não era água o que ela estava derramando, era de uma cor avermelhada e estranha, me atrevi a perguntar o que era aquilo.
  • O que é isso que você esta usando para descongelar meu pé?
  • Urina de lagarto de fogo. É claro que foi pega depois que ele morreu. – como se o fato dele estar morto fosse mudar o fato de ser urina. Mas quando olhei de novo meu pé tinha voltado ao normal e minha pele estava com cor de pele normal. Então voltei a fazer perguntas.
  • Quem é você?
  • Eu sou Thiunre. Filha de Thiunrá, que é quem estava cuidando de você ontem.
  • Aonde eu estou precisamente?
  • No deserto de vidro, que fica no reino vermelho, na terra. – resposta me assustou por dois fatos, o primeiro foi o fato de que eu nunca em toda minha vida tinha ouvido falar de um lugar desses, e o segunda fato era como mesmo naquela situação eu ainda podia estar olhando para os seios daquela garota, que por acaso era tão grandes que poderão saltar da roupa dela.
 
Fomos interrompidos pela chagada de uma outra pessoa dentro da tenda, que ao tirar o véu mostrou que era apenas a mulher que havia cuidado de min ontem e que também da garota dos seis grandes. Ela já entrou dando ordens para Thiunre. Mandou que ela pegasse roupas para min e pegasse também um objeto que ela chamou de coração de lagarto de fogo. Tive que voltar a fazer perguntas que agora seriam precedidas de agradecimentos.
  • Thiunrá é seu nome? Bom, muito obrigado por cuidar de min. - mas como minha má educação não permite que eu deixe de fazer perguntas, tive que voltar a bombardea-la – Mas eu gostaria de fazer mais uma pergunta. – e antes que ele pudesse falar algo perguntei – Por que fala na minha língua? Se ontem mesmo disse que o nome da sua casa na minha língua significava algo, pelo o que pude entender você tem uma língua própria.
  • Você é um homenzinho muito inteligente, poucos teriam tal pensamento apenas ouviriam se questionar. Falo em sua língua, primeiro porque a conheço e posso fala-la e em segundo porque seria falta de educação falar algo perto de você, que você mesmo não possa entender. Eu penso que você não conhece muito bem minha língua, estou certa?
  • Sim, totalmente. Eu não sei nada sobre a sua língua, nem sobre o seu povo e pra falar a verdade acho que estou bem distante de casa, para conhecer algo. – nesse meio tempo, a Thiunre voltou com roupas nas mão e uma caixa. Mandou que eu vestisse as roupas. Ela parecia me tratar com desprezo como se sentisse superior a min ou não gostasse de min, bem diferente de sua mãe. Depois que eu vesti a roupa, ela abriu a caixa e de dentro dela tirou uma pedra vermelha que parecia ter uma luz pulsante, como um néon, e que estava presa em um colar de pequenas pedras vermelhas semelhantes. Thiunrá me explicou que aquela pedra não iria permitir que eu congelasse sem sentir, iria me deixar quente. Eu não acreditei. Quando coloquei a mão na pedra não senti nenhum calor e ela me disse
  • Não é por que você não sente, que não exista, não se esqueça que seus pés congelaram e você não sentiu.
Ouvir aquilo quebrou por completo meu raciocínio. Ela falava como um daqueles sábios personagens de filmes. Ela devia ser uma pessoa muito vivida, o que parecia muita coisa naquele mundo estranho.
Logo depois de toda aquela "iniciação", ele se virou e pediu que Thiunre avisasse as "grandes mães", que ela levaria o "estrangeiro", que provavelmente seria eu, pra velas. Ela pediu que eu me levantasse e a acompanhasse até a porta da tenda afim de esperar a volta da Thiunre. Notei que ao contrario de Thiunre, Thiunrá era mais calma. Quando Thiunre voltou com a resposta das "grandes mães", voltou com um sorriso no rosto, e disse olhando na minha direção:
  • As "grandes mães" estão esperando. E pela reação delas quando eu disse que era um homem, acho que vamos ter mortes.
Não entendi no inicio o que isso queria dizer. Thiunrá mandou que eu a seguisse e que não tirasse o capuz que ela iria colocar em min, por nada, mesmo que eu ouvisse outras vozes. Não me contive e tive que fazer mais perguntas.
  • Por que sua filha falou em morte? E o que o seu povo tem contra os homens?
  • Minha filha tem que aprender a se comportar melhor e a calar a boca quando não lhe é pedido a opinião. – disse isso olhando bem no fundo dos olhas da filha, que abaixou a cabeça.
  • Mas isso não responde a minha segunda pergunta. Por que ela disse que o as "grandes mães" falaram de morte ao saber que eu era um homem.
  • Não repita mais o termo "grande mãe" enquanto você estiver lá fora. O meu povo é composto só por mulheres e algumas de nós repudiam os homens. A presença de homens é totalmente proibida.
  • Não entendo?! Vocês são amazonas?
  • O que é uma amazana?
  • Não é amazana. Se diz a-ma-zo-na. E elas são mulher guerreiras que também repudiam os homens, mas uma vez por ano os caçam para poder ter relações e continuar a espécie. – essa parte de contar os rituais de copula das amazonas foi meio difícil de explicar, quase não consigo.
  • Diferente dessas pessoas, nós não somos guerreira e nem caçamos homens para poder acasalar. – isso causou uma certa confusão na minha cabeça.
  • Mas como vocês tem suas filhas? E quando nasce um menino? O que vocês fazem?
  • São perguntas demais. Vamos até as "grandes mães" e elas te dirão o necessário.
Antes de sairmos da tenda, ela cobriu minha cabeça com um capuz negro de uma capa. Quando ela abriu a tenda eu não senti frio nem outra coisa qualquer. Caminhamos e eu pude ver que não havia nada a não ser grãos de areia e tendas. Ela me conduziu até uma tenda grande com cores fortes, diferente das demais tendas que eram de tons de roxo e preto.
 

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