O Livro Negro de Arda – Parte 2 Capí­tulo 4

Escrito por Fábio Bettega
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A Valinor/Lothlórien tem a honra de dar continuidade à publicação de O
Livro Negro de Arda, publicando o quarto capítulo da segunda parte, chamado GERADOS PELO ESCURO. Leia mais sobre esta obra aqui na Valinor e confira os demais capítulos já publicados, no índice da obra
 
 

PARTE SEGUNDA. MANDARAM ESQUECER
GERADOS PELO ESCURO. A ERA DAS ARVORES DA LUZ; DO ACORDAR DOS ELFOS ATÉ O ANO 487

Os Elfos se libertavam lentamente dos grilhões sono. Fracos e impotentes nesse mundo imenso, eles se mantinham juntos. E neles acordou o desejo de falar uns aos outros, e dar nomes a tudo que os cercava. De vez em quando, parecia-lhes que era uma voz inaudível que lhes sugeria as palavras. E eles chamaram a si de Quendi, Aqueles que Falam…

Chegou a hora em que os Elfos desejaram abandonar o vale da lagoa de Cuiviénen e ver o mundo fora dos limites dele. Mas alguns dos que partiram para a escuridão não retornaram, e pela primeira vez o medo acordou nas almas dos Elfos, de agora em diante ligado para eles com o escuro e a escuridão. Diziam – o Caçador os levou com ele, e eles jamais retornarão.

“O cavalo furioso carrega o terrível cavalheiro das trevas; a corte dele é a matilha de monstros… O trote do cavalo se assemelha às trovoadas, e a grama murcha aonde ele pisa; fogo infernal é o olhar do cavalheiro. Aquele que o encontra jamais retorna. Vento de fogo é a respiração dele, horror – a arma na mão dele, morte – a bandeira dele, as mansões – o inferno… Aquele que o encontrar jamais retornará”.

“Entretanto, pouco se sabe daqueles infelizes que caíram na armadilha de Melkor. Pois, quem, entre os seres vivos, desceu aos abismos de Utumno, ou percorreu as trevas dos pensamentos de Melkor? É, porém, considerado verdadeiro pelos sábios de Eressëa que todos aqueles quendi que caíram nas mãos de Melkor antes da destruição de Utumno foram lá aprisionados, e, por lentas artes de crueldade, corrompidos e escravizados; e assim Melkor gerou a horrenda raça dos orcs, por inveja dos elfos e em imitação a eles, de quem eles mais tarde se tornaram os piores inimigos. Pois os orcs tinham vida e se multiplicavam da mesma forma que os Filhos de Ilúvatar; e nada que tivesse vida própria, nem aparência de vida, Melkor jamais poderia criar desde a sua rebelião em Ainulindalë antes do Início. Assim dizem os sábios. E, no fundo de seus corações negros, os orcs odiavam o Senhor a quem serviam por medo, criador apenas da sua desgraça. Esse pode ter sido o ato mais abjeto de Melkor, e o mais odioso aos olhos de Ilúvatar”.

Assim diz “Quenta Silmarillion”

Mas foi assim: aqueles que tiveram medo do Escuro dissiparam-se pelas florestas, se transformaram nos Elfos do Medo. O terror do desconhecido tomou conta dos espíritos deles; de agora em diante tanto a Luz, quanto o Escuro os assustavam igualmente. O medo deturpou não somente o exterior dele, mas também as almas, pois eles eram fracos. O medo os impelia para as florestas e para as montanhas, para longe dos Domínios do Vala Escuro, cujo poder e grandeza eles sentiam e por isso o temiam; para longe daqueles que eram do mesmo sangue que eles. Deste medo nasceu o ódio a todos os viventes. A beleza dos Elfos, Filhos do Único, vivia inicialmente também nos Elfos do Medo; mas a beleza perfeita é semelhante à monstruosidade perfeita. Assim aconteceu aos Elfos do Medo. Tudo no aspecto deles parecia exagerado: enormes olhos alongados com pupilas pequeninas; uma boca pequena e de cor forte demais, que ocultava dentes quase animalescos – pequenos e afiados – e pequenas presas, dedos tenazes longos demais, parecidos com as patas de uma aranha… Ao olhar para eles, nascia no coração um vago e invencível horror, e eles agora fugiam não somente dos outros, mas de si mesmos… E os chamaram de Orcs, o que significa – Monstros.

As andanças dos Orcs pelas florestas também mudavam o aspecto deles. A vida selvagem os fez fortes e furiosos e os ensinou a caçar em bandos, semelhantes aos dos animais ferozes. Acostumados à eterna penumbra das cavernas e das florestas, eles odiaram a luz e passaram a temer o fogo; até o cintilar das estrelas distantes era insuportável para os olhos deles. Aqueles que recebiam ferimentos graves durante a caça eram mortos ou abandonados na floresta; algumas vezes – quando tinham fome – eram devorados: Orcs não conheciam a compaixão. Os mais fortes e impiedosos tornavam-se seus líderes: eles admiravam somente a força. A piedade parecia-lhes uma fraqueza, compaixão – um sentimento estranho e desconhecido, e eles encontravam o maior divertimento nos tormentos dos seres vivos.

Os Orcs tinham também uma língua própria, na qual – distorcidos e irreconhecíveis – viviam os ecos da Língua do Escuro. Eles não possuíam nem cantos, nem lendas; as vozes deles se tornaram rudes, e um uivo rouco era o grito de guerra deles.

Eles não tinham necessidade de aperfeiçoar a mente, mas neles desenvolviam-se sentidos próprios de caçadores noturnos: audição e olfato apurados, a capacidade de ver na escuridão, infatigabilidade na caça e a sede de sangue. E não havia salvação deles, crias da escuridão e do medo…

E foi assim: os mais velhos dos Elfos, tomados pela alegria surpresa perante a visão do novo e jovem mundo e pela sede de conhecê-lo, partiram para muito longe dos limites do Vale dos Elfos e vagavam sob a luz das estrelas – pois ainda não eram capazes de ver o Sol e a Lua – pelas florestas sombrias. E um dia encontraram um cavaleiro montado num cavalo negro. Os Elfos se surpreenderam, pois não sabiam que havia no mundo outras criaturas vivam semelhantes a eles. Mas não havia nada de ameaçador no cavaleiro, o rosto pálido dele era belo e sábio: Elfos não tiveram medo dele.

O cavaleiro desceu do cavalo. A altura dele não era imensa: simplesmente muito alto, mais alto que qualquer um dos Elfos. As roupas dele pareciam tecidas da escuridão, e a capa voava atrás dele como asas negras, e os olhos dele eram estrelas.

Os Elfos o estudavam com surpresa, e ele sorriu com o canto da boca, involuntariamente imaginando-os em Valinor. Assim como eles eram agora: com roupas de peles, nas mãos – lanças com pontas de pedra; somente alguns poucos calçavam sandálias com solas de madeira, com um trançado de tiras de couro até os joelhos…

E para eles, tudo era estranho no desconhecido: e todo o aspecto dele, e as roupas (“Quão enorme deve ser um animal para que dê para fazer da pele dele uma capa dessas!”), e o cinto de placas de aço que cingia a cintura dele – os Elfos não conheciam os metais; e a montaria dele – os Elfos nunca viram um cavalo…

O desconhecido estendeu a mão para um dos Elfos com a palma aberta para cima – em sinal de paz. O Elfo repetiu o gesto dele e sorriu:

– Quem é você? Como se chama?

– O meu nome é Melkor, – respondeu o desconhecido.

– Melkor… Amor ao mundo? Um belo nome… Chamam-me de Geleon.

– Você também tem um belo nome: Filho das Estrelas.

– Você é dos Elleri Quenno?

Melkor notou para si que a língua deles se difere da língua dos outros Elfos: naquela língua o nome do povo soaria como Eldar Quendi.

– Não, eu não pertenço ao seu povo.

– Mas você parece-se conosco, mesmo sendo diferente…

– Eu sou dos Criadores do Mundo. Nos escolhemos um aspecto semelhante ao seu.

– Então você é capaz de mudar de aspecto?

– Sim, mas com que finalidade? – Melkor sorriu, mas no mesmo instante ocorreu algo estranho: enormes asas negras cobertas de pó de estrelas abriram-se, uma estrela acendeu-se na tez dele, e parecia que estrelas estavam presas nos longos cabelos negros.

– Então todos os Criadores do Mundo são tão… tão…

Neste momento, um garotinho de uns cinco anos apareceu de trás do pai, que estava um pouco mais afastado: os olhos brilham, a boca está semi-aberta de surpresa:

– Que bicho é esse que você tem aí?

– Um cavalo.

– Posso passar a mão?.. Que bonito… Ele não morde?

Melkor riu:

– Não… Quer montar nele?

O pequeno acenou que sim, maravilhado. Melkor pegou-o nos braços e colocou na sela; o menino passou a mão, com cuidado, pela crina comprida e densa do cavalo, levantou a cabeça:

– Pai! Olhe!..

Melkor notou uma menina, que se agarrava na saia da mãe:

– E você, pequena? Vem cá.

A menina envolveu com os braços os joelhos da mãe, olhando de esguelha para o Alado. A mãe fechou o rosto com as mãos.

– Ela não fala, Melkor, – falou Geleon depois de um breve silêncio. – Ela perdeu a voz. Sabe, nos estávamos sentados em volta da fogueira, ela passeava por perto, e de repente – um grito… Vimos ela correndo até a fogueira, e atrás dela… Uma criatura assim toda horrível saltou para a campina – vestindo trapos, com costas encurvadas, patas compridas… e não patas – braços, os dedos entortados, dentes arreganhados, e os olhos – avermelhados, brilham, sem pupilas… O pior é que não era um animal. Aquilo era mais parecido conosco. Desde então…

Melkor ficou sério:

– Entendo. Qual é o nome dela?

– Aeni.

– Vaga-lume… Não tenha medo de mim, pequena. Venha.

A menina demorou alguns momentos, depois caminhou para frente com um certo receio. Parou, olhando para o Vala de baixo para cima. Aquele se sentou na grama:

– Dê-me a mão, Aeni.

A mãozinha da menina deitou confiantemente na palma de Melkor. Vala olhou atentamente nos olhos dela, passou a mão sobre os cabelos claros e macios.

– Eu posso curá-la.

Mãe de Aeni iluminou-se:

– Isso… é verdade?

– Sim, Só… só que para isso preciso levá-la comigo. Se você deixá-la ir, bela senhora. Acredite, eu não farei mal algum a ela.

A mulher refletiu, depois respondeu:

– Eu acredito em você. Mas é difícil para mim separar-me dela. Ela é a minha única… Isso vai demorar?

– Alguns dias.

– Desculpe… como você disse? Dia… o que é?

– Ah, sim… Como eu sou tonto! Vocês não vêem… Vê – aquela estrela? Quando ela passar sobre as suas cabeças pela sétima vez, a menina voltará. E eu prometo: a sua filha estará curada.

– Agradeço-o, Alado.

– Vai comigo, pequena?

A menina voltou-se para a mãe, como se pedisse permissão, depois fez um sim com a cabeça.

– Mamãe! Mamãezinha!

A mulher tomou Aeni nos braços:

– Você… fala, minha menina? Ele a curou?

– Mamãe, olha só o que ele me deu! – Aeni abriu o pequeno punho.

– Vamos até a fogueira, pequena, eu vou olhar…

– Para que? – surpreendeu-se a menina. – Está tão claro…

– Claro?.. Vamos até a fogueira.

Na palma da menina havia uma pequena folhinha de bordo, toda cheia de veias douradas, com uma brilhante gota de orvalho. A mãe a pegou com cuidado, com medo de que gota caia da folha…

Ela era de pedra.

– Que maravilha… – falou Geleon baixinho. – Como eu gostaria de criar coisas assim…

– Aprenderá, – respondeu Melkor, que havia se aproximado silenciosamente.

– E porque Aeni diz que está claro?

– Quem sabe, logo vocês entenderão…

– Será que você não vê, mamãe? Bem ali, em cima, um fogo, muito brilhante, maior que a fogueira… Vê? Ele diz – isso é o Sol, Saere, – a menina pronunciou a última palavra com bastante cuidado.

– Saere?

– Sim, sim! Ele diz – é uma estrela, só que muito perto, por isso brilha tanto…

A menina cantarolava alegremente, contando o que tinha lá onde ela tinha ido. Faltavam-lhe palavras e ela fazia uma careta preocupada ao tentar explicar como é isso – um palácio de pedra, paredes cintilantes das cavernas, altas montanhas negras… Que animal estranho que tinha lá – peludo, negro, com olhos – como folhas verdes brilhantes, carinhoso… Depois, cansada, enrolou-se ao lado do fogo e adormeceu, segurando com força a folha de bordo. Pelo rosto do menino, que não saia de perto, percebia-se que ele invejava ardentemente a Aeni; mas ele se conteve e, sentando do lado, começou a ouvir avidamente a conversa dos adultos.

– Você disse – um dos Criadores do Mundo… Quem são eles? Como o mundo foi criado? – interrogava Geleon. Melkor encostou-se no tronco de uma arvore, cruzou os braços no peito e começou:

– Havia Eru, que se chamou de Único, a quem passaram a chamar de Ilúvatar em Arta, Pai de Tudo o que Existe…

Quando a história acabou, todos ficaram em silêncio por um tempo. Depois, Geleon começou a falar novamente:

– Então nos somos Filhos do Único?

– Sim, é isso…

– Conte, e onde estão outros Imortais? Por quê nos nunca os vimos? Você disse: vocês vieram a Arta para preparar este mundo para a chegada dos Elfos e dos Homens: porque então somente você nos procurou? Ou os outros não sabem aquilo que você sabe?

– Sabem. Mas eles abandonaram esta terra e agora permanecem na Terra dos Imortais, Valinor. Aqui, eu estou sozinho.

– E por quê você não está entre eles?

– O meu caminho difere do deles. Sem conhecer o Escuro, eles desde o início o negaram e podem viver somente na Luz. Agora o Escuro e a escuridão igualmente os assustam.

– Os Imortais conhecem o medo?

Melkor permaneceu em silêncio.

– Você conhece os destinos do mundo. Diga, qual é o destino dos Elfos?

– A vocês, foi pré-determinada a imortalidade – assim é a dádiva do Único. O seu destino é partir para a terra dos Imortais.

– Mas nos não queremos partir! – exclamou com ardor aquele que mais tarde viria a ser o Pintor.

– E eu gostaria de dar uma espiada em Valinor, – comentou alguém, pensativo. – Ver e voltar…

– Vocês não poderão voltar. Essa é a vontade do Único.

– Mas se o nosso destino é partir, por quê fala conosco? – perguntou Geleon.

– Vocês não tiveram medo do Escuro, o que significa que conseguem compreendê-lo, e então a essência do Equilíbrio dos Mundos se revelará a vocês. Vocês poderão libertar-se dos grilhões da Predeterminação, e então receberão o direito de escolher.

– Você dizia que esta escolha foi dada somente aos Homens… Então, nos passaremos a ser humanos?.. Imortalidade… E o que é a morte?

– Somente os Mortais podem sair desse mundo, achar o próprio caminho a Ea.

– Essa também é uma dádiva de Ilúvatar?

– Não. É uma dádiva minha para aqueles que romperem o circulo fechado da Predeterminação.

– Eu ainda não compreendo tudo nas suas palavras. Precisamos pensar. Você ficara conosco?

– Terei de deixá-los por um tempo. Mas eu voltarei.

– Nos o esperaremos, Alado.

…Quando o Cavaleiro Negro desapareceu na penumbra da floresta, Geleon falou baixo, seguindo-o com o olhar:

– Parece que o compreendi… Se não houvesse o Escuro, nos jamais veríamos as estrelas…

Ele retornou, o Vala Alado. E mais uma vez falou com eles, explicava, respondia… As crianças se apegaram a ele, e ele lhes contava belas histórias sobre ervas e estrelas, sobre animais e gemas… As primeiras crianças neste mundo jovem, eles eram seres surpreendentes – confiantes, abertos, maravilhados, meigos como flores frágeis. Maravilhosas criaturas ingênuas, era impossível não amá-los. E Melkor achava – tudo o que ele cria agora, ele cria para eles. Assim surgiram no mundo seres surpreendentes: enormes borboletas negras com asas que brilham com verde e ouro; peixes voadores; moluscos que construíam para si belas casas de conchas; unicórnios e golfinhos; libélulas com olhos enormes, parecidos com jóias; as aranhas aquáticas prateadas e serpentes marinhas… E não havia para ele uma alegria maior do que ver os olhos surpresos das crianças e ouvir: “O que é isso? Que maravilha…” E agora, ao olhar para o Mestre, Orthenner mal conseguia conter um sorriso. Como a pequena visitante de Helgor mudou tudo! E realmente – que criaturas maravilhosas…

Os elfos amaram o Alado. E uma vez Geleon disse a ele:

– Quanto mais eu converso com você, Melkor, mais claramente eu entendo o quanto nos não sabemos… Mas eu penso assim: basta de andanças sem rumo pela terra. Se permitir, nos iremos junto com você.

– Sigam. Eu mostrarei o caminho.

…Eles se surpreendiam como crianças com tudo aquilo que viam ao redor – e, em essência, eles eram mesmo crianças. Eles gostavam de dar nomes ao novo: eles viam o Sol e a Lua, mas amavam mais a noite e as estrelas – a Luz-no-Escuro. Sem o notar, eles já seguiam pelo caminho dos Homens, e Melkor não se surpreendeu quando Geleon perguntou:

– Nos compreendemos a escolha que você nos oferece. E aceitamos o seu caminho.

– Vocês pensaram sobre tudo? Não se apressem com a resposta; a dádiva da morte é uma dádiva terrível e grandiosa. Quem sabe, talvez me amaldiçoarão depois por essa escolha.

– Não. Nos mesmos escolhemos este caminho; agora não há mais outro para nos.

– Olhem para dentro de si. Haveria em voz medo ou dúvidas?

– Não, Melkor. Nos escolhemos o caminho com olhos abertos, e nenhum de nos jamais dirá que você nos atraiu para o seu lado com mentiras. Eu sei com o coração que você diz a verdade. Nos fizemos a nossa escolha, Alado.

Ele os chamou de Elfos do Escuro, Elleri Ache, e de discípulos. Para eles, ele era Mestre, e Aeanto, – aquele que traz a Luz… No norte, no vale de Gellome – ali onde estava a morada de Melkor, – eles construíram a cidade de madeira deles, e Melkor freqüentemente abandonava o castelo negro e vivia entre eles. Para o Maia Orthenner, eles se tornaram amigos e irmãos; ele se alegrava em se sentir um deles. Na língua deles, eles pronunciavam o nome dele como Gorthaur, e logo ele mesmo passou a considerar que este era o nome dele. O Mestre também passou a chamá-lo de Gorthaur; somente de vez em quando, quando estava pensativo, ele chamava o Discípulo do jeito antigo – Orthenner.

E chegou a hora em que Melkor reuniu os Orcs, que tremiam de pavor do desconhecido, cegos para o Escuro e para a Luz, nos domínios dele. Ele esperava, com ajuda dos discípulos dele, devolver-lhes aquilo que eles perderam ao render-se ao medo. Mas a escuridão prendia as mentes deles, e o medo expulsava qualquer outro sentimento das suas almas. Melkor não podia mudar nada. Aos Elfos do Medo, restou somente a dádiva do Único – a imortalidade.

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