Like a Bird – Parte 13

Escrito por Fábio Bettega

Ele observava a menina humana há algum tempo. na verdade queria lhe perguntar algo, mas ela parecia tão concentrada rabiscando tengwares em modo sindarin de modo infantil, mas ela estava se esforçando e parecia aprender rápido. Então ele ficou parado, apenas observando-a tentar aprender a escrever, até que pensou que começava a ficar parecido com Legolas, observando-a sorrateiramente e silenciosamente. Balançou a cabeça e chamou a atenção dela:

 

-Hey, Miyoru!- ele viu-a levantar a cabeça e olhar para ele, sorrindo e chamando-o para chegar mais perto
-Venha, Merry-san. O que quer?- ela perguntou-lhe, quando este se sentou ao seu lado.
-Me ofende, por que acha que quero algo?-
-Perdoe-me, Merry, eu não tinha a intenção d….
-Se acalme, menina! Eu realmente queria saber o que tinha naquela carta que….
-Ahá! Então eu estava certa!- ela comemorou, acusando-o.
-Sim sim…-ele sorriu -Agora me dirá o que tem na carta?
-Não.- ela virou-se novamente para seu caderno de caligrafia -Isso é bisbilhotice sua.
-Ah, Miyorinho, seja boa…eu e Pippin estamos morrendo de curiosidade, e Gandalf se recusa a nos contar qualquer coisa sobre isso!
-Claro, Gandalf é muito sábio e inteligente, mas não conhece hiiragana, katakana e kanji.- ela disse solenemente
-Hein?
-As escritas de meu povo. São complicadas, mas não são nada perto disso!- ela jogou a pena dentro da tinta com impaciência -Veja isso, está simplesmente ilegível!
-Como assim? Você não escreveu eldar?
-Escrevi edaín!- ela quase gritou, furiosa com sua incompetência.
-Tem voltas, subidas e descidas demais.- ele sorriu -Talvez você devesse desistir de ser autodidata e arranjar um professor, Miyoru. Peça para Aragorn, se não estiver especialmente ocupado, ou Legolas. Ou mesmo Gandalf, na realidade. Mas estamos mudando de assunto!
-Uh?
-Sim senhora, você estava indo me contar sobre sua carta!
-Estava nada!- ela riu, seu riso melodioso reverdecendo pelo ar frio da manhã -Você é um falso e um chantagista, Meriadoc Brandebuque!-
-Não sou! Sou apenas um hobbit curioso!
-Como todos os Hobbits, embora em curiosidade seja um dos piores!- Gandalf se aproximou deles, e Miyoru se levantou correndo até ele
-Gandalf! Venha, veja como estou?- ela correu até ele com seu caderno na mão -Estou melhorando bastante, não?
-Realmente, uma evolução surpreendente para uma menina que é orgulhosa o suficiente para dispensar um professor e insistir em aprender por si só! Se queria escrever em sindarin, deveria ter pedido a Legolas, sabe que ele não lhe negaria qualquer coisa que fosse, aliás, ficaria especialmente feliz em lhe ensinar sobre seu povo!- quando Gandalf falava , Merry conseguiu perceber um brilho estranho dentro dos negros olhos do mago, e embora ele olhasse para a menina a sua frente, seu olhar parecia contemplar coisas secretas, muito distantes dali, com um sorriso de quem sabe um tanto além do que fala, mas este logo se desvaneceu -Mas não vim para nada disso. Os capitães estão chegando, e estava indo para o salão em que eles se reunirão. Vocês deveriam vir junto, meus queridos amigos.- Merry então anuiu e disse que iria com ele, mas Miyoru respondeu que recolheria sua coisas e logo desceria.
Legolas olhava á sua volta, sensivelmente incomodado. Éomer entrara pela porta como se fosse parte daquela casa e cumprimentara Aragorn com efusiva intimidade e alegria. Alegria demais para Legolas conseguir se sentir tranqüilo com aquilo. E agora todo o conselho estava reunido. E Éomer não parava de encará-lo com um sorriso definitivamente provocativo. Todos estavam quietos esperando. Até que a voz cristalina soou, junto com passadas rápidas, e leves, quase sem tocar o chão
-Neeee! Estou atrasada, me perdoem!- ela desceu com tanta velocidade que seus pés mal tocavam o chão. Era a única mulher naquela reunião e, pelo que parecia, esforçara-se arduamente para esconder isso, prendendo os cabelos num rabo de cavalo na nuca e vestindo-se como um guerreiro viajante. Ela rapidamente alcançou a mesa onde estavam todos á volta e se sentou no lugar que lhe reservaram, ao lado de Legolas e na frente de Éomer. Tão logo acomodou-se em sua cadeira e então Faramir se levantou para começar a falar sobre o que achava , o que poderiam fazer, seu território, os homens que poderia mandar, etc, etc, etc…tudo muito maçante e informação desnecessária para Miyoru. Ela até tentava se concentrar no que ele dizia, mas sua mente vagueava para outros lugares.

A carta…

"Para Kaoru Kamiya, Dojo Kamiya, Tokio
Bom dia, Kaoru-chan, como vão as coisas aí? É Misao. Bem, espero. Kenshin já se recuperou dos golpes incessantes de Kenji e Hotaru? Esses dois são realmente duas pestinhas! Nove anos, eu já nem acredito… bem, que tal é ter um filho quase crescido Kaoru? Sente-se velha e acabada? Ótimo, porque Ai só tem 4 anos e eu já me sinto assim.
Megumi disse que ela nunca estará velha e acabada. Raposa metida e nojenta que deveria ser exterminada. Humpf! Duas filhas e ainda tem aquela aparência de 20 aninhos. Aquela mulher é anormal, estou avisando, mantenha as crianças longe dela. Inclusive as dela mesmo.
Brincadeiras a parte, Kaoru-chan, eu estou realmente preocupada… Ai-chan está lá fora treinando, por insistência do pai. Eu realmente preferiria que ela não tivesse que tocar numa espada, ter movimentos fluidos como água e correr numa velocidade invisível ao olho humano antes do seu décimo aniversário. Pelo menos que ela tivesse uma mira um pouquinho pior… ver sua filha pequena ser melhor que você é uma experiência traumatizante.
Principalmente porque o pai dela parece adorá-la acima de tudo. E se ressente comigo por eu não ser tão obcecada pela menina como ele. Se ele soubesse quanta dor ela me custou, não a amaria tanto, ne?
Mas eu realmente gosto de Ai-chan. Ela é pequena, é bonitinha como uma boneca, em suma, uma gracinha, como todas as menininhas de 4 anos. (opa, Kaoru-chan, foi mal, eu esqueci que você era chamada de garotinho nessa idade. Eu também era. Maldição. Ai-chan também se pareceria com um garoto se se vestisse como um e tivesse o cabelo de um. E se machucasse como um. Como nós. Mas ela tem cabelos que levam horas nas mãos de Omasu e Okon. Elas realmente acham que ganharam uma boneca em tamanho grande o suficiente. E eu peguei o vó planejando o uniforme de ninja dela. Velho tarado…além de tudo, pedófilo.
Bom, eu não deixaria, e Ai-chan jamais se envolveria com qualquer um que tenha o dobro da idade dela, não é?
Não é?
Bom, ela realmente gosta do Kenshin. Preocupante. E do Hiko Seijuurou. Muito preocupante. Eu matarei o meu genro se ele tiver mais do que 30 anos.
Mas meu marido anda frio comigo, e com nosso filho…ele simplesmente prefere passar todo seu tempo livre, e também o não livre, com a menina. A treina, a leva passear, a mima até o insuportável, na verdade, até que alguém a arranque dos braços dele e a leve para a cama. Mas não quer nem saber
do bebê , ou de mim. Espero que isso passe logo, mas quanto mais ela cresce, mais ele vira um fanático alucinado.
Observação; não adianta mandá-la para passar uns dias aí. Da última vez ela voltou falando na terceira pessoa, como Kenshin, e está assim até hoje. "ai-chan isso, ai-chan aquilo" chikuso, ela não tinha aprendido a falar eu?
Mas mudando de assunto, sinto o ar da casa ficando pesado. Como se um ar sangrento se apoderasse de cada pedacinho pútrido da casa. Acho que a única que não percebe isso é Ai-chan.
Se eu tivesse apenas um desejo, Kaoru, apenas um pedido, eu esperaria que ela não fosse como eu, eu esperaria que ela entendesse qu"

Nessa parte a carta terminava, rasgada, rasgando também a mente da menina. O que era afinal o desejo de sua mãe? Entendesse o que? Perguntas sem resposta, e que ninguém poderia responder. Miyoru se esforçara para esquecer a carta, mas sua mente, sempre que podia , insistia. Como uma voz, lá,. em algum lugar, perguntando, questionando, inquirindo, enlouquecendo-a…ela sacudiu a cabeça, se voltando para Faramir, para descobrir que quem falava agora era Éomer, e antes dele haviam falado outros emissários, desde Lothlórien à Mirkwood, todos eles e seus comunicados, a tempo passara até o sol ficar alto. "Como o tempo passa rápido quando se está divagando…"
-Então, eu creio que, na melhor das hipóteses, oito ou nove mil homens. Não podemos nos esquecer que teve um guerra á menos de cinco anos, e precisamos defender nossas casas.
-Eu concordo com Éomer. Mas não sabemos nada sobre esses estrangeiros, e quantos são, suas formas de atacar. Não é como contra Mordor, contra quem lutamos desde sempre. – objetou Faramir, tenso
-Mas apesar disso, Mordor está aliada a essa nova força, e não submissa dela, então sabemos parte do que esperar. Quanto a outra parte, temos Miyoru nesse conselho para esses fins, Éomer.-Aragorn se permitiu sorrir e olhar para a jovem
-Os japoneses não levam em conta quantidade, mas qualidade. É preferível ter 10 bons espadachins do que 100 médios, ou 10000 homens que mal sabem manejar uma arma decentemente. Acontece que 10 homens bons fariam um estrago tremendo, mas jamais conseguiriam enfrentar e matar, por exemplo, os nove mil homens de Éomer. São homens, e não deuses. A exaustão os venceria antes.- ela sorriu pelo canto dos lábios -De qualquer forma, o melhor que poderíamos fazer é ter um espião infiltrado no terreno inimigo. Quantos são, como são, quem são seus líderes e o quão bons eles são……tudo o que precisaríamos saber. Eu mesma- ela apontou para si própria -Poderia servir de espiã nos campos inimigos.
-Em hipótese alguma!-Legolas se levantou, de impulso, argumentando para ela, e então para Aragorn e Gandalf -Ela faz parte da comitiva, deve nos acompanhar até o fim.- o desespero, o susto, tudo estava evidente na voz e na bela face do elfo. Legolas não era dado a rompantes assim, o que provocou uma troca de olhares entre Gandalf e Aragorn.
-Você sabe que não é assim, Legolas, e todos os membros são livre para deixar a comitiva no momento em que desejarem fazê-lo. E Miyoru na verdade estaria trabalhando para um bem maior do plan- mas Gandalf foi interrompido por uma voz autoritária e imperiosa de Legolas
-Ela não pode ir. Jogá-la na cova dos leões, uma menina, uma criança! Irão atacá-la, irão…- uma angústia crescente se estampou na voz de Legolas. O horror, o mesmo que ele sentiu quando a viu em Orthanc, e num momento um terror muito pior se apoderou dele, provocando-lhe um frêmito
-Legolas!- Miyoru se levantou com um estrondo -Eu faço o que bem entender e o que for melhor, e se quer saber, na próxima vez em que me chamar de criança, tomarei por um insulto pessoal.- o tom era amargo e furioso -E não me responsabilizarei por seus atos. Quando foi que você adquiriu o direito de comandar meu passo? Vou e volto de onde tiver vontade, e obedeço apenas as ordens de meu capitão!
-Então obedeça-as agora e sente-se, Miyoru.- Aragorn fez um sinal para que ela se sentasse, preocupado, e ela o fez bufando. Então Aragorn dirigiu o olhar para Legolas, que também se sentou, se sentindo angustiado, e infeliz, e preocupado com as atitudes inconseqüentes de Miyoru, e magoado com elas também. E se ajeitou, como um animal ferido, permanecendo assim pelo resto da reunião, sem prestar atenção em mais nada.

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