O Silmarillion

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Escrito por Cassiano Ricardo Dalberto
Autores: Bagrong, Fëanor e Smaug.

Apresentação:

No dia de hoje, há exatos 28 anos, O Silmarillion era publicado pela George Allan & Unwin, na Inglaterra, trazendo em seu conteúdo um material muito valioso que serviria de explicações para muitos pontos soltos. É impossível imaginar o Legendário, as histórias de Arda, sem o importante Silmarillion, que graças a dedicação de Christopher Tolkien foi lançado após 4 anos da morte de J.R.R. Tolkien.

Portanto, como de costume, o grupo Heren Quentaron traz uma homenagem alternativa à este livro, que para muitos é considerado a Bíblia dos fãs.

 

 

Fëanor – alguns pontos relevantes sobre o criador das Silmarils

 

A partir do momento em que Fëanor fez as três Silmarilli, mudou-se o destino de Arda. Através do Silmarillion acompanhamos como o destino do mundo molda-se em torno dos fatos relacionados a essas pedras.

Mas por que tanto alarido em cima de três gemas feitas por aquele elfo?
Convém relatar algumas coisas então: as três gemas possuíam justamente aquilo que Melkor mais almejou possuir através dos tempos, mas não teve capacidade: a Luz. Não uma simples luz de uma tocha, mas sim a Luz primordial, fruto do labor dos Valar. E não podendo possuir tal Luz, sua única alternativa era destruí-la. Assim fez com as Lâmpadas dos Valar e com as Duas �?rvores. Também tentaria mais tarde, e sem sucesso, com o Sol, Anar.

Voltando ao assunto: Depositadas nas três gemas estava uma parcela do desejo de Melkor. E como ele, o mais poderoso vala não conseguiu tal façanha, e um “mero elfo�? sim? Essa pergunta devia remoer sua cabeça, e de presente ele também ganhou uma boa quantidade de inveja de Fëanor. E Fëanor, cabeça quente como era, acabou por ter a ousadia de bater o portão no nariz de Melkor, ao descobrir as intenções mascaradas do mesmo. E, ao fazer isso, ele agiu de maneira incisiva sobre o futuro de Arda. Ou seja: não foi simplesmente a existência das pedras que poderia mudar algo, mas sim algumas atitudes dos seres a ela relacionados de alguma maneira. E bater a porta no nariz de Melkor foi uma dessas atitudes.

Pouco mais tarde, Fëanor perde seu pai, que ele amava mais que as três pedras, e estas também. Então ele se rebela contra os Valar (ele realmente era cabeça quente), e conclama seus familiares à segui-lo para além mar, onde Melkor havia se instalado. Mais uma atitude que iria dar uma guinada brusca no curso da história. Se essa rebelião não tivesse ocorrido, nem Silmarillion haveria. As pedras estariam lá, e só.

Para aqueles que leram o Silmarillion, Fëanor lembra em primeira instância ódio, amor, loucura, magnitude. Mas o que isso pode significar? Quis Tolkien passar alguma mensagem através deste personagem?
Talvez não diretamente, mas, como a grande maioria dos personagens da grande maioria das histórias, Fëanor acaba passando uma mensagem. Uma não, várias na verdade.

Talvez a mais relevante seja a maneira de como o poder pode enlouquecer alguém. Mesmo Fëanor sendo o “maior de todos os filhos de Eru�?, ele acaba caindo na loucura, e cometendo atos repugnantes. Traça-se aí a clássica linha que divide a loucura da genialidade. A parte onde tudo as emoções são postas à prova máxima, e onde uma leve mudança de contextos altera a personalidade da pessoa. E, como dizem, quanto mais alto, maior o tombo. Mesmo Fëanor sucumbiu às emoções que sentiu, não suportando a realidade passivamente, e transcendendo para a loucura. Aqui pode-se destacar mais um ponto: o modo como as ações más podem derrubar mesmo os corações mais inabaláveis.

Pois a causa da loucura de Fëanor, foi Melkor diretamente. Primeiro, ele semeia a discórdia, plantando falsas idéias entre seus inimigos, fazendo com que eles entrem em colisão. Depois, sua cobiça e inescrupulosidade o levam a praticar o roubo dos dois maiores pertences de Fëanor: seu pai e sua maior obra. Antes disso, Melkor já era o maior inimigo do elfo. O Elfo então se deixa levar totalmente pelo ódio e desejo de vingança. Toda a sua capacidade volta-se para o objetivo de desforrar-se do Vala. Sua genialidade é deturpada por suas emoções.

Tolkien foi grandioso no desenvolvimento de seus personagens. O Silmarillion é recheado deles, e cada um pode repassar alguma mensagem, que geralmente fica a cargo da interpretação do leitor. Fëanor é um desses personagens. Ele não foi feito para ser um simplesmente um herói queridinho ou um vilão sinistro. Vê-lo como tal, significa interpretar superficialmente a obra.

 

De Beren, Lúthien, Tolkien e Edith

Dos diversos capítulos de O Silmarilion, com certeza um dos mais empolgantes e importantes é o que narra a Balada de Leithian, aonde é contada a história dos heróis Beren e Lúthien.

Beren é um homem, mortal, que sofreu muito em toda a sua vida e que, por uma brincadeira do destino, acabou superando o Cinturão de Melian e indo para em Doriath, onde encontrou a mais bela de todas as elfas: Lúthien Tinúviel.

Enquanto era o homem um sofredor, a elfa havia sido criada sob proteção e cuidado de seus pais e jamais havia enfrentado grandes perigos ou problemas que parecem não tem resolução. Ela era teoricamente frágil.

O pai de Lúthien, Thingol, decretou que sua filha só se casaria com Beren caso este o presenteasse com uma Silmaril, que estava engajada na coroa de ferro de Morgoth. Após muito sofrimento e determinação, Beren e Lúthien conseguiram entrar na fortaleza de Melkor e, ao distraí-lo com uma das belíssimas canções da elfa, roubaram-no uma pedra.

Um mortal e uma elfa conseguiram fazer com pouquíssima ajuda o que todos os mais poderosos exércitos dos elfos não conseguiram: recuperar uma Silmaril. Isso demonstra o valor que Tolkien dá ao amor e aos verdadeiros valores. Enquanto milhares de elfos deram suas vidas em uma guerra vazia de princípios, movida apenas pela cobiça e ódio, sendo mal sucedidos, um casal apaixonado consegue realizar a façanha, pois manteve-se firme com seus valores e suas convicções.

Neste ponto vale ressaltar que Beren e Lúthien nunca tiveram cobiça ou desejo pelas pedras, eles apenas queriam entregá-la ao rei para poder viver suas vidas em paz. Depois de diversos acontecimentos terríveis com o Rei de Doriath e seu povo, a pedra recuperada acabou voltando para Lúthien, já engajada no colar Nauglamîr, e ao colocá-lo, a elfa se tornou a mais bela visão em toda a história de Arda.

É interessante analisar a história dos pais de Lúthien: Thingol e Melian, pois eles são, respectivamente, um elfo e uma maia. Lúthien já nasceu da miscigenação de dois povos e depois se casou com um homem, o que faz dessa união uma mistura maior do que a normalmente notada.

Provavelmente, Tolkien gostava muito dessa história, pois, ao morrer, deixou gravado em seu túmulo "Beren" e no túmulo de sua esposa "Lúthien". Talvez haja relação entre os personagens e a vida do autor, já que este sofreu por um bom período antes de encontrar sua amada e, depois disso, foi para a guerra, separando-se dela por certo tempo.

Um texto belo que narra o amor entre Tolkien e sua esposa, Edith, pode ser conferido aqui mesmo, na Valinor: Tolkien & Edith: Um amor de 89 anos

Concluímos que o escritor se baseou no amor que sentia por Edith e na imagem que tinha dela em sua juventude para escrever uma das mais belas histórias de todos os tempos: A Balada de Leithian.

 

As diferentes edições

Da edição brasileira:

Com tradução de Waldéa Barcellos e revisão técnica de Ronald Kyrmse, o livro O Silmarillion foi publicado no Brasil em dezembro de 1999 e já está junto dos fãs brasileiros há quase 6 anos. Até março de 2003, já foram feitas 4 tiragens da 1ª edição. A capa, diferente de edições estrangeiras, é a única para O Silmarillion no Brasil.

Da edição ilustrada por Ted Nasmith:

Em 2004, uma edição muito bonita foi lançada pela Houghton Mifflin Company, com um total de 45 ilustrações até então inéditas de Ted Nasmith. A edição que também traz um mapa colorido desdobrável de Beleriand e das terras ao norte, possui 386 páginas.

No início do livro, em inglês, o leitor poderá encontrar a famosa carta 131, em que Tolkien escreve para o editor Milton Waldman, falando, na verdade, dando um resumo de O Silmarillion, com cerca de dez mil palavras! A carta não está datada, mas provavelmente é de 1951. E Milton ficou tão impressionado, que mandou fazer uma cópia desta.

O fã português Daeron (Eru, o Único), do Portal Tolkienianos, que possui esta edição, nos passou várias fotos do livro, e o grupo selecionou algumas de dar inveja:

Capa
O Silmarillion, como fica sem a capa especial
Contra-capa
Mapa desdobrável de Beleriand

Se você ficou com água na boca, possui uma boa reserva, é só passar na Amazon.com e fazer o pedido.

Das capas:

Muitas capas já foram usadas para as edições de O Silmarillion pelo mundo, e um acervo muito interessante de capas encontra-se no site Tolkien Books.
Conclusão:

Como já foi dito, O Silmarilion é um dos livros mais importantes de Tolkien, pois narra todos os acontecimentos desde o começo dos tempos. Neste texto não seria possível analisar cada aspecto, cada capítulo, cada personagem do livro, por isso selecionamos apenas dois dos mais importantes temas para comemorar a data de lançamento.

O grupo agradece pela colaboração de Eru, o Único, do Portal Tolkienianos.

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