A conexão Tolkien-Zeppelin

Escrito por Fábio Bettega
Um gracioso jovem, com
longo cabelo louro e enrolado, caminha de costas em meio a uma neblina
azulada. Com calças apertadas e camisa de seda desabotoada ele toma o
centro do palco. Um símbolo de poder, sexo, arte e talento, ele encanta
a audiência; eles são seus agora. Ele é mais poderoso que Elvis
Presley, John Lennon ou Mick Jagger, e ele sabe disso. Porém, ele não
está sozinho, perto dele estão outros dois, cada um brandindo suas
próprias armas. Os sons de trovão ressoam atrás dos três enquanto o
quarto membro desencadeia o inferno. Por doze anos eles reinaram como o
poder supremo, mudando o curso do mundo e a vida das pessoas. Um grupo
formado por quatro gênios musicais de cenários diferentes, eles são
considerados como sendo mais poderosa e influente banda de todos os
tempos, a banda que definiu o rock. Eles são o Led Zeppelin.
 

Desde sua estréia em
1968, eles mudaram o rumo da musicalidade. Quebrando todos os recordes
de álbuns anteriores, possuindo a maior presença de público de todos os
tempos, e sendo o coração de mais lendas urbanas e mitos que qualquer
um, eles foram a clássica banda de rock. Muitos disseram que eles
venderam suas almas para o próprio Lúcifer, em troca de fama e fortuna,
mas um deles teria recusado assinar seu nome em sangue, sendo assim
poupado de muito do sofrimento que afligiu os outros. Porém, a
verdadeira fonte do sucesso deles pode ser encontrada em outro lugar.

Em 1968, um jovem guitarrista britânico chamado James Patrick Page era membro do The Yardbirds, com
outros dois guitarristas, Eric Clapton e Jeff Beck. Quando a banda
quebrou durante uma turnê, Page foi deixado tendo que preencher as
datas dos concertos. “Por volta da época da quebra,” disse Page, “John
Paul Jones me chamou, e disse que ele estava interessado em pegar algo
junto”. Agora unido ao baixista/organista John Paul Jones (JPJ), Page
saiu à procura do resto da banda. Page havia visitado seu amigo Mickie
Mosto para cantar para o Yardbirds, mas “ele sugeriu que eu entrasse em
contato com Robert Plant”. Page disse, “quando eu o entrevistei (Plant)
e o ouvi cantar, eu imediatamente pensei que deveria haver algo de
errado com sua sábia personalidade ou que seria impossível trabalhar
com ele, pois eu não podia entender por que, depois dele me dizer que
ele já cantava por alguns anos, ele ainda não se tornara um grande
nome”. Agora restava apenas uma parte a ser preenchida, e Plant sabia
onde consegui-la “Nós precisávamos de um baterista que tivesse um bom
ritmo e que realmente se estabelecesse, e o único que eu conhecia era o
mesmo com quem eu toquei por anos. Ele era John Bonham.” Page, Plant,
JPJ e “Bonzo” Bonham tornaram-se o New Yardbirds. Durante sua turnê o nome foi mudado para Led Zeppelin (após uma brincadeira iniciada por Keith Moon e John Entwistle referindo-se ao fato de que o New Yardbirds, que estava abrindo para o The Who, iria
despencar como um balão de chumbo*). Eles gravaram o seu primeiro álbum
cujo nome retiraram da própria banda. Pela próxima década Robert Plant
tornou-se um dos mais poderosos e dinâmicos vocalistas de todos os
tempos. Jones provou ser um dos músicos mais versáteis, como o melhor
baixista dos anos 70. Através de suas canções de parar o coração, na
velocidade da luz e com inovações geniais, John Bonham é hoje
reverenciado como o maior baterista de todos os tempos. Considerado um
dos cinco maiores guitarristas de todos os tempos, Jimmy Page redefiniu
o instrumento que ele tocou.

O Led Zeppelin, como
todos grandes artistas, precisava de inspiração. E parte responsável
pelo ritmo da banda, JPJ e Bonzo, trazia uma base de jazz. Agora
misturando o ritmo do jazz com a profunda influência blues de Page e
Plant, a base de músicas como “Good Times, Bad Times”, “Communication
Breakdown” e “How Many more Times” estava pronta. Muito antes de seus
dias com o Led Zeppelin e mesmo com o The Band of Joy,
Robert plant estudou música blues intensamente. Viajando pela
Inglaterra e trabalhando com muitos dos artistas de blues de lá, ele
desenvolveu um estilo único. Enquanto ainda estava no colegial, Jimmy
Page começou sua longa jornada de estudos profundos do “Southern
American” blues. Mesmo aí havia outro lado em sua música, um lado folk.
“Immigrant Song” captura a essência dos saqueadores vikings e da
mitologia nórdica, e os sons hipnóticos de “Kashmir” levou-os a outro
nível. A forma mais predominante de musica folk que a banda tocou foi a
música de suas culturas – a Céltica. Fascinado por misticismo e magia
negra, Jimmy Page tornou-se conhecido como guitarrista sombrio. Robert
Plant encontrou sua própria fonte de inspiração mística e folk através
de um autor que escreveu uma série de histórias muitos anos antes de
Robert Plant começar suas composições. O autor era J. R. R. Tolkien.

O Hobbit, O Senhor dos
Anéis e O Silmarillion, são três histórias definitivas que mudaram o
modo de se escrever fantasia e ficção. Assim como Plant estudava blues
para compor seu repertório, Tolkien estudava línguas. Na época em que
ele entrou para a faculdade, ele já conhecia quatro idiomas: Grego,
Latim, Lombardico e Gótico. Através dos anos ele aprendeu mais de uma
dúzia de idiomas diferentes, incluindo Galês e Finlandês (que se tornou
a base do Élfico). A vida posterior de Tolkien foi bem calma e normal –
ele usava roupas simples, comia alimentos comuns, pendurava quadros e
imagens sem grande valor em sua casa simplória.

Tolkien era graduou-se em Oxford, e mais tarde tornou-se professor lá.
Enquanto ensinava línguas, Tolkien tornou-se amigo próximo de C.S.
Lewis, a quem Tolkien mais tarde converteu ao Cristianismo, o que mais
tarde levou Lewis a situar muitos de seus livros com o Cristianismo.
Tornando-se adulto na época em que começou a Primeira Guerra Mundial,
Tolkien tinha uma visão muito diferente do conflito e do mundo do que
outros autores de seu tempo. As visões da guerra são um aspecto
predominante nos escritos de Tolkien, ainda que ele não retratasse os
personagens como sendo de nações diferentes. Ele poderia ter retratado
Sauron como a Alemanha ou Aragorn como os Estados Unidos, mas ele não
desejava fazer de suas histórias representações dos conflitos mundiais
de seu tempo.

Em 1969 o Led Zeppelin
lançou seu segundo álbum, Led Zeppelin II, para uma audiência já
mesmerizada. Depois dos ouvintes saborearem pela primeira vez o que
seria mais tarde conhecido como Heavy Metal, com “Whole Lotta Love” e
algumas ótimas canções de blues como “Heartbreaker” e “Livin’ Lovin’
Maid”, a banda entrou nos domínios de Tolkien, com “Ramble On”. A
música começa com suaves notas de baixo, tocadas por Jones e
acompanhadas por Bonham, que bate com as mãos nos joelhos, criando o
tom suave da música. “Leaves are falling all around / time I was on my way!” (“As
folhas estão caindo por toda parte/ É hora de pegar o meu caminho”)
canta Plant suavemente. Seu vocal começa a contar a saga do jovem Frodo
Bolseiro, de O Senhor dos Anéis. Frodo, o jovem hobbit, foi incumbido
da sombria tarefa de carregar o Um Anel, o anel que contém o poder de
destruir toda a Terra-Média. Durante sua jornada até Mordor, Frodo
passa por Valfenda, a cidade élfica, onde o Conselho de Elrond decide o
que será feito com o Anel. Frodo e seu melhor amigo Samwise aproveitam
muito a estadia mas eles sabem que precisam “Perambular/E agora é a
hora, a hora é essa/De cantar minha canção/Estou indo dar a volta ao
mundo, preciso encontrar minha garota” (“Ramble on,/ And now's the
time, the time is now/ To sing my song. / I'm goin' 'round the world, I
got to find my girl” no original”). A garota mencionada na canção,
assim como em outra composição, “Over the Hills and Far Away”, não é
uma mulher e sim o Anel. Através da saga de Frodo, Sam, Aragorn e dos
demais, o Anel é referido como uma bela senhora, e chamado
frequentemente de “precioso”. Nos livros de Tolkien, os personagens
cantam canções enquanto viajam pelas terras de suas jornadas. Frodo
também procura pela “senhora de todos os seus sonhos”, Plant canta.
Galadriel, a Rainha élfica da floresta, é mais semelhante com essa
rainha que ele procura. A parte da canção que faz referência direta à O
Senhor dos Anéis é “T'was in the darkest depth of Mordor/ I met a girl
so fair, / But Gollum, the evil one crept up/ And slipped away with
her" (Foi nas profundezas mais obscuras de Mordor/ Conheci uma garota
tão atraente/ Mas Gollum, o maligno se aproximou sorrateiramente/ E
fugiu com ela”). A referência direta à Mordor e Gollum é certa e aponta
que a canção é sobre Frodo, mesmo que parte dela não faça sentido.
Frodo não estava em Mordor quando foi-lhe dado o Anel, “a garota tão
atraente”, mas ele estava “nas profundezas mais obscuras de Mordor”
quando ele conheceu Laracna, a aranha gigante, que está longe de ser
atraente. Mas foi em Mordor que Gollum tomou o Um Anel de Frodo. Essa é
uma das poucas canções do Led Zeppelin que possui um refrão, e
quando o refrão chega, Bonzo para de bater em seus joelhos e libera
batidas poderosas na bateria, como se todos exércitos da Terra Média se
levantassem em guerra contra Sauron. Jones toca algumas notas
engenhosas no baixo para acompanhar e Page une-se à eles com um de seus
famosos riffs. A energia de Plant não fica devendo nada à perfeição dos
demais. Embora seja uma das mais canções mais poderosa e popular do Led Zeppelin, ela nunca foi tocada ao vivo.

"Ramble On” não foi a única música do Led Zeppelin a
falar do amor pelo Anel. O quinto álbum da banda, Houses of the Holy,
contém o que em um primeiro relance é uma bela canção de amor. Com
a abertura acústica de “Over the Hills and Far Away” Plant canta “Hey
lady, you got the love I need/ oh maybe, more than enough/ oh Darling,
Darling [darling] walk a while with me/ oh you've got so much.” (“Ei
senhora, você tem o amor que eu preciso/ talvez mais do que o
necessário/ oh Querida, Querida, ande um pouco comigo/ você tem
tanto.”). Diferente de “Ramble On”, essa canção é sobre outro livro de
Tolkien, O Hobbit. A primeira ligação óbvia é o título, que significa
“Sobre as Colinas e Além”, onde Bilbo Bolseiro, Gandalf e um bando de
anões vão sobre as colinas e distante em busca de um tesouro perdido. O
início descreve quando Bilbo encontra o Anel do poder, e como a
“Senhora” é o Anel. Ela “tem o amor” que Bilbo necessita. Em outras
palavras, ele tem o poder de torná-lo invisível e escapar das cavernas.
Ele tem mais do que amor, porém, uma vez que Bilbo obviamente não
precisa de todo esse poder, e acaba envolvendo Frodo e ele em grandes
problemas. Mas Bilbo ama o Anel, e o que para “andar um pouco” com ele.
“Many dreams come true/ And some have silver linings/ I live for my
dream/ And a pocketful of gold” (“Muitos sonhos tornam-se realidade/ e
alguns são forrados de prata/ eu vivo pelo meu sonho/ e o bolso cheio
de ouro”). Essa é uma boa referência de como o sonho de Bilbo de viajar
torna-se realidade e de como ele ganha mais do que uma boa jornada, bem
como os anões conquistam seu ouro perdido. Os dois versos finais podem
aplicar-se tanto ao Hobbit quanto ao Senhor dos Anéis. “Mellow is the
man/ Who knows what he's been missing/ Many, many men/ Can't see the
open road. / Many is a word/ That only leaves you guessing/ Guessing
'bout a thing/ You really ought to know/ You really ought to know”
(Calmo é o homem/ que sabe quando está perdido/ Muitos, muitos homens/
não podem ver a estrada aberta. / Muito é a palavra/ que só te deixa
pensando/ Pensando sobre algo/ que você realmente precisa saber/ Que
você realmente precisa saber”). A primeira aplicação é quando Bilbo e
Gollum jogam o “Jogo de Adivinhas”, quando Gollum tenta adivinhar o que
há no bolso de Bilbo. Bilbo possui no bolso O Anel em seu bolso, o
mesmo Anel que Gollum ama. A outra referência faz alusão à Sociedade do
Anel, quando a Sociedade precisa passar pelo Portão de Moria precisando
resolver um enigma. “Over the Hills and Far Away” é apenas um aspecto
da mitologia nesse album. “No Quarter” trata da mitologia nórdica e
“The Song Remains the Same” aborda o fato de que onde quer que haja
folclore, “a canção lembra o mesmo”. Como grande parte do Houses of the
Holy, o quarto álbum da banda, cujo título oficial são 4 runas, mas que
é comumente chamado de “IV”, “Sem título” ou “Zoso”, é a maior
compilação de folclore dos 12 anos em que a banda permaneceu junta.

“Misty Mountain Hop”,
música lançada em 1971 é uma espécie de alegoria. Ela fala do primeiro
capítulo de O Hobbit, “Uma festa inesperada”, e a primeira experiência
de uma criança com drogas. Se o título da canção “Misty Mountain Hop”
(“A Caminhada das Montanhas Nevoentas”) não prova que há uma conexão,
não há muito mais que o possa. As Montanhas Nevoentas são
freqüentemente mencionadas nas histórias de Tolkien. Quanto ás linhas,
cada uma precisa ser analisada. “Lots of people sitting in the grass
with flowers in their hair” (“Um bando de gente sentado na grama com
flores no cabelo”) se refere aos anões em O Hobbit, mas em sentido
alegórico, é o primeiro encontro do jovem com os hippies. As histórias
de Tolkien tornaram-se muito populares novamente nos anos 60 e 70 entre
a juventude da americana e inglesa. “Hey boy, d'you wanna score?” (“Ei
garoto, tá a fim de descolar uma?") é a pergunta dos hippies, ou
poderia ser Gandalf perguntando à Bilbo se ele gostaria de se juntar
aos anões na jornada e “descolar” ouro, fama e aventura. Quando todos
anões chegam à casa de Bilbo, eles decidem passar a noite lá. Eles
ficam até tarde, e Bilbo “não sabia que horas eram”. A parte mencionada
pode se referir à manhã em que Gandalf encontra Bilbo, uma vez que tudo
estava desorganizado. Não há referências a tempo no encontro, mas há
muitas no momento da festa. Depois, Bilbo pede á Gandalf para “ficar
para o chá e se divertir”. “Just then a police man stepped up to me”
(“Exatamente quando um policial se aproximou de mim”) segue a canção. O
policial poderia ser Gandalf falando aos anões para serem amigáveis e
aceitarem a hospitalidade relutante de Bilbo. JPJ aparece teria dito
que “Os policiais não carregam armas e eles não iniciam problemas. Nos
EUA a polícia sempre está iniciando problemas”. Esta afirmação poderia
fazer referência às impressões que a banda teve da polícia Americana.
Gandalf diz que seus amigos, os anões, estão por perto, mas Bilbo
“realmente não se importa se eles estão vindo”. Gandalf ordena Bilbo a
“olhar para si mesmo e descrever o que vê” para persuadi-lo a juntar-se
na aventura. O Hobbit mora em Bolsão “como um livro numa estante”. Ele
não se importa muito com as pessoas em Bolsão, então ele arruma suas
malas para as Montanhas Nevoentas. Esta canção é uma das duas do album
IV que remetem à obra de Tolkien. A outra canção lida com um lado mais
sério – a guerra.

A combinação de duas
histórias em apenas uma, “The Battle of Evermore” assimila aspectos da
Batalha dos Campos de Pellenor da parte final de O Senhor dos Anéis, O
Retorno do Rei, bem como é uma história das guerras escocesas. Uma
sentando ao redor de uma fogueira, Page pegou o mandolim de Jones pela
primeira a vez, e começou a tocá-lo. Combinado com a paixão de Robert
Plant por Tolkien e seu recente estudo da história escocesa, isso levou
à composição da canção. “The Queen of Light took her bow/ And then she
turned to go,/ The Prince of Peace embraced the gloom/ And walked the
night alone” (“A Rainha da Luz fez sua reverência /E em seguida
virou-se para ir / O Príncipe da Paz abraçou a melancolia / E caminhou
sozinho á noite”). A Rainha da Luz é Eowyn, que deu adeus a Aragorn e
voltou para juntar-se ao exército de Rohan. O Príncipe da Paz é
Aragorn, bem como ele abraça a melancolia da Senda dos Mortos. “Oh,
dance in the dark of night, / Sing to the morning light. / The dark
Lord rides in force tonight/ And time will tell us all”. (“Oh,
dance na escuridão da noite / Cante à luz matutina / O Senhor do Escuro
cavalga com força total esta noite / E o tempo nos contará tudo.”).

Obviamente, tanto
Sauron quanto o líder dos Nazgûl podem ser o Senhor do Escuro
mencionado. A parte sobre o tempo é uma reflexão de como a jornada
demandou tanto tempo e o fim permanece incerto. “Oh,
throw down your plow and hoe, / Rest not to lock your homes. / Side by
side we wait the might/ Of the darkest of them all.” (“Oh,
jogue ao chão seu arado e enxada /Não descuidem, tranquem suas casas
/Lado a lado nós esperamos a força / Do mais obscuro de todos”). No
começo do cerco de Gondor, os trabalhadores do campo fogem para a Torre
para proteger-se. Então os cidadãos assistem e esperam pela investida
de Mordor chegar. “I hear the horses' thunder/ Down in the valley below, / I'm waiting for the angels of Avalon, / Waiting for the eastern glow.” (Eu ouço o troar dos cavalos / No vale abaixo /
Estou esperando pelos anjos de Avalon / Esperando pelo brilho
oriental”.) O cavalo refere-se aos Espectros do Anel, o exército de
——– ou os Cavaleiros de Rohan. O é que interessante nesse verso é
que Avalon não faz parte da mitologia de Tolkien; ao invés isso, ele se
prende nos mitos Escoceses e Ingleses. “Oh the war is common cry, / Pick up you swords and fly. / The sky is filled with good and bad/ That mortals never know”. (“Oh a guerra é um grito comum / Apanhe suas espadas e voe /O céu está tomado pelo bem e o mal /Que os mortais desconhecem”.)

Há Espectros
do Anel voando ao redor de Gondor, montados em bestas aladas. Nenhum
dos homens de Gondor sabe quem são os Cavaleiros Negros. “Oh, well, the
night is long/ The beads of time pass slow, / Tired eyes on the
sunrise, / Waiting for the eastern glow” (“Oh bem, a noite é longa / As
areias do tempo passam lentamente / Olhos cansados cravados no
amanhecer / Esperando pelo brilho oriental”.) Essa passagem descreve
como os homens esperam por muito tempo a escuridão de Mordor passar. A
referência ao brilho oriental se relaciona à Gandalf chegando com os
Cavaleiros de Rohan chegado do oeste ao amanhecer para mudar a maré da
batalha. “The pain of war cannot exceed/ The woe of aftermath, / The
drums will shake the castle wall, / the Ringwraiths ride in black, /
Ride on” (“A dor da guerra não pode exceder / A aflição da seqüela / Os
tambores irão sacudir as muralhas do castelo /Os espectros do anel cavalgam de preto / Seguem cavalgando”.) Com
descrições mais metafóricas da batalha pela terra Média, essa parte da
canção é bastante similar à “Ramble On” e “Misty Mountain Hop” onde
efetivamente terminologias Tolkienianas são usadas. Dessa vez são os
Espectros do Anel que são mencionados, um claro sinal de que há uma
conexão, com um pouco mais de horror nessa.


“Sing as you raise your bow, / Shoot straighter than before. / No comfort has the fire at night/ That lights the face so cold.” (“Cante enquanto levanta o teu arco /Atire com mais precisão
Nenhum alívio tem o fogo à noite /Que ilumina a face tão gélida”):
outra parte desanimadora que remete aos aspectos mentais dos horrores
da guerra. Aragorn prepara os exércitos dos homens e elfos para a
batalha, lhes dizendo que eles não devem demonstrar misericórdia, pois
não receberão nenhuma. “Oh dance in the dark of night, / Sing to the
mornin' light. / The magic runes are writ in gold/ To bring the balance
back. / Bring it back” (Oh dance na escuridão da noite / Cante à luz
matutina/ As runas mágicas estão escritas em ouro/ Para trazer o
equilíbrio de volta/ Trazê-lo de volta”). Há duas linhas de pensamento
nessa parte. O Anel de Frodo possui runas mágicas, e quando ele é
destruído, o equilíbrio de poder no mundo é restaurado. Além disso, A
espada de Merry possui runas escritas nela, e quando ela fere o Rei dos
Bruxos, o equilíbrio de poder na batalha é restaurado. “At last the sun
is shining, / The clouds of blue roll by, / With flames from the dragon
of darkness/ The sunlight blinds his eyes” (“Finalmente o sol está
brilhando/ As nuvens azuis passam rolando/ Com as chamas do dragão das
trevas/ A luz do sol cega os seus olhos”). A primeira metade deste
verso fala sobre como, quando a batalha é vencida, o céu fica limpo
novamente, enquanto a escuridão de Mordor se retira para sua terra
natal. A secunda metade permanece um mistério. É mais como uma
representação metafórica de que o exército de Sauron precisa recuar
enquanto o sol nasce novamente.

As conexões vão
muito mais a fundo do que simplesmente nas letras. A influência de
Tolkien pode ser percebida no nome do cachorro de Robert Plant, Strider
(Passolargo), outro nome pelo qual Aragorn é conhecido n’O Senhor dos
Anéis. Plant frequentemente era notado dizendo o nome do cachorro após
canções específicas. Ainda há mais conexões do que simplesmente nomear
um animal de estimação; a arte final possui um forte vínculo. Um tema
comum com muitas formas de literatura é a batalha entre a natureza e a
sociedade. A capa do álbum IV apresenta um muro com um quadro de um
homem carregando fardos nas costas, uma imagem um tanto simples, muito
similar às que Tolkien penduraria em suas paredes, simbolizando a
conexão s que Tolkien penduraria em suas paredes, simbolizando a
conexão entre homem e natureza. O guitarrista da banda comentou, sobre
a arte da capa, que "Ele pega da natureza e devolve à terra. É um
círculo natural". Um fato muito interessante sobre este album é que ele
é um dos dois únicos álbuns na história que não contém palavras ou
símbolos em lugar algum do álbum.


A banda sentiu
que não seria necessário para eles colocar o título no álbum, que é
impossível de ser dito de qualquer modo, nem necessário colocar a lista
de músicas ou mesmo o nome da banda. Jimmy Page comentou sobre o título
do quarto álbum de que “Nomes, títulos e coisas assim não tem
importância nenhuma. O que significa Led Zeppelin? Não
significa coisa alguma. O que importa é nossa música. Se nós não
estamos tocando músicas boas, ninguém irá se importar em como nós nos
chamamos. Se a música for boa, nós podemos nos chamar The Cabbages (“Os
Repolhos”) e continuar com nossa audiência”. A gravadora ficou chocada
com essa decisão da banda que ninguém iria saber quem a banda era.
Quando chegou o momento deles escolherem um nome para o novo álbum,
eles poderiam tê-lo chamado Led Zeppelin IV, ou Stairway to Heaven, ou
muitos outros títulos. Ao invés disso, cada integrante da banda adotou
um símbolo para seu nome muito semelhante às escritas que apareciam nas
histórias de Tolkien, como o Um Anel, o Portão de Moria, a espada de
Merry (assim como muitas outras armas) ou outros diversos itens.

Outra associação
muito perceptível é a figura dentro do álbum. É o desenho de um
ermitão, com um cajado e uma lanterna, parado em cima de um morro
enquanto a figura de manto observa a pequena vila abaixo. Com sua longa
barba e estatura, muitos acreditam que seja uma representação de
Gandalf, o Cinzento. O aspecto geral do álbum, com canções como “Going
to Califórnia”, “Four Sticks”, as duas canções inspiradas em Tolkien,
“The Battle of Evermore” e “Misty Mountain Hop”, e claro, a mais
magnífica das canções “Stairway to Heaven”, dá ao álbum características
de misticismo e fantasia. Como mencionado anteriormente, o álbum IV é
um dos dois álbuns que não apresenta qualquer palavra ou título, o
outro é Houses of the Holy. Este álbum, assim como o álbum anterior,
contém uma aura de magia, devido em parte às canções e à arte. Ainda,
as canções e álbuns do Led Zeppelin não são as únicas peças da música que possuem uma conexão com a obra de Tolkien.

A banda canadense de
rock progressivo, Rush, escreveu uma canção sobre “canções élficas e
noites sem fim”, chamada “Rivendell” (Valfenda). A canção é tão
melódica e calma que alguns acreditariam que os próprios elfos a
escreveram. “So
you packed your world up inside a canvas sack. Set off down the highway
with your Rings and Kerouac” (“Então você embrulhou seu mundo em um
saco de lona. Saia
descendo a estrada com seus Anéis e Kerouac”) é uma linha da canção
“Modern Times’ de Al Stewart. Uma interessante história de um homem que
saiu pela Estrada com seus livros de Beatnik e Tolkien, “Modern Times”
reflete tanto os sentimentos da jornada de Jack Kerouac quanto à de
Frodo, Sam, Aragorn, Legolas, Gimli, Merry, Pippin, Gandalf e Boromir.
Outras bandas como o Iron Maiden abordou aspectos da obra de Tolkien em
algumas poucas de suas canções épicas.

A influência do autor J.R.R. Tolkien nunca será possível de ser medida. Sob a mesma perspectiva está a influência e impacto do Led Zeppelin.
Suas músicas continuam extremamente populares hoje em dia, se não mais
do que quando elas surgiram a mais de trinta anos atrás. Seu som foi
emprestado, interpretado, rearranjado, mixado, e muitas outras vezes
usado por diversos artistas desde que se iniciou o reinado do Led Zeppelin.
VH1 e a revista Rolling Stone Magazine lhes deu o título de “Maior
banda de Rock de todos os tempos”. O álbum IV sempre é listado como um
dos melhores álbuns de todos os tempos, muitas vezes como o número um.
“Stairway to Heaven” é a canção mais tocada na história do radio,
escolhida como a melhor canção já escrita, bem como possui o segundo
maior número de covers, logo depois de “Yesterday” dos Beatles. Daqui a
duzentos anos as pessoas ainda estarão ouvindo e apreciando a música de
Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John “Bonzo” Bonhan, em
parte devido a um autor que continuará a fascinar leitores por muito
tempo, J.R.R. Tolkien.


Nota:

Balão de chumbo, é no original em inglês, lead balloon. Daí a
brincadeira com palavras, transformando lead em led (a pronúncia da
palavra), e balloon em zeppelin, que era uma tipo de balão dirigível,
formando Led Zeppelin.

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Isabela

É indescritível o que sentimos quando vemos a conexão de uma das maiores bandas de Heavy Metal do mundo, e um dos melhores escritores que já existiram. Tolkien criou um mundo fantástico, e Led Zeppelin o cita em suas memoráveis e épicas músicas.
Histórias e músicas jamais serão tão memoráveis quanto essas que marcam gerações. Zeppelin e Tolkien continuarão sendo lembrados por vários e vários anos, e com motivo, pois cada um, à sua maneira cria um próprio mundo, um na escrita e outro na música.
Artigo muito bom!
Incomparável!

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