O Senhor dos Palcos (Parte 1)

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Escrito por pandatur
musical.jpgPor Michael Kuchwara, Associated Press
 
    Após meses de ensaios em um minúsculo e sujo depósito nos limites do vale do Rio Don em Toronto, a caríssima versão d’O Senhor dos Anéis’ de J.R.R. Tolkien tomará vida no teatro Princess of Wales.

 


    Se a saga em três partes de Tolkien, sobre o esquivo anel, é uma daquelas colossais aventuras lendárias, uma busca para terminar com todas as buscas, não é uma tarefa fácil tornar o estenso, meticulosamente detalhado mundo criado por Tolkien em uma peça de teatro.
 
    Assim, temos isto – uma adaptação com mais de 3 horas da trilogia de Tolkien. Com grande estréia marcada para 23 de março, o espetáculo possui um elenco de quase 60 atores e custou mais de 23 milhões de dólares – e subindo. Como comparação, "O Fantásma da Ópera" que custou o recorde de 8 milhões de dólares quando estriou na Brodway em 1988, teria um preço de US$ 12 milhões atualmente.
    E a produção tem alguns alguns apoios financeiros incomuns, incluindo o governo da província de Ontario, que contribuiu com US$ 2,5 milhões para o orçamento do espetáculo. E se "O Senhor dos Anéis" for um sucesso aqui, Wet End de Londres e a Brodway farão reverência.
 
    Como todas as jornadas épicas, esta começa com a tenaz visão de um homem – um irlandês de Limerick, silencioso e modesto, chamado Kevin Wallace. Este ator-de-uma-só-peça encontrou sua profissão em produções, após trabalhar para Andrew Lloyde Webber, um homem que sabe um pouquinho sobre o espetáculo por si próprio.
    No entanto, Wallace não teve a idéia original de fazer uma versão teatral d"O Senhor dos Anéis". Uma adaptação musical surge esporadicamente desde o final dos anos 90. Foi este ponto de vista do romance de Tolkien que atiçou seu interesse em primeiro lugar, antes mesmo do fenomenal sucesso do filme de Peter Jackson, lançado em um período de 3 anos começando em 2001.
 
    O esboço foi pelo escritor e poeta Shaun McKenna,  um jovial e articulado Britânico cuja versatilidade de assuntos para outros espetáculos incluem a celebrada senhorita Heidi (Suiça) e o pintor francês Toulouse Lautrec. Escrito no final da década de 90, esta adaptação musical de "SdA", "sempre estava para acontecer, mas nunca deslanchou", disse McKenna.
 
    Wallace viu a versão de McKenna em 2001. Intrigado, mas não completamente satisfeito, Wallace eventualmente contratou Matthew Warchus, que veio à bordo não só como diretor mas como co-autor do script e das músicas. O trabalho começou mesmo no começo de 2003, após aprovação do projeto, e concessão de Saul Zaentz, que possuia os direitos para filme e teatro.
    A colaboração deles mudou radicalmente o "SdA" teatral, e com a mudança vieram os custos da escalação. "Ficou claro que iria se tornar muito grande. Você não pode fazer ‘O Senhor dos Anéis’ com dois bastões de caminhada e um par de cadeiras" brincou McKenna.
    No começo, o molecote Warchus, mais conhecido em Nova Iorque pela sua direção em peças de obras de Yasmina Reza, tais como "Art" e "The Unexpected Man", e a ressureição de "True West" de Sam Shepard, tinha algumas dúvidas: visões de musicais com tema bucólico dançavam em sua cabeça.
    "Mas percebi que era uma oportunidade de juntar um monte de coisas que eu me interessava – circo, espetáculo, interpretações pessoais intensas. ‘O Senhor dos Anéis’ possui uma grande estória, com enormes dimensões emocionais".
 
    Mas não o chame de musical.
    Se há uma coisa que esta produção não é, é esta: ela NÃO é um musical. Wallace enfatiza isto. Mesmo assim o espetáculo é repleto de música – cujas partituras foram fornecidas pelo compositor de Bollywood A.R. Rahman, e um grupo de música folclórica finlandês chamado Varttina, composto por três cantoras e seis músicos.
    Em um ensaio do coro, a música soou vagamente como de uma ópera, quando mais de duas dúzias de cantores elevaram suas vozes no que foi quase uma prece fervorosa em forma de canção.
    "Tentativas de criar um musical convencional de ‘O Senhor dos Anéis’ só podem ser feitas com a vulgarização do romance" diz Warchus. Ainda assim, ele não está muito certo em como descrever o que ele, seu elenco e sua equipe de produção colocaram no palco. Talvez seja uma peça teatral com músicas, parecido com a versão da Companhia Real de Shakespeare de "As Aventuras de Nicholas Nickleby" de Charles Dickens, um sucesso em Londres e na Brodway no começo dos anos 80.
"Ao mesmo tempo em que não é um musical, há quase uma trilha sonora contínua. É muito raro não termos música na peça, mas ela é usada com intervalos maiores que o normal. Há muito que ressaltar, por exemplo" diz o diretor.
    O coreógrafo Peter Darling, que criou as coreografias para o hit atual londrino "Billy Elliott" entrou no grupo depois que Warchus implorou para ele ouvir as gravações de Varttina.
    "Várias danças são baseadas em idéias musicais folclóricas" ele diz. Darling não trabalhou de perto com os compositores, apesar dele saber que certas sequências precisassem ser dançáveis. "Para outras (sequências), eu só escutei a música que era composta e lia certas passagens nos livros. E então pensava sobre como o movimento seria."
 
    Oficinas foram con
duzidas em Londres, em antecipação à estréia do espetáculo que seria feita ali primeiro. Mas quando o teatro que Wallace queria não estava disponível, ele pôs os olhos em Toronto, quando um de seus produtores implorou que assim o fizesse, o proprietário do teatro de Toronto, David Mirvish.
 
Continua…  =)
 
 
Agradecimentos à Primula pela tradução.
 
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