Boa Tarde. Sua assertiva pode se enquadrar no "Sim e Não" Élfico. A obra de Tolkien se assemelha a Teoria das Cordas não pelos conceitos tangentes de tal conhecimento. Em verdade, é bem provável que o professor tenha se baseado num conceito muito atribuído à Boethius -
http://en.wikipedia.org/wiki/Boethius
Anicius Manlius Severinus Boëthius,
[1][2] commonly called
Boethius[3] (
/boʊˈiːθiəs/; also
Boetius /boʊˈiːʃəs/; c. 480–524 AD), was a
philosopher of the early 6th century. He was born in
Rome to the ancient and prominent family of the
Anicii , which included emperors
Petronius Maximus and
Olybrius and many
consuls.
[2] His father, Flavius Manlius Boethius, was consul in 487 after
Odoacer deposed the last
Roman Emperor. Boethius himself entered public life at a young age and was already a
senator by the age of 25.
[4] He was consul in 510 in the kingdom of the
Ostrogoths. In 522 he saw his two sons become consuls.
[5] Boethius was imprisoned and eventually executed by King
Theodoric the Great,
[6] who suspected him of conspiring with the
Byzantine Empire. While jailed, Boethius composed his
Consolation of Philosophy, a philosophical treatise on fortune, death, and other issues. The
Consolation became one of the most popular and influential works of the Middle Ages.
O entendimento é de que música se associa com a matemática por conta da maneira como aquela deriva seus primeiros princípios da aritmética e aplica estes princípios para as coisas naturais. Este era o entendimento parecido com São Tomás de Aquino, ou seja, a música representa um "intermediário" entre a matemática e as ciências naturais, mas assim como Boethius: a música tem "uma maior afinidade com a matemática", já que é mais "formal" e, portanto, mais separada da matéria e do movimento do que é o caso da ciência natural.
Óbvio que quando estes pensadores atribuíram esse conceito "abstrato", eles levaram em conta a filosofia de Pitágoras que falava dessa associação entre música, matemática e harmonia cósmica, estou a falar da "Música das Esferas" ou Música Universalis:
http://en.wikipedia.org/wiki/Musica_universalis:
Musica universalis (lit.
universal music, or
music of the spheres) or
Harmony of the Spheres is an ancient
philosophical concept that regards proportions in the movements of
celestial bodies—the
Sun,
Moon, and
planets—as a form of
musica (the
Medieval Latin term for
music). This "music" is not usually thought to be literally audible, but a
harmonic and/or
mathematical and/or
religious concept. The idea continued to appeal to thinkers about music until the end of the Renaissance, influencing scholars of many kinds, including
humanists.
A música não é literal ou audível, mas se abstrai na matemática (através das proporções do mundo natural, desde o translado dos planetas até a natureza tangível do nosso dia-a-dia); na religião com a teologia intimista/natural, coisa que Tolkien falava quando explicava a ausência da religião no seu mundo, haja vista os seres racionais sentirem, mesmo que não entendam, a "música dos Ainur", vide esta passagem que fala do aspecto "elemental" da água no Silma:
E dizem os Eldar que na água vive o eco da Música dos Ainur, mais do que em qualquer outra substância na Terra; e muitos dos Filhos de Iluvatar escutam, ainda insaciados, as vozes do Oceano, sem contudo saber por que o fazem.
E não esquecer do sentimento externado por uma das (ou a mais) nobre das ações/artes dos filhos de Iluvatar: A música. O Ainulindalë tem muitas semelhanças com a Música das Esferas, pois no mesmo sentido em que não existe substância para tornar o "Som divino" audível ou literal (pois Tolkien diz que as vozes se pareciam/comparáveis com instrumentos musicais), a Música das Esferas incorpora o princípio metafísico que as relações matemáticas expressam qualidades ou "tons" de energia que se manifestam em números, ângulos visuais, formas e sons - todos conectados dentro de um padrão de proporção. Pitágoras foi o primeiro a identificar, por exemplo, que o tom de uma nota musical é proporcional ao comprimento da corda que a produz, e que os intervalos entre as frequências de som harmoniosas são comparáveis/traduzidas em formas numéricas simples. Neste sentido, Pitágoras propôs que o Sol, a Lua e os planetas todos emitem sua própria "ressonância orbital" com base em sua revolução orbital, e que a qualidade de vida na Terra reflete o tenor de sons celestiais que são fisicamente imperceptível ao ouvido humano. Veja:
E compare:
E em meio a todos os esplendores do Mundo, seus vastos palácios e espaços e seus círculos de fogo, Iluvatar escolheu um local para habitarem nas profundezas do tempo e no meio de estrelas incontáveis
Neste sentido, para um religioso a Música dos Ainur fora o grande coral de anjos em louvor a Deus (lembrar que Lúcifer e Melkor têm relação com a "Música", sendo ao 1º atribuído a função de chefia das hostes que cantavam em Louvor a Deus, e o 2º batalhou contra Deus no início do Silma com...música):
E Melkor/Lúcifer "Roqueiro":
Essa linguagem universal está bem traduzida em diversas mitologias mundo a fora. Dentre as obras, podemos citar C.S Lewis que utilizou essa premissa por conta da criação de Narnia que fora cantada pela figura Cristã Aslan:
Ou a "música" que traduz a visão cosminicista de H.P Lovecraft com a corte insana do deus Azathoth rodeado por seus músicos, para a manter coeso a própria existência.
Para um astrônomo renascentista a Música se traduzia/se externava com a translação dos planetas, a configuração das estrelas, as incontáveis estrelas da "Starmaker" Varda e a participação dos "Sagrados" na configuração de Eä, além do pensamento ou entendimento humano, sendo uma reminiscência da harmonia das esferas de Pitágoras e sua correlação com os "Círculos do Mundo", ou seja, os planetas, as estrelas do firmamento pode-se ver a tendência à "Círculos":
Já um artista verá na colaboração e
harmonia dos instrumentos musicais, com suas notas que prenunciam uma obra a criação de algo (para alguns isso seja só música, para outros cria-se um sentimento/ideia/um mundo próprio traduzido em música, para os leitores do Ainulindalë, fora isso que aconteceu na criação de Eä, 1º o desenvolver da harmonia em grupos, 2º - a apresentação da obra pelo Maestro-Iluvatar e os integrantes da ópera, 3ª a concretização dessa Música que gerou o "Mundo que é").
vide:
Essa sacada de Tolkien, na utilização da Música como linguagem universal atinge também o mundo Natural. A próprias fórmulas matemáticas e sua correlação com as notas musicais podem ser exploradas no campo inatingível da matéria. Vai ver que os Ainur não tinham formas humanas, mas fossem aspectos concernentes à natureza, sendo Melkor a entropia, Varda a luz/estrelas, etc. A música/confrontação que eles fizeram não foram em formas tangentes, mas quem sabe o confronto de Melkor e os demais Ainur (como esferas quem sabe, e porque não?° Isso faz todo sentido teológico/filosófico Tomista, que atribui aos anjos não uma forma tangente, mas formas platônicas, ou seja, no campo das ideias.) seja como isso:
Nesta sua correlação com a teoria das cordas que muitos atribuem ao conceito filosófico com a Música, sim, dá pra fazer a correlação do seu post inicial, haja vista que, "assim como a música", o Universo é "Pura vibração":
Então vamos a obra (a cena desse filme, para mim, é o mais próximo da "Labuta dos Ainur" em Eä - principalmente a canção "Lacrimosa" - como se o universo fosse a externalização ou se traduzisse por esta canção):