• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Autor da Semana H. P. Lovecraft

Clara

Perplecta
Usuário Premium
H.P. Lovecraft foi autor de histórias fantásticas, de horror e ficção científica, a maioria delas escritas entre as décas de 1920 e 1930.Atualmente é considerado um dos melhores escritores norte-americanos e sua obra exerceu influência notória em escritores como Stephen King, Guillermo del Toro e Neil Gaiman.

attachment.php



BIOGRAFIA


Howard Phillips Lovecraft nasceu às 9 da manhã do dia 20 de agosto de 1890 em Providence, Rhode Island, cidade onde morou praticamente toda sua vida – com exceção dos dois anos em que viveu em Nova York e das visitas rápidas que fez a algumas cidades norte-americanas, particularmente na Nova Inglaterra. Lovecraft adorava sua cidade natal e utilizou aquela região de Rhode Island como pano de fundo para grande parte de sua ficção.

Sua mãe foi Sarah Susan Phillips Lovecraft, cuja ancestralidade vai até a chegada de George Phillips a Massachusetts em 1630. Seu pai foi Winfield Scott Lovecraft, um caixeiro viajante, empregado da Gorham & Co., Silversmiths, de Providence.

Quando Lovecraft tinha três anos, seu pai fazia uma viagem de negócios em Chicago e sofreu um colapso nervoso no quarto de hotel no qual se hospedava. Winfield foi então levado ao Butler Hospital, em Providence, onde permaneceu internado por cinco anos antes de morrer em 19 de julho de 1898. Aparentemente Lovecraft aprendeu que seu pai esteve paralisado e em coma durante esse período, mas especula-se que Winfield Lovecraft sofria de paresia e demência causadas pela sífilis, doença que em estágio avançado ataca o sistema nervoso central.

Com a morte do pai, a responsabilidade de criar o filho recaiu sobre a mãe, Susie, que mudou-se com o filho, então com dois anos e meio, para a casa de seu pai e avô de Lovecraft, o proeminente industrial Whipple Van Buren Phillips, que vivia com a esposa e duas filhas solteiras em uma espaçosa casa de madeira com três andares e quinze quartos.

Whipple Van Buren Phillips e sua esposa Robie, tiveram uma educação apurada e a avó de Lovecraft desenvolveu um interesse especial por astronomia, de maneira que a biblioteca da familia (com um acervo de cerca de 2.000 livros) possuia vários livros sobre o tema.
Além de passar a representar a figura paterna na vida de Lovecraft, Whipple Van Buren Phillips também despertou o gosto do menino pelas histórias fantásticas, ao estilo gótico.

Lovecraft foi uma criança precoce: aos dois anos já recitava poesia e aos três já lia, na biblioteca do avô, autores como Jules Verne e os irmãos Grimm. Leu com entusiasmo "As Mil e Uma Noites" aos cinco anos de idade, e foi por essa época que adotou o pseudônimo de Abdul Alhazred, que mais tarde viria a ser também o nome do autor do mítico e nefando Necronomicon.

No ano seguinte, porém, seu interesse por assuntos árabes foi eclipsado pela descoberta da mitologia grega, colhida na Age of Fable de Thomas Bulfinch e em versões para crianças da Ilíada e da Odisséia.

Mas Lovecraft, por esse tempo, já havia descoberto a ficção fantástica, e aos oito anos de idade conheceu a obra de Edgar Allan Poe, um dos escritores que mais o influenciaram.

Enquanto menino, Lovecraft foi um tanto solitário e sofreu de doenças freqüentes, muitas delas aparentemente de natureza psicológica. Freqüentou de maneira esporádica a escola, mas a saúde precária o obrigava a constantemente faltar às aulas o que, mas isso não o impediu de adquirir grandes conhecimentos sobre os mais variados assuntos através de leituras independentes.

Por volta dos oito anos, Lovecraft descobriu a ciência, primeiro a química, depois a astronomia. Passou a produzir jornais em hectógrafo – The Scientific Gazette e The Rhode Island Journal of Astronomy –, para serem distribuídos entre amigos. Quando foi para a Hope Street High School (nível colegial), encontrou afinidade e encorajamento tanto nos professores quanto nos colegas e desenvolveu várias amizades bastante duradouras com rapazes da sua idade. A estréia de Lovecraft em letra impressa ocorreu 1906, quando enviou uma carta tratando de assunto astronômico ao Providence Sunday Journal. Pouco depois, começou a escrever uma coluna mensal de astronomia para o Pawtuxet Valley Gleaner, um jornalzinho rural. Mais tarde escreveu colunas para o Providence Tribune (1906-8) e o Providence Evening News (1914-1918), bem como para o Asheville (N. C.) Gazett.

Em 1904, a morte do avô de Lovecraft e a subseqüente dilapidação de seu patrimônio e negócios mergulharam a família em sérias dificuldades. Lovecraft e sua mãe se viram forçados a abandonar seu lar vitoriano para morar em uma residência mais modesta, no número 598 da Angell Street. Lovecraft ficou arrasado com a perda da casa onde passou a infância e à qual era muito ligado. Aparentemente, por essa época, ele teria pensado em suicídio mas o gosto pelos estudos baniu esses pensamentos.

Em 1908, pouco antes de sua formatura no colégio, sofreu um colapso nervoso que o obrigou a deixar a escola sem receber o diploma e durante o qual destruiu grande parte do material que havia escrito na infância. O motivo para a crise jamais foi devidamente esclarecido, mas talvez estivesse relacionado às dificuldades de Lovecraft no aprendizado de matemática, disciplina indispensável para que realizasse o sonho de tornar-se astrônomo. Esse fato e o conseqüente fracasso em tentar entrar para a Brown University sempre o envergonharam nos anos posteriores, não obstante ter sido ele um dos autodidatas mais formidáveis de seu tempo.

Entre 1908 e 1913, Lovecraft viveu praticamente como um eremita, dedicando-se aos seus interesses astronômicos e a escrever poesias. Ao longo de todo esse período, Lovecraft se envolveu numa relação fechada e pouco saudável com a mãe, que ainda sofria com o trauma da doença e morte do marido e que desenvolveu uma relação patológica de amor-ódio com o filho.

Lovecraft emergiu de seu eremitério de maneira bastante peculiar. Tendo começado a ler os primeiros magazines pulp de sua época, ficou tão irritado com as insípidas histórias de amor de um certo Fred Jackson, no Argosy, que escreveu uma carta em versos, atacando Jackson. A carta foi publicada em 1913, suscitando uma tempestade de protestos por parte dos defensores de Jackson. Lovecraft se meteu num debate acalorado na coluna de cartas do Argosy e dos magazines congêneres, aparecendo as suas respostas quase sempre em dísticos heróicos e humorísticos, descendentes de Dryden e Pope. A controvérsia foi notada por Edward F. Daas, presidente da United Amateur Press Association (UAPA), um grupo de escritores amadores de todo o país que escreviam e publicavam os seus próprios magazines.

Daas convidou Lovecraft a se juntar à UAPA, e Lovecraft fez isso no início de 1914. Lovecraft publicou treze edições de seu próprio periódico, The Conservative (1915-1923), e também enviou volumosas contribuições de poesia e ensaios para outros jornais. Mais tarde, tornou-se presidente e editor oficial da UAPA, atuando ainda, por breve período, como presidente da rival National Amateur Press Association (NAPA).

Essas experiências podem ter salvado Lovecraft de uma vida de reclusão improdutiva; como ele mesmo disse certa vez: “Em 1914, quando a mão amigável do amadorismo se estendeu para mim, eu estava tão próximo do estado de vegetação quanto qualquer animal... Com o advento da UAPA, ganhei uma renovação de vida, um senso renovado da existência como sendo algo mais que um peso supérfluo, e encontrei uma esfera na qual podia sentir que meus esforços não eram totalmente fúteis. Pela primeira vez, pude imaginar que minhas investidas desajeitadas no campo da arte eram um pouco mais do que gritos débeis perdidos no mundo indiferente.” Foi no universo amador que Lovecraft recomeçou a escrever sua ficção, abandonada em 1908.

W. Paul Cook e outros, percebendo as promessas dessas primeiras histórias, tais como The beast in the cave (1905) ou The alchemist (1908), instaram Lovecraft a retomar a pena. E foi o que Lovecraft fez, escrevendo, num jorro, The Tomb e Dagon no verão de 1917. Depois, Lovecraft manteve um constante, porém esparso, fluxo de ficção, embora até pelo menos 1922 a poesia e os ensaios ainda fossem os seus modos predominantes de expressão. Lovecraft também se envolveu numa rede sempre crescente de correspondência com amigos e associados, o que o tornou um dos maiores e mais prolíficos missivistas do século.

A mãe de Lovecraft, com sua condição mental e física deteriorada, sofreu um colapso nervoso em 1919, dando entrada no Butler Hospital, de onde, tal como seu marido, jamais sairia. Sua morte, porém, ocorrida em 24 de maio de 1921, deveu-se a uma cirurgia mal conduzida de vesícula. Lovecraft sofreu profundamente com a perda da mãe; recuperou-se o suficiente para comparecer a uma convenção de jornalismo amador em Boston, a 4 de julho de 1921.

Foi nessa ocasião que viu pela primeira vez a mulher que se tornaria sua esposa. Sonia Haft Green era judia-russa, com sete anos a mais que Lovecraft, mas ambos parecem ter encontrado, pelo menos no início, bastante afinidade um no outro. Lovecraft visitou Sonia em seu apartamento no Brooklyn em 1922, e a notícia de seu casamento – em 3 de março de 1924 – não foi surpresa para seus amigos, mas pode ter sido para as duas tias de Lovecraft, Lillian D. Clark e Annie E. Phillips Gramwell, que foram notificadas por carta só depois que a cerimônia ocorreu. Lovecraft se mudou para o apartamento de Sonia no Brooklyn, e as perspectivas iniciais do casal pareciam boas: Lovecraft angariara posição como escritor profissional, por meio da aceitação de várias de suas primeiras histórias na Weird Tales, o célebre magazine fundado em 1923, e Sonia tinha uma loja de chapéus bem-sucedida na Quinta Avenida, em Nova York.

Mas os problemas chegaram para o casal quase imediatamente: a loja de chapéus faliu, Lovecraft perdeu a chance de editar um magazine associado à Weird Tales (para o que seria necessário que se mudasse para Chicago), e a saúde de Sonia se esvaiu, obrigando-a a passar uma temporada no sanatório de Nova Jersey. Lovecraft tentou garantir trabalho, mas poucos estavam dispostos a empregar um “velho” de trinta e quatro anos que não tinha experiência. Em primeiro de janeiro de 1925, Sonia foi trabalhar em Cleveland, e Lovecraft se mudou para um apartamento de solteiro, junto a um setor decadente do Brooklyn, denominado Red Hook.

Embora tivesse muitos amigos em Nova York – Frank Belknap Long, Rheinhart Kleiner, Samuel Loveman –, Lovecraft tornou-se cada vez mais depressivo, devido ao isolamento em que vivia e às massas de “forasteiros” na cidade. Sua ficção passou do nostálgico (“The shunned house” – 1924 – se passa em Providence) para o frio e misantrópico: “The horror in Red Hook” e “He”(ambas de 1925) e “Cold Air” (1926) – expõem claramente seu sentimento por Nova York e o racismo que nutria em relação aos imigrantes. Finalmente, no início de 1926, fizeram-se planos para a volta de Lovecraft a Providence, da qual sentia tanta falta. Mas onde se encaixava Sonia nesses planos? Ninguém parecia saber, muito menos Lovecraft. Embora continuasse a professar sua afeição por ela, acabou concordando quando suas tias se opuseram à vinda dela a Providence, para iniciar um negócio: seu sobrinho não podia manchar-se com o estigma de uma esposa que era negociante. O casamento praticamente acabou, e o divórcio – ocorrido em 1929 – foi inevitável.

Quando Lovecraft retornou a Providence, em 17 de abril de 1926, para morar na Barnes Street, ao norte da Brown University, não foi para se sepultar, conforme fizera no período de 1908-1913. De fato, nos últimos anos de sua vida Lovecraft não era mais o eremita de antes: havia se tornado uma pessoa mais integrada ao mundo e ocupava parte de seu tempo com viagens e visitas a antiquários; escreveu sua melhor ficção, isto é, desde “The call of Cthulhu” (1926) até “At the mountains of madness” (1931) e “The shadow out of Time” (1934-1935); e continuou sua correspondência vasta e prodigiosa (estima-se que tenha escrito cerca de 100.000 cartas!) –, havia encontrado seu nicho como escritor de ficção fantástica da Nova Inglaterra e também como homem de letras. Estimulou a carreira de muitos autores jovens (como August Derleth, Donald Wandrei, Robert Bloch e Fritz Leiber); voltou-se para as questões políticas e econômicas, quando a Grande Depressão o levou a apoiar Roosevelt e a se tornar um socialista moderado; e continuou absorvendo conhecimento num largo espectro de temas, de filosofia até literatura, história e arquitetura.

Nos últimos dois ou três anos de sua vida, no entanto, Lovecraft passou novamente por dificuldades e pela perda de um ente querido. Em 1932, morreu a sua amada tia Mrs. Clark, e ele se mudou para o número 66 da College Street, atrás da John Hay Library, levando consigo sua outra tia, Mrs. Gamwell, em 1933. Suas últimas histórias, cada vez mais longas e complexas, eram difíceis de vender, e ele foi forçado a ganhar seu sustento às custas de revisões ou trabalho como ghost-writer de histórias, poesia e obras não-ficcionais.

Em 1936, o suicídio de Robert E. Howard, um de seus correspondentes mais chegados, deixou-o desorientado e triste. Por essa época, a doença que o levaria à morte – um câncer no intestino – havia progredido tanto que pouco se podia fazer para tratá-la. Lovecraft tentou resistir, em meio às dores crescentes, através do inverno de 1936-1937, mas finalmente teve de dar entrada no Jane Brown Memorial Hospital, em 10 de março de 1937, onde morreu cinco dias depois. Foi sepultado em 18 de março, no jazigo da família Phillips, no Swan Point Cemetery.

Em vida, Lovecraft jamais alcançou um público maior do que os leitores de revistas pulp para as quais escrevia. O único livro que conseguiu publicar – The shadow over Innsmouth (1936) – saiu em uma edição descuidade de baixa tiragem (cerca de duzendos exemplares) pela Visionary Publishing Co., uma pequena editora especializada em fantasia e ficção científica. Tudo parecia indicar que o destino final de sua obra, dispersa em vários periódicos, seria o esquecimento.
Mas os correspondentes August Derleth e Donald Wandrei, movidos pelo desejo de preservar a obra de Lovecraft, ofereceram os contos do amigo a vários editores. Como não encontrassem ninguém interessado, uniram esforços e, em 1939, fundaram a editora Arkham House a fim de publicar as obras de H.P.Lovecraft em livro. A primeira coletânea, The Outsider and Others, foi lançada no mesmo ano. Logo vieram muitos outros volumes, que no entanto não chamaram sufuciente atenção da crítica para alçar a obra de Lovecraft ao nível de literatura.

Na década de 40, Lovecraft começou a despertar alguma atenção por parte de especialistas, embora os comentários ainda fossem tímidos, quando não de todo negativos. Foi somente após a publicação do primeiro volume de sua correspondência em Selected Letters I (Arkham House, 1965) que Lovecraft passou a desfrutar de algum prestígio nos círculos literários. Alguns anos mais tarde, em 1979, foi fundado o periódico Lovecraft Studies, dedicado exclusivamente ao estudo do autor.

O reconhecimento definitivo veio em 2005 com a publicação de Tales, um volume inteiramente didicado a Lovecraft nas prestigiosa coleção da Library of America, que desde 1982 publica autores canônicos de língua inglesa. E assim o horror instalou-se definitivamente na biblioteca.

Fontes:

H.P. Lovecraft – The Life of a Gentleman of Providence, de S.T. Joshi, com tradução de Renato Suttana para o Site Lovecraft;

“Introdução” de Guilherme da Silva Braga, em “O Chamado de Cthulhu e Outros Contos”. Org. e trad. Guilherme da Silva Braga, São Paulo; Hedra, 2010.




OBRAS



Lista em ordem cronológica e títulos em inglês da ficção de Lovecraft, bem como revisões, colaborações, e diversas obras menores.

  • 1897: The Little Glass Bottle
  • 1898: The Secret Cave or John Lees Adventure
  • 1898: The Mystery of the Grave-Yard
  • 1902: The Mysterious Ship
  • 1905: The Beast in the Cave
  • 1908: The Alchemist
  • 1917: The Tomb
  • 1917: Dagon
  • 1917: A Reminiscence of Dr. Samuel Johnson
  • 1917: Sweet Ermengarde
  • 1918: Polaris
  • 1918/19: The Green Meadow (com Winifred V. Jackson)
  • 1919: Beyond the Wall of Sleep
  • 1919: Memory
  • 1919: Old Bugs
  • 1919: The Transition of Juan Romero
  • 1919: The White Ship
  • 1919: The Doom That Came to Sarnath
  • 1919: The Statement of Randolph Carter
  • 1920: The Terrible Old Man
  • 1920: The Tree
  • 1920: The Cats of Ulthar
  • 1920: The Temple
  • 1920: Facts Concerning the Late Arthur Jermyn and His Family
  • 1920?: The Street
  • 1920: Poetry and the Gods (com Anna Helen Crofts)
  • 1920: Celephaïs
  • 1920: From Beyond
  • 1920: Nyarlathotep
  • 1920: The Picture in the House
  • 1920/21: The Crawling Chaos (com Winifred V. Jackson)
  • 1920/21: Ex Oblivione
  • 1921: The Nameless City
  • 1921: The Quest of Iranon
  • 1921: The Moon-Bog
  • 1921: The Outsider
  • 1921: The Other Gods
  • 1921: The Music of Erich Zann
  • 1921/22: Herbert West—Reanimator
  • 1922: Hypnos
  • 1922: What the Moon Brings
  • 1922: Azathoth
  • 1922: The Horror at Martin’s Beach (com Sonia H. Greene)
  • 1922: The Hound
  • 1922: The Lurking Fear
  • 1923: The Rats in the Walls
  • 1923: The Unnamable
  • 1923: Ashes (com C. M. Eddy, Jr.)
  • 1923: The Ghost-Eater (com C. M. Eddy, Jr.)
  • 1923: The Loved Dead (com C. M. Eddy, Jr.)
  • 1923: The Festival
  • 1924?: Deaf, Dumb, and Blind (com C. M. Eddy, Jr.)
  • 1924: Under the Pyramids (com Harry Houdini)
  • 1924: The Shunned House
  • 1925: The Horror at Red Hook
  • 1925: He
  • 1925: In the Vault
  • 1926?: The Descendant
  • 1926: Cool Air
  • 1926: The Call of Cthulhu
  • 1926: Two Black Bottles (com Wilfred Blanch Talman)
  • 1926: Pickman’s Model
  • 1926: The Silver Key
  • 1926: The Strange High House in the Mist
  • 1926/27: The Dream-Quest of Unknown Kadath
  • 1927: The Case of Charles Dexter Ward
  • 1927: The Colour Out of Space
  • 1927: The Very Old Folk
  • 1927: The Thing in the Moonlight
  • 1927: The Last Test (com Adolphe de Castro)
  • 1927: History of the Necronomicon
  • 1928: The Curse of Yig (com Zealia Bishop)
  • 1928?: Ibid
  • 1928: The Dunwich Horror
  • 1929?: The Electric Executioner (com Adolphe de Castro)
  • 1929/30: The Mound (com Zealia Bishop)
  • 1930: Medusa’s Coil (com Zealia Bishop)
  • 1930: The Whisperer in Darkness
  • 1931: At the Mountains of Madness
  • 1931: Discarded Draft of The Shadow Over Innsmouth
  • 1931: The Shadow Over Innsmouth
  • 1931: The Trap (com Henry S. Whitehead)
  • 1932: The Dreams in the Witch House
  • 1932: The Man of Stone (com Hazel Heald)
  • 1932: The Horror in the Museum (com Hazel Heald)
  • 1932/33: Through the Gates of the Silver Key (com E. Hoffmann Price)
  • 1933: Winged Death (com Hazel Heald)
  • 1933: Out of the Aeons (com Hazel Heald)
  • 1933: The Thing on the Doorstep
  • 1933: The Evil Clergyman
  • 1933/35: The Horror in the Burying-Ground (com Hazel Heald)
  • 1933: The Hoard of the Wizard-Beast (com R. H. Barlow)
  • 1933: The Slaying of the Monster (com R. H. Barlow)
  • 1933?: The Book
  • 1934: The Tree on the Hill (com Duane W. Rimel)
  • 1934: The Battle that Ended the Century (com R. H. Barlow)
  • 1934/35: The Shadow Out of Time
  • 1935: “Till A’ the Seas” (com R.H. Barlow)
  • 1935: Collapsing Cosmoses (com R.H. Barlow)
  • 1935: The Challenge from Beyond (com C. L. Moore; A. Merritt; Robert E. Howard e Frank Belknap Long)
  • 1935: The Disinterment (com Duane W. Rimel)
  • 1935: The Diary of Alonzo Typer (com William Lumley)
  • 1935: The Haunter of the Dark
  • 1936: In the Walls of Eryx (com Kenneth Sterling)
  • 1936: The Night Ocean (com R.H. Barlow)
Fonte:
The H.P. Lovecraft Archive




Lovecraft por Lovecraft


Quanto a mim e às condições em que escrevo – temo serem assuntos um tanto insignificantes, uma vez que, a despeito de meus gostos excêntricos, em verdade sou um indivíduo deveras medíocre e desinteressante que mal produziu qualquer coisa que se possa chamar de literatura.

Coisas estranhas sempre me cativaram mais do que quaisquer outras – desde o princípio. De todas as histórias que nos contam durante a infância, as fábulas e lendas de bruxas e fantasmas deixaram as impressões mais profundas.

Na época a mitologia era meu alimento, e eu chegava quase a acreditar nos deuses gregos e romanos – imaginava vislumbrar faunos e sátiros e dríades ao crepúsculo nos bosques de carvalhoo onde agora mesmo estou sentado. Quando eu tinha cerca de sete anos, por obra de meus devaneios mitológicos eu queria ser – não apenas ver – um fauno ou um sátiro. Em geral imaginava que a parte superior das minhas orelhas começavam a afilar-se e que sinais de chifres incipientes começavam a surgir em minha fronte – e deplorava o fato de que meus pés levassem tanto tempo para transformar-se em cascos!

(...)Quando, um pouco mais tarde, a ciência obrigou-me a descartar este paganismo infantil, tornei-me um ateu materialista radical. Desde então dedico-me um bocado à filosofia e não vejo nenhuma razão que justifique crenças em qualquer forma de mundo espiritual ou sobrenatural
Assim, sou ultraconservador em termos sociais, artísticos e políticos e, ao mesmo tempo, apesar dos meus 39 anos, um modernista radical em todos os assuntos científicos e filosóficos. Como amante da liberdade ilusória do mito e do sonho, entrego-me à literatura escapista; da mesma forma, como amante do passado, pinto minhas ideias com a paleta do antiquário.


Sobre inspiração e a arte da escrita


Essa ideias, figuras e atmosferas vêm de todas as fontes imagináveis – sonhos, leituras, acontecimentos cotidianos, visões inusitadas, ou ainda de origens tão remotas e fragmentárias que não sou capaz de identificá-las. (...) Uma de minhas histórias, “O depoimento de Randolph Carter”, foi completamente sonhada e constitui um relato literal do que a noite me trouxe em uma noite de dezembro de 1910.
Tenho uma agenda onde anoto ideias estranhas e enredos rudimentares para uso posterior, e também um arquivo de notícias estranhas de jornal que uso como possível fonte de inspiração. Uns poucos contos foram baseados em sonhos – os meus são muito estranhis e fantásticos. Na juventude eu tinha mais pesadelos do que tenho aogra – aos seis anos encontrava com bastante frequência terríveis demônios dos sonhos que chamei de “noctétricos”. Usei-os em uma das minhas histórias. Tenho as melhores ideias entre as duas da madrugada e o amanhecer.

Mas Dunsany é mais próximo da minha própria personalidade e da minha própria compreensão. Machen tem uma intensidade histéirca que não compartilho nem compreendo – uma seriedade que constitui um limitação filosófica. Mas Dunsany É IGUAL A MIM, embora dotado de uma arte e de uma erudição infinitamente maiores.

O verdadeiro escritor precisa esquecer os editores e as possíveis aufidências, resignar-se a vendas muito infrequentes e trabalhar apenas a fim de expressar-se e satisfazer seus próprios critérios ficcionais. O comércio e a literatura decente não têm nenhum ponto em comum a não ser por acidente.


Sobre suas histórias e o gênero literário que escolheu


Elas não me parecem más ao lado do lixo indescritível que constitui grande parte do conteúdo da Weird Tales (revista para a qual Lovecraft escrevia), mas temo que eu não fosse me sair tão bem como escritor literário – ao lado da grande literatura de Poe, Machen, Blackwood, James, Bierce, Dunsany, De la Mare e assim por diante. A maior honra que recebi até agora foi uma menção com três estrelas e uma nota biográfica no volume “Best Short Stories of 1928” editado por O´Brien – por conta de meu “A cor que caiu do espaço”.

Embora a forma que escolhi para as minhas histórias seja sem dúvida especial e talvez limitada, não deixa de ser um modo persistente e permanente de expressão, tão antigo quanto a própria literatura. Sempre haverá um número diminuto de pessoas que sentem uma curiosidade ardente a respeito do espaço sideral desconhecido e um desejo ardente de escapar da prisão do conhecido e do real rumo às terras encantadas de incríveis aventuras e possibilidades infinitas aonde os sonhos nos transportam, e que os bosques densos, as fantásticas torres urbanas e os pôres do sol chamejantes sugerem-nos por breves instantes. Essas pessoas incluem grandes autores e também amadores insignificantes como eu – sendo Lord Dunsany, Edgar A.Poe, Arthur Machen, M.R.James, Algernon Blackwood e Walter De la Mare os mestres do gênero.


Sobre o ateísmo, o materialismo e o cosmicismo


O mundo e todos os seus habitantes parecem-me imensuravelmente insignificantes, de modo que sempre anseio por insinuar simetrias mais vastas e mais sutis do que aquelas relativas à humanidade.

Tudo indica que o cosmo seja uma eterna massa de forças em constante mudança e interação; que o atual universo visível, nossa minúscula Terra e nossa raça de seres orgânicos inferiores formem apenas um incidente transitório e desprezível. Assim, minha concepção séria da realidade é dinamicamente oposta à posição fantástica que assumo como esteta. Em estética, nada me atrai mais do que a ideia de estranhas suspensões das leis naturais – vislumbres bizarros de mundos de horror ancestral e dimensões anômalas, e insinuações de longínquos abismos desconhecidos nos limites do cosmo desconhecido. Creio que esse tipo de coisa fascina-me ainda mais porque não lhe dou o menor crédito!
Em toda a existência, os dois elementos que mais me fascinam são a estranheza e a antiguidade; e sempre que logro combinar os dois em uma única história tenho a impressão de que o resultado é melhor do que se eu tivesse usado apenas um.



Alguns livros de H.P. Lovecraft publicados recentemente no Brasil, e que é possível encontrar em livrarias e/ou sebos.



O chamado de Cthulhu e outros contos

É o primeiro volume do autor de uma série publicada pela editora Hedra.
Na minha opinião, trata-se de uma publicação essencial pois traz não só a história que dá nome à mitologia criada por Lovecraft, Cthulhu Mythos, mas também alguns dos melhores e mais significativos contos do autor, como “Dagon”, “O modelo de Pickman” e “A música de Erich Zann”. Além disso, possui excelentes extras: o apêndice com notas, uma carta de H.P.Lovecraft e uma ótima Introdução escrita por Guilherme da Silva Braga, que também é o tradutor da obra.


A cor que caiu do espaço

História que exemplifica perfeitamente o horror cósmico ou medo cósmico, escrito por Lovecraft e que ele próprio chamava de “cosmicismo”.
O volume também possui excelentes apêndices.


O horror de Dunwich

Outro exemplar da série publicada pela Hedra e com tradução e organização de Guilherme da Silva Braga.
Além da história que dá título ao livro e que traz inúmeras referências à mitologia lovecraftiana (Necromicon, Yog-Sothoth e Cthulhu; Arkham e a Universidade de Miskatonic) ainda nos traz a “História do Necronomicon”, em que Lovecraft mistura dados e fatos reais à sua mitologia, e que deixou (e ainda deixa) vários leitores intrigados quanto à existência do livro Necronomicon e de seu suposto autor, o árabe louco Abdul Alhazred; isso levou o próprio Lovecraft, poucos meses antes de morrer, a afirmar que:

Se a lenda do Necronomicon continuar a crescer as pessoas vão acabar acreditando nela e me acusando de falsificação quando eu revelar a origem verdadeira de tudo!

Há mais um outro conto presente neste volume: “O sabujo”, trata-se de uma típica história de terror e foi o primeiro texto de Lovecraft a mencionar o Necronomicon.


O horror sobrenatural em literatura

Edição da Iluminuras, que publicou vários títulos de Lovecraf no Brasil; com tradução de Celso M. Paciornik, trata-se de um ensaio (escrito em 1927) sobre a história e o desenvolvimento das histórias de terror.
O páragrafo inicial, na introdução, é dos mais famosas de Lovecraft:
A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o tipo de medo mais antigo e mais poderoso é o medo do desconhecido. Poucos psicólogos contestarão esses fatos e sua reconhecida verdade deve estabelecer, para todos os tempos, a autenticidade e dignidade da ficção fantástica de horror como forma literária.
No texto, Lovecraft não é nada imparcial e deixa bem claras suas preferências em termos de autores e influências.
Existe uma edição anterior desse livro, publicada pela Francisco Alves no anos 1980, mas difícil de achar, mesmo em sebos.




Alguns lugares, objetos e criaturas presentes na mitologia lovecraftiana


Arkham

Uma cidade fictícia localizada em Massachusetts e próxima de duas outras cidades criadas por Lovecraft e nas quais se passam muitas de suas histórias: Innsmouth e Dunwich.
Veja aqui mapa com as cidades fictícias incluídas no mapa de Massachusetts.


Miskatonic University

Localizada em Arkham, próxima ao rio Miskatonic (também fictício) provavelmente teve como modelo o Bradford College e a Brown University de Providence – RI. É a instituição de ensino superior que fornece muitos dos estudiosos presentes nas histórias de Lovecraft. É também a instituição detentora de um dos poucos volumes espalhados pelo mundo do execrado Necronomicon (veja a seguir).


Necronomicon

Livro cujo título original é Al Azif, teria sido escrito em Damasco por volta de 730 d.C. pelo poeta árabe Abdul Alhazred, originário de Sanaa, no Iêmen. O livro conteria segredos terríveis de magia negra e de seres de uma raça mais antiga do que a humanidade. Sua versão em árabe se perdeu para sempre, bem como as cópias em grego, restando apenas algumas poucas traduções em latim em poucas bibliotecas de Universidades como a de Harvard, a de Miskatonic e a de Buenos Aires.


Randolph Carter

É o protagonista de muitas histórias de Lovecraft e indisfarçável alter ego do escritor - o conto “O depoimento de Randolph Carter”, é o relato literal de um sonho de Lovecraft. Randolph Carter traz muitas das características pessoais de Lovecraft: é um escritor pouco conhecido, de natureza melancólica e sonhadora e, embora tenha a propensão de desmaiar em momentos de estresse emocional, em muitas ocasiões se mostra corajoso e determinado, como quando sai em busca da cidade perdida de seus sonhos e, no caminho, enfrenta destemidamente as criaturas malévolas e terríveis presentes na história “A busca onírica por Kadath”.


Cthullhu


Na mitologia lovecraftiana Cthulhu é um dos Old Ones, um dos Anciões, seres extraterrestres poderosos que habitaram a Terra muito antes do surgimento dos humanos. Após o aparecimento dos homens, Cthulhu mergulhou no Oceano Pacífico, na grande e estranha cidade de pedra de R'lyeh com seus monolitos e sepulcros; e lá ele jaz, esperando o momento propício para seu retorno, quando as estrelas estiverem alinhadas. E embora os sacerdotes e seguidores humanos do Cthulhu entoem em seus rituais:

“Ph’nglui mglw’nafh Cthulhu R’lyeh wgah’nagl fhtagn.”

(Traduzido como: “Na casa em R’lyeh, Cthulhu, morto, aguarda sonhando.”)

Cthulhu não está morto, de fato, conforme a passagem alegórica contida no nefando Necronomicon, do árabe louco Abdul Alhazred:

Não está morto o que eterno jaz,
No tempo a morte é de morrer capaz.

Quanto à aparência física de Cthulhu, podemos recorrer ao próprio Lovecraft e ao seguinte trecho do conto “O chamado de Cthulhu”:

Se eu disser que minha fantasia extravagante conjurava ao mesmo tempo as imagens de um polvo, de um dragão e de uma criatura humana, não incorro em nenhum tipo de infidelidade ao espírito da coisa. Uma cabeça polpuda, com tentáculos, colmava um corpo grotesco e escamoso com asas rudimentares; mas era a silhueta da figura o que a tornava ainda mais horrenda. Atrás da figura aparecia a vaga sugestão de um cenário arquitetônico ciclópico.

attachment.php




Algumas considerações finais

Conheci Lovecraft nos anos 1990, através da coleção “Mestres do Horror e da Fantasia”, publicada pela editora Francisco Alves. Fã de histórias dos gêneros fantástico e de terror que sou, me encantou descobrir um autor que reúne tantas qualidades como as descritas neste tópico e que, principalmente, escreveu histórias repletas de referências ocultas e de um clima denso e misterioso como sonhos.

Entre as reclamações que ouvi de quem leu H.P.Lovecraft pela primeira vez, estão os que acham seu estilo antiquado e suas histórias previsíveis e com acontecimentos e personagens agindo de maneiras muitas vezes incongruentes com a realidade. Às duas primeiras objeções só posso responder com os mesmos argumentos que responderia a que vê os mesmos problemas com a obra de Jules Verne, Edgar A. Poe, H.G.Wells e J.R.R.Tolkien: foram eles que começaram com a coisa toda, ou pelo menos foram um dos primeiros a abordarem daquela maneira determinado tipo de história.

Quanto às limitações “técnicas”, digamos assim, de personagens e fatos que não condizem com a realidade, eu nunca soube bem como responder a isso, uma vez que o que sempre me encantou na prosa de Lovecraft era o clima meio etéreo e de sonho/pesadelo – não é por acaso que, entre minhas histórias favoritas, estão “Sonhos na casa da bruxa” e “A busca onírica por Kadath” – de maneira que sempre me calei diante dessas críticas; até o dia em que li o ensaio “O sussurro reconsiderado” da autoria de Fritz Leiber e publicado no Brasil como apêndice da edição de “Um sussurro nas trevas” (publicado pela Hedra).

No ensaio, Fritz Leiber, cuja obra foi fortemente influenciada por Lovecraft, faz uma análise apurada do conto “Um sussurro nas trevas”, sem encobrir os pontos fracos da trama como a facilidade com que um dos personagens principais se deixa enganar e outras limitações do texto.
Leiber então nos lembra que Lovecraft, em “Notas sobre a escritura de contos fantásticos” escreveu:

"Tudo o que um conto maravilhoso almeja é pintar o retrato convincente de um determinado sentimento humano

E, a seguir, Fritz Leiber resume bem os sentimentos que os contos de H.P.Lovecraft me despertam:

(...) as histórias de H.P.Lovecraft dominam o leitor como pesadelos e foram escritas da mesma forma, por uma mente incapaz de sair do pavoroso trilho por onde corria para olhar ao redor. Uma intensidade cadenciada e sonâmbula – o autor e o escritor arrastados contra a vontade através de um corredor sem fim ou por uma cidade interminável ou pavorosa floresta – o deslocamento por um panorama de horrendos arabescos – episódios assim parecem saídos de um pesadelo ou de uma visão hipnagógica.

E assim é.
Lovecraft tornou-se presente em muitos setores da cultura dos séculos XX e XXI. Mesmo quem nunca leu uma frase de seus contos conhece, por exemplo, Cthulhu e Arkham, seja através dos quadrinhos, de jogos RPG ou jogos para PC ou de músicas.

Encerro minhas considerações sobre este fantástico (em todos os sentidos) escritor com o trecho final do documentário “Lovecraft: Fear of the unknown” de 2008 (que você pode assistir completo e com legendas, no Youtube) com as considerações finais do diretor Stuart Gordon e do escritor Neil Gaiman sobre Lovecraft:


Stuart Gordon: É incrível pensar que esse sujeito recluso, vivendo em uma pequena casa em Providence, Rhode Island, seja o criador do terror moderno.

Neil Gaiman: É a dualidade de Lovecraft: pode-se ver suas ideias quase como base de uma religião, ou do ponto de vista seriamente acadêmico, ou do ponto de vista literário, ou, se você quiser, apenas desenhar grandes monstros formidáveis, Lovecraft está lá também.









cthulhu3.jpgPhoto Lucius B. Truesdell_Arkham House.jpg
 
Última edição por um moderador:
Re: H.P.Lovecraft

Recentemente eu li Nas Montanhas da Loucura e o conto O Chamado de Cthulhu e fiquei fascinado pelo autor. A impressão que tive, não sei se equivocada, é que o estilo do texto envolve mais a preparação para o horror inominável do que o horror em si. Isso ficou bem explícito Nas Montanhas da Loucura, já que entendi que um dos objetivos do autor seria traduzir para o leitor o completo choque de uma revelação totalmente inesperada ou imaginada. As vezes eu tinha a impressão que ficava um pouco repetitivo, mas depois entendi que o estilo de documentário do texto tinha essa natureza repetitiva, que talvez expressasse justamente os personagens tentando racionalizar aquela loucura que estavam encontrando. Enfim, gostei muito de conhecer o autor e adorei o resumo! Estou bastante interessado em ler Dagon, Sonhos na Casa da Bruxa e A Cor que Caiu do Espaço.
 
Re: H.P.Lovecraft

Li O Caso de Charles Dexter Ward e até hoje é o livro mais aterrorizante q eu já li.

Também só li isso, e algumas imagens do livro são realmente aterrorizantes. Mas ao mesmo tempo é um livro que não tem como largar.

Estou em uma dívida pessoal comigo mesmo de ler mais livros desse cara.
 
Li muitos contos, e todos são muitos bons

Meu favorito é Horror em Dunwich, também gosto muito do bom e velho Call of Cthulhu, At the Mountain of Madness e O Depoimento de Randolph Carter.
 
Vi o artigo abaixo e lembrei desse tópico:

Take a webcomic tour through H.P. Lovecraft's Dream Cycle stories

In the canon of H.P. Lovecraft, stories like "Pickman's Model," "The Shadow Over Innsmouth," "The Dunwich Horror," and, of course, "The Call of Cthulhu," are the most frequently adapted, but cartoonist Jason Thompson delves into the rich fantasy worlds of Lovecraft's Dreamlands in a series of webcomic adaptations of the Dream Cycle stories.

Fonte: io9
 
Sou praticamente um ignorante em Lovecraft, mas andei lendo no começo do ano a coletânea de sonetos Fungi from Yuggoth e gostei bastante. O clima é realmente ímpar, o Lovecraft soube instilar um sentimento de terror em seus versos com grande perícia. Gostei, em especial, desse aqui:

XXXV. Evening Star.

I saw it from that hidden, silent place
Where the old wood half shuts the meadow in.
It shone through all the sunset's glories - thin
At first, but with a slowly brightening face.
Night came, and that lone beacon, amber-hued,
Beat on my sight as never it did of old;
The evening star - but grown a thousandfold
More haunting in this hush and solitude.

It traced strange pictures on the quivering air -
Half-memories that had always filled my eyes -
Vast towers and gardens; curious seas and skies
Of some dim life - I never could tell where.
But now I knew that through the cosmic dome
Those rays were calling from my far, lost home.

Existem outros também, como o I, o IV, o XIII, o XVII, o XIX, o XX, o o XXVII, o XXX. A obra pode ser encontrada aqui; particularmente achei-a até tranquila de ler... E olhem que meu inglês nem é tão bom assim.
 
Sou praticamente um ignorante em Lovecraft, mas andei lendo no começo do ano a coletânea de sonetos Fungi from Yuggoth e gostei bastante. O clima é realmente ímpar, o Lovecraft soube instilar um sentimento de terror em seus versos com grande perícia. Gostei, em especial, desse aqui:



Existem outros também, como o I, o IV, o XIII, o XVII, o XIX, o XX, o o XXVII, o XXX. A obra pode ser encontrada aqui; particularmente achei-a até tranquila de ler... E olhem que meu inglês nem é tão bom assim.

Ótima indicação! Lerei. Também sou aprendendo sobre o autor e o meu interesse começou quando eu estava pesquisando autores que criaram as suas próprias mitologias. Eu estava procurando sobre um tipo de mitologia que fosse menos baseada em argumento de fantasia e mais voltada para algo científico-cósmico. Não poderia ter encontrado resultado melhor, né? Infelizmente, e não sei se estou enganado, acho que Lovecraft nunca desejou focar as suas obras no desenvolvimento dessa mitologia, no sentido de explicar as origens das entidades ou seus reais objetivos. Parece que o foco primário do autor era pegar a premissa específica do horror cósmico e desenvolve-la o máximo possível sob a ótica humana, sobre o processo de assimilação ou enlouquecimento dos seres humanos. Lembro de ter lido em algum lugar que outros autores continuaram desenvolvendo o universo de Lovecraft, alguns até mesmo explorando mais o legado mitológico.

Mudando de assunto, mas nem tanto, encontrei por aí os trabalhos do artista Jason McKittrick (Devianart e o site Cryptocurium). Impressionante a qualidade dos detalhes! Achei cosmicamente indescritível .
 
Ótima indicação! Lerei. Também sou aprendendo sobre o autor e o meu interesse começou quando eu estava pesquisando autores que criaram as suas próprias mitologias. Eu estava procurando sobre um tipo de mitologia que fosse menos baseada em argumento de fantasia e mais voltada para algo científico-cósmico. Não poderia ter encontrado resultado melhor, né? Infelizmente, e não sei se estou enganado, acho que Lovecraft nunca desejou focar as suas obras no desenvolvimento dessa mitologia, no sentido de explicar as origens das entidades ou seus reais objetivos. Parece que o foco primário do autor era pegar a premissa específica do horror cósmico e desenvolve-la o máximo possível sob a ótica humana, sobre o processo de assimilação ou enlouquecimento dos seres humanos. Lembro de ter lido em algum lugar que outros autores continuaram desenvolvendo o universo de Lovecraft, alguns até mesmo explorando mais o legado mitológico.

Muitos estudiosos da obra afirmam isso mesmo, Grimnir.
Que o Lovecraft ele não tinha intenção de criar uma mitologia, apenas foi agregando as ideias, usando referências de uma história na outra.
Mudando de assunto, mas nem tanto, encontrei por aí os trabalhos do artista Jason McKittrick (Devianart e o site Cryptocurium). Impressionante a qualidade dos detalhes! Achei cosmicamente indescritível .

Alguns são assustadores!
Fico pensando que deve ter alguns malucos por aí que levam isso a sério.
Quero dizer, os cultos mesmo. :squid:

:hahanao:
 
Muitos estudiosos da obra afirmam isso mesmo, Grimnir.
Que o Lovecraft ele não tinha intenção de criar uma mitologia, apenas foi agregando as ideias, usando referências de uma história na outra.

Embora eu tenha muito interesse em saber sobre esse universos expandido (as origens das entidades, como vieram parar aqui na Terra, quais seus objetivos, suas rivalidades e etc..), eu também temo que parte da essência do trabalho original de Lovecraft possa ser perdida durante esse esforço. As vezes é melhor não explicar certas coisas pra não correr o risco de estragar a história original.

Alguns são assustadores!
Fico pensando que deve ter alguns malucos por aí que levam isso a sério.
Quero dizer, os cultos mesmo. :squid:

:hahanao:

Clara, assim você magoa o bebê-Cthulhu.


cthulhu-mask-3.png
 
Eu só li o Chamado de Chthulhu (sei lá como se escreve isso). E gostei, é muito bom, tenho que ler mais coisas dele. Ótimo tópico, Clara! :joinha: Não gosto de você, :humpf: mas gostei do tópico.
 
Preciso ler LOVECRAFT!!!!!! 8-O



E a quem interessar possa, tem vários audiobooks em inglês do Lovecraft no YouTube, inclusive esses poemas. ^^
 
Última edição por um moderador:
Lembro que alguém falou no tópico de lançamentos que a Hedra iria lançar ainda esse ano a ficção completa do moço - sabem se isso procede mesmo :D?
 
Li apenas o livro "O Chamado de Cthulhu e Outros Contos" da Editora Hedra, e é com certeza o melhor livro de terror que já li. De verdade, não consegui ficar com "medo" em nenhum dos contos, mas mais com curiosidade e ao mesmo tempo aflição da descoberta. Exceto com o conto "O Assombro nas Trevas". Ler às 3 da madrugada completamente no escuro (só com a iluminação da TV) um conto que falava sobre um monstro "invisível" que vivia na escuridão, me fazia perder um pouco de masculinidade toda vez que eu ouvia um barulho estranho enquanto lia, hahaha.

Se HP Lovecraft não tivesse mérito por criar ótimas estórias de terror/horror (pq realmente, ele tem), já seria suficiente louvá-lo pelas criaturas horrendas que ele criou, com a sempre supremacia de Cthulhu.

Acho que o que pega com Lovecraft é realmente o medo do desconhecido. Ninguém nunca soube, por exemplo, qual é a forma de Dagon, e mesmo assim ele é uma criatura assustadora, simplesmente por como Lovecraft descreve o personagem que o estava vendo. Lovecraft nunca precisou descrever uma criatura para torná-la horrenda, mas apenas aquele que a observa.


E já que o tópico é sobre Lovecraft, alguém aí tem o Necromicon? Eu tenho vontade de comprar o livro, mas ao mesmo tempo é um dos livros que mais tenho medo de ver na vida.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo