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RPG e Filosofia

Saiffyros

Usuário
Existem linhas de pensamento que podem ser adaptadas para ser usadas em jogos, para que os jogadores e mestres possam ter uma idéia de como elaborar personagens originais e curiosos. O Objetivo do tópico e mostrar alguns tipos filosóficos, ou linhas de pensamento e fazer comentários sobre eles. Falar sobre mais relações possíveis entre RPG e Filosofia.

O pensamento humano segue padrões e normas de conduta que nos diferencia em nossas ações, como também a nossa forma de observar todas as coisas. No RPG não é diferente. Os Pcs e os NPcs são simulações "virtuais" do comportamento humano e como tais, presentes no dia a dia. Não importando a época e o local.

Assim segue alguns tipos de pensamento dos personagens (me ajudem a postar outros):

* O Deísta

Há um Deus (ou deuses) sim, mas ele não olha por nós. Quem nos criou? podemos ter evoluido ao acaso ou mesmo ter sido criados e deixados aqui, o certo é que Deus naum se preocupa conosco.
Há mal e injustiça no mundo. Deus é oniciente (tem conciencia de tudo) e onipresente (esta em todo lugar), além de ser o sumo bem e suma virtude. Pergunto: de onde vem o mal então? Quando o estuprador está cometendo seu crime, Deus sabe e tem conciencia do crime, por que permite? Por que não impede?
"Deus quer impedir o mal e não pode, ou pode e não quer, ou nem quer e nem pode. Mas, se quer e não pode, não é Deus; se pode e não quer, não é bom, o que é contrário a Deus. Se quer e pode, o que é a única coisa compatível com a divindade, qual é a origem de todos os males?" Citação: Voltaire citando Epicuro

Mote: Não adianta rezar, ele naum responderá

Exemplo de personagem: Voltaire (1694-1778) filósofo iluminista


(o mestre deve saber adaptar as idéias para seu mundo, por exemplo: O Deísta (Não crê na providência divina, ou seja, que Deus se preocupa por nós) não serve para a maioria dos cenários de fantasia medieval onde os deuses estão presentes e os clérigos até mesmo conversam com seus deuses. Não faria sentido alguém crer que os deuses não olham por nós em Arton (Tormenta) e Forgotten Realms, por exemplo).

* O Cético

O que? Está me dizendo que há um PC agora na minha frente?
Meu caro, no seu olho há três tipos de células (os cones) que são sensíveis à luz. Cada um deles capta comprimentos de ondas de luz com certa intensidade. O que você chama de cor e forma, nada mais é que sinais químicos enviados pelos cones ao cérebro através das sinapses. Tudo que eu vejo é uma interpretação possível da realidade, não sei se é a mais fiel à realidade em si mesma ou se tenho acesso a todas as características relevantes para poder compreendê-la.
Eu também posso estar na matrix e não saber. Ou ainda posso ser um cérebro num balde tendo essas experiências. Alguém com esquizofrenia, por exemplo, vê pessoas e tem contato com elas, inclusive contato físico e, no entanto essas pessoas não existem, são criações de sua mente. Tenho várias explicações possíveis para a realidade, tal como a vejo, por que devo pensar que realmente há um PC na minha frente? Às vezes sonho que estou na frente do PC e na verdade estou dormindo. Depois que fecho os olhos certamente ele continua na minha frente (se realmente estiver aqui), mas certamente não da mesma forma como eu o vejo.
A realidade, tal como a conhecemos, é relativa a nós, uma mente alienígena certamente terá outra visão da realidade, por que devo achar que a minha visão é a certa? Além disso, mesmo entre nos há diferenças:
Deus existe
Deus não existe
Não temos os mecanismos (ainda) para saber se Deus realmente existe ou não
Portanto devemos suspender o juízo, ou seja, não afirmar nem negar nada sobre o mundo exterior. Podemos alastrar esses princípios para todo o conhecimento sobre o mundo empírico. Assim, podemos ter conhecimento só sobre nós mesmos. Sobre nosso pensamento.

Mote:
x aparece a para B
x aparece a_ para C
x é a ou a_, não os dois
Não temos os mecanismos para saber se x é a ou a_
Logo devemos suspender o juízo sobre x

Exemplo de personagem: Scully da série Arquivo X (cético quanto a Deus, fantasmas e sobre o sobrenatural em geral (existem vários tipos de céticos, expus o mais conhecido)).
 
Personagens que acreditam em Deus ou são céticos são bem normais pra mim. Essa é, IMO, uma caractéristica que eu gosto de explorar em alguns personagens por que podem trazer bons ganchos para aventuras.
 
Nossa cara! Devo confessar que um dos meus sonhos era conversar (nem que seja como npc de rpg) com Socrates. Ele realmente era o cara.

Como personagem ele devia ser opinioso, amante do pratico e da logica, carismatico e ter uma inteligencia colossal... Bateu até uma curiosidade para saber qual seria o valor kk...
 
Não saquei bem a do tópico, mas gostei dele pois acho que a filosofia é sempre um assunto importante. Vou ficar de olho por aqui.
 
Não saquei bem a do tópico, mas gostei dele pois acho que a filosofia é sempre um assunto importante. Vou ficar de olho por aqui.

Olá Jango. A idéia é fornecer arquétipos para os jogadores e mestres usarem em seus personagens ou NPCs. Fugindo um pouco do Crente ou Ateu. Ex: Posso criar um clêrigo que não crê em nenhum Deus particular, mas que tem uma filosofia própria. Entende? Há várias idéias filosóficas que podem ser usadas nos jogos.
 
Talvez o pragmatismo seja uma idéia interessante. Já que aos pragmáticos só interessa o resultado. Pra eles se a Hipótese A produz um resultado X e a hipótese B produz um resultado X e não havendo diferença entre o X obtido por A e o X obtido por B então os dois são iguais e não há diferença entre eles.
Visto assim isso parece inofensivo, mas existem muito casos onde este tipo de pensamento pode levar a consequencias crueis.

Exemplo: 10 escravos produzem 100 panelas por dia. Uma máquina produz 100 panelas por dia. Pragmáticamente falando os dois casos são iguais. Porem vistos por uma ótica diferente o primeiro caso é uma afronta aos direitos humanos.

Espero estar contribuindo de alguma forma.

Caso alguém possa exemplificar melhor o conceito de pragmatismo eu agradeço.
 
Nossa cara! Devo confessar que um dos meus sonhos era conversar (nem que seja como npc de rpg) com Socrates. Ele realmente era o cara.
Como personagem ele devia ser opinioso, amante do pratico e da logica, carismatico e ter uma inteligencia colossal... Bateu até uma curiosidade para saber qual seria o valor kk...

Bem poderia criar personagens baseados no velho Sócrates. Vale lembrar que Sócrates é um tipo de cético. Os diálogos da juventude de Platão sempre terminam em uma aporia, ou seja, sem conclusão. Sócrates critica os sofistas por se julgarem sábios e detentores de verdades. Para combate-los ele mostra que não sabemos muito assim. Quanto o Oráculo de Delfos disse que ele era o homens mais sábio do mundo, ele passou a se encontrar com sábios da época e percebeu que estes não sabia muito, e se ele era o mais sábio de todos era por ser honesto de afirmar que não sabia nada, a não ser isso.

O Socrático

Sócrates - Então você é um grande músico?
Sr. X - Sim, é o que dizem Sócrates.
Sócrates - Quanto a mim, não sei nada sobre música, a não ser ter consciência disso. Mas conhece a obra de Grandes músicos?
Sr. X - Sim, Bethoven, Mozart... enfim e de muitos roqueiros modernos.
Sócrates - Hum e consegue tocá-las bem?
Sr. X - Claro Sócrates! Muito bem e toco oito instrumentos.
Sócrates - Bem, creio que realmente és um grande músico. Mas responda-me uma última pergunta. O que é música mesmo?
Sr. X - Ora... Música é.... Bem, música são sons.
Sócrates - Sons? Mas o som dos veículos na rua te parecem música?
Sr. X - Não. Não é qualquer tipo de som. A Nona sinfonia de Bethovem é música Sócrates.
Sócrates – Bem, mas A garota de Ipanema também. Mas eu pergunto pela música em si. Aquilo que está presente na música de Bethovem, na Garota de Ipanema e em todas.
Sr. X - Música é uma melodia Sócrates.
Sócrates - Mas isso é substituir música por melodia. Que é melodia então?
Sr. X - Não sei Socrates. São sons...
Sócrates - Mas me disse a pouco que era um grande músico e agora não sabe me dizer o que é música?
Sr. X - Tu me enfeitiçastes com suas palavras Socrates. Dize-me que é musica então?
Sócrates - Desde o inicio eu disse não saber, mas se quiser podemos investigar e tentarmos descobrir juntos o que é música.

Ex. de Personagem: Sócrates. Uma pessoa sábia, com muitos conhecimentos e cínico. Que gosta de um debate e de ironizar o adversário. Mas que apesar disso, se preocupa com a ética. Com a verdade acima de tudo. Mas que ironiza os supostos sábios...

Mote: „Só sei que nada sei“
 
Caso alguém possa exemplificar melhor o conceito de pragmatismo eu agradeço.

"Este paradigma filosófico caracteriza-se, pois, pela ênfase dada às consequências, utilidade e sentido prático como componentes vitais da verdade. O pragmatismo refuta a perspectiva de que o intelecto e os conceitos humanos podem, só por si, representar adequadamente a realidade. Dessa forma, opõe-se tanto às correntes formalistas como às correntes racionalistas da filosofia. O pragmatismo defende, pelo contrário, que as teorias e o conhecimento só adquirem significado através da luta de organismos inteligentes com o seu meio. Não defende, no entanto, que é verdade meramente aquilo que é prático ou útil ou que nos ajude a sobreviver a curto prazo. Os pragmatistas argumentam que se deve considerar como verdadeiro aquilo que mais contribui para o bem estar da humanidade em geral, tomando como referência o mais longo prazo possível."
 
O Mal está presente em todo e qualquer jogo. Ele é necessário. Há hérois e há vilões, dificilmente conseguimos fugir desta concepção, apesar de haver alguns vilões que tem pontos de vistas complexos e não podem ser considerados simplesmente como vilões. Os personagens que destroçam os orcs para impedir o saque destes não estão sendo malvados? Parece que os herois, em certas horas, são mais perversos que os vilões.

Mas como explicar a existência do mal no mundo? A igreja nega a aceitar que o mal exista, ou seja, que tenha exixtência por si. O Mal segundo ela seria uma ausencia ou privação do bem ou ainda uma corrupção do bem. Esse é um ponto problemático, pois como pode haver mal no mundo se tudo foi criado por um Deus que é o Sumo bem, que se confunde com o amor? Por outro lado se mal é uma ausência de bem, por que não o contrário, o bem ser uma ausência de mal? Por que o mal não cria? Está aí um problema interessante.

Um vilão nunca busca o mal pelo mal, todas as nossas ações visam algum bem. O ladão rouba para ter dinheiro, o estuprador para satisfazer seu desejo... O que é mal então?
 
O bem e o mal não existem por si. São interpretações pessoais de acontecimentos/fatos. O mal seriam as coisas que causam desconforto, mal estar ao observador. O bem é tudo aquilo que traz alivio e satisfação a pessoa que interpreta o fato. Decorrente de ser um interpretação pessoal advem todo um questionamento sobre os fatos e a validade das possiveis interpretações.
 
O mal seriam as coisas que causam desconforto, mal estar ao observador.

E quem é o observador. Imagine um assassino que invade a casa de alguem rouba e mata uma pessoa. O assassino, não buscava um mal, ele precisava do dinheiro, ele busca um bem. Já o sujeito roubado sofreu. Sofreu o mal. Sendo Deus tão piedoso e misericordioso como pode permitir isso?

Deus é oniciente (tem conciencia de tudo) e onipresente (esta em todo lugar), além de ser o sumo bem e suma virtude. Pergunto: de onde vem o mal então? Quando o estuprador está cometendo seu crime, Deus sabe e tem conciencia do crime, por que permite? Por que não impede?
"Deus quer impedir o mal e não pode, ou pode e não quer, ou nem quer e nem pode. Mas, se quer e não pode, não é Deus; se pode e não quer, não é bom, o que é contrário a Deus. Se quer e pode, o que é a única coisa compatível com a divindade, qual é a origem de todos os males?" Citação: Voltaire citando Epicuro.


O papa Bento 16 indagou ao visitar o campo de extermínio de Auschwitz:
"Faltam palavras. No fim, resta apenas um silêncio aterrador, um silêncio que é um pranto sofrido a Deus. Por que, Deus, o Senhor permaneceu em silêncio? Como pôde tolerar tudo isso? Onde estava Deus naqueles dias? Por que não se manifestou? Como pôde permitir essa matança sem limites, esse triunfo do mal?"

A existência do mal no mundo é um escandalo para todas as religiões monoteistas.
 
E quem é o observador. Imagine um assassino que invade a casa de alguem rouba e mata uma pessoa. O assassino, não buscava um mal, ele precisava do dinheiro, ele busca um bem. Já o sujeito roubado sofreu. Sofreu o mal. Sendo Deus tão piedoso e misericordioso como pode permitir isso?

1) o observador é variável. No caso acima temos dois observadores, o ladrão e a pessoa que morre.
2) não tento definir o papel/caráter de Deus.
 
Deus não existe.

Saiffyros disse:
Os personagens que destroçam os orcs para impedir o saque destes não estão sendo malvados?

Não, estão defendendo sua propriedade oras.

Mas muitas vezes personagens bons podem, levados pela retidão do alinhamento, cometer atos de crueldade na sua busca. A Wizards lançou um livro muito interessante sobre isso: Book of Exalted Deeds.
 
Deus não existe.



Não, estão defendendo sua propriedade oras.

Mas não é justamente na instituição da propriedade que os filósofos humamnistas situam a desgraça da raça humana?
Verdadeiramente, o que o homem tem de seu? A terra lhe subsiste, assim como todas as riquezas materiais, e dele não guarda lembrança que dure mais que alguns mil anos. Sua cultura está sempre em movimento, e todas as verdades que ele soube e nas quais se fiou por toda a vida não duram mais que algumas gerações. Do mesmo modo, sua personalidade, moldada no social e a ele subordinada, nada mais é que um recorte do real social e, sendo assim, com a morte, retorna ao senso comum de onde foi recortada.

O que, então, afinal de contas, é a propriedade que se defende com o sacrifício da própria vida? Se vc me disser que é a própria vida, não haveria justificativa para que você erguesse a mão para tirar a vida de outrem, mesmo que a sua estivesse ameaçada. Sem a propriedade (que não e natural ao homem), uma vida vale absolutamente o mesmo que outra.

Há um livro muito lido nos cursos de Direito: "O caso dos exploradores de cavernas" que discute muito bem este ponto.

Não é tão fácil admitir que Deus não existe: Em seis mil anos de cultura, não pudemos ser capazes de, enquanto raça humana, abandonarmos esta bengala para existirmos em nossa plenitude. Um dos maiores vilões: Esta desgraça que é A Propriedade!:tsc:

Abraços

PS: Não sou comunista, socialista nem candidato a nada, apenas passeava por este fórum e deixo aqui minha opinião!!
 
Não é tão fácil admitir que Deus não existe: Em seis mil anos de cultura, não pudemos ser capazes de, enquanto raça humana, abandonarmos esta bengala para existirmos em nossa plenitude. Um dos maiores vilões: Esta desgraça que é A Propriedade!

O argumento do mal tem sido invocado várias vezes para negar a existência de Deus. Pessoalmente sou ateu e não vejo uma saida razoavel para esse problema. Mas vale a pena discutir...
 
Não, estão defendendo sua propriedade oras.

Mas não é justamente na instituição da propriedade que os filósofos humamnistas situam a desgraça da raça humana?
Verdadeiramente, o que o homem tem de seu? A terra lhe subsiste, assim como todas as riquezas materiais, e dele não guarda lembrança que dure mais que alguns mil anos. Sua cultura está sempre em movimento, e todas as verdades que ele soube e nas quais se fiou por toda a vida não duram mais que algumas gerações. Do mesmo modo, sua personalidade, moldada no social e a ele subordinada, nada mais é que um recorte do real social e, sendo assim, com a morte, retorna ao senso comum de onde foi recortada.

O que, então, afinal de contas, é a propriedade que se defende com o sacrifício da própria vida? Se vc me disser que é a própria vida, não haveria justificativa para que você erguesse a mão para tirar a vida de outrem, mesmo que a sua estivesse ameaçada. Sem a propriedade (que não e natural ao homem), uma vida vale absolutamente o mesmo que outra.

Há um livro muito lido nos cursos de Direito: "O caso dos exploradores de cavernas" que discute muito bem este ponto.

Não é tão fácil admitir que Deus não existe: Em seis mil anos de cultura, não pudemos ser capazes de, enquanto raça humana, abandonarmos esta bengala para existirmos em nossa plenitude. Um dos maiores vilões: Esta desgraça que é A Propriedade!:tsc:

Abraços

PS: Não sou comunista, socialista nem candidato a nada, apenas passeava por este fórum e deixo aqui minha opinião!!

Não vem ao caso divagações filosóficas sobre o que é nosso e o que não é. Se eu sou um mago e um orc invade e tenta saquear a minha torre, tenha certeza de que irei fazer com que o bicho vai se arrepender amargamente do que fez. :cool:
 
Mediocre! -_-

Cara, tu é um mago e tá na tua torre, sentado, estudando magias. De repente, tu ouve o barulho da magia alarme, que indica que a tua porta foi colocada abaixo. Tu escuta, também, os urros de uma horda de orcs que invadiram a tua morada e estão pilhando e destruindo tudo lá em baixo e, em breve, estarão na tua sala. Tu escuta os gritos de Ellöndil, teu elfo aprendiz, sendo morto.

Tu vai ficar divagando a respeito do quão a tua torre te pertence enquanto ser vivo, que permanece no plano material apenas a duração de um grão de areia da grande ampulheta da vida e o direito que tu tem em ceifar a vida de outrem, mesmo que a tua esteja em perigo; ou vai descer a escada lançando fireballs nos orcs?
 

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