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Romantização de Tabus

Você concorda com a romantização de tabus como Incesto, Pedofilia e Estupro?


  • Total de votantes
    26

Lissa

Chocolatier Honoris Causa
Existe limite na Arte? Até que ponto assuntos polêmicos como incesto, pedofilia e estupro podem ser trabalhados e romantizados (muitas vezes até banalizados)?


A PERGUNTA NÃO É SOBRE APENAS TRATAR OS ASSUNTOS. A PERGUNTA É SOBRE COMO SÃO TRATADOS. NO CASO, A PERGUNTA É: VOCÊ CONCORDA QUANDO ESSES TABUS SÃO COLOCADOS NUMA OBRA COMO UMA COISA DIGNA, BONITA, CORRETA, PORÉM INCOMPREENDIDA?
Escrever sobre estupro, incesto e pedofilia é comum. Há muitos relatos de vítimas (no caso de estupro e pedofilia) e até dos próprios praticantes (no caso de incesto entre adultos). Ao romantizar, o tabu é colocado como algo bonito, digno, correto e incompreendido, que pode sim ser praticado livre de restrições e punições. As descrições são colocadas de forma a convencer que aquilo está certo.

Qual o propósito de fazer romance envolvendo tais assuntos: chocar, causar reflexão, encontro com seus monstros interiores, fugir do lugar comum de finais felizes politicamente corretos... Qualquer que seja o propósito, a obra contendo tais assuntos deve alertar o leitor ou espectador acerca de seu conteúdo ou deve surpreender?
 
Última edição:
Queria entender, antes de votar, o que seria a "romantização" do tabu. É tratar o assunto de modo romântico, ou é tratar em forma de romance (gênero literário)? Neste caso, seria "romanceação". Se for apenas isso -- tratar um tema dentro de um livro --, eu acho que não há limitação de assuntos, em absoluto. E por que haveria? Isso em nada se confunde com apologia à pratica considerada tabu.
 
Também não entendi. A palavra Arte abrangem um campo beeeeeem amplo que vai desde obras clássicas como Lolita, o Rapto de Europa por Júpiter na mitologia grega até games como GTA V; aonde a zueira e a violência não tem limites. Ontem mesmo vi a notícia de um grupo de artistas fazendo um macaquinho anal.

Me pergunta se acho isso uma Arte ou uma arte?
 
Romantizar mesmo. E não necessariamente romancear.
É tornar o tabu uma coisa poética, gloriosa, bonita, floreada.
Quando eu digo Arte, quero dizer Literatura, Cinema, Teatro, etc.
 
Gostaria de salientar que a enquete veio de uma discussão em que o assunto era um possível conto sombrio e intencionalmente perverso em que uma garota menor de idade se apaixonava por um ser mitológico, numa relação que começou com um estupro.

Na opinião de alguns dos presentes, seria inadmissível o autor escrever sobre o casal lutando para ficarem juntos. Esses alguns consideraram que o autor deveria ser proibido de elaborar uma história assim, porque além de ser nojenta estaria fazendo apologia a um crime.
 
Gostaria de salientar que a enquete veio de uma discussão em que o assunto era um possível conto sombrio e intencionalmente perverso em que uma garota menor de idade se apaixonava por um ser mitológico, numa relação que começou com um estupro.

Pra completar o tabu, só faltava o ser mitológico ser pai dela. E mãe ao mesmo tempo, pq não?

Sobre a enquete, não vejo problema com a literatura sobre esses temas. E o que que exatamente seria apologia? Um conto sobre um pedófilo como se ele não estivesse abusando das vítimas? Como se ele estivesse fazendo amor com elas?
 
Desses três tabus acho o estupro o tema mais delicado e complicado pra ser romanceado, mas que pode ser sim e que é algo que no mínimo causa uma boa reflexão.
 
Defendendo, justificando. Fazendo parecer como se não fosse nada de mais.
Ex: um pai que abusa sexualmente da filha pequena e, ao ser acusado, convence a todos que foi um ato de amor.
Ex2: um estuprador em série é amado por suas vítimas, idolatrado entre os amigos e copiado por seguidores que acreditam na sua alcunha de ''pegador de sucesso''.
 
Desses três tabus acho o estupro o tema mais delicado e complicado pra ser romanceado, mas que pode ser sim e que é algo que no mínimo causa uma boa reflexão.

Basta pensar na enormidade de relatos mitológicos. Hum, isso me lembra que aquele musical Sete Noivas para Sete Irmãos é inspirado no Rapto das Sabinas. :think:
 
Relato é uma coisa, Bruce. Relatos de atrocidades com os judeus no Holocausto, relatos de estupros feitos por serial killers misóginos ou pedófilos...
São RELATOS, servem como informação, fonte de pesquisa e estudo etc.
Romantizar é: tornar o ato digno, correto, passível de ser copiado sem restrições ou punições, porque na verdade é algo incompreendido.
 
Defendendo, justificando. Fazendo parecer como se não fosse nada de mais.
Ex: um pai que abusa sexualmente da filha pequena e, ao ser acusado, convence a todos que foi um ato de amor.
Ex2: um estuprador em série é amado por suas vítimas, idolatrado entre os amigos e copiado por seguidores que acreditam na sua alcunha de ''pegador de sucesso''.

Só que, nestes casos citados, está misturando realidade e fantasia. Uma coisa é um caso policial noticiado na imprensa, outra é um romance escrito cujo o enredo não é fazer apologia ao estupro; tanto é que ele já avisou que se trata de um conto sombrio. Se levar para o lado pessoal, Drácula seria proibido.
 
Bom, relatos mitológicos são relatos... só que mitológicos. :lol:
Mesmo a expressão em não-ficção é um tipo de arte. Mas meu ponto é: mitologia consiste em Arte. Esse tipo de tema sempre foi abordado e, sim, romantizado. Não acho que estejamos na era da romantização pela romantização - como os autores antigos ao desenvolver as características e histórias de plano de fundo dos mitos -, mas da romanceação como questionamento dos tabus.
Um autor dirá que apesar do caráter odioso de algo, é preciso fascinar, envolver o leitor. E há esse risco, de dar chabu, de o leitor ter uma outra percepção dissonante da do autor. Que se há de fazer?

Só que, nestes casos citados, está misturando realidade e fantasia. Uma coisa é um caso policial noticiado na imprensa, outra é um romance escrito cujo o enredo não é fazer apologia ao estupro; tanto é que ele já avisou que se trata de um conto sombrio. Se levar para o lado pessoal, Drácula seria proibido.

Sem falar daquele romance de não-ficção, A Sangue Frio, do Truman Capote, sobre o assassinato de uma família. As descrições são vívidas e impressionantes, mas ninguém diria que o autor está fazendo apologia a massacres.
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Lembrei que logo no início de As Benevolentes, de Jonathan Littell, a protagonista, um nazista fugitivo, procura convencer o leitor que houve coisas muito piores na História que o Holocausto, chegando mesmo a usar os dados que são mencionados pelos especialistas - e ninguém pode discordar dele! O cara prova por a+b seu ponto. E é uma personagem carismática - nas próximas 700 páginas o leitor irá acompanhá-lo em sua ascensão dentro da SS, seus "passeios" pelos campos de concentração e tal, testemunhará ele cometendo coisas odiosas sem pensar na imoralidade dos atos... E tudo isso porque é uma personagem carismática, bem escrita. Crie uma cautionary tale e estará falando ao vento. Gere choque e eu quero ver quem sai incólume. (Efeitos adversos se aplicam, desnecessário dizer.)
 
Última edição:
Só que, nestes casos citados, está misturando realidade e fantasia. Uma coisa é um caso policial noticiado na imprensa, outra é um romance escrito cujo o enredo não é fazer apologia ao estupro; tanto é que ele já avisou que se trata de um conto sombrio. Se levar para o lado pessoal, Drácula seria proibido.

Sim, Elring, não quer dizer que só porque um romance contém cenas de estupro que ele está fazendo apologia ao estupro. Não quer dizer que todo livro sobre pedofilia esteja de fato instruindo ou persuadindo alguém a abusar de um menininho.
A questão é: COMO ESSAS CENAS SÃO DESCRITAS? EM QUAL CONTEXTO TAL ACONTECIMENTO ESTÁ INSERIDO? Não tem nada a ver com riqueza de detalhes! E sim de como esses detalhes são colocados. O jogo de palavras que se usa pra tornar a coisa toda BONITA, DIGNA, CORRETA.

Cês tão entendendo mesmo o que eu tô dizendo? Tô tentando muito ser clara, mas se eu estiver precisando de aulas de eloquência, me indiquem um bom profissional.
 
Só que, nestes casos citados, está misturando realidade e fantasia. Uma coisa é um caso policial noticiado na imprensa, outra é um romance escrito cujo o enredo não é fazer apologia ao estupro; tanto é que ele já avisou que se trata de um conto sombrio. Se levar para o lado pessoal, Drácula seria proibido.

Sem falar daquele romance de não-ficção, A Sangue Frio, do Truman Capote, sobre o assassinato de uma família. As descrições são vívidas e impressionantes, mas ninguém diria que o autor está fazendo apologia a massacres.

Mas isso é diferente, é a "romanceação" de que o Calib falou.
A enquete, pelo que a Lissa explicou:
É tornar o tabu uma coisa poética, gloriosa, bonita, floreada.
Quando eu digo Arte, quero dizer Literatura, Cinema, Teatro, etc.

Nenhum desses casos, Drácula e A Sangue Frio, faz assassinato e vampiros parecer romântico.

Assim, exemplo de romantização de uma coisa sabidamente terrível é a série Crepúsculo, mas nunca o Drácula de Bram Stoker.

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Enfim, após as explicações da Lissa, sou contra.
Embora deva confessar que li a série Crepúsculo e gostei. :dente:
 
Discordo, @Clara . Existe vampiro mais apaixonante que Drácula? Quantas mulheres não mandaram cartas querendo se casar com os assassinos mencionados em A Sangue Frio? A romanceação do tema passa por um processo de romantização - conforme definido -, sim. E como não passaria? A não ser que fosse uma fábula com "moral" - uma cautionary tale - todo autor quer envolver e gerar efeito sobre o leitor. E como faz isso? Muitas vezes deixando a moral de lado ou estabelecendo alguém que a incorpore, mas nunca pregando. Um leitor não quer que lhe digam que aquilo é errado, ele quer ser convencido disso. Muitas vezes, ele quer é confrontar um princípio moral próprio com um que o desafie.
** Posts duplicados combinados **
A questão é: COMO ESSAS CENAS SÃO DESCRITAS? EM QUAL CONTEXTO TAL ACONTECIMENTO ESTÁ INSERIDO? Não tem nada a ver com riqueza de detalhes! E sim de como esses detalhes são colocados. O jogo de palavras que se usa pra tornar a coisa toda BONITA, DIGNA, CORRETA.

Agora ficou mais claro e entendo seu ponto melhor. Mas ainda sou a favor. Prefiro trabalhar o exercício da discordância desconstruindo os efeitos que você menciona.
 
Agora ficou mais claro e entendo seu ponto melhor. Mas ainda sou a favor. Prefiro trabalhar o exercício da discordância desconstruindo os efeitos que você menciona.

Só que a maioria das pessoas, Bruce, não é crítica como você. O problema é esse.
 

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