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Autor da Semana Stieg Larsson

Bel

o.O
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Stieg Larsson

Karl Stig-Erland "Stieg" Larsson (15 de agosto de 1954 - 9 de novembro de 2004) era um jornalista e escritor sueco. Ele é mais conhecido por ter escrito a série policial Millennium, que foi publicada postumamente. Larsson viveu e trabalhou em Etocolmo durante a maior parte de sua vida, na área de jornalismo e como pesquisador independente da extrema direita.

Seu primeiro nome era, originalmente, Stig, grafia mais comum do nome. Mas, aos 20 e poucos anos, mudou para Stieg para não ser confundido com seu amigo Stig Larsson, que se tornou um autor famoso bem antes de Stieg. A pronúncia é a mesma, embora as grafias sejam diferentes.

Primeiros anos

Stieg Larsson nasceu em Skelleftehamn, onde seu pai e seu avô materno trabalhavam em um smelter (tipo de metalúrgica). A família se mudou para Estocolmo depois que seu pai teve que largar o emprego na metalúrgica por estar sofrendo de envenenamento por arsênico, mas, devido à má condição financeira, deixaram o garoto de um ano de idade com os avós, em uma vila de Bjursele. Stieg viveu lá até os nove anos de idade, em uma pequena casa de madeira que ele amava. Ele frequentava a escola local e usava esquis para ir e voltar das aulas todo dia.

Ele foi morar com seus pais depois que seu avô, Severin Boström, morreu de ataque cardíaco aos 50 anos de idade, em uma cidade chamada Umeå, embora o clima urbano não o agradasse muito. Sua mãe Vivianne também morreu cedo, em 1991, devido a complicações de um câncer de mama e um aneurisma.

Ficção Científica

A primeira tentativa literária de Larsson não foi no estilo policial, mas em ficção científica. Ávido leitor de sci-fi, se tornou ativo no fandom por volta de 1971, co-editou uma fanzine com Rune Forsgren, em 1972, e foi a uma convenção de ficção científica em Estocolmo. Durante a década de 70, Larsson publicou cerca de 30 artigos em fanzines. Era co-editor ou editor de várias dessas revistas e, nas primeiras, publicou vários contos enquanto mandava outros para revistas semi-profficionais ou amadoras. Entre 1978 e '79, presidiu o maior fã-clube de ficção científica da Suécia, Skandinavisk Förening för Science Fiction (SFSF).

Política

Larsson estava politicamente envolvido com a Kommunistiska Arbetareförbundet (Liga Comunista de Trabalhadores) enquanto trabalhava como fotógrafo. No campo da política, era editor do jornal Fjärde internationalen e escrevia regularmente para o semanário Internationalen. Suas convicções políticas, assim como suas experiências jornalísticas, levaram-no a encontrar a "Fundação Expo Sueca", fundada para "neutralizar o crescimento da extram direita e a cultura do poder branco em escolas e entre os jovens". Ele também se tornou editor da revista da fundação, Expo, em 1995.

Quando não estava em seu emprego formal, Stieg trabalhava em pesquisas independentes sobre a extrema direita na Suécia. Em 1991, essas pesquisas resultaram em seu primeiro livro, Extremhögern (Extrema Direita). Larsson se tornou rapidamente um colaborador inportante na documentação e exposição de organizações racistas e de extrema direita. Ele era um influente orador e estudioso do assunto, vivendo por anos sob ameaça de morte de seus inimigos políticos. O partido político Sverigedemokraterna (Democratas Suecos) era um alvo constante de suas pesquisas.

Romances

Quando Larsson morreu, descobriu-se que ele havia deixado manuscritos de três romances completos mas não publicados, escritos como uma série. Ele os escreveu para deleite próprio, depois de voltar para casa à noite, e não tentou publicá-los até pouco tempo antes de sua morte.

O primeiro volume foi publicado na Suécia em 2005, sob o título Män som hatar kvinnor (literalmente, Homens que odeiam mulheres) e recebeu o prêmio Glass Key de melhor romance policial nórdico no mesmo ano. O segundo volume, Flickan som lekte med elden (A garota que brincava com fogo), recebeu o prêmio de Melhor Romance Policial Sueco em 2006. O terceiro volume, Luftslottet som sprängdes (literalmente, O castelo de ar que foi destruído), foi publicada em 2007 na Suécia.

Larsson deixou cerca de três quartos de um quarto livro em um notebook que está com sua parceira, Eva Gabrielsson; é provável que também existam sinopses ou manuscritos dos volumes cinco e seis da série, cujo plano era que contesse dez volumes. Gabrielsson já declarou que é capaz de terminar os livros.

A produtora sueca Yellow Bird filmou a versão cinematográfica da série Millennium, co-produzida pela cia dinamarquesa Nordisk Films, que foi lançada em 2009.

Morte e consequências

Larsson faleceu no dia 9 de novembro de 2009 em Estocolmo, com 50 anos de idade, de um ataque cardíaco depois de subir sete andares de escada porque o elevador não estava funcionando. Há rumores de que sua morte foi premeditada, por causa das ameaças de morte que recebia como editor da Expo, mas foram negados por Eva Gedin, sua editora.

Em maio de 2008, foi anunciado que um testamento de 1977, encontrado depois da morte de Larsson, declarava seu desejo de deixar seus espólios para a filial de Umeå da Liga Comunista de Trabalhadores (hoje Partido Socialista). Como o testamento não tinha testemunhas, não era válido peranta as leis suecas, resultando que todas as posses de Larsson, incluindo os loyalties dos livros, passaram para seu pai e seu irmão.

Sua parceira de longa data, Eva Gabrielsson, que achou o testamento, não tem direito legal à herança, gerando controvésias entre ela e o pai e o irmão de Larsson. Stieg e Eva nunca se casaram porque, de acordo com a lei sueca, os noivos devem tornar público, na ocasião do casamento, seu endereço. Isso era um risco muito grande. Devido às denúncias de grupos extremistas e às ameaças de morte recebidas, o casal procurou e conseguiu o direito de manter seus endereços, dados pessoais e números de identidades fora dos registros públicos, para tornar mais difícil encontrá-los. Este tipo de "proteção de identidade" fazia parte da trabalho de Larsson como jornalista e seria complicado mantê-lo se os dois tivessem se casado ou registrado a união.

Uma artigo na revista Vanity Fair discute a disputa entre Gabrielsson e os parentes de Larsson. Ela afirma que o autor tinha pouco contato com seus familiares e pede o direito de controlar seu trabalho para que ele seja apresentado do jeito que Stieg queria.

Influências

Em seus trabalhos escritos, assim como em suas entrevistas, Larsson reconheceu que um número significante de suas infuências literárias são de autores americanos ou britânicos de ficção policial. Em seu trabalho, ele tem o hábito de inserir no texto alguns de seus favoritos, às vezes fazendo com que seus personagens leiam seus autores preferidos.

Uma de suas maiores influências é de seu próprio país: Píppi Meialonga, da autora infantil Astrid Lindgren. Larsson explicou que uma de suas personagens principais na série Millennium, Lisbeth Salander, é uma versão adulta de Píppi. Outra conexão com o trabalho de Astrid é o outro personagem principal, Mikael Blomkvist, é frequentemente chamado de "Kalle Blomkvist", nome de um detetive adolescente criado por Lindgren.

Quando Larsson tinha 15 anos, testemunhou o estupro de uma garota por uma gangue, o que levou a sua eterna aversão por violência e abuso contra mulheres. Eva Gabrielsson escreveu que este incidente o marcou para a vida toda e descreve Stieg como feminista. O autor nunca se perdoou por não ter conseguido ajudar a moça, e isso inspirou os temas de violência sexual contra mulheres em seus livros. De acordo com Eva, a trilogia Millennium permitiu que Larsson expressasse uma visão do mundo que ele nunca pode esclarecer como jornalista. Ela descreve como as narrativas fundamentais desses três livros são retratos ficcionais de uma Suécia que poucas pessoas conhecem, um lugar onde a supremacia branca encontrou pode se expressar em qualquer aspecto da vida contemporânea e anti-extremistas vivem com medo constante de serem atacados. "Todos os eventos desta natureza descritos na trologia Millennium aconteceu em algum momento com algum cidadão, jornalista, político, ministro, sindicalista ou policial sueco" Eva escreve. "Nada foi inventado."

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Bibliografia

Livros não-ficcionais:
- Stieg Larsson, Anna-Lena Lodenius: Extremhögern, Stockholm, 1991
- Stieg Larsson, Mikael Ekman: Sverigedemokraterna: den nationella rörelsen, Stockholm, 2001
- Stieg Larsson, Cecilia Englund: Debatten om hedersmord: feminism eller rasism, Stockholm, 2004
- Richard Slätt, Maria Blomquist, Stieg Larsson, David Lagerlöf m.fl.: Sverigedemokraterna från insidan, 2004

Romances:

The Millennium series:
- Män som hatar kvinnor ("homens que odiavam mulheres"), 2005.
- Flickan som lekte med elden ("garota que brincava com fogo"), 2006.
- Luftslottet som sprängdes ("o castelo de ar que foi destruído"), 2007. ["castelo de ar" parece ser uma expressão sueca para fantasia, farsa]

Periódicos editados:

Fanzines de ficção científica:
- Sfären (com Rune Forsgren), 4 issues, 1972–1973
- FIJAGH! (com Rune Forsgren), 9 issues, 1974–1977
- Långfredagsnatt, 5 issues, annual 1973–1976, final issue 1983
- Memorafiac, 2 issues, circa 1978
- Fanac (com Eva Gabrielsson), 7 issues (numbered 97–103), 1979–1980
- The Magic Fan (com Eva Gabrielsson), 2 issues, 1980

Outras:
- Svartvitt med Expo, 1999–2002
- Expo, 2002–2004
 
No final do primeiro parágrafo quando eu li: "pesquisador da extrema direita" já tinha criado uma aversão (eu entendi errado o termo pesquisador), mas agora fiquei com muita vontade de ler os livros dele, eu até queria assistir a trilogia sueca antes da americana(?) e essa nova informação sobre a Suécia é muito interessante, eu nunca imaginei isso sobre a Suécia.

Parabéns, Bel.
 
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Eu não li Millennium. E não tinha sentido vontade, até ver o filme (que é foda!). Depois de ver o filme, até senti uma pontinha de vontade de ler, mas se eu tiver de comprar, não lerei. Tenho tantos livros pelos quais tenho mais interesse na frente e dinheiro não há.
 
Eu não li Millennium. E não tinha sentido vontade, até ver o filme (que é foda!). Depois de ver o filme, até senti uma pontinha de vontade de ler, mas se eu tiver de comprar, não lerei. Tenho tantos livros pelos quais tenho mais interesse na frente e dinheiro não há.

Tradução: comprem/emprestem a trilogia pra mim que eu quero ler xD
 
Eu só li o primeiro livro da trilogia e fiquei bem impressionado e até pensando em passar os outros livros para a frente da fila. Todo livro que tem uma personagem feminina com a força que tem a Lisbeth Salander para mim já está a meio caminho do sucesso.
 
Eu lia trilogia no começo do ano. Acho o 1o livro muito, muito bom, os seguintes apenas medianos, quem salva é mesmo a Lisbeth Salander.

Na vida dele, além da postura questionadora e tal, eu acho especialmente interessante a disputa em torno do testamento. Como o cara faz um testamento e não registra nem arranja testemunhas? Como fica o direito à herança da companheira, quando é de conhecimento publico que eles não se casaram por questões de segurança?
 
Eu não li Millennium. E não tinha sentido vontade, até ver o filme (que é foda!). Depois de ver o filme, até senti uma pontinha de vontade de ler, mas se eu tiver de comprar, não lerei. Tenho tantos livros pelos quais tenho mais interesse na frente e dinheiro não há.

Olhei o filme só depois do livro e mesmo assim achei o filme ótimo. O que geralmente não acontece, por conta de possíveis adaptações, toda essa mudança que pode gerar aversão...
Super indico o livro, se fosse refazer Top 5, Stieg estaria lá!

Tradução: comprem/emprestem a trilogia pra mim que eu quero ler xD

hahahaha
Me disponho a emprestar, caso Cléo queira pedir a mim, eu mandaria de bom grado por correio, mas...Ela não personificou o desejo e pedido! :dente:
 
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Parabéns Bel.
Eu desconhecia completamente esse escritor/série, até o lançamento do filme. Terminei a série Millennium no começo do ano e gostei bastante.
Com uma critica ferrenha ao jornalismo, violência contra a mulher e o sistema politico sueco, Larsson desenvolve muito bem essa série. De fato é uma grande perda sua morte.
 
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A carta de Stieg Larsson
18 junho 2015, 4:12 pm

Foi numa quarta-feira, 18 de junho, que Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander se encontraram pela primeira vez. Os homens que não amavam as mulheres foi lançado originalmente em 2005, e Stieg Larsson nem viu o sucesso que os seus livros fizeram no mundo todo – o autor faleceu em 2004. Dez anos depois, David Lagercrantz dará continuação à série Millennium, levando adiante a ideia de Larsson de publicar mais livros protagonizados por Lisbeth e Mikael, e não só uma trilogia.

A seguir, leia a carta enviada por Stieg Larsson à sua editora pouco antes de entregar o manuscrito do terceiro livro, A rainha do castelo de ar. Para quem ainda não leu a série, atenção: a carta contém spoilers.

* * *
Sexta, 30.04.04, 21:44

De: Stieg Larsson

Oi Eva,

Acabo de me dar conta de que hoje é Noite de Santa Valburga. Eu tinha me esquecido completamente. Estou ouvindo os jovens conversando, ansiosos para voltar pra casa ou sair para tomar uma cerveja, e prometi que ia liberá-los depois das nove. Coitado do Daniel Poohl – ele é o nosso editor-chefe assistente e faz umas duas semanas que vem dormindo no escritório. Eles estão conversando sobre abrir uma filial do sindicato. Hmm.

Você vai receber o livro III assim que eu amarrar umas pontas soltas.

Estou ansioso para me encontrar com Elin. Não confio totalmente na minha habilidade de transformar minhas ideias em palavras: meus textos geralmente ficam melhores depois que um editor os mutila, e estou acostumado tanto a editar quanto a ser editado. Com isso eu quero dizer que não costumo ficar melindrado com esse tipo de coisa. Vamos discordar de algumas coisas aqui e ali e, claro, assim como todo mundo, eu também tenho as minhas obsessões das quais não estou disposto a abrir mão. Acho que os primeiros capítulos estão um pouco prolixos, e demora até que a história comece a engrenar. Mas a ideia era criar uma galeria considerável de personagens e construir um cenário antes de começar a história. Etc.

Fico feliz de saber que você acha os livros bem escritos. Isso fez esta velha máquina incansável de produzir textos muito feliz.

Talvez você se interesse em saber algumas ideias que tenho sobre os livros:

Em muitos aspectos, me esforcei ao máximo para evitar a abordagem tradicional usada nos romances policiais. Fiz uso de algumas técnicas que normalmente são proibidas – a apresentação de Mikael Blomkvist, por exemplo, é baseada exclusivamente no estudo de caso feito pessoalmente por Lisbeth Salander.

Tentei criar protagonistas drasticamente diferentes dos tipos que costumam aparecer em romances policiais. Mikael Blomkvist, por exemplo, não tem úlceras, problemas com a bebida, ou um transtorno de ansiedade. Ele não gosta de óperas e nem tem um hobby excêntrico, como o aeromodelismo. Ele não tem nenhum problema real, e sua principal característica é o fato de agir como uma “vadia” estereotipada, como ele próprio admite. Eu também inverti deliberadamente os papéis sexuais: de muitas maneiras, Blomkvist age como uma típica “mulher-objeto”, enquanto Lisbeth Salander possui características e valores estereotipicamente “masculinas”.

Um princípio básico que adotei foi jamais romantizar o crime ou os criminosos, bem como não estereotipar as vítimas desses crimes. Criei meu serial killer do livro I me baseando numa mistura de três casos autênticos. Tudo que é descrito no livro pode ser encontrado em investigações policiais verdadeiras.

A descrição do estupro de Lisbeth Salander é baseada num incidente que realmente aconteceu há três anos no distrito de Ölstermalm, em Estocolmo. E assim por diante.

Tentei evitar que as vítimas fossem pessoas anônimas – portanto, por exemplo, passei um bom tempo apresentando Dag Svensson e Mia Johansson antes que seus assassinatos ocorressem.

Eu abomino romances policiais em que o protagonista se comporta como ele ou ela quer, ou faz coisas que pessoas normais não fazem sem que essas ações tenham consequências sociais. Se Mikael Blomkvist atira em alguém com uma pistola, mesmo que seja para se defender, ele vai acabar sendo preso.

Lisbeth Salander é uma exceção a essa regra basicamente porque é uma sociopata com traços de psicopatia, e não funciona da mesma forma que uma pessoa comum. Ela não compartilha com as pessoas comuns os mesmos conceitos de “certo” e “errado”, embora também tenha de lidar com as suas consequências.

Como você provavelmente deve ter notado, eu dediquei um espaço tremendo para personagens secundários que, em diversos aspectos, possuem um papel tão importante quanto os protagonistas. A intenção, é claro, é criar um universo realista em torno de Blomkvist/Salander.

No livro I, Dragan Armansky foi apresentado de forma bastante minuciosa: obviamente ele será um personagem secundário que fica aparecendo diversas vezes. No livro II, o grupo de policiais às voltas de Bublanski e Sonja Modig recebe papéis de destaque. E no livro III, Annika Giannini e Erika Berger ganham muito mais importância do que nos livros anteriores. No livro III, aparece uma outra pessoa que será um membro regular da galeria de personagens dos próximos livros. Isso é totalmente intencional de minha parte. Acredito que os personagens secundários frequentemente podem ser muito mais interessantes do que o protagonista.

O único personagem com quem eu tive dificuldades foi Christer Malm. Na minha ideia original, ele desempenharia mais ou menos o mesmo papel de Erika Berger, mas a trama não funcionou com ele no papel de editor-chefe. Então, eu fui obrigado a criar Erika Berger, que se tornou um personagem muito mais interessante.

Vou acabar tendo um problema com Miriam Wu mais para frente – eu realmente não sei o que fazer com ela. A dificuldade aqui, é claro, é que Lisbeth Salander não pode ganhar uma confidente e, ao mesmo tempo, permanecer isolada. Vamos ver o que acontece. Quanto a Paolo Roberto, vou ter uma conversa com ele muito em breve. Kurdo não é um problema. Ele é meu “irmãozinho”, afinal de contas. Nós nos conhecemos há muitos anos.

Tudo de bom,

Stieg

Fonte: http://www.blogdacompanhia.com.br/2015/06/a-carta-de-stieg-larsson
 
Por que Millennium continua
29 junho 2015, 6:30 pm

Quando foi anunciado que seria lançado um novo volume da série Millennium, A garota na teia de aranha, muitos se perguntaram o motivo de continuar publicando, após a morte de Stieg Larsson, novas histórias de Lisbeth Salander. Joakim e Erland Larsson, pai e irmão de Stieg, escreveram uma carta para explicar aos fãs da série como será essa continuação. Leia a seguir na íntegra a carta da família de Stieg Larsson.

* * *
Agosto marca o aniversário de dez anos da publicação de Os homens que não amavam as mulheres na Suécia. Foi o começo de uma das maiores histórias de sucesso literário sueco de todos os tempos. Até hoje, os três romances da série Millennium venderam em torno de 80 milhões de cópias em 48 idiomas ao redor do mundo. Todos os anos turistas de diversos países viajam a Estocolmo para seguir os passos de Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist.

Maior do que isso é a nossa tristeza por nosso filho e irmão Stieg Larsson não ter tido a chance de testemunhar este sucesso fenomenal. Menos de um ano antes da publicação do primeiro livro ele faleceu, rápida e inesperadamente. Foi, é claro, uma dor insuperável perder alguém querido tão de repente. Além disso, o fato de não termos conseguido chegar a um acordo amigável com a parceira de Stieg, Eva Gabrielsson, permanece como uma ferida aberta para todos os envolvidos.

Após a morte de Stieg, nós, seu pai e irmão, herdamos os direitos de seu espólio literário. Uma vez que Eva Gabrielsson se recusou a cooperar conosco em relação ao legado de Stieg, nós somos os únicos responsáveis por decidir como as obras dele podem ser usadas.

Concordamos que David Lagercrantz escrevesse sua própria sequência independente para a série Millennium. Em agosto, bem a tempo do décimo aniversário do primeiro romance,A garota na teia de aranha chegará às livrarias. O livro será traduzido e lançado simultaneamente em pelo menos 35 países. Leitores de todo o mundo poderão viver novas aventuras com os protagonistas Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist. Nós sabemos que muitos estão ansiosos por isso.

A decisão de publicar um quarto livro na série Millennium foi recebida com críticas por algumas pessoas. Uma das objeções é que seria antiético permitir que outro autor escreva uma sequência baseada nos personagens de um autor falecido. Também foi sugerido que o principal objetivo desta publicação fosse o lucro. Stieg teria se oposto se estivesse vivo, alguns afirmaram.

Nós respeitamos o fato de que outras pessoas têm suas opiniões sobre como escolhemos administrar o legado de Stieg. Mas em um ponto, porém, os críticos estão indiscutivelmente errados: no de que isto foi feito para ganhar um dinheiro rápido. Desde o princípio, deixamos claro que qualquer lucro que obtivermos com A garota na teia de aranha irá diretamente para a revista antirracista Expo, da qual Stieg foi cofundador.

Desde a morte de Stieg, a Expo recebeu 18 milhões de coroas suecas da renda gerada pelas vendas da trilogia Millennium. Ao longo dos últimos anos, o nível de apoio financeiro recebido tem ficado, em média, em torno de 2 milhões anuais. Graças à receita gerada por A garota na teia de aranha, a Expo vai se beneficiar com um capital adicional no valor de vários milhões de coroas suecas. Numa sociedade em que o racismo e a xenofobia estão em ascensão, sua causa parece mais urgente do que nunca.

Apesar disso, é verdade que as editoras poderão, naturalmente, ganhar dinheiro com A garota na teia de aranha. O que nos parece um bom negócio, já que a renda e a lucratividade geradas por publicações bem-sucedidas são essenciais para manter uma indústria editorial forte e dinâmica. Consideramos ainda que ainda Norstedts e as editoras internacionais de Stieg trataram suas obras e seu falecimento prematuro com grande dignidade. Caso contrário, nós jamais teríamos aprovado uma sequência independente para a série Millennium.

Nós nos orgulhamos do que Stieg criou com seus romances. Enxergamos uma oportunidade de permitir que seus personagens e histórias continuem vivos na sequência de David Lagercrantz. Sua maestria literária é célebre, e ele demonstrou perspicácia e empatia ao dar voz a pessoas como Göran Kropp, Alan Turing e Zlatan Ibrahimovic. Não conseguimos pensar em um autor melhor para esse projeto.

David Lagercrantz assinou o romance com seu nome, como ficará perfeitamente claro em todos os materiais de venda, incluindo a capa do livro. Afirmar que estamos tentando vender A garota na teia de aranha como se fosse uma obra de Stieg não faz o menor sentido.

Vale lembrar que a história da Literatura está repleta de exemplos de sequências escritas após a morte do criador original dos personagens, do James Bond de Ian Fleming à Agatha Christie de Sophie Hannah.

Nós esperamos e acreditamos, ainda, que a publicação de A garota na teia de aranha contribuirá para despertar um interesse renovado nos títulos da série Millennium escritos pelo próprio Stieg.

Como herdeiros, não podemos nos esquivar da responsabilidade associada à administração de seu legado. Nós sabemos que Stieg esperava — e sentia — que a trilogia Millennium estivesse destinada a um grande sucesso comercial, e agora tomamos a decisão de permitir que David Lagercrantz continue a esta missão.

Joakim Larsson

Erland Larsson

Publicado originalmente no Expressen no dia 21 de junho de 2015.

Fonte: http://www.blogdacompanhia.com.br/2015/06/por-que-millennium-continua/
 

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