O filme O Hobbit na revista SET

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Escrito por Gustavo Braga

 Visto que algum tempo atrás, a Valinor anunciou que, a revista SET, publicou em sua revista, um artigo sobre o filme O Hobbit. 

A Valinor, então, está publicando a matéria. Confira:

 

Peter Jackson já fechou o contrato para produzir. Guillermo Del Toro imagina o que fazer com os personagens da Terra-Média. E atores de O Senhor dos Anéis pedem para retornar. A saga de Bilbo tem dois anos para se livrar de vez do estigma de produção mais complicada de Hollywood e dominar as bilheterias.

O primeiro capítulo de O Hobbit, livro escrito por J.R.R. Tolkien na década de 20 e publicado em 1937, descreve a moradia de seus mais famosos personagens. Vai mais ou menos assim: "Numa toca no chão vivia um hobbit. Não uma toca desagradável, suja e úmida, cheia de restos de minhocas e com cheiro de lodo; tampouco uma toca seca, vazia e arenosa, sem nada em que sentar ou o que comer: era a toca de um hobbit, e isso quer dizer conforto." Um hobbit em particular logo poderá incrementar a toca. Ou até mesmo comprar todas as tocas do Condado. Depois de anos como uma incógnita por causa de processos, brigas públicas e divisões de direitos de filmagens, a história que serve como pontapé inicial para O Senhor dos Anéis finalmente verá a luz do dia sob a produção executiva de Peter Jackson e a semi-oficial direção do mexicano Guillermo del Toro, responsável por Hellboy e o oscarizado O Labirinto do Fauno.

"Ainda há alguns pontos para acertarmos", adianta del Toro, sem poder ainda admitir oficialmente que está assegurado no comando de O Hobbit, mas deixando claro que falta apenas detalhes burocráticos para sua confirmação. "Me aprontaria em dez segundos." A escolha do latino para a cadeira de diretor dos dois longas que podem se tornar a maior bilheteria do cinema em todos os tempos pareceu agradar aos fãs – satisfeitos em saber que Peter Jackson ainda estará mandando nas decisões criativas e assegurando a WETA como casa de efeitos especiais, maquiagem e criação das armas – e ao próprio Guillermo. "Quando tinha onze anos", recorda o cineasta, em entrevista a SET no set de Hellboy 2: The Golden Army, em Budapeste. "Investi meu dinheiro suado em quatro livros: comprei a trilogia O Senhor dos Anéis e O Hobbit. Na época, não consegui ir muito longe em O Senhor dos Anéis, mas achei O Hobbit bastante leve e mágico. Li muito rápido e a história ficou comigo para sempre."

Para quem nunca passou o olho no livro, O Hobbit acompanha Bilbo Baggins, o tio de Frodo vivido por Ian Holm em O Senhor dos Anéis, numa aventura mais simples que a do sobrinho: atravessar a Terra-Média para recuperar o tesouro de um nobre anão das garras de um milenar dragão, chamado Smaug. "Smaug é um personagem incrível", empolga-se del Toro. "E há alguns cenários que utilizam inimigos de várias patas que são muito atraentes. Não sou um cara de fantasia. Meu negócio é terror, então quero aproveitar essas chances." A preocupação dele, claro, é porque a trama foi escrita por Tolkien para agradar os filhos, ainda muito pequenos para compreender O Silmarillion, obra que trabalhava na época e, devido a sua complexidade, nunca foi lançada da maneira que o autor gostaria – ele faleceu antes de completá-la e seu filho, Christopher, a editou anos depois com notas explicativas e textos soltos.

Por causa dessa preocupação, o acordo fechado entre Peter Jackson (que estava processando o estúdio por não permitir uma auditoria independente em cima dos lucros gerados por sua trilogia) e New Line prevê uma divisão em dois para O Hobbit, com o primeiro saindo em 2010 e o segundo, um ano depois. Como o texto original não teria gás para sustentar dois longas, a idéia é equilibrar a jornada do jovem Bilbo com Gandalf e treze anões – o encontro com Gollum, a primeira aparição do Um Anel, a expulsão de um Sauron ainda não totalmente poderoso – com histórias paralelas (o conselho branco, a juventude de Aragorn) que ligariam a dupla produção com O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel. A estratégia não somente deixaria O Hobbit com elementos dramáticos mais profundos como também serviria de desculpa para trazer personagens conhecidos do público que ajudou a franquia a render seis bilhões de dólares.

O fã mais radical de Tolkien, no entanto, sabe que essa inclusão pode ser um perigo para a fidelidade ao trabalho original. Afinal, a maioria dos personagens não é citada em O Hobbit e alguns sequer estão nascidos na época em que a trama se desenrola. Elijah Wood, o próprio Frodo, que pode ter desvendado os planos da New Line: "Não falei com Peter (Jackson), mas o outro filme será centralizado entre os 60 anos que se passam entre O Hobbit e O Senhor dos Anéis". Além disso, os atores não vêem a hora de retornar à Terra-Média. Sir Ian McKellen, garantidíssimo como Gandalf, o Cinzento, fazia campanha para o fim da disputa judicial que estava impedindo Jackson de assumir o projeto. Andy Serkis, dono de Gollum, deixa bem claro que "adoraria retornar ao personagem. Afinal, Gollum é parte essencial do livro." Wood sabe que sua participação se resumiria a pequenas doses. "Nada foi escrito com Frodo envolvido", admite. "Não creio que escreveriam grandes pedaços de informação sobre ele. Porém, se Frodo aparecer seria a maneira perfeita de revisitá-lo, porque seria pequeno o bastante para ter uma bela reunião com as memórias que tive da experiência."

Uma reunião com as memórias certamente é o que deseja Bob Shaye, co-CEO da New Line. New Line. Menos de uma semana depois dos primeiros (e péssimos) números de A Bússola de Ouro nos EUA terem acendido o alerta vermelho em seus escritórios, Shaye anunciou o acordo que colocaria Peter Jackson no controle criativo de O Hobbit – o diretor ganhou o diretor de investigar os números de As Duas Torres e O Retorno do Rei em troca. Boa parte da vitória veio do desespero (o estúdio ainda tinha esperanças que a fantasia seria bem recebida com qualquer time no comando, o que A Bússola de Ouro mostrou o contrário) e da parceira com a MGM, que tinha os direitos de distribuição do filme desde os anos 70.

Harry Sloan, presidente da companhia, foi quem teria servido de pacificador na pendenga, como sugere a declaração de Jackson. "Estamos maravilhados em continuar nossa jornada pela Terra-Média. Gostaria de agradecer a Harry Sloan e nossos novos amigos da MGM por nos ajudar a encontrar um lugar comum necessário para seguir com essa jornada." Dessa maneira, a New Line dividirá os custos das filmagens, previstas para começo de 2009, assim como a distribuição. Ela fica com os cinemas norte-americanos, enquanto a MGM cuidará da parte internacional, o que frustra os planos da PlayArte no Brasil – tudo leva a crer que Sony ou Fox deve cuidar do arrasa-quarteirão por aqui.

A complexidade dos bastidores de O Hobbit tem sido o principal fator da demora em anunciar oficialmente Guillermo del Toro como o dono da cadeira dos longas. O mexicano já foi citado numa homenagem como "futuro diretor de O Hobbit" e não questionou. Não se esconde por trás de assessores e fala "como pensa em expandir o universo criado por Jackson ao mesmo tempo que criará novos aspectos". E fontes asseguram que del Toro está 99 por cento confirmado. Quem conhece Peter Jackson sabe que o latino é uma opção óbvia. Apesar do interesse de Sam Raimi, ídolo do neozelandês, Guillermo é uma figura simpática e sem ego, ama técnicas antigas de cinema (maquiagem tradicional, maquetes), é barato, lida bem com efeitos especiais e moldou uma das fantasias mais tocantes e premiadas desde… Hmmm, O Senhor dos Anéis. "O Labirinto do Fauno mudou minha vida", confessa o cineasta. "Não estaria nem discutindo isso com você ou fazendo Hellboy 2. Mas vamos esperar e ver. O que tiver de acontecer, acontecerá."

Bem, o que aconteceu logo depois de Guillermo del Toro ter sido escolhido como grande favorito de Jackson não foi uma boa notícia. A Tolkien State, formada pela Tolkien Trust e a editora britânica HarperCollins, está processando a New Line, acusando a companhia de não ter repassado um centavo dos lucros gerados pela trilogia O Senhor dos Anéis nos cinemas e em DVD. A entidade filantrópica afirma que teria direito a 7,5 por cento dos lucros e só teria recebido um adiantamento de míseros 62 mil dólares. O processo movido pelos herdeiros de Tolkien pede um repasse de 150 milhões de dólares em danos compensatórios, além do direito de "finalizar qualquer direitos que a New Line tenha para fazer filmes baseados em outros trabalhos do autor, inclusive O Hobbit."

A ação dificilmente mudará os planos em relação aos novos longas com hobbits, magos e elfos, mas gera boas piadas. Jack Black, que trabalhou com Jackson em King Kong, em recente encontro com SET, disse seria uma boa idéia ligar para o diretor e pedir um papel em O Hobbit, até saber do processo. "Caramba, todo mundo anda processando a New Line", fala em tom de brincadeira. "Acho que vou fazer o mesmo. É uma boa idéia, já que contribuí para o sucesso de O Senhor dos Anéis com minha paródia no MTV Movie Awards."

Enquanto Black aciona seus advogados, os últimos detalhes para a o início da pré-produção de O Hobbit tomam forma. A WETA está na sua capacidade máxima com a orquestração de Avatar, próximo filme de James Cameron; Peter Jackson está filmando Uma Vida Interrompida; e del Toro se encontra na pós-produção de Hellboy 2: The Golden Army. Um ator para viver o jovem Bilbo deve ser escolhido nos próximos três meses, assim como os respectivos nomes para os treze anões. Contratos serão lançados para os atores experientes com a Terra-Média. E o script finalmente poderá ser escrito com o final da greve dos roteiristas em Hollywood. Pode parecer longe e demorado, mas para quem enfrentou divisão de direitos, processos milionários, piquetes, auditorias e a comoção dos fãs, a Terra-Média nunca esteve tão próxima.

CONVOCAÇÃO GERAL

As novas e velhas caras que podem aparecer em O Hobbit

RETORNOS CERTOS

Bilbo
– O tio de Frodo, vivido por Ian Holm na trilogia O Senhor dos Anéis, é a espinha dorsal de O Hobbit, servindo de arma secreta dos treze anões em busca do tesouro da Montanha Solitária.
Gollum – Apesar de aparecer numa seqüência pequena, mas importante por causa do Um Anel, Sméagol deve ganhar mais espaço nos filmes, mostrando sua caçada pelo objeto e seu encontro com Shelob.
Gandalf – Assim como em O Senhor dos Anéis, o mago é o líder da excursão multirracial. Certamente ganhará mais espaço na trama, mostrando os encontros do Conselho Branco, a invasão de Dol Guldur (fortaleza de Sauron antes de fugir para Mordor) e suas excursões com Aragorn.
Elrond – Além de guiar os anões de Rivendell, o nobre élfico deve ganhar muita presença com os eventos paralelos, já que esteve presente em todos os acontecimentos importantes da Terceira Era.
Sauron – Duvidamos que Guillemo Del Toro não o use como vilão. E saindo na pancada, quando é expulso de sua fortaleza.
Saruman – É o líder do Conselho Branco. Pode agradecer, Christopher Lee.
Nazgûl – As criaturas aladas já fazem parte do exército de Sauron. Devem fazer uma seqüência sensacional com a retomada de Dol Guldur no final do segundo longa.

DEBUTANTES

Thorin – Líder dos treze anões que convocam Bilbo e principal interessado em retomar o tesouro protegido pelo dragão Smaug, o que devolveria seu status de soberano do reino abaixo da Montanha Solitária.
Bard – Na falta de humanos para aumentar o casting, apostamos que Bard, arqueiro da Cidade do Lago, terá sua participação aumentada.
Beorn – Ser mitológico que se transforma em urso. Encontra os anões e Bilbo após a passagem do grupo pelas Montanhas Sombrias.
Smaug – Dragão mitológico e falante que descansa no interior da Montanha Solitária, protegendo o tesouro roubado do avô de Thorin.

QUEM SABE?

Aragorn – Assumindo que os longas farão a ponte com O Senhor dos Anéis, acompanharíamos o amadurecimento do futuro rei de Gondor, seu encontro com Arwen, batalhas com Gandalf e seus anos disfarçado.
Arwen – Não ganhará grande papel na trama principal, mas pode aparecer em Lórien e encontrando Aragorn pela primeira vez. Não apostamos nosso salário nisso.
Legolas – Se o roteiro for esperto, Legolas pode ser um dos elfos de destaque da Florestas das Trevas. Seu pai, Thranduil, é quem captura Thorin e aprisiona o anão. Legolas ainda pode garantir as cenas de ação na Batalha dos Cinco Exércitos.
Galadriel – Pode aparecer no segundo longa, mas é improvável. Ao mesmo tempo, como perder Cate Blanchett no papel de narradora? Então, os dados estão lançados.
Shelob – Se tiver mais Gollum, mais chances de um aperitivo da aranha gigante.

FORÇANDO A BARRA

Frodo e outros hobbits – Frodo nasce muito depois de O Hobbit. No entanto, como o segundo filme deve fazer a ligação com O Senhor dos Anéis, Elijah Wood pode reaparecer em cenas bucólicas. Mas não espere nenhuma aventura de sua parte. Sam, Pippin e Merry dificilmente ganharão alguma participação.
Gimli – Hmm.. Anões demais. Não. 

Fonte: SET

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