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Dragões, Trolls, Bestas Aladas... como surgiram em Arda?

Dragões eram lagartos deformados pelo poder subcriativo de Morgoth, que inseriu muito de seu próprio poder nessas criaturas, e elas podiam se "alimentar" do Elemento Morgoth (por isso passavam séculos em cima de seus tesouros sem sair pra se alimentarem, a energia contida no ouro os "alimentava", mas enfim, isso é outra história). Provavelmente Morgoth inseriu espíritos deturpados nos dragões, assim como fez com os lobisomens, se não me engano, que eram grandes lobos possuídos por espíritos.

Há duas hipóteses para o surgimento dos trolls:
a) eram criaturas existentes na natureza que Morgoth posteriormente deturpou.
b) eram ents que foram deturpados por Morgoth.

Prefiro a primeira hipótese, mas enfim.

As criaturas aladas dos nazgûl devem ter uma origem parecida com a dos dragões.
Talvez os "protótipos" para os dragões alados, quem sabe?

Veda, isso ai sobre o ouro está escrito onde, no HoME?

Bom, eu gosto de ir pela versão do Barbarvore de que eram ents "corrompidos" ( não me importo como foi realizado o processo ), já que não há uma outra criatura na Terra Média que pudesse desempenhar esse papel.

Bom, as montarias dos Nazgûl não poderiam ser protótipos de dragões alados porque um "certo Ancalagon" já tinha feito uma estrago dos ares no final da Primeira Era. :mrgreen: ( além é claro de Smaug e afins ) Portanto não creio que o protótipo teria vindo depois.
Claro, existe a possibilidade de que seja devido ao poder de Sauron que era em escala bem inferior, mas...
 
Veda, isso ai sobre o ouro está escrito onde, no HoME?

Bom, as montarias dos Nazgûl não poderiam ser protótipos de dragões alados porque um "certo Ancalagon" já tinha feito uma estrago dos ares no final da Primeira Era. :mrgreen: ( além é claro de Smaug e afins ) Portanto não creio que o protótipo teria vindo depois.
Claro, existe a possibilidade de que seja devido ao poder de Sauron que era em escala bem inferior, mas...

Tenho que achar onde tá escrito esse negócio do ouro, se achar posto aqui.

O negócio das montarias eu falei justamente durante a Primeira Era, já que Gandalf, eu acho, diz que elas eram criaturas esquecidas de uma outra era, logo, poderiam ser os protótipos "malacabados" dos dragões alados.
 
Fala no Sda que os Trolls eram imitações dos Ents e não ENTS. Quando Barbárvore falava de os Ents ficarem mals, ele também dizia que eles iam ficando sem movimentos até virarem àrvores com ódio e não Trolls. E no Sda fala que os Trolls eram criaturas selvagens como animais, e que foram usados na guerra como armas poderosas.

Acho muito improvavel os Trolls serem Ents corrompidos. Mas enfim, cada um com sua opnião.

Tenho uma dúvida: se Melkor conseguio fazer com que os espiritos do mal entrassem nos corpos dos Dragões como os Valar não conseguiam se transformar ou botar espiritos em Dragões do bem?
 
Fala no Sda que os Trolls eram imitações dos Ents e não ENTS. Quando Barbárvore falava de os Ents ficarem mals, ele também dizia que eles iam ficando sem movimentos até virarem àrvores com ódio e não Trolls. E no Sda fala que os Trolls eram criaturas selvagens como animais, e que foram usados na guerra como armas poderosas.

Acho muito improvavel os Trolls serem Ents corrompidos. Mas enfim, cada um com sua opnião.

Tenho uma dúvida: se Melkor conseguio fazer com que os espiritos do mal entrassem nos corpos dos Dragões como os Valar não conseguiam se transformar ou botar espiritos em Dragões do bem?

Também acho improvávelque os Troll fossem Ents corrompidos.Pelo que entendi os Ents "maus" se tornavam Huorns.
E quanto aos Valar criarem Dragões do bem... Acho que ficou claro que eles não precisavam desses artifícios.Além do mais isso seria corromper (ou pelo menos alterar drasticamente) a ciração de Ilúvatar;o que não era do feitio dos Valar e sim de Melkor.
 
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Ilúvatar disse para Aulë, sobre a criação dos anões:

– Por que fizeste isso? Por que tentaste algo que sabes estar fora de teu poder e de tua autoridade? Pois tens de mim como dom apenas tua própria existência e nada mais. E, portanto, as criaturas de tua mão e de tua mente poderão viver apenas através dessa existência, movendo-se quando tu pensares em movê-las e ficando ociosas se teu pensamento estiver voltado para outra coisa. É esse teu desejo?

Isso quer dizer que os dragões existiam apenas através da vontade/pensamento de Morgoth?

Os dragões a meu ver eram criaturas originalmente sem fëar que Melkor corrompeu. Depois espíritos habitaram os corpos deformados.

Especulação ou tem algo que sustente isso?
 
Creio que a questão sobre os dragões e sua "classificação" existencial, estes seguiriam um conceito de "Simulacro", ou seja, a despeito de sua poderosa constituição física, os monstros provavelmente eram fruto de alguma técnica de corrupção somada ao conceito de "entidade multifacetada" ou uma extensão do espírito de Melkor guardado num "pote" armazenador que seriam os corpo das criaturas, mas sendo que tal essência agiria num molde semi-independente, conforme dito em posts anteriores, podendo perpetuar a espécie "artificialmente" no mesmo sentido que os Orcs (óbvio que partindo da interpretação pessoal de que estes não possuíam uma alma, mas utilizavam-se das propriedades biológicas originais e hereditárias para multiplicar a espécie).

Apesar da "autonomia", o Dragão seguiria a vontade-mor de seu mestre, algo bem parecido (mas devendo guardar as devidas proporções) com "certas maquinações" exercidas pelo Um anel, que continha a essência de Sauron e agiu (para mim) em certos momentos, ou seja, o Dragão seria um "quase-um anel" de Morgoth (portanto, não passível de qualquer livre-arbítrio puro, pois tão somente seguiria um substrato já programado pela corrupção e porção Morgothiana em seu corpo), bem parecido com este dínamo armazenador e utilitarista do elemento-morgoth, pois, assim como Sauron no final a 2ª era, é demonstrado, por exemplo que Glaurung tinha que "recarregar" suas energias (lembrar do esgotamento de forças quando da hipnose em Nienor) e quer coisa melhor do que o Ouro?

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Para entendimento dessa hipótese de "simulacro existencial", lembrar que isso ecoa com o ato rebelde não só de Morgoth, mas no próprio Aulë e a elaboração/constituição de seres artificiais:

Dizem que no início os anões foram feitos por Aulë na escuridão da Terra-Média. Pois, tão grande era o desejo de Aulë pela vinda dos Filhos, para ter aprendizes a quem ensinar suas habilidades e seus conhecimentos, que não se dispôs a aguardar a realização dos desígnios de Iluvatar. E Aulë criou os anões, exatamente como ainda são, porque as formas dos Filhos que estavam por vir não estavam nítiddas em sua mente e...

Vide:

E a voz de Iluvatar lhe disse: - Por que fizeste isso? Por que tentaste algo que sabes estar fora de teu poder tua autoridade? Pois tens de mim como dom apenas tua própria existência e nada mais. E, portanto, as criaturas de tua mão e de tua mente poderão viver apenas através dessa existência, movendo-se quando tu pensares em movê-las e ficando ociosas se teu pensamento estiver voltado para outra coisa. É esse teu desejo?

Quando li esta passagem, eu estava acompanhando o mangá e o 1º anime do Full Metal Alchemist. De cara, lembrei o quão parecido era o conceito e as implicações "religiosas/biológicas" que o pré-projeto de Aulë possuía com a definição da figura dos Homunculus: http://en.wikipedia.org/wiki/Homunculus - neste caso, os dilemas de Aulë se pautam na impossibilidade inata em conceder o sopro da vida e seu correspondente livre arbítrio, coisa que só Eru podia, senão os Anões seriam como os autômatos/robôs do Vulcano, meras ferramentas para simularem vida e emularem os estímulos/conhecimento de Aulë:

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Tua oferta aceitei enquanto ela estava sendo feita. Não percebes que essas criaturas têm agora vida própria e falam com suas próprias vozes?

Seu correspondente mitológico:

E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente. G.N - 2.7

Coisa que Morgoth não cogitou, haja vista que seus atos "criadores" nos remete à um conceito antigo, mas por deveras atual e polêmico. Pois os homens estão virando deuses. Bonecos de alma fazendo bonecos "sem alma":

Em maio deste ano, o cientista e empresário Craig Venter anunciou a criação da primeira célula coordenada a partir de um cromossomo sintético já feita pelo homem. O anúncio de Venter, e a publicação do trabalho na prestigiosa revista científica Science, causaram bastante alvoroço na mídia. Os criadores argumentam que, em pouco tempo, células poderão ser programadas para “trabalhar” em atividades específicas, como a produção de biocombustíveis, a retirada de poluentes da atmosfera ou ainda a produção de vacinas. Segundo o press-release do Craig Venter Institute, a nova célula “é a prova de que os genomas podem ser desenhados em computador, feitos quimicamente no laboratório e transplantados para uma célula recipiente para produzir uma nova célula auto-replicante controlada unicamente pelo genoma sintético”.

Dentro da comunidade científica, as opiniões a respeito do experimento se dividiram. Enquanto alguns pesquisadores criticaram o projeto por ser apenas uma montagem de vários pedaços de DNA e não apresentar nenhuma nova informação científica, outros se mostram entusiasmados pelas possíveis implicações para os estudos de genética e para o desenvolvimento das técnicas em biologia molecular. Entretanto, Venter alega que as implicações do seu trabalho são mais de ordem filosófica do que científica: a geração e produção de vida a partir de informações contidas em um computador e sintetizadores contendo elementos químicos colocaria em questionamento a natureza da própria vida.

Cito tal assertiva em razão de uma ideia abandonada por Tolkien sobre a criação dos Orcs nos HOME. Pois em vez da versão que nos é familiar de seres de carne e osso, as criaturas seriam feitas de Pedra/Terra, assim como o Golem da mitologia judaica: http://pt.wikipedia.org/wiki/Golem - não obstante, o Troll em Tolkien poderia seguir essa premissa:

These Orcs Morgoth made in envy and mockery of the Elves, and they were made of stone, but their hearts of hatred. Melkor bred the Orcs (here called Orkor) 'in envy and mockery of the Eldar' from Quendi enslaved in the east of Middle-earth before ever Orome came upon them. It is explicit ($45) that Melkor could make nothing that had life of its own since his rebellion;

Sobre a origem dos Trolls na carta 158:

Não tenho certeza sobre os Trolls. Acredito que sejam meras “imitações” e, portanto (embora aqui, é claro, eu esteja apenas usando elementos de antiga criação mítica bárbara que não possuía uma metafísica “consciente”), voltam a ser meras imagens de pedra quando não estão no escuro. Mas há outras espécies de Trolls além desses extremamente ridículos, ainda que brutais, Trolls-de-pedra, para os quais outras origens são sugeridas. É claro que (visto que inevitavelmente meu mundo é por demais imperfeito mesmo em seu próprio plano, nem foi feito completamente coerente — nosso Mundo Real também não parece ser completamente coerente; e, na verdade, eu mesmo não estou convencido de que, embora em cada mundo em cada plano tudo deva estar, no final das contas, sob a Vontade de Deus, mesmo no nosso não haja algumas imitações subcriacionais “toleradas”!) quando você faz Trolls falarem, está lhes dando um poder que no nosso mundo (provavelmente) significa a posse de uma “alma”.

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The earliest stories of golems date to early Judaism. In the Talmud (Tractate Sanhedrin 38b), Adam was initially created as a golem (גולם) when his dust was "kneaded into a shapeless husk." Like Adam, all golems are created from mud. They were a creation of those who were very holy and close to God. A very holy person was one who strove to approach God, and in that pursuit would gain some of God's wisdom and power. One of these powers was the creation of life. However, no matter how holy a person became, a being created by that person would be but a shadow of one created by God.

Early on, it was noted that the main disability of the golem was its inability to speak. Sanhedrin 65b describes Rava creating a man (gavra). He sent the man to Rav Zeira. Rav Zeira spoke to him, but he did not answer. Rav Zeira said, "You were created by the magicians; return to your dust."

During the Middle Ages, passages from the Sefer Yetzirah (Book of Creation) were studied as a means to attain the mystical ability to create and animate a golem, although there is little in the writings of Jewish mysticism that supports this belief. It was believed that golems could be activated by an ecstatic experience induced by the ritualistic use of various letters of the Hebrew Alphabet.[1]

In some tales, (for example those of the Golem of Chelm and the Golem of Prague) a golem is inscribed with Hebrew words that keep it animated. The word emet (אמת, "truth" in the Hebrew language) written on a golem's forehead is one such example. The golem could then be deactivated by removing the aleph (א) in emet, thus changing the inscription from 'truth' to 'death' (met מת, "dead"). Legend and folklore suggest that golems could be activated by writing a specific series of letters on parchment and placing the paper in a golem's mouth.

Sobre os Fellbeasts, eles seriam os remanescentes de uma era geológica antiga, eles seriam (sim e não) pterodáctilos sobreviventes das hecatombes e extinções em massa promovidas por Melkor (haja teoria da evolução então), ecoando nas catástrofes da terra: http://en.wikipedia.org/wiki/Extinction_event

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Pterodátilo. Sim e não. Não pretendi que a montaria do Rei-Bruxo fosse o que agora é chamado de “pterodátilo” e freqüentemente é desenhado (particularmente com menos evidências obscuras do que se encontra por trás de muitos monstros da nova e fascinante mitologia semicientífica do “Pré-histórico”). Mas obviamente é pterodatílica e deve muito à nova mitologia, e sua descrição fornece até mesmo uma espécie de maneira na qual ela poderia ser uma última sobrevivente de eras geológicas mais antigas5. Carta 211
 
Última edição:
Creio que a questão sobre os dragões e sua "classificação" existencial, estes seguiriam um conceito de "Simulacro", ou seja, a despeito de sua poderosa constituição física, os monstros provavelmente eram fruto de alguma técnica de corrupção somada ao conceito de "entidade multifacetada" ou uma extensão do espírito de Melkor guardado num "pote" armazenador que seriam os corpo das criaturas, mas sendo que tal essência agiria num molde semi-independente, conforme dito em posts anteriores, podendo perpetuar a espécie "artificialmente" no mesmo sentido que os Orcs (óbvio que partindo da interpretação pessoal de que estes não possuíam uma alma, mas utilizavam-se das propriedades biológicas originais e hereditárias para multiplicar a espécie).

Apesar da "autonomia", o Dragão seguiria a vontade-mor de seu mestre, algo bem parecido (mas devendo guardar as devidas proporções) com "certas maquinações" exercidas pelo Um anel, que continha a essência de Sauron e agiu (para mim) em certos momentos, ou seja, o Dragão seria um "quase-um anel" de Morgoth (portanto, não passível de qualquer livre-arbítrio puro, pois tão somente seguiria um substrato já programado pela corrupção e porção Morgothiana em seu corpo), bem parecido com este dínamo armazenador e utilitarista do elemento-morgoth, pois, assim como Sauron no final a 2ª era, é demonstrado, por exemplo que Glaurung tinha que "recarregar" suas energias (lembrar do esgotamento de forças quando da hipnose em Nienor) e quer coisa melhor do que o Ouro?

Gostei dessa sua teoria do simulacro e tudo mais que você citou e que sustenta a sua visão. No entanto, o que me faz questioná-la (não rejeitá-la, apenas me traz algumas dúvidas) é sobre o comportamento de Smaug na Terceira Era. Ora, Melkor já havia sido banido pro vazio a muitos anos e considerando a ideia proposta ele deveria agir como os anões agiriam caso Eru não tivesse interferido no destino da criação de Aulë.

– Por que fizeste isso? Por que tentaste algo que sabes estar fora de teu poder e de tua autoridade? Pois tens de mim como dom apenas tua própria existência e nada mais. E, portanto, as criaturas de tua mão e de tua mente poderão viver apenas através dessa existência, movendo-se quando tu pensares em movê-las e ficando ociosas se teu pensamento estiver voltado para outra coisa. É esse teu desejo?

Glaurung servia deliberadamente seu mestre, mas Smaug sempre me pareceu servir ao seu próprio desejo. Não noto em seu comportamento, atitudes que o enquadram na descrição de um ser que não é nada além de um receptáculo de uma força de vontade. Pq o Anel é basicamente isso. Sauron colocou sua essência alí, ele e o Anel eram como Um e funcionavam como um só. Um tentando achar o outro todo o tempo. Um propósito invariável sem desvio de intenção. Os dragões não se comportam assim.
 
Glaurung servia deliberadamente seu mestre, mas Smaug sempre me pareceu servir ao seu próprio desejo. Não noto em seu comportamento, atitudes que o enquadram na descrição de um ser que não é nada além de um receptáculo de uma força de vontade. Pq o Anel é basicamente isso. Sauron colocou sua essência alí, ele e o Anel eram como Um e funcionavam como um só. Um tentando achar o outro todo o tempo. Um propósito invariável sem desvio de intenção. Os dragões não se comportam assim.

Não seria porque Smaug viveu em uma época que Melkor ja não exercia sua vontade?
 
Não seria porque Smaug viveu em uma época que Melkor ja não exercia sua vontade?

Exato. Se os dragões fossem meras marionetes, eles ficariam inativos sem a presença da vontade de Melkor. E mesmo que Melkor pudesse influenciar suas criaturas do vazio, continuo não achando que a natureza dos dragões se assemelha a natureza de seres sem vontade própria.

No Silmarillion diz:

Contudo, as sementes por ele plantadas ainda germinavam e cresciam, produzindo frutos maléficos, se alguém delas cuidasse. Pois sua vontade permanecia e guiava seus servos, levando-os sempre a frustrar a vontade dos Valar e a destruir os que lhes
obedecessem.

Acho que isso acontece pq a desfiguração de Arda era algo que começou junto com a canção dos Ainur que é atemporal. Todas as criações que não estão na canção, ou são abençoadas por Eru pra ganharem vida ou viram marionetes. Sendo assim, como os dragões continuam a agir mesmo com Melkor preso, isso me leva a pensar que o fëa deles possa estar presente na canção. Como nenhum valar pode criar vida independente e com livre arbítrio, creio que o fëa dos dragões tivesse sido criado na canção para propósitos bons. Melkor descobriu e "aprisionou" esses fëa e os deturpou ao seu propósito.
 
@Márjole, concordo totalmente com a sua crítica sobre Smaug não parecer exatamente marionete. Por outro lado, a frase que de Eru que tanto eu quanto @Ragnaros. citamos é bem explícita e parece ter implicações bem fortes.

Considere também os dois trechos abaixo:

"Eu conheço algo sobre ele. Seu poder está especialmente no espírito maligno que reside nele [em Glaurung] do que em seu corpo, embora grande ele seja." - Os Filhos de Húrin

"Por isso, foi enviado um exército contra ele, sob o comando de Sauron; e Sauron trouxe lobisomens, feras cruéis possuídas por espíritos apavorantes que ele havia aprisionado nesses corpos. " O Silmarillion - De Beren e Lúthien

Agora:

1) Ou os dragões eram criaturas já imaginadas na Música dos Ainur e que depois foram corrompidas por Melkor;
2) Ou então essas criaturas foram realmente criadas por Melkor. Só que considerando a fala de Erú, os dragões dependiam, de alguma forma, da vontade de Melkor, como marionetes dependem dos títeres.

A primeira hipótese é válida, embora não existam referências sobre criaturas parecidas com dragões que poderiam ter sido corrompidas por Melkor. Por outro lado, duas coisas me fazem pensar que a primeira hipótese seja a correta:

a) Quando Glaurung surgiu pela primeira vez, foi dito que ele ainda era jovem:

"Again after a hundred years Glaurung, the first of the Urulóki, the fire-drakes of the North, issued from Angband's gates by night. He was yet young and scarce half-grown, for long and slow is the life of the dragons, but the Elves fled before him to Ered Wethrin and Dorthonion in dismay; and he defiled the fields of Ard-galen." - O Silmarillion, Do Retorno dos Noldor

Ora, se Melkor fosse criar alguma criatura, pq criar algo jovem e que demoraria anos e anos até atingir a plenitude? Não parece uma escolha muito lógica para um Valar. Nesse caso, faz mais sentido mesmo que o dragão seja uma criatura corrompida.

Além disso...

b) É dito que os dragões se reproduzem:

"And I know where Mirkwood is, and the Withered Heath where the great dragons bred." - O Hobbit

"But Thorin I his son removed and went into the far North to the Grey Mountains, where most of Durin's folk were now gathering; for those mountains were rich and little explored. But there were dragons in the wastes beyond; and after many years they became strong again and multiplied, and they made war on the Dwarves, and plundered their works." - O Retorno do Rei, Apêndices

Essa liberdade para se reproduzir parece mais condizendo com criaturas corrompidas com que com marionetes. Sabemos, por exemplo, que os orcs se reproduziam também.

Por outro lado, o questionamento sobre o livre arbítrio de Smaug não é totalmente contraditório com a hipótese da marionete se lembrarmos que toda a matéria de Arda estava corrompida pelo Elemento Morgoth:

"Além disso, a erradicação final de Sauron [como um poder direcionando o mal] foi alcançada pela destruição do Anel. Tal erradicação de Morgoth não era possível, uma vez que seria necessário a completa desintegração da “matéria” de Arda " - HoME
 
Sobre esse trecho onde Eru sugere que (não fosse a intervenção do próprio Eru) Aulë não teria criado nada a não ser marionetes que ficariam inertes caso não recebessem a atenção de Aulë... Acho difícil generalizar essa ideia para a criação de outras criaturas. Por que, afinal, como ficam os animais de Yavanna ou as águias de Manwë? Eles por acaso são marionetes do mesmo tipo? Penso que não, afinal do contrário, analogamente ao que foi dito por Eru, Yavanna e Manwë teriam que manter sua atenção nas criaturas durante o tempo todo, e quando se voltassem para outros assuntos as criaturas ficariam inertes... Alguém poderia argumentar que fosse possível que eles, como entidades divinas, mantessem sua atenção constantemente, mas se isso fosse possível também Aulë poderia tê-lo feito com os anões, e a fala de Eru faria menos sentido. Enfim... Eu interpreto que os anões seriam marionetes porque Aulë, diferente de outros valar e possivelmente de Melkor, queria criar seres com caráter próprio, isso é, não imbuídos de sua vontade. Não sendo imbuídos de sua vontade, mas também não tendo almas, aí sim ficam vazios e parecidos com marionetes.

Assim, Smaug poderia muito bem por acaso ter sido imbuído da vontade de Melkor e ainda assim ter certa autonomia, como os animais inteligentes, Huan e as águias parecem ter sido imbuídos de certa vontade, caráter ou mesmo 'programação' de Yavanna, Manwë, Oromë.

Porém, Melkor e Sauron tinham a prática de invocar espíritos para os corpos de criaturas. Carcharoth é um caso desse tipo – apesar de ser um espírito convocado, aparentemente assumiu totalmente a identidade da criatura sob a qual assumiu seu corpo, não retendo uma identidade anterior a essa encarnação. Glaurung, pelos trechos, também parece ser um caso desse tipo. Para que invocar espíritos? Talvez para poupar esforços na criação de um ser autônomo e poderoso imbuído de sua vontade, talvez por certa incapacidade de Melkor e Sauron de criarem seres vivos, talvez para darem dons espirituais que seriam difíceis usando mera subcriação.

Assim Smaug poderia ou não ser um caso como Glaurung ou Carcharoth. Mas não vejo fortes motivos para considerá-lo um caso parecido, afinal a inteligencia aguçada de Smaug pode ser análoga a de Huan. Ainda mais se lembrarmos o clima mais fantasioso e descompromissado de O Hobbit, onde temos o corvo Roäc e animais que servem a mesa. Outra problemática é: quem teria 'convocado' o espírito de Smaug? Afinal Melkor não estaria mais disponível para assumir esse papel, como fez com Carcharoth e pode ter feito com Glaurung caso assumirmos que o caso do dragão seja análogo ao de Carcharoth.
 
Última edição:
E cada vez que os dragões se reproduzissem, Morgoth teria que ir lá e convocar um novo espírito?

Achei esta thread em inglês que um dos usuários apresenta uma resposta bacana, com trechos significativos do HoME. Vou copiá-los aqui, mas já adianto que pelo visto Tolkien mudou de ideia algumas vezes em relação à criação dos dragões:

"Now those drakes and worms are the evillest creatures that Melko has made, and the most uncouth, yet of all are they the most powerful, save it be the Balrogs only." (HoME II)

"But Morgoth took new counsel in his heart, and thought of Dragons." (HoME V)

"for Morgoth perceived now that the Orcs unaided were no match for the Noldor, save in such numbers as he could not yet muster. Therefore he sought in his heart for new counsel, and he bethought him of dragons." (HoME XI)

Comentário de Christopher Tolkien no HoME XI:
"In the passage in NE (p. 118) describing the eyes of Glaurung when Niënor came face to face with him on the hill-top, the words 'they were terrible, being filled with the fell spirit of Morgoth, his master' contain an editorial alteration: the manuscript reads 'the fell spirit of Morgoth, who made him' (cf. IV.128). My father underlined the last three words in pencil, and faintly and barely legibly at the foot of the page he noted:'Glaurung must be a demon [??contained in worm form].' On the emergence at this time of the view that Melkor could make nothing that had life of its own see X.74, 78."

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Sobre a relação entre dragões x ouro x elemento Morgoth eu gosto deste texto do Michael Martinez traduzido pela Valinor. Eu geralmente não concordo muito com as coisas que ele escreve mas dessa vez eu fiquei mei que convencida. :mrgreen:
 
E cada vez que os dragões se reproduzissem, Morgoth teria que ir lá e convocar um novo espírito?

Pois é. Por isso acho que ter espírito era mais uma exceção de Glaurung do que uma característica dos dragões como um todo. Assim como os lobisomens e seres parecidos.
 
Vou aproveitar que o Grimmir perguntou diretamente a mim sobre as águias e colocar aqui um texto que tinha guardado há um bom tempo em txt, sobre minha visão das águias, ents e animais inteligentes. Mas em resumo, penso que em determinado momento do legendário as águias tinham sim espíritos, mas acredito que Tolkien deixou de lado essa visão posteriormente.



Quanto à evolução do pensamento de Tolkien na questão dos ents e animais inteligentes, penso haver duas fases do pensamento de Tolkien, uma anterior ao Myths VIII e outra posterior. Na primeira Tolkien não está interessado numa classificação mais rigorosa, as águias seriam possuidoras de espíritos; não só águias, mas vários outros seres da natureza, sem necessidade de explicações teológicas e classificações mais elaboradas desses espíritos, que só viriam na segunda fase, no Myths VIII, e que seriam concretizadas em textos posteriores.

But with Aule, was the great lady Palurien whose delights were richness and fruits of the earth for which reason has she long been called Yavanna among the Eldar. About them fared a great host who are the sprites of trees and woods, of dale and forest and mountain-side, or those that sing amid the grass at morning and chant among the standing corn at eve. These are the Nermir and the Tavari, Nandini and Orossi, brownies fays pixies, leprawns, and what else are they not called, for their number is very great: yet must they not be confused with the Eldar, for they were born before the world and are older than its oldest, and are not of it, but laugh at it much, for had they not somewhat to do with its making, so that it is for the most part a play for them; but the Eldar are of the world and love it with a great and burning love, and are wistful in all their happiness for that reason.

But Manwë Súlimo, highest and holiest of the Valar, sat upon the borders of Aman, forsaking not in his thought the Outer Lands. For his throne was set in majesty upon the pinnacle of Taniquetil, the highest of the mountains of the world, standing upon the margin of the sea. Spirits in the shape of hawks and eagles flew ever to and from his halls; and their eyes could see to the depths of the seas, and pierce the hidden caverns beneath the world.

See p. 138.-At the bottom of the page bearing the brief text V (p. 389) my father jotted down the following, entirely unconnected with the matter of the text:
Living things in Aman. As the Valar would robe themselves like the Children, many of the Maiar robed themselves like other lesser living things, as trees, flowers, beasts. (Huan.)

- Nota que encontra-se at the bottom of the page bearing the brief text V, que por sua vez foi achado on a single sheet, together with other more substantial writings similar in appearance, preserved in a folded newspaper of November 1958.

Resumindo: acredito que pode-se assumir que 'falar' não é um indício necessário de possessão de 'alma racional', ou fëa. Os Orcs eram animais de forma humana (para zombar de homens e elfos) deliberadamente pervertidos/convertidos em uma aparência mais próxima dos homens. Sua capacidade de 'falar' era na verdade um 'registro' ajustado neles por Melkor. Até mesmo suas palavras críticas e rebeliosas - ele sabia sobre elas. Melkor ensinou-lhes a fala, e quando procriavam herdavam isso; e eles tinham tanta independência quanto, digamos, cavalos ou cachorros têm de seus donos. Essa fala é bastante ecoada (como a dos papagaios); em O Senhor dos Anéis diz-se que Sauron inventou uma linguagem para eles.

A mesma coisa aconteceu com Huan e as águias: eles foram ensinados a falar pelos Valar, e acresceram a um novo nível - mas ainda não tinham nenhum fëa.

- O texto foi achado in the same small collection gathered in a newspaper of 1959 as texts III and VI. Like them it was written on Merton College papers of 1955.

E Manwë falou: - Ó, Kementári, Eru pronunciou-se e disse: “Será que algum Vala supõe que eu não tenha ouvido toda a Música? Mesmo o som mais ínfimo da voz mais fraca? Vejam! Quando os Filhos despertarem, o pensamento de Yavanna também despertará, e ele convocará espíritos de muito longe, que irão se misturar aos kelvar e aos olvar, e alguns ali residirão e serão reverenciados, e sua justa ira será temida. Por algum tempo: enquanto os Primogênitos estiverem no apogeu, e os Segundos forem jovens.” Não te lembras agora, Kementári, que teu pensamento cantava, nem sempre sozinho? Que teu pensamento e o meu tampouco se encontravam, de modo que nós dois alçávamos vôo juntos como grandes aves que sobem acima das nuvens? Isso também irá se passar pela intenção de Ilúvatar; e, antes que os Filhos despertem, as Águias dos Senhores do Oeste surgirão com asas como o vento”.

No one knew whence they (Ents) came or first appeared. The High Elves said that the Valar did not mention them in the 'Music'. But some (Galadriel) were [of the] opinion that when Yavanna discovered the mercy of Eru to Aule in the matter of the Dwarves, she besought Eru (through Manwe) asking him to give life to things made of living things not stone, and that the Ents were either souls sent to inhabit trees, or else that slowly took the likeness of trees owing to their inborn love of trees.

Tolkien conclui que as águias (e animais inteligentes genéricos) não têm fëa. Tivesse Tolkien mudado de opinião a respeito das águias após a escrita do Myths VIII, teria no texto tardio de O Silmarillion toda a oportunidade para deixar clara essa nova concepção das águias. Não o fez, pelo contrário, faz questão de separar as águias dos espíritos que virão de "muito longe": enquanto esses espíritos surgem quando os Filhos despertarem, as águias já existem antes que os Filhos despertem - logo não há no texto nenhuma indicação de espíritos nas águias. Tolkien não estende esses 'espíritos' para as águias, havendo assim uma diferença evidente entre elas e os ents.

A pequeníssima nota na margem da página do Myths V parece nesse contexto anterior ao Myths VIII e a visão de Tolkien mais elaborada sobre o assunto, por simples navalha de Occam: teria ele mudado de opinião após o Myths VIII sobre os animais inteligentes, não o faria através dessa nota pequeníssima e pouco explicativa. Caso oposto é a situação dos orcs, que no no trecho citado do Myths VIII são tidos como praticamente animais, mas no Myths X são reavaliados radicalmente e considerados humanos pervertidos de alguma maneira.

Entendo dos dois textos mais tardios que os ents estariam mais próximos dos anões do que dos animais ou ainur - do mesmo jeito que Eru compadeceu de Aulë e deu 'espírito' a seus filhos, também Eru compadeceu de Yavanna e deu 'espírito' às criaturas de seu anseio. Os ents seriam criaturas que Eru 'deu vida', exatamente como colocado no texto de 63, e tantos ents quanto anões proveriam da 'mercy of Eru'. Assim, tanto anões e ents surgem em uma ocasião especial e bastante particular, sob intervenção de Eru, e não como mero desdobramento da capacidade natural dos ainur de criarem ou de adentrarem em corpos materiais.

Assim, não entendo os "espíritos de muito longe" como ainur, e sim espíritos do mesmo "lugar" de fora de Eä donde vêm os espíritos dos elfos, homens e anões, enfim, de onde vêm almas. Nesse sentido faz bastante sentido a canção de Barbárvore citar quatro povos livres (elfos, anões, homens e ents) e só depois citar as águias, colocando-as juntas de outros animais como serpentes. Sem falar que, fossem os ents ainur, Tolkien precisaria rever toda a questão da descendência dos ainur, o que não indicou em nenhum lugar que tenha feito: sequer no Myths VIII se preocupou em mencionar os ents e os 'entinhos', de forma que desde ali parecia ver os ents como distintos dos animais inteligentes e próximos dos anões e outros 'humanóides' (Barbárvore é descrito como 'man-like' em O Senhor dos Anéis) que eram livres da problemática da progenitura.

Se os primeiros (ou talvez todos) ents são colocados frente à convocação de Yavanna antes de encarnar-se, é apenas uma autoridade que Eru chancelou e concedeu a ela e diz respeito ao papel que os ents desempenhariam no mundo, autorização não tão especial se lembrarmos que Mandos exercia papel semelhante na convocação após a morte dos eruhíni, e que os valar se envolviam no processo de 'fabricação' dos corpos dos elfos ressuscitados. Nesse sentido é até irrelevante se os primeiros ents entraram em árvores pré-existentes (de forma parecida com Carcharoth) ou assumiram a forma de árvores diretamente (de forma parecida com Melian): o texto de 1963 deixa aberta as duas possibilidades. Aqui a questão do 'tipo de encarnação' parece marginal.

Indo para uma discussão mais conjectural, não parece à toa então que anões e ents, embora povos livres e dignos por si só, inclusive podendo corromper-se (tornando-se violentos, rancorosos, ou introspectivos)*... parecem ter um papel mais curto e secundário no conto de Arda, existindo em uma pequena parte dele ("enquanto os Primogênitos estiverem no apogeu, e os Segundos forem jovens"). Por causa disso está uma espécie de desajuste entre os gêneros femininos e masculinos (nos ents, a diferença de temperamento entre ents e entesposas, o que os levou a viver separadamente e posteriormente perderem contato; e nos anões, um número menor de anões fêmeas e uma propensão menor ao casamento que os anões têm) refreando o crescimento na população, quase como se esse bom ajuste não fosse da capacidade dos valar, apenas de Eru.

*Não há indícios (excetuando talvez passagens de O Hobbit) que águias e dragões tenham uma liberdade desse tipo - isto é, corromperem-se por livre inclinação do espírito, no caso das águias, ou fazerem o bem, também por livre inclinação, no caso dos dragões, o que serve como argumento adicional de que, como espécie, dragões e águias não tenham espírito.
 
Última edição:
um texto que tinha guardado há um bom tempo em txt
Poxa, não precisava ter guardado tanto tempo, parabéns pelo texto, vou até salvar aqui. :mrgreen:

Se a gente pensar que lá no começo o Tolkien tinha criado várias categorias de "espíritos" que não eram necessariamente Ainur pra habitar Arda e tudo mais, provavelmente ele simplesmente pensou que o espírito dos animais em geral poderia vir destas categorias menores, sem explicar muita coisa. Mas depois desistiu da maioria desses outros espíritos, então simplificou mesmo que eles não tem fëa e alguns aprenderam a falar com os Valar, pelo menos é o que eu entendi (ou então o contrário, ele decidiu que não tem fëa e depois removeu os espíritos menores).
 
Apreciei muito o texto do Ragnaros. Eu, particulamente via os anões mais autômatos do que eram os dragões. E sempre pensei que
ficando ociosas se teu pensamento estiver voltado para outra coisa
significava que era só Aulë sair da frente dele e se ocupar mentalmente com outros assuntos, que eles já voltariam a ficar ociosos.
Por isso, acho difícil crer que Dragões estavam "se movendo" por que Melkor "os estava movendo":
E, portanto, as criaturas de tua mão e de tua mente poderão viver apenas através dessa existência, movendo-se quando tu pensares em movê-las

Li muito sobre o judaísmo, ma nunca tinha ouvido falar de um Golem. Fiquei impressionado como por mais que sabemos alguma coisinha, somente arranhamos de leve a totalidade do conhecimento.
Aliás, achei muito parecido as palavras Golem e Gollum.

Esse conceito de um ser de argila que sem o sopro divino seria um ser sem alma nasce no entendimento que considero errado, de que em Gênesis 2:7 Deus criou um bonequinho de barro que virou carne e osso quando recebeu o fôlego divino. Na verdade, essa é uma descrição de onde Deus tirou os elementos para formar/construir o humano. Os elementos básicos de nosso corpo (carbono, ferro, oxigênio e outros) estão presentes no solo.
Certa obra francesa disse:
“Em todos os organismos vivos estudados, além de carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, fósforo, cálcio, enxofre, cloro, magnésio, potássio e sódio, a presença dos seguintes elementos pode ser considerada como fato provado: seis elementos não-metálicos: flúor, bromo, iodo, boro, arsênico e silício; um elemento de transição: vanádio; e treze metais: ferro, zinco, manganês, cobre, níquel, cobalto, lítio, rubídio, césio, alumínio, titânio, cromo, molibdênio e provavelmente também estanho, chumbo, prata, gálio, estrôncio e bário.”
Elementos esses que se encontram na crosta da Terra.

Desculpe ter fugido um pouco do assunto, mas foi por imaginar o boneco de barro sem iniciativa própria é que surgiu essa história curiosa de Golem. Estou convencido de que a bíblia não teve intenção de pintar Adão como um ser criado como Golem que depois recebeu alma.

Essas discussões são sempre muito legal de acompanhar, a gente aprende muita coisa pela tangente dos comentários. Mas acho que Tolkien não se preocupou em providenciar respostas lógicas pra tudo.
 
Mas não é fácil... imagina, quando eu era criança, era viciado em Jaspion e Changeman. Neste último tinha uns soldados hidler que só serviam pra apanhar dos changeman e dar alguma ação. Os caras só criaram para ter combatentes inimigos, nada mais.
Agora imagina se os fãs começassem a perguntar "como se reproduzem?", "são mal ou só são escravizados?" "tem alma?"
Ia ficar engraçado... claro que os fãs de SDA estão noutro nível e a própria obra também. Mas deve ter sido assim... ele só quis ter Trolls e Dragões e pronto. Mas nós fãs não queremos só saber eles que estão ali, queremos saber como chegaram ali. E foram fãs assim que fizerem Tolkien pensar em muitas respostas.
As que ele não respondeu, ou deu respostas dúbias vai ficar por nossa conta mesmo, mesmo que não tenhamos o direito de decidir "oficialmente", só de sugerir e opinar.

Não quis dizer que essas perguntas não devem ser feitas. Pelo contrário, elas tornam tudo mais consistente. "Mas acho que Tolkien não se preocupou em providenciar respostas lógicas pra tudo." E depois se viu obrigado a providenciar algumas, dadas as perguntas.
 

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