Like a Bird – Parte 08

Escrito por Fábio Bettega

-Miyoru, Miyoru acorde!- Frodo a sacudiu levemente. Miyoru dormira enrolada na capa que lhe tinha sido dada, perto da já morta fogueira.

 

 

-Nyang…Legolas…- ela murmurou, abrindo os olhos, para dar de cara com os grandes olhos azuis de Frodo, logo sobre os seus -NYAAAAAH!- ela deu um salto para longe, mas quando o reconheceu, relaxou – Frodo! Não me assuste assim desse jeito!

-O que você disse quando acordou, Miyoru?- ele perguntou, subitamente curioso

-Ah…quem? Eu?- ela se fez de desentendida, mas seu rosto estava ficando rosado -eu..eu…disse..disse..- ela olhou para baixo, para cima… até que estalou os dedos, dizendo -eu disse vá embora porque não gosto de ser acordada!

-Tem certeza?- Frodo perguntou, desconfiado

-Certeza de quê?- Legolas apareceu na clareira em que os dois estavam, sorrindo

-É qu- antes que Frodo pudesse dizer qualquer coisa, Miyoru já estava junto dele, tapando sua boca com a mão

-Nada!- respondeu ela, apressada -Absolutamente nada! Vamos seguir viagem?-

-Isso que eu vim avisar. Vim trazer o pônei de Frodo e convidá-la para vir comigo em meu cavalo.- Legolas exibia um sorriso brilhante, estava tentando convidá-la para viajar com ele desde o começo da demanda, mas sempre acontecia algo para impedir

-Ah, claro, vou aceitar com muito prazer!- respondeu ela, entrelaçando os dedos e ficando ainda mais rosada. Frodo ficou olhando para ela, e depois longamente para Legolas, para então abafar risadinhas com a mão, e seguir em frente, com seu pônei.

-Então, tudo pronto?- perguntou Aragorn, terminando de atrelar o cavalo

-Como se sente, Miyoru?- perguntou Gandalf, gentilmente

-Estou ótima! Vocês cuidaram muito bem de mim!- disse ela, animada -Só não gostei de ter que usar esses vestidos que ganhei de Éomer-san.- ela fez uma careta. Aragorn riu, então disse:

-Me acompanha?- ele estendeu o braço para ajudá-la a montar, mas Legolas disse:

-Não, Aragorn, ela vai comigo desta vez.-

Aragorn sorriu simplesmente, e montou seu cavalo.

Legolas ajudou Miyoru a montar, e montou depois, atrás dela… se ele tivesse sabido o que aconteceria com ele nessa viagem…

Legolas se sentia nervoso. Seu corpo simplesmente parecia estar consciente da proximidade de Miyoru. Do fato dela estar encostada em seu peito, da delicadeza do seu corpo, da sua respiração… Ele simplesmente não conseguia se concentrar em qualquer outra coisa, além da menina dormindo encostada no seu peito. Mesmo com os cavalos andando, ela cochilara em seus braços. Em seus braços! Seu coração estava em júbilo por tê-la tão próxima a si. O contato tão íntimo o estava deixando louco… louco porque queria tocá-la mais, louco por que ansiara tanto por ela que agora que a tinha, queria poder abraçá-la mais, envolvê-la mais… e seus medos, agora eram meras sombras, distantes… ele cavalgava um pouco atrás dos outros, apenas seguindo-os.

-Hmm…- Miyoru despertou de seu cochilo, a tarde já ia alta. Jogou a cabeça para trás, encontrando o rosto de Legolas, logo acima do seu -Boa tarde, Legolas-san.

A voz melodiosa dela chegou aos seus ouvidos, causando um arrepio. Ele olhou para baixo, encontrando-a sorrindo para ele.-Boa tarde, Miyoru. Já dormiu o bastante?

-Eu? Já. Não tinha nada melhor para fazer…

-Você me ofende. Poderíamos ficar conversando…

-Ah, desculpa! Não quis te ofender!

Ele sorriu -Tudo bem. Não estou ofendido…

-Nyang….canta?

-Hein?

-Canta, uma música para mim!- ela disse, infantilmente -Eu adoro quando você canta!

-E é possível negar-lhe algo quando pede assim?- ele sorriu então apenas cantou o que lhe veio à cabeça, deixando que tudo que sentia com ela assim, tão próxima a ele –

E eu desistiria da eternidade para tocar você.

Pois eu sei que você me sente de algum modo.

Você é o mais próximo que eu ficarei do paraíso.

E eu não quero ir para casa agora mesmo.

E tudo o que posso saborear é este momento

Tudo o que posso respirar é sua vida

E mais cedo ou mais tarde acaba

Eu só não quero sentir sua falta esta noite

Todos se voltaram para ouvir Legolas cantando, a melodiosa voz élfica deixava patente tudo o que sentia, mas apenas quem ele queria que entendesse sua mensagem, apenas ouviu a beleza da canção.

-Você tem a voz mais linda do mundo, Legolas-san.

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Ele sorriu -Obrigado.-Hnf…- grunhiu Gimli -Vocês dois estão numa melação que dá vontade de vomitar e é ang- Gimli não pode terminara frase. porque um dos dardos atingiu a parte traseira de seu elmo. Aragorn, claro, desviou quando viu o dardo vindo.

-Baka! Só porque o Legolas é gentil e você tem a sutileza de um cavalo desembestado!

-Ora, sua pirralha! Melhor teríamos feito se tivéssemos abandonado você em Isengard!

-Ora, mas pelo menos vocês sabem que o anel não estava lá, certo Frodo?- perguntou ela, se voltando para o hobbit

-Sim… eu não senti o anel por lá…

-Mas isso mais preocupa que relaxa.-comentou Aragorn, franzindo o cenho

-Falando nisso, até quando vamos viajar?- interrompeu Pippin -Eu estou faminto, e Merry também, e Sam, não é?

Miyoru colocou a mão sobre sua barriga -Eu também.

-Então é melhor pararmos.- disse Legolas, já parando seu cavalo, embora desgostasse da sensação de ter que se afastar dela. Aragorn riu e a tensão se desanuviou de seu rosto

-Certo, certo…montaremos acampamento aqui então…De acordo, Gandalf?

-O que eu poderia ter contra?- e o próprio desmontou seu senhor dos cavalos

Assim, todos rapidamente armaram acampamentos. Sam começou a cozinhar, e tudo mais.

Já era madrugada, perto do amanhecer, quando um barulho acordou a todos no acampamento, e qual não foi a surpresa, quando, ao se levantarem, depararam com uma mulher, "Do outro mundo" isso logo ficou patente que ela tinha vindo do mesmo lugar que Miyoru, vindo na direção deles.

-Ora, ora, que recepção agradável.- quando ela já estava perto do fogo o bastante para verem seu rosto, e todas as armas já estavam apontadas para ela. Mas quando seu rosto ficou visível, Miyoru soltou uma exclamação de horror e reconhecimento imediato.-Você!

-Si
m, eu…-a mulher soltou um riso de escárnio -Como vão suas feridas, Ai? Sabem, o mestre ficou muito furioso de terem conseguido te libertar…

-Foi você quem me prendeu em Isengard?

Legolas, que já estava preparado para o ataque, estava a ponto de soltar sua flecha. Seus olhos arderam de ódio ao pensar que, aquela mulher á sua frente, era responsável pelos machucados de Miyoru, que ela tinha colocado suas mãos sobre Miyoru e a ferido… Seus dedos formigaram para soltar a flecha em sua mão e acabar com aquela nojenta que tinha ferido sua menina, mas ele sabia que ela estava dando informações e esperou.

-iie… não diga que aquele.. monstro…. voltou a vida?- a voz de Miyoru ressonou, hesitante

-Não, não. Mas você ficaria surpresa em saber quem ele é. Sabe, ele não quis torturar você, foi.. tudo idéia minha!

Legolas já estava a ponto de soltar sua flecha. Já não bastava o ódio que ele sentiu em pensar que aquela mulher tinha colaborado para os machucados que Miyoru agora tinha, só de saber disso ele sentiu uma vontade quase incontrolável de ir até ela e despedaçá-la com suas duas espadas. Mas Aragorn lançou um olhar mandando-o se conter, e ele, há muito custo, obedeceu.

-Você conhece essa mulher, Miyoru?- Aragorn perguntou, ele mesmo sem baixar a guarda

-Mulher?- perguntou a estranha, rindo -Não sou mulher…. não é, Ai-chan?- ela sorriu, de uma maneira felina, e Miyoru reparou, horrorizada, numa cicatriz que a mulher tinha…

nos lábios…

-AH… Percebo que reparou no machucado que me fez? Lembra dele?

-Não, NÃO! Mas…você…não…- ela bateu o pé firmemente no chão, várias vezes, enquanto limpava a boca no manto -COMO?

-Não se engane… eu gosto mesmo é de homens, mas… você é diferente.- ela disse, com muita simplicidade

Miyoru se lembrava dela, claro que lembrava! E quando ela finalmente aceitou que era ela mesma, e não qualquer outra coisa, algo dentro dela explodiu! Miyoru sempre odiara traições, e aquela bicha nem parecia se importar!

-Como.. você… PÔDE?-ela perguntou, subitamente furiosa -Eles CONFIARAM em você e você os TRAIU!- ela já segurava a sua espada, e avançava em direção à inimiga

-Você… é muito parecida com sua mãe, sabia? Mas tem a beleza de seu pai… o mesmo jeito, exatamente… mas seus olhos não são azuis, e nem tão gelados…

-Cale-se!- a voz de Miyoru se tornou autoritária e rígida. Agora ela estava indo lutar, e nem escutava mais os avisos dos outros… Ela era uma guerreira, agora, e não uma mulher, na verdade…

…sequer uma humana…

-Uh… você está realmente diferente agora… Quer lutar? Bem, vamos lá! Se você vencer, eu lhe deixarei em paz.

-E se eu perder?

Um sorriso felino escapou-lhe -Daí, voltará para Orthanc.

-Isso nunca!- uma flecha rasgou parte da roupa da estranha, talvez porque ela tenha reflexos muito rápidos.

O rosto de Legolas, agora, estava menos mortal. Mas quando ele ouviu-a falar que Miyoru voltaria para Orthanc, ele quis matá-la. "Ela não vai por as mãos em Miyoru!"

-Legolas-san.- Miyoru o chamou, mas sem se voltar para ele, ainda encarando a sua adversária, que assumia a posição de luta -Eu estou de acordo.

-Mas…Miyoru…

Ela não respondeu. Levou a mão à espada e disse -Quer começar?

A resposta foi desdenhosa -Eu tenho que dar á chance para meu inimigo atacar, por isso nunca começo. Mas eu não me preocupo, afinal, apenas um estilo já me venceu sem ajuda…

Miyoru sorriu pelo canto dos lábios -Então…- ela bate levemente a ponta do pé, uma, duas três vezes. E o que aconteceu depois foi impressionante…

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Um barulho ensurdecedor se seguiu, rodeando a inimiga, mas Miyoru não podia mais ser vista. O barulho explodia o chão, eram os passos dela. A moça começou a, com sua grande foice, tentar acertar a esmo onde ela estaria, mas nada conseguia. Estava apavorada, e parecia que aquela batalha estivera ganha antes de começar, quando ela sentiu um peso nas costas, e logo sentiu a terra úmida por causa do sereno em seu rosto. Miyoru a chutara, de cima e por trás, derrubando-a, e agora estava ajoelhada sobre seus pulmões, dificultando-lhe a respiração. E a fria lamina, pressionada contra o seu pescoço. "Por que essa pirralha não me mata logo? E como ela conseguiu…" mas a voz, firme e fria como a própria lâmina em seu pescoço, se sobrepôs aos seus pensamentos

-10 níveis abaixo da supressão do espaço, Kamatari. Você perdeu, e facilmente.

-Eu não sabia que você…

-Que eu era uma espada celestial também? Mas acho que agora…- Miyoru apertou mais a lâmina contra o pescoço dela, começando a cortar -você sabe.

Todos estavam aturdidos. Ela fora simplesmente inacreditável. Era inconcebível uma habilidade assim.-É…magia!- Murmurou Gimli aterrorizado, e ao mesmo tempo, admirado com a menina que ele tanto brigara.

-Não, não é.- disse Aragorn, também admirado

-Tem razão, não é.- Gandalf, então, com um sorriso, explicou – É o máximo da agilidade, o máximo de rapidez de movimentos.

Mas, sem mais nem menos, Miyoru tirou a lâmina do pescoço dela, e se levantou, cortando o cabo da foice que ela carregava e arrancando a corrente com a bola de ferro. -Em algum dia no passado, você foi julgada e perdoada por outras que te venceram. Se esta era a vontade dela… não serei eu a te matar. Vá, volte para o antro de onde você veio!- Miyoru mostrou a língua para ela, e foi em direção ao resto da nova sociedade.

-Você vai deixá-la viver?-perguntou Merry -POR QUÊ?

-Ele tem razão, ela é uma inimiga!- Pippin apoiou

-Ela não oferece perigo.- ela deu um sorriso para eles, embainhando a espada, então se voltou para a outra, caída lá atrás -Se você quiser vir conosco, Kamatari, será bem vinda.- mas logo foi seguida de exclamações de indignação por parte dos outros

-Sabe…- ela disse, levantando-se, com um sorriso amargo -Você… lembra tanto eles! Todos eles! Parece que tem um pouco de cada um…- ela se virou, e partiu, simplesmente, em paz. Na verdade, Tanto Merry quanto Pippin e Gimli quiseram ir judiá-la, mas os outros os impediram. Quando ela já tinha sumido de vista, foi uma festa em torno de Miyoru.

-Você foi o máximo!-

-Derrotou-a tão rápido que ninguém nem viu!

Entre outras frases. Miyoru apenas ria e sorria, até que ela e os hobbits começaram a brincar, e se divertir, enquanto Gandalf, Aragorn e Legolas conversavam e os observavam, mas eles precisavam continuar viajando na manhã seguinte e eles decidiram descansar um pouco.

Ela abriu a porta vagarosamente, temerosa, mas ouviu a voz retumbante

-Então, apanhaste? Foi muita sorte que ainda esteja viva. Eu não teria sido tão piedoso.

-Mas não é justo! Você não me avisou que ela era uma espada celestial!

-Você deveria ter imaginado… mas não se preocupe…- ele alisou o palantír a seu lado -Tudo está saindo como o planejado…-

-Mas mestre… E o elfo?

A face dele se fechou, subitamente -Ele é um estorvo. Mate-o, e o faça logo!

Ela sorriu -Eu…posso?

-Claro.- disse ele, percebendo as intenções maliciosas no olhar dela

-Eu ouço e obedeço, meu senhor….

-Ótimo.

Miyoru sentiu o vento frio da manhã em seu rosto. Ajoelhou-se diante do enorme rio a sua frente, e debruçou-se sobre para ver seu reflexo na água.

"-Você… é muito parecida com sua mãe, sabia? Mas tem a beleza de seu pai… o mesmo jeito, exatamente… mas seus olhos não são azuis, e nem tão gelados…"

Ela ouviu novamente as palavras ecoando na sua mente, então olhou para sua própria imagem na água, logo em frente a ela. A mesma cara de sempre; os cabelos negros até os joelhos, com duas mechas mais curtas na frente que lhe caiam sobre os ombros, a franja dividida ao meio de corte reto mas meio desfiado, embora sua franja subisse e depois descesse como uma franja normal.

A pele bem pálida, mas sem parecer doentia. Como uma boneca de porcelana. Ela deu um riso amargo, afinal, era tudo, menos uma boneca.

Os olhos grandes e verdes. sempre que olhava para os próprios olhos se sentia tonta. Eram verdes demais, e talvez o traço mais marcante de seu rosto. Costumava ouvir que eram inacreditavelmente verdes mas para ela eram apenas parte do normal.

Nunca gostara da sua própria imagem, mas agora ela resolvera se analisar. Era mesmo tão parecida com o pai quanto todos diziam? Kamatari não fora a primeira…

Então, num súbito acesso de raiva, ela mexeu na água rapidamente, para desfazer a sua imagem refletida na superfície da água. Não queria ser parecida com ele. Não podia…

-Miyoru! Miyoru!- Frodo apareceu, chamando-a, fazendo-a desviar os olhos das águas que agitara -Venha, estamos partindo.

-Tá! Estou indo, me espere!- ela se levantou, indo com ele. Mas antes ela se virou, lançando um último olhar ao rio, e depois olhando para os amigos ao longe, se preparando para seguir viagem. Amigos. Seus amigos. E ela nunca os trairia.

-Não… não tão diferente dele…- ela ergueu os olhos para o sol da manhã, que inundava o céu de vermelho e tons de rosa, e sorriu -Mas tampouco tão parecida…

-Disse alguma coisa, Miyoru?

-Nada, Frodo… nada. Vamos logo, eles estão esperando.- ela sorriu para ele, indo em direção aos outros.

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