Like a Bird – Parte 10

Escrito por Fábio Bettega

Ele estava deitado em sua cama, como o costume.Já fazia alguns dias que já não dormia, tentando saber o que ele próprio podia estar sentindo por Miyoru, mas repetidas e repetidas vezes caía na mesma resposta: amor.Mas sabia também que não era um amor como de pai para filho ou de irmãos.Agora não pensava mais, somente fechava os olhos e relembrava os momentos em que estava com ela.

 

E de recordação em recordação voltava-se sempre para Rohan, onde achava ter tido o melhor de todos os momentos.

Miyoru bateu na porta e colocou a cabeça para dentro do quarto

-Legolas?

-Miyoru? – ele sentou-se na cama, como da outra vez – Pode entrar.

-Ah.- ela entrou, fechando a porta atrás de si e se aproximando pouco -Legolas, eu…

-Sim? Quer alguma coisa, Miyoru?

Ela ergueu o rosto, visivelmente corado, e disse, de uma vez só -Posso dormir com você?- ela perecia completamente sem jeito ao pedir isso

Ele corou um pouco, mas teve coragem de lhe perguntar – Há algum problema com o seu quarto, ou você somente quis? – mesmo achando a segunda opção um tanto improvável.

-Eu estava um pouco assustada, mas…Eu só… quis…- ela disse, com voz fraca

Ele arregalou um pouco os olhos, corando fortemente depois – Sem problema, mas a minha cama é um tanto grande demais, a menos que não se importe.- sua mente rapidamente analisou "Ela se sente segura comigo.". Precisava guardar isso para informações futuras.

-Tá..- ela se aproximou dele devagar, e se sentou na cama – V-você não se importa MESMO?

-Não. Seria…Um prazer poder dormir ao seu lado. – disse um tanto mais corado.

Ela sorriu -Obrigada. Você fica muito fofo corado….- e entrou debaixo das cobertas, embora ela mesma estivesse com o rosto rosado.

Ele não pôde evitar de ficar ainda mais corado com o comentário, e lentamente deitou-se na sua cama também.

-Ne…não, desculpa, não quis te deixar sem graça!- ela se apressou em falar, sacudindo as mãos

-Não, não tem problema. Não precisa se desculpar.- "Meu coração está explodindo e eu sinto uma alegria contagiante. Por que afinal está se desculpando?"

Ela deu um dos seus sorrisos, fechou os olhos e em poucos instantes estava dormindo, tranqüila como uma criança em seus braços. E ele ficou parado, admirando-a… tão bela, tão infantil… Legolas se sabia belo, ao menos pelo que todos diziam. E algo em seu ego lhe lembrava, cheio de orgulho que ela se sentia segura com ele. Então ele gentilmente tirou uma mecha de seus negros cabelos de seu rosto alvo, temendo acordá-la, mas uma parte de si desejando acordá-la, para ver o verde de seus olhos. Como se saísse de sua mente em algum momento… E entre outros pensamentos, ele divagou, até também cair num sono profundo, e logo, num sonho tranqüilo.

**No dia seguinte**

Miyoru apenas observava. Aragorn falava e falava aos seus capitães, a cidade estava sendo posta em ordem. Ela nem ouvia o que ele dizia, e isso tampouco importava. Ela estava observando Aragorn. Absorvendo cada gesto e o som da sua voz. Olhava para ele extasiada, como se estivesse em transe. Para ela, ele era simplesmente fantástico, tão forte, tão determinado… um verdadeiro Rei, na expiação total da palavra…

Mas logo Aragorn liberou os capitães e se retirou, ficando apenas ela e a voz dele ecoando em seus ouvidos. "Aragorn se sobressai entre os homens como Kenshin se sobressaia entre os samurais…"

-Miyoru? Tá sonhando acordada?- perguntou Frodo, sacudindo-a levemente.

-AH? Hoe? Disse alguma coisa?- ela perguntou, subitamente voltando á realidade. Merry então olhou com uma cara de incredulidade, e saiu gritando, alegre e rindo, como se fosse uma piada.

-Miyoru está apaixonada! A menina está apaixonada!

-Ora, seu BAKA!- ela saiu correndo atrás dele, numa hilária perseguição, que se estendeu por todo castelo, até que Miyoru trombou com alguém, e iria cair de costas no chão, não fosse este alguém a segurá-la

-Miyoru! Cuidado com onde anda, poderia ter se machucado!- a bela voz exclamou, preocupada. Sim, fora em Legolas que ela esbarrara.

-Anh, Legolas-san…- ela sorriu para ele, agradecendo por não tê-la deixado cair.

-Sabia, Legolas, que a Miyoru está apaixonada?- Disse Merry, para logo depois sumir entre os corredores

-Ora, seu…- ela ameaçou, mas não foi atrás dele. Enquanto isso, Legolas perguntou gentilmente

-Verdade, Miyoru?Gostaria de desabafar comigo?

-Bem, eu….- quando ela disse isso, uma sensível ânsia de esperança cresceu nele rapidamente, para logo depois ser morta pela frase -Você é um bom amigo…talvez eu deva lhe contar.

Por um momento, o universo congelou. Mas ele logo disfarçou isso com uma máscara de calma e paciência, embora pensasse "Fantástico! Ela está apaixonada por outro. Muito bem, basta apenas eu descobrir quem é, matá-lo e ent… Por Elbereth, que rumo meus pensamentos estão tomando! Ai, Miyoru, não, por favor…não me conte…eu NÂO QUERO ouvir quem é…"

-Podemos….- a voz dela, hesitante, perguntou -Podemos dar uma volta pelos pátios?

Ele anuiu, e lá eles foram.

Ambos estavam sentados á um tempo razoável na beira da pequena lagoa, á sombra de uma árvore. Mas mesmo o movimento das folhas sendo levadas pelos ventos era como um grito perto do silêncio constrangedor e angustiante da situação. A tensão entre os dois estava tanta que era como se grandes mãos, ásperas e sujas, pressionassem contra seus corpos. Alguém tinha que acabar com aquilo. E Foi Miyoru que o fez, depois de jogar uma pedra na água.

-Legolas, na verdade, tudo não passa de um mal-entendido. Eu realmente amo Aragorn-sama, mas não dessa forma. Eu o amo porque ele é grande, e forte, um grande capitão. Amo-lhe com lealdade, e eu o seguiria até se ele quisesse ir abrir os portões do inferno. Ele é fantástico, um rei mesmo, e eu me sinto tão bem em se fiel á ele, a presença dele me deixa calma, e eu aprendo muito com ele, coisas que eu nunca aprenderia só.- ela parou para respirar, no seu desabafo , fazendo um momento de silêncio, para logo depois continuar -Mas não é como se eu quisesse me casar com ele, ou dormir com ele, ou qualquer coisa nesse nível. Mas eu o amo, como um grande capitão.- ela bateu no peito, falando solenemente.

Legolas não poderia explicar em mil palavras o alívio que sentiu nessa hora. Enquanto ela falava de Aragorn, ele por um instante que pode não ter sido mais que um segundo, odiou o
amigo, e depois se arrependeu amargamente disso. O gosto amargo de traição e culpa encheram-lhe a boca. Mas a medida que a voz melodiosa se explicava, seu coração se acalmou como um lago depois de uma tempestade. A companhia dela lhe fazia tão bem… como o sol agora, luminoso, mas sem ofuscar. Quente, mas sem queimar. Suave, mas definido.

Inconstante…

-Obrigada, Legolas-san! Tomara que você esteja sempre disposto a me ouvir assim!- a voz melodiosa e amada lhe falou, sorrindo…

e ele sorriu de volta. Seu coração estava satisfeito, no momento.

…mas sempre presente.

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