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Introdução

Cedo em sua história, uma grande parte dos Quendi (os Elfos) imigraram para Valinor, a Terra dos Poderes, no continente de Aman. Ali tornaram-se os Eldar ("Povo das Estrelas"), e seus conhecimentos e habilidades alcançaram seu apogeu.

Nota do Tradutor: Vários termos e expressões apregadas nesta seção (assim como por todo o site) fazem referência a personagens, locais e acontecimentos da obra de Tolkien. Seus significados não serão explicados aqui, e espera-se que o leitor os tenha frescos na memória para um entendimento pleno do contexto. Recomenda-se a leitura dos livro O Senhor dos Anéis e O Silmarilion, ambos disponíveis em português.

Habilidosos linguistas que eram, os Eldar logo perceberam a necessidade de artifícios para preservar suas palavras por meio do registro escrito. Foi então que Rúmil, mestre-da-tradição e grande sábio de Tirion, inventou o primeiro sistema de escrita do mundo: o Sarati. Esta escrita era fonográfica, e as formas abstratas das letras eram escritas com uma caneta ou pincel, ou ainda esculpidas em madeira ou pedra. Mais frequentemente, a escrita era feita de cima-para-baixo ao longo de barras verticais. Vogais eram escritas por meio de marcas diacríticas* posicionadas à esquerda ou (algumas vezes) à direita da letra (sarat) em questão.

Nota do Tradutor: Uma marca diacrítica, ou siplesmente diacrítico (do grego que distingue) é um sinal gráfico que se coloca sobre, sob ou através de uma letra para alterar a sua realização fonética, isto é, o seu som, ou para marcar qualquer outra característica linguística.

Entretanto, muitos aspectos deste sistema de escrita eram bastante variáveis, indo do formato ou significado de letras individuais até as direções de escrita. Alguns especulam que os escribas élficos pioneiros possuíam pouquíssimas regras para seguir quando usavam as invenções de Rúmil, e, de fato, gostavam muito disto, pois tinham a chance de adaptar e melhorar o sistema por si próprios.


Fëanor, filho de Finwë, primeiro Rei dos Noldor, interessou-se muito cedo em sua carreira pela Escrita, o que o levou a criar seu próprio e novo Sistema de Escrita. Este era em parte influenciado pelo sistema de Rúmil, e foi chamado de Tengwar.

Neste novo método, apenas uma direção de escrita era permitida: esquerda para direita. Os caracteres possuiam uma aparência mais uniforme, e seus significados eram mais estritamente definidos por base em seus posicionamentos no sistema. O Tengwar é atualmente designado como um grupo de sinais interrelacionados sem nenhum valor-sonoro inerente: o significado fonético de cada caractere pode ser feito sob medida para cada língua, de acordo com sua relação visual com outros caracteres. As vogais são, no Tengwar, escritas tanto com diacríticos (acima ou abaixo de cada letra - tengwa) quanto por tengwar especiais.

A flexibilidade do Sistema de Fëanor o tornou altamente adequado para ser utilizado em diversas línguas, fossem elas relacionadas ou não com as Línguas Élficas. O Sarati de Rúmil caiu, então, em desuso, exceto entre os Elfos Vanyarin de Aman (o Primeiro Clã); e jamais foi usado na Terra-média. É irônico observar que muitas vezes o Sarati é chamado de "Tengwar de Rúmil", já que a palavra "tengwa" sequer existia antes de Fëanor inventá-la para dar vida ao seu novo sistema.

Quando os Noldor fugiram de Aman em direção à Terra-Média, trouxeram consigo o Tengwar. Em Beleriand, entretanto, os Elfos Sindarin já haviam desenvolvido seu próprio sistema de escrita - um alfabeto rúnico chamado de Cirth. Mas o Tengwar mostrou-se extremamente adaptável ao Sindarin, e logo sobrepujou o Cirth em popularidade. Este último, porém, ainda continuou a ser usado - suas formas tardias tornaram-se largamente conhecidas durante as Segunda e Terceira Eras do Sol.

O Sistema de Escrita Fëanoriano floresceu então por mais de sete mil anos, e novos "Modos" para diferentes línguas foram construídos. Eventualmente, entretanto, ele caiu no esquecimento durante alguma época da Quarta Era do Sol, à medida que os Homens, agora a raça dominante na Terra-Média, afastavam-se de suas Antigas Tradições, principalmente daquelas de origem élfica.


O propósito deste site é apresentar uma introdução aos Sistemas de Escrita de Aman (que em Alto-Élfico seria "Amanyë Tenceli") e encorajar futuros estudos sobre a obra de Tolkien. Nas várias páginas que o compõem espero que você encontre o bastante para apreciar a beleza e a elegância das Escritas que Rúmil e Fëanáro criaram numa época em que o Mundo era jovem e as Duas Árvores de Valinor ainda floresciam.


Måns Björkman