Cinco perguntas para Alan Lee

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Escrito por Anica
Tim Pulice do site Borders fez cinco perguntas para Alan Lee, ilustrador do livro The Children of Hurin e de outras obras de Tolkien. A entrevista traduzida você pode conferir aqui na Valinor, é só clicar no botão "Leia mais".
 
(agradecimentos à deathie e Eldaráto pela tradução)
 
 
Descreva seu processo criativo e como você tem interagido com a
família Tolkien ao longo destes anos. O que você acha das ilustrações
de J.R.R. Tolkien?

Alan Lee: Um ilustrador deve prestar muita atenção ao texto e se apoiar
nas intenções do autor, então para mim é importante ter um feedback do
autor, ou no caso de J.R.R. Tolkien, de Christopher Tolkien, que
obviamente tem uma compreensão maior do texto do que qualquer outra
pessoa. Nós estamos de acordo que nenhum de nós quer ver close-up dos
personagens ou representações dos momentos mais vitais e dramáticos,
preferindo determinar a atmosfera e a cena. Observar as ilustrações do
próprio J.R.R. Tolkien foi muito útil, assim como prazeroso, pois
ajudaram a compreender a tomografia e paisagens que ele estava
descrevendo. Também é interessante ver que a idéia dele de como uma
paisagem ou cidade devem parecer muda e se desenvolve junto com a
história.

Como a tecnologia moderna mudou a arte da ilustração? Mudou sua perspectiva, abriu novas possibilidades?

AL: A crescente acessibilidade dos meios digitais transformou a maneira
de trabalho de muitos ilustradores, apenas como fez para cinegrafistas.
Eu comecei usando o Photoshop ao trabalhar em projetos para as tomadas
de efeitos na trilogia do filme "O Senhor dos Anéis".
Até esse ponto, como um designer conceitual, eu encontrei no lápis a
mais rápida e mais eficaz ferramenta para comunicar uma idéia, mas uma
típica tomada de efeitos pode combinar a tomada do primeiro plano do
drama contra uma tela azul, uma miniatura que teve que ser construída
assim como filmada, os fundos que necessitam ser pintados ou
fotografados, assim como os fundos digitais dos personagens e dúzias de
pequenos elementos que são freqüentemente negligenciados, mas que fazem
à coisa inteira crível – pequenas nuvens de poeira ou fumaça, algumas
pedras ou folhas que se movem enquanto um personagem digital passa
perto. A arte para filmagem precisa parecer fotogênica, e nós podemos
usar o Photoshop para criar uma imagem que é a mais próxima possível da
fotografia do filme pronto. Isso pode ser feito com tinta também, mas
leva mais tempo, e uma seqüência pode envolver vinte cenas filmadas em
ângulos diferentes ou com lentes diferentes, e é mais fácil usar as
camadas do Photoshop para reposicionar estes elementos.

Muitos ilustradores trabalham inteiramente com mídia digital hoje em
dia. Alguns usam programas de modelagem 3-D para criar elementos
arquitetônicos ou mecânicos em suas pinturas, e alguns vão mais longe,
utilizando técnicas de iluminação e texturização que são vistas
normalmente apenas em filmes e video games. Eu não fui tão longe. Eu
ainda gosto de trabalhar com aquarela e lápis, e eu acho uma régua o
instrumento mais prático para trabalhar perspectiva, mas eu faço
ajustes e trabalho mais nas imagens depois de escanneá-las. Agora,
vantagem real de usar um computador, entretanto, é que eu posso criar e
desenvolver minhas próprias páginas, o que foi muito útil na
organização do The Lord of the Rings Sketchbook e para conseguir o visual e posicionamento que eu queria com com as ilustrações para The Children of Hurin.

Você já trabalhou em livros, filmes e televisão. Qual você achou mais prazeroso?

AL: Eu fico satisfeito em trabalhar em mídias diferentes, colaborando
com outras pessoas, encontrando soluções elegantes para problemas
criativos, e há uma abundância disso nos filmes. Entretanto, eu amo
livros; há muito prazer em poder folhear um livro que eu fiz no passado
– um DVD de cinco anos não tem a mesma qualidade táctil.

Você era um designer conceitual na trilogia do filme "O Senhor dos
Anéis" e outras produções. Quão difícil é representar exatamente estes
personagens do livro nas telas?

AL: Não posso reivindicar nenhuma responsabilidade pelas decisões sobre
elenco nos filmes. Aquelas são as contribuições mais vitais ao sucesso
de qualquer filme, junto com o roteiro. Aqueles de nós que trabalham no
departamento de arte fizeram nosso melhor para criar os ambientes e os
artefatos que envolveriam os atores, embora um gênio como Ian McKellen
poderia estar na frente de uma caixa de papelão e fazê-lo acreditar que
era um castelo. Mas os atores apreciaram a duração dos extras, nós
fomos a fim de fazer o mundo ficcional da Terra-Média tão acreditável
quanto possível.

Em quais outros projetos você está trabalhando, você poderia nos dar um preview?

AL: Estou fazendo ilustrações para uma releitura do livro Metamorphoses,
de Ovid. Foi lindamente escrito por Adrian Mitchell. Estou tentando
fazer as pinturas fluirem de uma reprodução para a outra, de modo que
se possa visualizá-la como uma pintura em constante transformação – de
aproximadamente 140 páginas. É muito trabalho, mas essas são algumas de
minhas histórias favoritas, é um desafio agradável!

 
Tradução de: Natália "deathie" Pacheco e Raphael "Eldaráto Calimanar" Monteiro. 
Fonte: Borders 
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