Narn Vendeniel – Parte 05

Escrito por Fábio Bettega
Capítulo V – A Partida da Sociedade

    Vendeniel andava triste pelos jardins de Valfenda, quando sentiu uma mão pousar em seu braço. Ela se virou e viu que era Legolas. – Eu nunca me imaginei assim. – disse ela. – eu nunca me vi como a dama que fica em casa enquanto os homens partem.

 
    – Mas você também partirá. Chegará a hora de nos reencontrarmos.
    Vendeniel abaixou a cabeça. – eu não quero vê-lo partir, Legolas. Mas por Elbereth eu juro que nos reencontraremos, nos campos de batalha. – Devagar, Vendeniel fechou os olhos, e seus lábios foram indo na direção dos de Legolas, até toca-los, e então eles se beijaram.
    – Nos veremos antes do fim, Vendeniel. – Disse ele. – É uma promessa.
    Vendeniel não quis ver a Sociedade partir, de modo que ficou em seu quarto. Kalimë, obviamente reparara, e a toda hora assediava Vendeniel, na esperança de saber o que estava acontecendo. Naquele mesmo dia, ao entardecer, Elrond chamou Vendeniel para conversar.
    – Obrigada pelo convite, Mestre Elrond. – disse Vendeniel.
    Elrond sorriu. – O prazer é meu, Vendeniel de Hennut.
    – Mas deve haver um motivo para ter me chamado. – respondeu Vendeniel.
    – Na verdade, eu achei que fosse com a Sociedade do Anel. Achei que se juntaria à eles, Vendeniel. – disse Elrond, sentando e indicando uma cadeira para Vendeniel. – E também gostaria de ouvir sua história, pois eu creio que não houve tempo, com o que aconteceu nos últimos dias.
    – Não, eu não fui com a comitiva de Frodo. – disse Vendeniel, distraída. – Eu tenho a minha própria comitiva, e não pretendo me separar dela. E quanto à minha história, o que eu posso dizer? Sou uma navegante, conheço os mares perto de Valinor e por lá navego. E uma coisa não pude deixar de notar: muitos barcos, elfos indo embora, partindo e falando de uma Sombra no leste. Fui até a morada de Varda e falei com ela, e lá Elbereth me disse o que acontecia. Eu parti imediatamente, e alguns resolveram me acompanhar, meu irmão Haryon, meus primos Fingwë e Findar, e Kalimë. Cheguei à Terra Média, falei com Círdan e ele me aconselhou em vir até Valfenda. Mas as minhas dúvidas sobre o que acontecia já foram esclarecidas no seu conselho, Mestre Elrond.
    Elrond perguntou de repente. – E o que você quer fazer, Vendeniel?
   – Eu só quero ajudar. – disse Vendeniel. – Mas a única ajuda que posso oferecer agora é lutar nas guerras que hão de vir. Eu sei que só tenho à minha disposição quatro guerreiros, mas são valorosos e hábeis.
    – Compreendo, Vendeniel. Mas as guerras ainda tardarão a acontecer. Nem Sauron e nem Saruman ainda tem forças suficientes, estão primeiro se armando e se fortalecendo para finalmente atacar. – falou Elrond.
    Vendeniel se levantou. – Então o que eu farei? Esperarei aqui, até que a hora chegue? Não, mestre Elrond. Eu não sou a dama que espera. Eu sou a mulher que vai para a guerra.
    – Não se precipite. – disse Elrond, imperativo e Vendeniel se sentou. – Eu posso entender sua impaciência, mas não! Ela só porá tudo a perder. Acalme-se Vendeniel. Preciso que permaneça aqui, por enquanto. Depois eu desejo que parta para as florestas de Lothlórien.
    – Sim. – balbuciou Vendeniel. – Me desculpe a impaciência, mestre Elrond. Mas há uma coisa que eu queria saber. Nove anéis foram dados aos homens mortais, sete aos anões, um para Sauron e três para os elfos. Existem três anéis de poder com nosso povo. Eu queria saber quem os possui.
    – Celebrimor deu dois anéis à Gil-Galad e um à Galadriel. Galadriel, a Senhora de Lórien, ainda possui o seu. Antes de morrer, Gil-Galad passou um anel para mim e outro para Círdan. – falou Elrond, pensativo.
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    Então Vendeniel levantou-se, de sobressalto. – Então o Senhor possui um anel!
    Elrond sorriu e mostrou a Vendeniel o seu anel. Era feito de ouro e ostentava uma bela pedra azul. –     Este e Vilya, o maior dos três anéis. – mas respondeu à Vendeniel antes que ela perguntasse. – Mas não, não posso usa-lo contra Sauron. Estes anéis não foram criados para conseguir o poder, mas para manter as coisas belas que construímos. Mas agora vá, Vendeniel. Pode sair e andar por Valfenda, que a partir de agora, também é sua.
    Vendeniel pensava no que Elrond disse. Sim, os elfos não queriam o poder. Eles queriam deixar as coisas que eles tinham criado mais belas ainda. Então, não havia nexo usar o poder dos anéis élficos para destruir. Estava andando, quando viu uma pequena figura sentada, imóvel num banco. Por um momento pensou que estivesse desmaiada. Vendeniel foi até ela e viu que era o hobbit idoso do Conselho de Elrond.
    – Você está bem? – ela perguntou. O hobbit, que estava dormindo, acordou assustado.
    – Oh! Thorin, cuidado, os orcs! Ah… me desculpe. – disse ele, desconcertado. – eu acho… eu estava só sonhando… Sentei aqui e cochilei um pouco. Eu sou Bilbo Bolseiro, às suas ordens. Acho que já me falaram alguma coisa sobre você. É a Senhora do Oeste, Athangaear, como lhe chamam, não é?
    – Sim. Me chamo Vendeniel, mestre Bilbo. – disse a elfa, sorrindo.
    Bilbo suspirou. – É. Eu estava aqui, pensando, sabe. Um poema. Mas não sei se está bom.
    Vendeniel sorriu novamente. – Então, o que está esperando? Eu posso dar a minha opinião, se você recitá-lo!
    – Bem, lá vai. – disse Bilbo – não sei se está muito bom, mas, em todo caso…
 
Em Eregion Celebrimor estava a trabalhar
Anéis ele fez, e para nobres iria dar
Três para os elfos, sete para os anões
Nove para os homens,que os puseram em suas mãos
Mas um erro ocorreu, havia um traidor
Sauron, o trapaceiro, enganou Celebrimor
Um anel para ele forjou, um anel para comandar
Mais poderoso que os outros, para poder governar
Comandou exércitos, que marcharam e marcharam
Destruíram cidades, muitas pessoas mataram
Elfos e homens, então uniram seu poder
Para que uma revanche pudesse ocorrer
Marcharam até a Montanha da Perdição
Lá a Ultima Aliança completou sua missão
Gil-Galad e Elendil morreram
Mas forças do mal também pereceram
Isildur, filho de Elendil com sua espada cortou
O Anel de Sauron, e o terror acabou
Mas o Anel não foi destruído
E isso fez com que Sauron tivesse sobrevivido
Então um dia ele há de voltar
E o mal irá, novamente, reinar
Até q
ue aquele forte o suficiente
Faça com que o anel caia na lava quente

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    – Não está tão bom, como a Senhora pode ver… – disse Bilbo.
    – Não, este poema sobre a Forjadura dos Anéis e sobre a Última Aliança está bom, mestre Bilbo. – disse Vendeniel. – espero que Frodo seja forte o suficiente, para que o fim do seu poema realmente ocorra.
    Bilbo suspirou. – Sim, eu espero. Aliás, todos nós esperamos. Nosso destino está nas mãos daquele rapaz. – então, ele mudou de assunto rapidamente. – Mas também a história de uma Princesa Élfica de Eldamar que vem para guerrear contra o mal na Terra Média daria um bom poema.
    Vendeniel sorriu. – Então, mestre Bilbo, pense nesse poema.
    Os dias se passavam em Valfenda e lá Vendeniel fez muitos amigos. Ficou amiga de Arwen, a filha de Elrond, e de Bilbo, e de muitos outros. Mas um dia, ela foi novamente chamada por Elrond, e ao chegar em sua sala, haviam também dois homens, muito parecidos com o Meio-Elfo que Vendeniel logo supôs que deveriam ser parentes próximos dele.
    – Vendeniel, estes são meus filhos, Elladan e Elrohir. Partirão para Lothlórien amanhã. Você deverá ir com eles, Vendeniel, você e sua comitiva. – Ele mostrou à elfa um grande mapa da Terra Média. – Olhe, siga até o Passo do Caradhras, e atravesse indo pelo rio Veio de Prata. Entrarão então em Lórien. Elladan e Elrohir conhecem o caminho. Você irá ao amanhecer.
    – Sim, Mestre Elrond. – disse Vendeniel respeitosamente.
    Elrond a abraçou, como se esta fosse sua filha. – Vá com a benção de Varda.
    Na noite anterior à sua partida, o salão estava vazio. Vendeniel estava sentada sob um dossel, como Arwen, novamente ladeada por Kalimë e Haryon, que já arrumavam as coisas para sua partida. Depois do jantar, Bilbo apresentou sua canção sobre a Última Aliança para os elfos, e também cantou outra canção.

Azul é o mar e castanha é a montanha
Conseguiria alguém ser capaz de tal façanha?
Nos olhos, o brilho do céu
Em torno de si, um prateado véu
Cabelos dourados, brancas as vestes
Dize, Senhora, teu nome e por que vieste
Ó enviada de Elbereth Semprebranca
Senhora dos Mares, das águas é criança
Em seu branco barco ela se põe a navegar
Perigos e aventuras há de encontrar
Até que na glória e cansaço um dia possa descansar
Ó Vendeniel, filha de Fánethar, Senhora de Além Mar!

    – Ora, Mestre Bilbo! Assim me sinto lisonjeada! – riu Vendeniel.
  Bilbo então olhou para ela. – Eu disse que pensaria, Senhora Vendeniel. – e esta dormiu mais confortada, e conformada com sua partida no outro dia. Quem sabe encontraria Legolas?

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