Tem o lance revolucionário, o lance do alcance mitológico e cultural, até mesmo da mescla de estilos... Mas eu gosto particularmente da força poética da linguagem, a forma como o Mário de Andrade efetua o choque de consoantes, além da própria maneira com que ele traz palavras de muitas áreas, em especial de raiz indígena, e consegue um efeito quase que encantatório. Por exemplo só no primeiro parágrafo:
A segunda frase começa com uma aliteração muito boa em T e depois segue em ritmo anapéstico. É como se fossem dois versos:
Era preto retinto
e filho do medo da noite.
Ou seja:
e FILho do MEdo da NOIte.
O mesmo princípio que está por trás do ritmo anapéstico nos versos de Gonçalves Dias.
Depois, na próxima frase, a assonância em U: "escUtando o mUrmUrejo do Uraricoera, que a índia, tapanhUmas". Além do R em murmurejo e Uraricoera ou do P em tapanhumas e pariu. E por aí vai.
No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.
A segunda frase começa com uma aliteração muito boa em T e depois segue em ritmo anapéstico. É como se fossem dois versos:
Era preto retinto
e filho do medo da noite.
Ou seja:
e FILho do MEdo da NOIte.
O mesmo princípio que está por trás do ritmo anapéstico nos versos de Gonçalves Dias.
Depois, na próxima frase, a assonância em U: "escUtando o mUrmUrejo do Uraricoera, que a índia, tapanhUmas". Além do R em murmurejo e Uraricoera ou do P em tapanhumas e pariu. E por aí vai.