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Melkor representa Lúcifer, O Anjo Caído??

Algo interessante que vi esses dias foi sobre Melek Taus, uma espécie de "divindade" adorada pelos Yezidi, muitos dizem que há relação entre ele e o arquétipo cristão de Lúcifer - apesar de na tradição dos Yezidi ele não ser "mau" e etc.

Um dos nomes de Melkor é Melek/Meleko, tenho quase certeza que Tolkien fez relação a Melek Taus ao colocar esse nome para o Vala Negro, assim como Sauron tem relação com o termo latino para "sauro" e etc.
 
Na verdade, @Eriadan, não alegoricamente, mas também não inconscientemente. Tolkien via Arda como um passado mitológico do nosso mundo e, portanto, como católico fervoroso, deveria incluir Deus e, por consequência, o Diabo. Tolkien imbuiu Arda de - nas suas próprias palavras - uma teologia natural. Ele se preocupava tanto com esse aspecto que remodelou a origem dos Homens para incluir uma Queda, como a Queda de Adão, no Silmarillion pós-SdA (cf. O Conto de Adanel).

Não é propriamente uma alegoria, já que uma alegoria é utilizar um elemento para representar outro. Na visão de Tolkien, Melkor é Lúcifer, assim como Eru é Deus. Mas também seria absurdo pensar que um paralelo tão óbvio passaria inconsciente pra Tolkien.
 
Na verdade, @Eriadan, não alegoricamente, mas também não inconscientemente. Tolkien via Arda como um passado mitológico do nosso mundo e, portanto, como católico fervoroso, deveria incluir Deus e, por consequência, o Diabo. Tolkien imbuiu Arda de - nas suas próprias palavras - uma teologia natural. Ele se preocupava tanto com esse aspecto que remodelou a origem dos Homens para incluir uma Queda, como a Queda de Adão, no Silmarillion pós-SdA (cf. O Conto de Adanel).

Não é propriamente uma alegoria, já que uma alegoria é utilizar um elemento para representar outro. Na visão de Tolkien, Melkor é Lúcifer, assim como Eru é Deus. Mas também seria absurdo pensar que um paralelo tão óbvio passaria inconsciente pra Tolkien.

Acrescento mais à sua boa resposta. A construção cosmogônica e as figuras "ditas divinas" em Arda remetem também à arquétipos de seres/divindades indo-europeia, bem como judaico-cristã como você citou. No caso de Melkor os paralelos vão além de uma percepção intuitiva - dedutiva.

Vide o fato de alguns fatos/descrições do Silma referenciarem:

I - A "queda" de Melkor no Ainulindalë. Muitos falam que não há uma "guerra no céu" e queda de "um terço das hostes angelicais". Mas o embate musical de Iluvatar e Melkor possui um paralelismo com um aspecto (pouco estudado) do próprio Lúcifer, e nem tô falando do fato de ele querer sobressair contra o comando de Deus, conforme interpretação (que dizem) de Ezequiel na Bíblia, mas sim o fato de Lúcifer assim como Melkor se interligarem à: Música - Lúcifer que era o chefe do coro de anjos e Melkor na música dos Ainur.

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Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.
Ezequiel 28:13

Ademais: https://inspirationalchristiansfortoday.com/2013/10/24/was-lucifer-a-musician-part-2/

These verses list instruments from all three of the musical families: The timbrels (or tambourines) are a part of the percussion family; the pipes are indicative of woodwinds, brass and flutes; stringed instruments (also translated harps) include the violin family, guitars and pianos. It seems to me that Lucifer could have actually been a musical instrument!! Not only could he play an instrument, but the Word speaks of the workmanship of his timbrels and pipes; then it mentions the sound of your stringed instruments.

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Sobre a queda da terça parte das hostes e a guerra no céu. Isso realmente ocorreu. Mas numa cronologia "diferente". Pois fora a atuação de Morgoth em Valinor que gerou o conflito dos Quendi - o povo das estrelas, que viviam no paraíso e de repente:

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E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho”.

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Interessante é que também houve guerra no paraíso:

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E rebelião no Céu:

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Legal é pensar que Melkor faz referência a um deus semítico adorado pelos fenícios e cartagineses e que endossava sacrifícios humanos: Moloch x Morgoth. Bem, já vimos isso em algum lugar: https://pt.wikipedia.org/wiki/Moloch

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vs

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Última edição:
Eu acho que Fëanor (espirito do fogo) tem muito de Lúcifer:
"Pois em todas as partes do corpo e da mente, em valentia, em resistência, em beleza, em compreensão, em talento, em força e em sutileza, no mesmo grau, Fëanor havia sido o mais poderoso de todos os Filhos de Ilúvatar, e nele ardia uma chama brilhante."
 
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Lúcifer ou Samael, como preferirem, é a principal influência de Melkor, de muito longe.

É Satanás devidamente ''tolkienizado''.

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Interessante notar que Sauron possui alguns elementos/paralelos com o próprio Lúcifer, porém, no âmbito da "demonologia medieval", ele se atribui à duas entidades não tão estudadas ou conhecidas ao Inimigo.

- Sauron como Azazel:

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Azazel que levou os anjos rebeldes para a Terra, como descrito em O Livro de Enoque. O Livro de Enoque, não obstante ser uma obra apócrifa (mas muito respeitada) possui citações interessantes no Livro de Daniel (Daniel 7:9-10 / Enoque 14:18-23) e no Livro de Judas (Judas 1:14-15 / Enoque 1:9). O livro, que é essencialmente uma exposição da vinda de 200 anjos do céu que chegaram à terra em um período antecessor ao Dilúvio; conta como estas poderosas figuras influenciaram e trouxeram ensinamentos que acabaram por levar a humanidade à sua derradeira queda, haja vista que a terra "herdou" todo um legado de corrupção e iniquidade, a solução ocorrera por meio de uma grande hecatombe/cataclismo: o dilúvio.

Há quem interprete que a figura de Azazel não corresponda necessariamente com o próprio Diabo, mas sim como uma entidade fiel aos desígnios do anjo líder da rebelião. Sendo assim, o seu "braço direito" poderia manifestar características similares ao mais fiel e poderoso servo de Melkor, pois qual seja: Sauron.

Nem preciso destrinchar todo o legado que Sauron trouxe à humanidade. É só lembrar da sua equivalente influência e o resultado (na 2ª e possivelmente na 4ª era) advindo de sua interação com a humanidade:

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- Sauron como Asmodeus:

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Primeiramente uma boa noite a todos. Estava pesquisando alguns (possíveis) aspectos referentes à outros anéis e joias encantadas, sejam em algumas mitologias ou contos/folclores de outrora. Destarte, uma das obras que me chamaram a atenção é o grimório do século XVIII, encontrada na campanha Egípcia de Napoleão: The Black Pullet. Interessante notar que a obra é um compêndio de ensinamentos (e artes) que explicam a feitura de talismãs e anéis encantados, provendo seus portadores com conhecimentos e riquezas imensuráveis, algo parecido (creio) com a "tal ciência provida por Sauron a Irmandade em Eregion": http://en.wikipedia.org/wiki/Black_Pullet

The Black Pullet (La poule noire) is a grimoire that proposes to teach the "science of magical talismans and rings", including the art of necromancy and Kabbalah. One of the most influential texts used by many magicians in the past has been the "Black Pullet" a grimoire that purports to teach the production of magical talismans and rings. The Grimoire details the design of 20 rings and talismans.

Humm..20 anéis poderosos, alguns deles ligados à necromancia (Nazgûl), outros ao entendimento/preservação (elfos), alguns outros à busca e o ganho de Riquezas (anões). Neste sentido, há um outro Grimório tratado em um antigo manuscrito, que muitos atribuem ter a autoria do lendário Rei Salomão. Estou a falar do "Testamento de Salomão", sendo que, neste caso, o texto é referenciado em um outro escrito do século XVII, que parece lembrar os feitos/realizações de Sauron, vide o "Lesser" e o "Grand" Key of Solomon", com seus incríveis e misteriosos relatos de um Anel mágico utilizado pelo Monarca de Israel, lhe provendo desde uma sabedoria divina até a capacidade de aprisionar/convocar Monstros e Demônios para fins de comando. Sobre a joia no "Testamento de Salomão":

His petitions answered by the Archangel Michael who gives Solomon a ring with a seal on it that enables him to command the demons. In some reviews of this work Solomon's ring is often referred to as the Seal of Solomon, which is not actually a ring but a design upon the ring. Some versions of the "Testament of Solomon" indicate that the actual ring was made of brass and iron, carved with the Name of God, and set with four jewels. In other versions, which tend to be the later versions, the ring simply bore the symbol of the Seal of Solomon, which we now refer to as the Star of David. The idea that something as insignificant as a ring can be a powerful magical charm has been used since the times of ancient magicians, Solomon. Egyptians believed in the power of magical rings to heal and bring good fortune, and Europeans as early as A.D. 800 made use of them in bestowing social privileges.

The construction and use of a magical ring is no more difficult than the making of a specific talisman or amulet, providing that you start with a blank, unadorned band, on which you can have a design engraved. Once the ring is constructed, consecrated and dedicated it will hold its magically charged intention long after its initial dedication.The form of the ring consists of materials and inscriptions suitable for use as a link to the power which the ring confers, incorporating within the design specific celestial or magical correspondences.Thus it then remains for the magician the ability to magician to invoke the desired forces.

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Mas, de que forma, um anel, provido por um Arcanjo benevolente à um Rei Sábio, poderia ter alguma conexão com os feitos de Sauron? Existe um relato no "Lesser Ring" que trata justamente da relação entre Salomão e Asmodeus, um ser demoníaco que assumira o poder central do reino quando fora convocado pelo Monarca a se submeter a sua autoridade, e mais do isso, a criatura maligna, detentora de conhecimentos secretos, utilizando-se de sua lábia "angelical", fingiu ser um prisioneiro, mas no fim, acabara dominando/ditando (sutilmente) as políticas de estado - me parece (posso estar errado) com um outro episódio do Legendarium:

The Demon Prince bowed his head and accepted the dominion of the ring, because to break such powers would have been against the very rules of The Game as it was played. He chafed silently and vowed a revenge that would last eternity, and that he would have Solomon's soul as a plaything when the king passed from the mortal realm. On at least one occasion he was able to assume the King's place for several months due to a badly worded command (for in seeking to overthrow the master of the ring, the Prince of The Game had fallen foul of his own rules).

Over time, the King fell prey to the curses of kings - hedonism and lassitude and hubris - and the demon who had become the most valued advisor in his realm saw the weakness within his soul and whispered in his ear that even Solomon, the King of Kings,would die and be forgotten and everything he had won would fall, and everything which he had learned would be forgotten. So, slowly and inexorably, the wisest man who ever lived was drawn into The Game.

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Ar-Pharazon e Sauron vs Salomão e Asmadeus - Um rei dos reis que pensava que comandava, mas na verdade era comandado:

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Coincidentemente, ambas as histórias tratam da perda gradual dos favores/bençãos divinas, uma sede catastrófica por uma imortalidade inalcançável por parte dos maiores líderes/governantes e a consequente submissão dos que, em tese, estavam exercendo seus plenos poderes (ledo engano). Vide:

After having heard from the prophets that he had lost divine favour, the king was more willing to give ear to Asmodeus and eventually sold his soul for immortality, and the chance to live forever as a mummy (Witch king of Angmar fellings?). The two left Jerusalem together and once away from his palace and his supporters and laid open to the realisation of what remained to him, it was a simple task for the Prince to finally retrieve the ring which had been his master for too long, or so he had thought.

Mas não somente os arquétipos de entidades demoníacas foram inspirações para a criação de Sauron. Há de se lembrar que Sauron lembra um aspecto prometeico. Seu paralelo ocorre quando o titã Prometeu rouba o fogo dos deuses para entregar aos homens e sofre a ira divina e é aprisionado no monte Elburz - uma montanha com 2 picos idênticos no Cáucaso, sofrendo uma punição diária ao ser acorrentado na montanha e tendo seu fígado devorado por uma águia: https://en.wikipedia.org/wiki/Mount_Elbrus

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Bem, no legendarium temos algo parecido, conforme eu explanei neste post sobre a comparação entre as Silmarills x o fogo sagrado e a entidade que rouba/sequestra a chama sagrada: http://www.valinor.com.br/forum/topico/pedra-arken-seria-uma-silmaril.53009/page-3#post-2629283

Sobre a natureza da luz contida nas pedras, Tolkien a via como elemento "análogo" à essência do Espírito Santo. Para maiores detalhes, vale a leitura da análise feita por Ilmarinen em seu Blog: http://de-vagaesemhybrazil.blogspot.com.br/2010/02/alquimia-do-fogo-secreto.html

Tolkien respondeu essa pergunta para o Professor Clyde Kilby no final dos anos sessenta. No seu livro Tolkien e o Silmarillion, Kilby revela que:

Professor Tolkien falou comigo com algum detalhamento sobre o uso da palavra “sagrado” no Silmarillion. Muito especificamente, ele me disse que “o Fogo Secreto enviado para crepitar no centro do Mundo” no começo era o Espírito Santo


Então, tecnicamente, Tolkien está dizendo que uma porção do Espírito de Deus, é imanente a todas as coisas que existem, sendo a base mantenedora do Cosmo.É uma idéia que passa perto de dar um substrato cristão para a noção panteísta de outras religiões do nosso mundo.

Sobre o poder das Silmarills, pessoalmente, acabo levando em conta não só o domínio "simbólico" de Morgoth sobre Arda. Tinha especulado sobre o inimigo ter-se utilizado das propriedades do coração pulsante de Eä para iniciar (ou continuar) um processo de degradação do próprio universo, haja vista o cosmo ser eivado de elemento do fogo negro. Isso poderia ser a base do problema da entropia, a morte do universo e tudo mais. Ecoa, neste caso, de não somente Arda, mas toda a Eä ser passível de uma reconstrução; a chegada de uma "Nova Jerusalém" em termos infinitos. Sobre a morte de Eä:http://forum.valinor.com.br/showthread.php?t=105013&page=2

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No caso em comento, a potência do elemento morgothiano ocorrera pela disseminação da essência do inimigo e o sua utilização "direcionada", mas conforme Tolkien já descrevera, o elemento-morgoth, quando deixado "em paz" é menos destrutivo e desfigurador (podendo até gerar "boas-obras" não intencionadas pelo seu proprietário original, e por óbvio, estamos falando aqui da essência em "Arda desfigurada"). Mas se tomarmos como premissa tal conceito aplicado também as extensões das mansões infinitas do cosmo, o elemento teria ainda efeito destrutivo constante, mesmo que seu possuidor não tivesse presente para manuseá-lo? Se sim, poderíamos partir para uma premissa interessante que fora elencada na Myterious World:http://www.mysteriousworld.com/Journ...rgothsRing.asp

Though Tolkien considered the whole universe to be "Morgoth's Ring", if Morgoth did have a physical "ring", it would have been the terrible iron crown he wore, in which he had set the Silmarilli that he had stolen from Fëanor. Though setting the great jewels in the crown burned and blackened his hands permanently, and the wearing of the crown filled him with a deadly weariness, he endured the pain apparently because the Silmarilli contained within them a great power that he wished to control and use for his own dark purposes. Morgoth's ring, a ring of iron that he wore not upon his finger, but upon his head, is perhaps the most powerful and meaningful cipher in Tolkien's symbolic universe, as it combined both the original fire of creation set in the Silmarilli, and Morgoth's own iron will, symbolized by the ring of iron which, for a time, controlled them. Thus, though Morgoth was not able to bend and control all of creation to his own will, he was able to do so symbolically through the setting of the jewels of creation in his crown.

But would Morgoth have taken such a terrible risk just so that he could only symbolically control the universe?

Imagine então uma deidade (outrora) cósmica, de natureza degradante/niilista, possuir um artefato constituído pela chama primeva, ingrediente essencial para a formação do universo. É como se o inimigo tivesse em mãos a própria singularidade, quando o universo estava contido numa densidade atômica absurda para o entedimento humano. Essa ideia advém do poder das luzes emitidas pelas árvores de Yavanna, haja vista que um único fruto fora (uma das) a base para a criação
do sol, uma única flor originou a lua e o orvalho emanado deu origem às propriedades utilizadas por Varda em sua labuta na criação de estrelas. Imagine então a força motriz da luz do espírito santo. Em termos mitológicos, o domínio sobre tais artefatos ecoa no mito grego de Prometeus (ladrão do fogo dos deuses) e a existência de uma joia que ordenava o universo:http://www.mysteriousworld.com/Journal/2008/Spring/LOTR_Cipher/MorgothsRing.asp#MorgothsRing

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Neste aspecto, Melkor se introduz (intuitivamente) nesta correlação: A Zéus/águia = Manwë. A rocha = Prisão dos Valar. A corrente = Angainor. A chama sagrada/fogo roubado = Silmarills. Lembrando que em seus escritos Tolkien trata Arda/planeta terra como sendo o "Anel de Morgoth" - haja vista que boa parte da matéria física estava contaminada com uma essência que ele descreve como: "Ingrediente Morgoth". E Sauron nisso tudo?

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Ao ser libertado por Hércules, os deuses obrigam Prometeu a utilizar um anel de ferro (ou de ouro a depender da versão) no dedo, para que o decreto/pena decidida pelos deuses pudesse vigorar mesmo que o titã não estivesse acorrentado. O legal é que a pedra/rocha estaria encravada no anel. Diz o mito que este anel seria a chave para o controle do universo/terra: http://www.pathguy.com/promethe.htm

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Some old writers say that Prometheus had to wear a ring made of the iron with which he was bound, and bearing a piece of the stone to which he was bound, so Zeus could say his decree still held. This was supposed to be the origin of rings that bear stones. Pliny (Natural History 37:i.2) wrote that garlands on the head were something people wore after being released from bondage, and so were finger rings. Hence Herakles had to bind himself vicariously upon releasing Prometheus. There are other old references to garlands being symbols of Prometheus's chains, and there's an old vase showing Prometheus, Herakles, the eagle, and Athena with her usual attributes plus a garland.

Sauron adquiriu boa parte de sua força/poder e influência para o controle da terra justamente com forja do Um anel - o um anel, que nos diversos contos e mitos possuí um significado simbôlico forte - desde as histórias de Beowulf e O anel dos Nibelungos. O anel uma forma que não tem começo e nem fim. Na alquimia se relaciona com o Oroboros: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouroboros

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Em sendo um elemento (aproximado) do arquétipo prometeico, Melkor possui poder sobre Arda em sua prisão (corrente, águia e rocha). Sendo a Terra o Anel de Morgoth. Já Sauron que virou o Morgoth da 2ª e 3ª eras (sendo que na 2ª ele fingiu ser Morgoth e na 3ª era ele falava que era o próprio Morgoth revivido) teve que virar o "prometeu" ao se voluntariar na mesma prisão de seu mestre, mas não precisou de águia, rocha ou corrente. Para isso apenas fez como o prometeu do mito, forjou um anel (de ouro/ferro) e colocou a sua essência de como Maia de Aulë - estaria relacionado a terra/rocha:

ea7f4b46a0e0f9fc7e00d1a5aca2eb30.jpg Prometeu foi aprisionado por disseminar conhecimento ao mundo. Já Sauron usou conhecimento para querer aprisionar o mundo.
 
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É devido à miríade de influências não judaico-cristãs, mesmo em um personagem tão óbvio quanto Melkor, listada pelo Raganaros, que alguns colocam a em dúvida a ortodoxia do catolicismo de Tolkien. Não pretendo criar polêmica dizendo isto, porém ouvi coisa semelhante de católicos praticantes, e muito cultos, recentemente e resolvi relatar o ocorrido aqui.

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Lembrando, Tar Mairon, adicionando ao seu comentário, um sumário do que já foi falado em outro tópico que, pra ficar só num exemplo....

O próprio Cristianismo e sua concepção do Demônio, predominante do Medievo pra cá, não é "original" e também não é , nem metade, oriunda MESMO da tradição judaica ortodoxa ( que NÃO concorda com nossa explicação sobre a função, a origem de Satã e sua ligação com o Problema do Mal). É um smorgasbord, um mexidão de influências celtas, greco-romanas, acadianas e persas em cima do substrato bíblico "real".

Construto sincrético como TODA religião de fato o é nas suas origens históricas.

Então, criticar o Tolkien por, em uma obra de ficção*,incluir elementos de paganismo que, de um modo ou outro, foram cooptados pelo próprio Cristianismo ( ou foram, eles mesmos, retroalimentados na transcrição de mitos pagãos, como talvez tenha acontecido com a narrativa do Ragnarök nórdico) é uma atitude intelectual e historicamente desonesta, se não mesmo ignorante.

*não destinada a propagar, difundir ou, mesmo, necessariamente, a especular sobre a teologia cristã com intenção proselitista( ao contrário do C.S. Lewis que era um apologista cristão. Criticar Narnia por não se ater a uma noção ortodoxa da teologia cristã é MAIS correto do que fazer o mesmo com o Legendarium do Tolkien justamente por causa disso. Tolkien NÃO se alçava à condição de teológo ( embora, na minha opinião, fosse MESMO um "teólogo" MELHOR do que Lewis JAMAIS o foi-motivos: alguns no anexo aí)
 

Anexos

  • LewisTolkienTension.pdf
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O que eu ouvi não foram exatamente críticas, como as que seriam feitas a um livro proselitista, mas à noção de que se trata de uma obra cristã católica. Muito mais ouvi do que falei, afinal, como disse antes, trata-se de gente muito culta, e foi bem interessante vê-los chegar ao veredito de que se trata de algo sincrético.

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Eu estou bem a par daquilo a que vc se refere Mairon.

Cheque aí: Posições e criticas sobre o elemento sincrético no Tolkien-Discordâncias entre os leitores cristãos

Na minha opinião: cultas , inteligentes ou não, Tar Mairon: criticar o Tolkien ou mesmo passar uma nota de cautela sobre o conteúdo da obra por causa do sincretismo, no meu entendimento, é falho, merecendo alguns adendos admonitórios por dois motivos principais:

a) Tolkien, embora tendo imbuído a mitologia dele com simbologia cristã aos moldes de tipologia, não representa um mundo cristão. Ele não tem a pretensão de refletir qualquer posição teológica ortodoxa pq a "verdade" do cristianismo lá não estava ainda difundida nem sequer como profecia como acontece no Velho Testamento ( só Finrod Felagund especulou sobre isso por conta própria e não chegou a comentar com ninguém). A "Terra-Média" precede as alianças do Deus judaico-cristão com a estirpe de Abraão e também a forma com que o Jeová interage com o Mundo Criado a partir do Dilúvio bíblico . Resumindo: pra mim a obra não deixa de ser católica por causa do sincretismo, ela não é "católica", nesse sentido estrito, pq as bases constituintes do Mundo Cristão ( crença na vinda de um Messias, Encarnação do Uno e mais ainda a noção de religião institucionalizada, desnecessária num cosmo de "teologia natural") eram ainda inexistentes.

Para ficar melhor entendido o que eu quis dizer confira texto em Tolkien Studies 10:
Tolkien’s Work: Is it Christian or Pagan? A proposal for a “synthetic” approach
Claudio A. Testi resenhado aí

b) Salientar o sincretismo na obra do Tolkien ao mesmo tempo em que deixa-se de comentar o substrato pagão no próprio cânone do Cristianismo é , pra mim, atitude com odor de falso moralismo e deturpação da verdade histórica em favor de uma suposta "pureza" que não existe em religião, credo ou mitologia NENHUMA. O próprio Cristianismo NASCEU de um processo de sincretismo. Saliento, Mairon: eu sei que não é você que está tendo essa atitude, vc simplesmente reportou o que pessoas mais ou menos com essa postura disseram. Também me desagrada por causa da inferência de que se possa crer que só os cristãos detêm TODA a verdade e que não possa haver nada no Paganismo que, no fim das contas, tenha interpretado melhor algum aspecto da realidade em que vivemos. E que algum "trigo" desses credos não tenha sido prematuramente descartado junto com o "joio" de coisas que o Cristianismo sabiamente repudiou.
 
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Algo interessante que vi esses dias foi sobre Melek Taus, uma espécie de "divindade" adorada pelos Yezidi, muitos dizem que há relação entre ele e o arquétipo cristão de Lúcifer - apesar de na tradição dos Yezidi ele não ser "mau" e etc.

Um dos nomes de Melkor é Melek/Meleko, tenho quase certeza que Tolkien fez relação a Melek Taus ao colocar esse nome para o Vala Negro, assim como Sauron tem relação com o termo latino para "sauro" e etc.

Eu comentei isso outro dia também Lindoriel....
Mas a questão é que raíz etimológica do termo Melek , o MLK, é o elemento nas línguas semíticas que designa o "Rei" "Anjo" ou "Mensageiro"...

Está presente também em "Moloch", em "Melchior" , em "Melkart" em "Malkira" (outro nome de Samael consorte satânico de Lilith) e outros nomes estritamente bíblicos.


Tolkien, provavelmente, combinou esses todos com a forma de um norme nórdico foneticamente similar mas provavelmente não cognato....o de Melkorka da Laxdaela Saga.


Confira

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A etimologia de "Melkorka", personagem feminina da Laxdaela saga

É a pronúncia escandinava de uma palavra gaélica, significando "devoto" ou "servo", Mael Curcáig.
 
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To com preguiça de ler tudo...
Mas vamos lá...
Como disse @Eriadan eu concordo, tolkien nn fez isso como uma alegoria, ele não gostava de alegorias, mas tbm nn foi de todo inconsciente. É muito difícil uma obra não ter base em nada anterior, sempre há uma inspiração, como disse um famoso sei lá o que "nada se cria tudo se copia". Claro que da pra se estabelecer uma comparação entre todos os ainur e personagens bíblicos, já que eles são "seres angelicais" criados diretamente por Deus/Eru e não tendo naturalmente uma forma fisica, mas etérea.
O Tema me agrada pois recentemente fiz uma rápida pesquisa sobre anjos e "Lucifer" (mas apesar desta pesquisa recente ser rapida, eu sempre estudo assuntos religiosos de varias religiões, em principal a cristã) então vou aproveitar o momento pra corrigir certas interpretações erradas e nomeações.

1. A começar por "Lúcifer" ao qual vcs usaram como nome angélico do Diabo antes de seu decaimento. Esse não é exatamente um nome correto, a verdade é que não se sabe qual era o nome dele originalmente (Lembrando que estou usando como fonte unica e exclusivamente a biblia) o nome original de Satanás não é mencionado na bíblia por uma questão óbvia. "Lúcifer" é uma palavra que se usou na vulgata latina, versão Rei Jaimes e outros, para o termo que significaria "Estrela da Manhã" ou "Portador da Luz" e esse titulo não eh usado apenas para o diabo, mas o próprio Jesus em visão ao Apóstolo João se intitulou como "Estrela da Manhã" em algum lugar do livro de apocalipse q estou com preguiça de procurar. De fato, existe até um santo católico com o nome de São Lúcifer, e uma igreja nomeada com o nome desse santo, Igreja de São Lúcifer - a unica no mundo - que no seculo XIX teve algumas confusões q a associaram com praticas satanistas, por uma confusão com o nome, apesar disso a Igreja Catolica nunca fez oposição ao nome, pois na época nn era um nome associado ao Diabo e nn faz sentido mudar agora, se não me engano quem fez essa associação foi São Jerônimo.

2. Em algum lugar alguém disse que Lúcifer era uma Arcanjo. O que não é verdade, o Diabo era um Querubim, Guardião do Éden entre seu outros cargos, extremamente belo e poderoso e sábio e correto em todos os seus caminhos, até que o orgulho e a inveja o fez pecar. Na verdade o termo Arcanjo na Bíblia sempre eh atribuido no singular, significa "O Anjo Principal", esse titulo é atribuido a Miguel, que é o lider dos exércitos divinos na batalha contra o Diabo, e tbm tem uma intriga com ele acerca do corpo de moisés. O Anjo Gabriel nunca é descrito como Arcanjo na Biblia e Rafael nem aparece na Biblia, nem os outros como Uriel, Baraquiel e assim vai... esses nomes aparecem no Livro de Enoque que é um texto escrito posteriormente e não canônico. O outro momento que se fala em Arcanjo na biblia se refere ao próprio Jesus na sua volta que é dito que ele vem com "voz de Arcanjo".
Sendo Jesus também um Senhor do Exércitos Divinos e ele lutando contra Satanás no Armagedom, além de ser descrito como primeira obra de Deus, Primogenito da Criação e Mestre-de-Obra de Deus e estando com ele no Princípio, faz sentido ele também ser o Arcanjo (Anjo Principal), da pra concluir que na verdade Miguel eh um outro nome pra Jesus assim como Emanuel é, nesse caso dado pra ele porque ele limpará o nome de Deus e lutará contra o Diabo (O nome Miguel significa "Quem é como Deus" que seria uma boa resposta ao proposito do Diabo de ser um deus, se tornando Miguel o opositor aos desejos de Satanás).

3. Em algum outro lugar alguem disse que não tinha uma guerra final contra Melkor enquanto, com Satanás tinha... Se vc for considerar a Segunda Profecia de Mandos, tem uma guerra sim contra Melkor, na Dagor Dagorath, Melkor acha a saida do Vazio e devolve o poder a Sauron e todos os seus servos, e até Ar-Pharazon é desenterrado, tbm Fëanor, Beren e Luthien, e Hurin e Turin, Huor, Tuor e toda aquela cambada das historias aparecem pra lutar e no fim Melkor é derrotado, e é feita uma segunda música pra restaurar a terra, dessa vez acompanhada pelos elfos, anões e homens, formando uma música mais bela que a primeira e uma Arda perfeita em oposição a Arda Desfigurada. O que parece uma alegoria com a Biblia, onde depois de ser preso Satanás após mil anos é solto para desencaminhar os remanescentes na terra, aonde já estão ressucitados os mortos para o julgamento dos injustos e para a recompensa dos justos, e após isso Satanás é enfim derrotado e destruido junto com seus seguidores, para sempre, e a Terra é reparada. Mas se Tolkien não gostava de alegorias, não dá pra dizer que essa foi uma alegoria consciente.

4. Eu acho que Tolkien como alguem aí em cima disse, fez uma misturada legal, não só com mitos cristãos, mas também com mitos gregos ou nórdicos. Pq há pouca descrição da corte celestial e hierarquia na bíblia, coisa mais presente na outras mitologias, em que se atribuia um deus ou poder a cada faceta da natureza. ficando assim Mandos=Hades ou Hel, Manwë = Zeus ou Odin, Yavanna = Gaia, Ulmo = Poseidon e assim vai. Além de misturar mitos celtas, nórdicos, bretãos. Tão bem misturado e ainda assim tão bem organizado em seu roteiro, com tantos detalhes e raças, ao mesmo tempo inovador, que não dá pra atribuir alegorias a obra de Tolkien. J.R.R. Tolkien fez uma obra original que abrange desde o Amplo e Cosmogônico até o nível do Conto de Fadas Romântico, sendo o menor apoiado no maior, de um jeito completamente inédito em um belo corpo de mitos e lendas. De fato A obra de Tolkien não tem alegorias, e sim, sutis inspirações, mas ela é tão bem feita que é aplicável a tudo que você quiser aplicar, seja na vida ou na mitologia.
Nos apêndices da versão estendida da "A Sociedade do Anel" vemos que Tolkien apesar de respeitar C. S. Lewis, não gostava muito de sua obra pq achava ter alegorias demais e ser infantil demais.

5. Lilith é outra história não exatamente cristã, ela é uma interpretação judaica do começo de gênesis (interpretação pós-cristã), mas não está de fato na biblia, e ela não é a serpente que enganou eva, este era satanás que tem como um dos titulo "Serpente Original", aliás eu não sei de onde vem os nomes de tanto anjo e demônio...

6. @Belle Vox Sim Fëanor tinha todos os traços de "Lucifer" exceto o de ser angélico, por isso acho que Melkor tem muito mais de Lúcifer, sendo ele poderoso e tendo um quinhão de todos os poderes dos outros Valar. Melkor também foi um dos primeiros criados por Eru junto com Manwë, o que da uma bela comparação com "Lúcifer" e Jesus/Miguel que eram os anjos mais poderosos e primeiros criados ficando um mal e outro bom e governando os outros Ainur/Anjos.

7. Gostei do comentário do @Ragnaros. bem interessante essa comparação.

8. Também gostei de ver o lado prometeico de Melkor e Sauron, faz muito sentido.

9. Outra coisa que reparei agora é que Melkor foi solto e ficou em Valinor por um bom tempo entre os Valar e os quendi livre e assim acabou causando o Juramento de Feänor levando uma das três casas ("1/3") a serem exiladas de Aman. Em contrapartida, Satanás mesmo após ter se rebelado não foi imediatamente expulso do céu, mas pode-se ver no começo do livro de Jó que quando os "filhos de Deus" (anjos) foram convocados a uma reunião, satanás também apareceu lá, o que mostra que ele ainda podia perambular não só na terra, mas também no Céu, e assim ele acabou corrompendo 1/3 dos anjos, "transformando-os" em demônio, e depois toda essa galera foi exilada do Céu. Da pra se colocar também isso na comparação Melkor="Lúcifer" / Quendi=Anjos / Demônios=Noldor


Acho que falei tudo, a maior parte dos comentários só vi um pouco na primeira e terceira pagina do tópico...
 
4. Eu acho que Tolkien como alguem aí em cima disse, fez uma misturada legal, não só com mitos cristãos, mas também com mitos gregos ou nórdicos. Pq há pouca descrição da corte celestial e hierarquia na bíblia, coisa mais presente na outras mitologias, em que se atribuia um deus ou poder a cada faceta da natureza. ficando assim Mandos=Hades ou Hel, Manwë = Zeus ou Odin, Yavanna = Gaia, Ulmo = Poseidon e assim vai. Além de misturar mitos celtas, nórdicos, bretãos.

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Sim, Tolkien inspirou-se em divindades pagãs para criar os valar e os maiar e os identificou como ''espíritos angélicos'' (ou algo assim). E foi justamente isto o que mais escandalizou a pessoa que melhor conhecia Tolkien, dentre os católicos ortodoxos, com quem conversei (a prima de alguns deles, a minha mulher, diria ''escorpinianamente manipulou'' :devil:), para tal pessoa é inconcebível que anjos, da tradição judaico-cristã, exerçam funções análogas a de deuses pagãos. Isto por si só, na opinião dela, é motivo suficiente para classificar Tolkien como um sincrético.

De minha parte, não vejo mal algum no sincretismo religioso, até porque nem religião tenho (sou um agnóstico). Porém penso que a ênfase que o Professor dava a classificar a sua obra como algo genuinamente cristão e católico tem muito a ver com repelir a pecha de sincrética ou, pior ainda, de neo pagã que é, a despeito dos seus muitos esforços, tão atribuída a ela. E acho também que por esta razão ele não quis publicar "O Silmarillion" enquanto viveu.

Digo isto sem base biográfica alguma (ainda não li uma biografia de Tolkien), é uma mera impressão.

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Última edição:
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Sim, Tolkien inspirou-se em divindades pagãs para criar os valar e os maiar e os identificou como ''espíritos angélicos'' (ou algo assim). E foi justamente isto o que mais escandalizou a pessoa que melhor conhecia Tolkien, dentre os católicos ortodoxos, com quem conversei (a prima de alguns deles, a minha mulher, diria ''escorpinianamente manipulou'' :devil:), para tal pessoa é inconcebível que anjos, da tradição judaico-cristã, exerçam funções análogas a de deuses pagãos. Isto por si só, na opinião dela, é motivo suficiente para classificar Tolkien como um sincrético.

De minha parte, não vejo mal algum no sincretismo religioso, até porque nem religião tenho (sou um agnóstico). Porém penso que a ênfase que o Professor dava a classificar a sua obra como algo genuinamente cristão e católico tem muito a ver com repelir a pecha de sincrética ou, pior ainda, de neo pagã que é, a despeito dos seus muitos esforços, tão atribuída a ela. E acho também que por esta razão ele não quis publicar "O Silmarillion" enquanto viveu.

Digo isto sem base biográfica alguma (ainda não li uma biografia de Tolkien), é uma mera impressão.

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Acho que a atribuição desses aspectos devem-se a noção do conceito de arquétipo que permeiam as mitologias da humanidade.

The concept of an archetype /ˈɑːrkɪtaɪp/ is found in areas relating to behavior, modern psychological theory, and literary analysis. An archetype can be:

  1. a statement, pattern of behavior, or prototype which other statements, patterns of behavior, and objects copy or emulate;
  2. a Platonic philosophical idea referring to pure forms which embody the fundamental characteristics of a thing;
  3. a collectively-inherited unconscious idea, pattern of thought, image, etc., that is universally present in individual psyches, as in Jungian psychology;
  4. or a constantly recurring symbol or motif in literature, painting, or mythology (this usage of the term draws from both comparative anthropology and Jungian archetypal theory).
In various seemingly unrelated cases in classic storytelling, media etc. characters or ideas sharing similar traits can be found. In the first sense, many more informal terms are frequently used instead, such as "standard example" or "basic example", and the longer form "archetypal example" is also found. In mathematics, an archetype is often called a "canonical example".

Tenho eu a impressão que existe um conto nos HOME que trata da viagem de um marinheiro Anglo-saxão (no século IX - na época do Rei Alfredo, o Grande) descendente de Eärendil que acabou entrando na rota plana em direção à Eressea e teve contato com as histórias e cronistas élficos. Esse marinheiro (Alfiëwne - não me engano) seria um cristão que se converteu, mas que não esqueceu de algumas bases mitológicas da seus ancestrais, então ele trouxe tais relatos élficos para o mundo dos homens. E os homens tiveram suas interpretações.

Peguemos o Ainulindalë: Do ponto de vista cristão o evento será o grande prenúncio da criação do Universo e tudo o mais, haja vista a musicologia ser referenciada no âmbito judaico cristão, quando cita-se:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. João 1:1-5

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Havia Eru, o Único, que em Arda é chamado de Ilúvatar. Ele criou primeiro os Ainur, os Sagrados,gerados por seu pensamento, e eles lhe faziam companhia antes que tudo o mais fosse criado. (...) e as moradas de Ilúvatar encheram-se até transbordar; e a música e o eco da música saíram para o Vazio, e este não estava mais vazio. (...) Muitas vezes, Melkor penetrara sozinho nos espaços vazios em busca da Chama Imperecível, pois ardia nele o desejo de dar Existência a coisas por si mesmo; e a seus olhos Ilúvatar não dava atenção ao Vazio, ao passo que Melkor seimpacientava com o vazio.

A ênfase na luz que brilha na escuridão aqui parece ter sido representado na cosmogonia de Tolkien pela "Chama Imperecível", a luz da vida no universo que é a luz da humanidade, que preenche a escuridão, ou "vazio", e que a escuridão cobre mas não pode controlar ou mesmo compreender plenamente. O que em Tolkien se interliga a Melkor, que odiava e asseava a luz e se voltou as trevas e ao vazio.

Seria essa chama o Espírito Santo? Seria essa Chama um aspecto metafórico do poder de Deus na capacidade se gerar a criação? Vai depender do sistema mitológico em que a pessoa esteja inserido: "Sou o que sou, não o que dizem que sou"

Já um Budista, Hinduísta que lesse tal relato atribuiria a "Chama Imperecível" ao conceito janista do OM - https://en.wikipedia.org/wiki/Om

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Om. Earth, atmosphere, heaven. Let us think on that desirable splendour of Savitr, the Inspirer. May he stimulate us to insightful thoughts.

The word which all the Vedas proclaim, That which is expressed in every Tapas (penance, austerity, meditation),
That for which they live the life of a Brahmacharin, Understand that word in its essence: Om! that is the word.
Yes, this syllable is Brahman, This syllable is the highest. He who knows that syllable, Whatever he desires, is his.
Para um cabalista, o relato do Ainulindalë seria uma referências as 4 etapas da criação descritas na cabala, ou seja:

1 - Chama Imperecível vs Luz de Deus no Vazio Primordial

Havia Eru, o Único, que em Arda é chamado de Ilúvatar. Ele criou primeiro os Ainur, os Sagrados, gerados por seu pensamento, e eles lhe faziam companhia antes que tudo o mais fosse criado.

vs

Antes de dar qualquer forma ao mundo, antes que Ele produzir qualquer forma, ele estava sozinho, sem forma e sem semelhança com qualquer outra coisa. Quem, então, podemos compreender como ele estava antes da Criação? Por isso, é proibido de emprestar-lhe qualquer forma ou semelhança, ou mesmo para chamá-lo pelo nome sagrado, ou para indicar a Ele por uma única letra ou um único ponto ... Mas depois que Ele criou a forma do Homem Celeste, Usou -lo como uma carruagem na qual a descer, e Ele quer ser chamado depois de Sua forma, que é o nome sagrado "YHWH"

Não fica exatamente explícito, mas O Silmarillion pontifica 2 (dois) conceitos antagônicos, mas complementares em sua cosmogonia, uma vez que Eru é tido como força criativa essencial para a formação e mantença do Mundo (EÄ), os Ainur se tornam "ferramentas" na origem divina a todo o Mundo Físico/universo criado. Mais do que um Panteismo, isso lembra (e muito) o termo Cabalístico denominado Ein Sof: http://en.wikipedia.org/wiki/Ein_Sof

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Mais uma vez, vai depender de quem leia ou qual sistema filosófico/teológico o indivíduo se encontra. Lembrando que toda a obra de Tolkien - se formos introduzir numa cronologia bíblica - ocorreria na criação do Gênesis até o dilúvio bíblico, ou seja, num mundo antidiluviano onde não existiria sistema religioso, dogmas, crenças ou qualquer aspecto teológico organizado. Enfim:

Ein Sof é um conceito Neo-Platônico que atribui uma origem divina a toda a existência criada, em contraste com o Ein (ou Ayn), que é o infinito não coisificado. O "EIN SOF" do silmarillion corresponderia a força criativa de Iluvatar com a Chama Imperecível. Em contra partida, o Ein Ayn da Obra seria o infinito não gerado, representado pelo Vazio não definido, desprovido de existência própria. Neste caso, podemos inferir como o Vazio que Melkor vagou fora das Mansões de Iluvatar; os espaços desprovidos de Estrelas em que Eärendil navegou em Vingilot e o mais enigmático é a saída dos Maiar Corrompidos para regiões fora de Eä/universo:

Muitas vezes, Melkor penetrara sozinho nos espaços vazios em busca da Chama Imperecível, pois ardia neleo desejo de dar Existência a coisas por si mesmo; e a seus olhos Ilúvatar não dava atenção ao Vazio, ao passo que Melkor se impacientava com o vazio. E, no entanto ele não encontrou o Fogo, pois este está com Ilúvatar.

e


Muito viajou ele (Earëndil) naquela embarcação, penetrando mesmo nos vazios desprovidos de estrelas.

ademais:

E muito ao longe, nas trevas, ele se enchia de ódio, sentindo inveja do trabalho de seus pares e desejando submetê-los. Assim, Melkor chamou a si os espíritos que desviara para seu serviço, fazendo-os sair das mansões de Eä, e se considerou forte.

2 - Os Quatro Mundos da Cabala e o Ainulindalë:

É possível que o Ainulindalë se enquadre em 4 estágios que explicam a Cosmogonia intentada por Tolkien. O Estágio se dá pela existência Uma de Iluvatar, a geração (por Pensamento) dos Ainur. O 2º Estágios segue-se por meio de uma "Grandiosa Música" que prenuncia um universo a ser manifestado. Tal universo é criado de acordo com a natureza e limitações de cada Ainur, com um começo e uma cadência definido-marcada pelo próprio Ilúvatar. Em 3º lugar, ocorre a Visão do Mundo (EÄ) prenunciado através da Música, ou seja, um mundo não manifestado, um pré-projeto a ser construído. Imperioso citar:

Mas quando os Valar entraram em Eä, a princípio ficaram assustados e desnorteados, pois era
como se nada ainda estivesse feito daquilo que haviam contemplado na Visão
; tudo estava a ponto de começar, ainda sem forma, e a escuridão era total. Pois a Grande Música não havia sido senão a expansão e o florescer do pensamento nas Mansões Eternas, sendo a Visão apenas um prenúncio;

O 4º Estágio se dá pelo substrato divino concedido por Ilúvatar ao possibilitar (por meio da Chama Imperecível) o que até então era uma "Ideia". Gerou-se então Eä (o mundo que é) através da labuta cósmica dos Ainur. No que tange à Cabala, existem quatro mundos/planos espirituais de existência que parecem com o descrito no Silmarillion. São eles: http://en.wikipedia.org/wiki/Four_Worlds

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a) Atziluth: O mundo da emanação, o mais alto grau de existência espiritual, representado no Ainulindalë não pelas Mansões de Iluvatar, já que estas são posteriores a umoutro plano de existência exclusivo/próprio de ERU, ou seja, os Mansões são as moradas dos Ainur, enquanto havia (ou não havia) um plano espiritual de não existência. Interessante notar que na interpretação Cabalística do Atziluth há uma mudança de Paradigma de Deus, em sendo uma Entidade Suprema "solitária"/UNA que se "decidiu" pela criação/inspiração do Existir (Biblicamente falando seria o "Logos" - "Verbo"). Vale o entendimento do Silmarillion:

Havia Eru, o Único, que em Arda é chamado de Ilúvatar.

b) Beri'ah: Beri'ah é o primeiro dos quatro mundos a ser criado ex nihilo, ou seja, criado a partir do Nada Primordial. Seu correspondente seria justamente as Mansões de Iluvatar e a presença dos Ainur como seres conscientes, tendo noções de suas próprias existências.

Ilúvatar, porém, ergueu-se em esplendor e afastou-se das belas regiões que havia criado para os Ainur; e os Ainur o seguiram.

Um aspecto interessante é o fato de o Beri’ah descrever a existência de seres que habitam no Atziluth, ou seja, "Criaturas Extraplanares" que antecedem a criação/formação dos próprios anjos; sendo, ademais, oprimidos pela Luz Divina Irradiada e destituídos de existência própria. Isso me fez lembrar muito dos Seres Sem Nome de Moria "Mais Velhos que Sauron", Ungoliant e principalmente dos Deuses de Nan Dungortheb "mais velhos que Morgoth e os Senhores do Oeste", descritos nos HOMES. Odeiam a Luz e asseiam por ela (coincidência?):

Beriah é o primeiro dos quatro mundos a ser criado ex nihilo, desde Atsilut foi emanada em vez criado. Assim, embora existam seres que habitam em Atzilut, esses seres estão sobrecarregados pela Luz Divina e não têm conhecimento de sua própria existência; em Beria no entanto, os anjos são vagamente consciente de sua própria existência como distinto de Deus.

c) Yetzirah: Seria justamente o "Mundo prenunciado/a ser formado". Retrata, à grosso modo, o processo que vai dá origem ao Mundo de Assiah, sendo este último o Mundo da Matéria. No Silmarillion, o Yetzirah seria a grande Canção dos Ainur, o prenúncio de EÄ pela Visão concedida por Iluvatar e principalmente a descrição dos reinos "Elementais" do Mundo Material. Fogo (Melkor); Água (Ulmo); Terra (Aulë) e Ar (Manwë): http://www.alchemylab.com/sepher_yetzirah1.htm

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E observaram os ventos e o ar, e as matérias das quais Arda era feita:de ferro, pedra, prata, ouro e muitas substâncias. Mas de todas era a água a que mais enalteciam. E dizem os eldar que na água ainda vive o eco da Música dos Ainur mais do que em qualquer outra substância existente na Terra; e muitos dos Filhos de Ilúvatar escutam, ainda insaciados, as vozes do Oceano, sem contudo saber por que o fazem.

Ora, foi para a água que aquele Ainu que os elfos chamam de Ulmo voltou seu pensamento, e de todos foi ele quem recebeu de Ilúvatar noções mais profundas de música. Já sobre os ares e os ventos, mais havia refletido Manwë, o mais nobre dos Ainur. Sobre a textura da Terra havia pensado Aulë,

d) Assiah: O último dos Planos de Existência na Cabala. É o mundo puramente material. Sendo a região governada pelos Ofanim. Tendo estes a tarefa de promover a audição das orações, apoiar o esforço humano, e combater o mal. Seria análogo, portanto, ao dito "Poder delegado" de Iluvatar aos Ainur.

(...) mas outros, e entre eles muitos dos mais fortes e belos, despediram-se de Ilúvatar e desceram para nele entrar. No entanto, essa condição llúvatar impôs, ou talvez fosse conseqüência necessária de seu amor, que o poder deles a partir daí fosse contido no Mundo e a ele restrito, e nele permaneceria para sempre, até que ele se completasse, para que eles fossem a vida do mundo; e o mundo, a deles. E por esse motivo foram chamados de Valar, os Poderes do Mundo.
** Posts duplicados combinados **
Sobre os Valar e Maiar serem inspirados em entidades pagãs - temos que lembrar que o mundo de Tolkien retrata a origem de vários aspectos da humanidade, dentre eles as mitologias e as religiões. Desta forma o próprio Silma dita que os Ainur foram confundido com os deuses pelos homens não esclarecidos, mas em essências eles são anjos sim:

Tomando-se os conceitos pontuados no tópico, à exemplo da (aparente) diferenciação que fazem entre os Ainur e os anjos da mitologia Judaico-cristã, é imperioso notar que o professor faz com que os "Sagrados" tenham servido de base ou arquétipos das muitas mitologias pagãs de outrora, desde a configuração de seus panteões até os dramas cósmicos que envolvem tais divindades, vide o paralelismo que envolve as descrições do Silmarillion: http://en.wikipedia.org/wiki/Æsir–Vanir_War e http://pt.wikipedia.org/wiki/Titanomaquia

Os Grandes, entre esses espíritos, os elfos denominam Valar, os Poderes de Arda; e os homens com freqüência os chamaram deuses. Os Senhores dos Valar são sete; e as Valier, as Rainhas dos Valar, são também em número de sete. Estes eram seus nomes no idioma élfico falado em Valinor, embora eles tenham outros nomes na fala dos elfos da Terra-média, e entre os homens seus nomes sejam numerosos.
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Na visão dos gregos - a batalha por Arda seria o equivalente a uma titanomaquia/gigatomaquia:

"Parecia, ouvindo e vendo tão grande bulha e luz, que a terra e o céu se confundiam, pois era enorme o tumulto da terra esmagada e do céu a se precipitar sobre ela, tal o barulho da luta dos deuses. Ao mesmo tempo, os ventos, sacudindo-se, erguiam o pó, o trovão, o relâmpago, e o raio ardente, armas do grande Zeus, e levavam o brado e os clamores ao seio dos combatentes; e no incessante fragor da espantosa luta, todos mostravam a força dos seus braços."
Ademais:

Então, os Valar cruzaram a Terra-média, e montaram guarda para vigiar Cuiviénen; e daí em diante os quendi nada souberam da grande Batalha dos Poderes senão que a Terra tremia e gemia sob seus pés, e as águas mudavam de lugar; e ao norte havia clarões como os de enormes fogueiras.

Não obstante esse elemento análogo entre os poderes e as divindades do mundo antigo (e moderno), os Ainur se pautam em alguns conceitos doutrinários referentes aos anjos hebraicos/cristãos, haja vista alguns estudos que pontuam e analisam os pormenores da "natureza" dessas entidades atuantes nos contos bíblicos; vide, por exemplo, os escritos de São Tomás de Aquino,
que descrevem o caráter/essência puramente espiritual dessas "criaturas" e, uma vez que estas não precisam ter uma forma física agregada, vê-se que não estão sujeitas (como os homens) às limitações espaço-temporais, razão pela qual suas "locomoções" estão em qualquer velocidade, até mesmo do pensamento. O interessante é que Tolkien trata dessas (antiga) capacidade: http://www.newadvent.org/cathen/14698b.htm

- Sobre as formas físicas dos Ainur em comparação com os anjos:

Além do mais, sua forma deriva de seu conhecimento do Mundo visível, em vez de derivar do Mundo em si; e eles não precisam dela, a não ser apenas como as vestes que usamos, e, no entanto podemos estar nus sem sofrer nenhuma perda de nosso ser. Portanto, os Valar podem caminhar, se quiserem, despidos; e nesse caso nem mesmo os eldar conseguem percebê-los com clareza, mesmo que estejam presentes.

The angels and human souls are without matter, but every material composite being (compositum) has two parts, prime matter and substantial form. In a composite being which has substantial unity and is not merely an aggregate of distinct units, there can be but one substantial form..Many angels cannot be said to be in the same place at the same time, for this would mean that whilst one angel is producing an effect others could be producing the same effect at the same time. There can be but one angel in the same place at the same time (Q. lii, a. 3). The knowledge of the angels comes through ideas (species) infused by God (QQ. lv, a.2, lvii, a.2, lviii, a.7). They do not naturally know future contingents, the secrets of souls, or the mysteries of grace (Q. lvii, aa. 3, 45).(Q. lxiv, a. 2)

-Sobre a locomoção dos sagrados e os Anjos:

Mas para os próprios Valar e também para os Maiar em certo grau: eles poderiam viver em qualquer velocidade de pensamento ou movimento que eles escolhessem ou desejassem[3] Eles podiam se mover para frente ou para trás em pensamento, e retornar tão rapidamente que para aqueles que estavam em suas presenças eles não pareceriam ter se movido. Tudo que era passado podia ser totalmente percebido; mas existindo agora no Tempo, o futuro eles apenas poderiam perceber ou explorar tanto quanto fora feito claro a eles na Música, ou, tanto quanto cada um deles estava especialmente interessado nesta ou naquela parte dos desígnios de Eru, sendo Seu agente ou Subcriador.

The angels, being pure spirits, are not, properly speaking, in any place; they are said to be in the place, or in the places, where they exercise their activity (Summa, I, Q. lii, a. 1). Strictly speaking, there is no such thing as an angel passing from place to place; but if an angel wishes to exercise its activity first in Japan and afterwards in America, it can do so in two instants (of angelic time), and need not pass through the intervening space (Q. liii). St. Thomas does not discuss the question "How many angels can dance on the point of a needle?" He reminds us that we must not think of angels as if they were corporeal, and that, for an angel, it makes no difference whether the sphere of his activity be the point of a needle or a continent (Q. lii, a. 2).

Para um sumério, os Ainur já se converteriam nos Anunnaki da mitologia suméria, que por sua vez foi baseado no anu termo sumério para "deus", "céu" e / ou "estrela", indicando que o Anunnaki eram seres essencialmente celestes. Anu era também o nome de Deus, o Altíssimo dos primeiros sumérios (mais tarde substituído por Enlil), a palavra anu sendo representado pelo símbolo para "estrela" no sistema de escrita hieroglífica sumeriana. Também como os "anjos" da cosmologia sumeriana, que foram divididos em duas classes - o Igigi (lit., "os Watchers"), que eram maiores em força e os Annunaki (lit., "anjos que desceram à terra" ), que eram menores no poder - os Ainur do universo de Tolkien também foram divididos em duas classes básicas: 1) a Valar, dos quais haviam quinze, que eram maiores espíritos semelhantes no poder e autoridade para os arcanjos, querubins e Ophanim da Bíblia; e 2) a Maiar, um numeroso conjunto de espíritos menores "angelicais".

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Anexos

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  • Anunnaki_Tree_of_Life.jpg
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Acho que a atribuição desses aspectos devem-se a noção do conceito de arquétipo que permeiam as mitologias da humanidade.



Tenho eu a impressão que existe um conto nos HOME que trata da viagem de um marinheiro Anglo-saxão (no século IX - na época do Rei Alfredo, o Grande) descendente de Eärendil que acabou entrando na rota plana em direção à Eressea e teve contato com as histórias e cronistas élficos. Esse marinheiro (Alfiëwne - não me engano) seria um cristão que se converteu, mas que não esqueceu de algumas bases mitológicas da seus ancestrais, então ele trouxe tais relatos élficos para o mundo dos homens. E os homens tiveram suas interpretações.

Peguemos o Ainulindalë: Do ponto de vista cristão o evento será o grande prenúncio da criação do Universo e tudo o mais, haja vista a musicologia ser referenciada no âmbito judaico cristão, quando cita-se:



Ver anexo 69138



A ênfase na luz que brilha na escuridão aqui parece ter sido representado na cosmogonia de Tolkien pela "Chama Imperecível", a luz da vida no universo que é a luz da humanidade, que preenche a escuridão, ou "vazio", e que a escuridão cobre mas não pode controlar ou mesmo compreender plenamente. O que em Tolkien se interliga a Melkor, que odiava e asseava a luz e se voltou as trevas e ao vazio.

Seria essa chama o Espírito Santo? Seria essa Chama um aspecto metafórico do poder de Deus na capacidade se gerar a criação? Vai depender do sistema mitológico em que a pessoa esteja inserido: "Sou o que sou, não o que dizem que sou"

Já um Budista, Hinduísta que lesse tal relato atribuiria a "Chama Imperecível" ao conceito janista do OM - https://en.wikipedia.org/wiki/Om

Ver anexo 69139


Para um cabalista, o relato do Ainulindalë seria uma referências as 4 etapas da criação descritas na cabala, ou seja:

1 - Chama Imperecível vs Luz de Deus no Vazio Primordial



vs



Não fica exatamente explícito, mas O Silmarillion pontifica 2 (dois) conceitos antagônicos, mas complementares em sua cosmogonia, uma vez que Eru é tido como força criativa essencial para a formação e mantença do Mundo (EÄ), os Ainur se tornam "ferramentas" na origem divina a todo o Mundo Físico/universo criado. Mais do que um Panteismo, isso lembra (e muito) o termo Cabalístico denominado Ein Sof: http://en.wikipedia.org/wiki/Ein_Sof

Ver anexo 69140

Mais uma vez, vai depender de quem leia ou qual sistema filosófico/teológico o indivíduo se encontra. Lembrando que toda a obra de Tolkien - se formos introduzir numa cronologia bíblica - ocorreria na criação do Gênesis até o dilúvio bíblico, ou seja, num mundo antidiluviano onde não existiria sistema religioso, dogmas, crenças ou qualquer aspecto teológico organizado. Enfim:

Ein Sof é um conceito Neo-Platônico que atribui uma origem divina a toda a existência criada, em contraste com o Ein (ou Ayn), que é o infinito não coisificado. O "EIN SOF" do silmarillion corresponderia a força criativa de Iluvatar com a Chama Imperecível. Em contra partida, o Ein Ayn da Obra seria o infinito não gerado, representado pelo Vazio não definido, desprovido de existência própria. Neste caso, podemos inferir como o Vazio que Melkor vagou fora das Mansões de Iluvatar; os espaços desprovidos de Estrelas em que Eärendil navegou em Vingilot e o mais enigmático é a saída dos Maiar Corrompidos para regiões fora de Eä/universo:



e




ademais:



2 - Os Quatro Mundos da Cabala e o Ainulindalë:

É possível que o Ainulindalë se enquadre em 4 estágios que explicam a Cosmogonia intentada por Tolkien. O Estágio se dá pela existência Uma de Iluvatar, a geração (por Pensamento) dos Ainur. O 2º Estágios segue-se por meio de uma "Grandiosa Música" que prenuncia um universo a ser manifestado. Tal universo é criado de acordo com a natureza e limitações de cada Ainur, com um começo e uma cadência definido-marcada pelo próprio Ilúvatar. Em 3º lugar, ocorre a Visão do Mundo (EÄ) prenunciado através da Música, ou seja, um mundo não manifestado, um pré-projeto a ser construído. Imperioso citar:



O 4º Estágio se dá pelo substrato divino concedido por Ilúvatar ao possibilitar (por meio da Chama Imperecível) o que até então era uma "Ideia". Gerou-se então Eä (o mundo que é) através da labuta cósmica dos Ainur. No que tange à Cabala, existem quatro mundos/planos espirituais de existência que parecem com o descrito no Silmarillion. São eles: http://en.wikipedia.org/wiki/Four_Worlds

Ver anexo 69141
a) Atziluth: O mundo da emanação, o mais alto grau de existência espiritual, representado no Ainulindalë não pelas Mansões de Iluvatar, já que estas são posteriores a umoutro plano de existência exclusivo/próprio de ERU, ou seja, os Mansões são as moradas dos Ainur, enquanto havia (ou não havia) um plano espiritual de não existência. Interessante notar que na interpretação Cabalística do Atziluth há uma mudança de Paradigma de Deus, em sendo uma Entidade Suprema "solitária"/UNA que se "decidiu" pela criação/inspiração do Existir (Biblicamente falando seria o "Logos" - "Verbo"). Vale o entendimento do Silmarillion:



b) Beri'ah: Beri'ah é o primeiro dos quatro mundos a ser criado ex nihilo, ou seja, criado a partir do Nada Primordial. Seu correspondente seria justamente as Mansões de Iluvatar e a presença dos Ainur como seres conscientes, tendo noções de suas próprias existências.



Um aspecto interessante é o fato de o Beri’ah descrever a existência de seres que habitam no Atziluth, ou seja, "Criaturas Extraplanares" que antecedem a criação/formação dos próprios anjos; sendo, ademais, oprimidos pela Luz Divina Irradiada e destituídos de existência própria. Isso me fez lembrar muito dos Seres Sem Nome de Moria "Mais Velhos que Sauron", Ungoliant e principalmente dos Deuses de Nan Dungortheb "mais velhos que Morgoth e os Senhores do Oeste", descritos nos HOMES. Odeiam a Luz e asseiam por ela (coincidência?):



c) Yetzirah: Seria justamente o "Mundo prenunciado/a ser formado". Retrata, à grosso modo, o processo que vai dá origem ao Mundo de Assiah, sendo este último o Mundo da Matéria. No Silmarillion, o Yetzirah seria a grande Canção dos Ainur, o prenúncio de EÄ pela Visão concedida por Iluvatar e principalmente a descrição dos reinos "Elementais" do Mundo Material. Fogo (Melkor); Água (Ulmo); Terra (Aulë) e Ar (Manwë): http://www.alchemylab.com/sepher_yetzirah1.htm

Ver anexo 69142





d) Assiah: O último dos Planos de Existência na Cabala. É o mundo puramente material. Sendo a região governada pelos Ofanim. Tendo estes a tarefa de promover a audição das orações, apoiar o esforço humano, e combater o mal. Seria análogo, portanto, ao dito "Poder delegado" de Iluvatar aos Ainur.


** Posts duplicados combinados **
Sobre os Valar e Maiar serem inspirados em entidades pagãs - temos que lembrar que o mundo de Tolkien retrata a origem de vários aspectos da humanidade, dentre eles as mitologias e as religiões. Desta forma o próprio Silma dita que os Ainur foram confundido com os deuses pelos homens não esclarecidos, mas em essências eles são anjos sim:

Tomando-se os conceitos pontuados no tópico, à exemplo da (aparente) diferenciação que fazem entre os Ainur e os anjos da mitologia Judaico-cristã, é imperioso notar que o professor faz com que os "Sagrados" tenham servido de base ou arquétipos das muitas mitologias pagãs de outrora, desde a configuração de seus panteões até os dramas cósmicos que envolvem tais divindades, vide o paralelismo que envolve as descrições do Silmarillion: http://en.wikipedia.org/wiki/Æsir–Vanir_War e http://pt.wikipedia.org/wiki/Titanomaquia


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Na visão dos gregos - a batalha por Arda seria o equivalente a uma titanomaquia/gigatomaquia:





Não obstante esse elemento análogo entre os poderes e as divindades do mundo antigo (e moderno), os Ainur se pautam em alguns conceitos doutrinários referentes aos anjos hebraicos/cristãos, haja vista alguns estudos que pontuam e analisam os pormenores da "natureza" dessas entidades atuantes nos contos bíblicos; vide, por exemplo, os escritos de São Tomás de Aquino,
que descrevem o caráter/essência puramente espiritual dessas "criaturas" e, uma vez que estas não precisam ter uma forma física agregada, vê-se que não estão sujeitas (como os homens) às limitações espaço-temporais, razão pela qual suas "locomoções" estão em qualquer velocidade, até mesmo do pensamento. O interessante é que Tolkien trata dessas (antiga) capacidade: http://www.newadvent.org/cathen/14698b.htm

- Sobre as formas físicas dos Ainur em comparação com os anjos:





-Sobre a locomoção dos sagrados e os Anjos:





Para um sumério, os Ainur já se converteriam nos Anunnaki da mitologia suméria, que por sua vez foi baseado no anu termo sumério para "deus", "céu" e / ou "estrela", indicando que o Anunnaki eram seres essencialmente celestes. Anu era também o nome de Deus, o Altíssimo dos primeiros sumérios (mais tarde substituído por Enlil), a palavra anu sendo representado pelo símbolo para "estrela" no sistema de escrita hieroglífica sumeriana. Também como os "anjos" da cosmologia sumeriana, que foram divididos em duas classes - o Igigi (lit., "os Watchers"), que eram maiores em força e os Annunaki (lit., "anjos que desceram à terra" ), que eram menores no poder - os Ainur do universo de Tolkien também foram divididos em duas classes básicas: 1) a Valar, dos quais haviam quinze, que eram maiores espíritos semelhantes no poder e autoridade para os arcanjos, querubins e Ophanim da Bíblia; e 2) a Maiar, um numeroso conjunto de espíritos menores "angelicais".

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Isso mostra como a interpretação dos escritos do Silmarillion são totalmente relativos e variam de acordo com a crença do leitor. Logo vemos que não há de fato uma alegoria e sim aplicabilidade.
 
Eu tava lendo sobre isso dos Igigi e dos Anunnaki pro meu livro, caiu como uma luva, uma vez que o casal principal do livro foi baseado em Sauron e Melkor (embora com nomes diferentes de deuses).

Rsssssss!
 
Lembro das aulas sobre história da religião no colégio interno, certa vez lembro do professor (que era padre) falar sobre a figura de Satanás e Lúcifer, pois os mesmos na origem dos ritos dos hebreus mais antigos eram duas entidades diferentes, tendo Satanás posição superior a Lúcifer, porém com o passar dos séculos estas duas figuras foram fundidas em uma só.
 

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