Abordagem sobre o Kalevala

Escrito por Fábio Bettega

Hailsa. Durante muito tempo, ficou um tanto quanto difícil para todos os que gostam dos trabalhos de Tolkien, ter acesso a material sobre a mitologia Finlandesa, em português. Assim, ao depararmo-nos com os Mitos da Finlândia, edição em português de 1953, e ao contrapô-los com materiais lituanos, e outros, onde a Kelevala ainda é usada em nossos dias como forma Shamanica, via informações da internet, pensei em engendrar o material abaixo para servir de base tanto para os leitores, fãs e curiosos da obra de Tolkien, quanto para os que buscam saber como se passa, o pensamento dos que tanto influenciaram suas obras explêndidas.

O Material abaixo pode ser uma forma de abordar e de retratar o conhecimento daquele povo, de forma a usar termos comparativos, úteis para compreender sua forma de pensar, e sua apresentação cultural, e expressão de desenvolvimento para o mundo. Um abraço a todos, Grimmwotan Idavoll.

 
A algum tempo, por conta da obra do Tolkien, sempre somos tocados pela constante lembrança feita, dentro dos textos, a respeito das fontes serem célticas, Germânicas e Finlandesas.

A respeito do material céltico e germânico, é muito mais fácil que teçamos comentários, uma vez que são mais facilmente encontrados.

Sobre o Kalevala  fica bem mais difícil, pois é mais restrito especificamente a região da Finlândia, e notemos que há locais ali, em que a tradição oral acabou por ser mantida, graças a dureza do clima.

No entanto, a partir do estudo do Material que está disponível em português, sob a forma dos Mitos da Finlândia, podemos tecer alguns comentários a respeito, tanto de sua aplicação como de seu uso e via de desenvolvimento.

No sistema de desenvolvimento Finlandês, temos que ressaltar que o processo de crescimento, de desenvolvimento em si, parte em direção a duas direções, em que a Abissalidade, é em essência uma norma geral.

Sim o culto Finlandês, apesar de ligado a passagens sobre a beleza do sol, da lua e dos campos, é plenamente “cthônico”.

A presença da água dominante é necessária em uma região como a da Finlândia, e dessa água mesclada ao céu vem a nascer o mundo e suas subdivisões.

Assim de Athi, Deus dos Mares da Pré-Existência negativa, veio Luonatar (uma das filhas de Odin, na forma como o Kalevala parece dar-nos a entender, que aqui aparece como progenitor das Deusas, provavelmente o ponto de organização e de concentração de Athi ), em meio  ao oceano dessa pré-existência, até que Utar, as Névoas, a Águia Prateada, desejosa de conseguir um ninho fixo para seu Ovo de Ouro, encontra nas pernas de Luonatar local propício.

Contudo tão quente era o Ovo, que Luonatar teve que submergir suas pernas no grande Oceano da pré-existência, e  o Ovo se expandiu ao toque do Oceano Primitivo.

Da parte superior da casca  proveio o Céu e o Vento, O Deus Ukko; da parte inferior da casca proveio a Terra,  Sampsa Deus dos Campos; da Gema o Sol;  da Clara a Lua.

Luonatar, grávida a muito da semente de Athi, pôde então dar a luz ao Sábio Poeta, o progenitor de todas as coisas, que dá vida com seu canto, Vainamoinen o Mago.

Na essência do que Vainamoinen é, encontramos o mesmo que a fusão das aptidões dos Deuses Sumérios Enki (que a tudo dá forma), e Enlil (que a tudo dá nome).

Assim, a terra sem vida, recebeu a benção de Sampsa, através do desejo de Vainamoinen, pois as sementes que vieram de Sampsa, nunca vistas floresceram.

Vemos atuação excepcional do kantel (lira Finlandesa), nas mãos do Poeta divino, que com seu canto dá vida a tudo (e podemos concluir que de seu canto, a Terra ganhou vida na forma da presença de Sampsa).

Há a presença do poderoso e arrogante Herói, Lemminkainnen, guerreiro e mago, que ostenta também a habilidade no kantel, mas que se atrapalha em seu próprio orgulho.

Ilmarinen é o Poderoso Artífice, o Ferreiro divino.

Controverso e capaz de produzir qualquer objeto que queira, muitas vezes é chamado de artesão do Céu (neste caso temos um ponto de contato com a figura de Enki).

Há também Louhi, Senhora de Pohjola, mestra do Sampo (nos mitos mais recentes tendo sido criado por Ilmarinen, mas não nos mitos mais antigos).

Pohjola é uma cidade que fica no NORTE MAIS EXTREMO, cercada de SERPENTES, chamada de Terra da Escuridão, vista muitas vezes como Terra Sem Alegria.

Notamos que em número gênero e grau, POHJOLA é vista como exatamente como o HELL, como Cidadela dentro de NEPHELHEIM, onde habitam as SERPENTES, a volta do HVELGALDHIR.

Isso ocorre, quando notamos as partes dos mitos que acusam o local de ser o local da tristeza eterna, ASSIM SENDO COMPARANDO-O COM O LOCAL DOS MORTOS, e em outros como sendo o local das TREVAS ETERNAS, assim sendo comparando-o com O HELL (escuridão).

Tendo o Hvelgaldhr como ponto analítico de contato, pelo fato de que Hvel quer dizer fonte ou roda, e Galdhir Canto ou Encantamento. E O SAMPO É A FONTE DA ALEGRIA INTERMINÁVEL, fonte do CANTO E DA POESIA, poesia esta que é o meio e modo da MAGIA CANTADA EM ESTROFES, magia cantada como podemos observar no GALDHIR e nas estrofes, como nos mostra Egil Skallagrimmson.

A análise do texto acessível nos permite observar, pelo constante choque de ver a Louhi como sábio e generosa, ou como contida e ambiciosa (de acordo com a idade e aproximação com a intoxicação cristã), que o culto original Finlandês era totalmente dedicado a LOUHI E A BUSCA POR ALCANÇAR A SOMBRIA TERRA DA ESTRELA POLAR.

E quem pudesse empreender esta façanha, provaria do SAMPO, estando em estado de perpétua alegria.

Este fato é demonstrado em uma curiosa e MUITO IMPORTANTE PARTE DO KALEVALA, em que vemos ODIN.

Sim há um Odin no Kalevala, ele reside em um Palácio em uma Gruta nas profundezas abissais do Oceano Negativo Primordial, tendo por porta o Oceano físico.

E Vainamoinen, desejava seu esplêndido Kantel, para trazer a ALEGRIA PARA TODOS OS HOMENS E SERES VIVENTES, uma vez que seus versos por mais belos que fosse, ao tocar a alma humana, causavam o relembrar da dor, pela contemplação da Alma.

Odin lhe deu o Kantel, e Vainamoinen cantou para muitos, e a cada um que se rejubilava com seu canto, solicitava estar para sempre na presença de Vainamoinen e de seu Kantel.

E o pequeno Barco de Vainamoinen, por fim, teve seu fundo arrebentado, e todos naufragaram.

Odin tornou-os peixes, e ocultou Kantel.

Vainamoinen entristeceu-se por que não mais poderia alegrar ao mundo.

Odin respondeu-lhe:

“Vai e canta tua sublime poesia, pois por mais que cause dor e lástima ao homem, a Alegria Eterna não pode ser desfrutada pelos Mortais. Aos mortais somente resta um pequeno momento de Alegria, pelo qual  devem se lamentar, por não mais poder desfruta-lo”.

O Odin ali descrito, portava finas roupas feitas a maneira de escamas de peixes.

Notemos que a Palavra Aegir quer dizer Terror, e que a Palavra Yggr, quer dizer Terrível.

Aegir é o Senhor e Pai dos Oceanos, nascido do Sangue de Aour-Germir, e é o Pai de todas as Sereias e Tritões.

Yggr é o título de Odin, em sua Caçada Selvagem.

Esta conexão pode muito bem nos mostrar pontos de contato, impensados anteriormente, a cerca do tradicionalismo nórdico.

Uma vez que Pohjola é o ponto ambicionado, lar das Deusas filhas de Louhi, ambicionadas por todos os Heróis e Deuses Finlandeses, local onde o Sampo se origina, equivalendo assim ao ANNWIN CELTICO, não teríamos aqui um ponto de contato em que o ponto de vista Vanir e o Celta vieram a dar as mãos em uníssono?

E em sendo assim, levando-se em conta a forma de apresentar-se de Freija, o próprio ponto de Vista sobre Ostara, e a essência do Folkvangar (para onde metade dos Einjharls vão), também ali não estariam inseridos os alinhamentos abissais e “chtônicos”?

A resposta afirmativa, pode ser vantajosa, mas ela deve ser estudada com muito cuidado, pois somente o uso adequado do conhecimento resultará em Sampo, para quem dele souber fazer uso.

Agora, analisando as estruturas básicas envolvidas no processo de sutilização,  dentro do desenvolvimento no sistema Finlandês, encontraremos alguns nuances muito interessantes:

ATHI
O Oceano Primordial, fonte de todas as Coisas;

ODIN
Pai das Deusas Primordiais, Senhor do Kantel Supremo;

UTAR
A Águia de Prata e Nevoeiro Fluídico de Onde Provém o Ovo Dourado Cósmico, de onde brotam Ukko- Céu, Terra, Sol e Lua;

LUONATAR –  ILMATAR
Mãe de Vainamoinen, as Águas Férteis  que propiciam a futura possibilidade da vida e do desenvolvimento

VAINAMOINEN
Mago, Poeta, Músico Magistral, que dá nome e forma a tudo no mundo de maneira a permitir que as coisas e seres venham a ser, em uma palavra o organizador;

LEMMINKAINENN
Opositor a Vainamoinen, Guerreiro Violento, Herói e  Mago;

SOLÊ
A Deusa  Sol e bem como o Astro;

VAMALA – OSRINÊ
Filha da Senhora de Pohjola  Louhi, dama da Graça e do Arco-íris, O Próprio Deleite Divino e Graça do Sampo, a Estrela da Manhã;

ILMARINEN
Deus do Fogo e Deus Ferreiro, extremamente hábil em todas as artes;

MENUO
O Deus Lua, e bem como o Satélite;

SAMPSA
O Deus da Terra e dos Campos;

LOUHI
Senhora de Pohjola, MESTRA do mundo das Trevas, o Mundo que está a Norte de Tudo, POHJOLA, e do Êxtase do SAMPO

Notaremos assim que os Deuses e Deusas acima citados, atendem em número gênero e grau, a forma de desenvolvimento necessário para tomada de contato com os processos de sutilização.
 
Assim teremos diretamente vinculados:

. Para Riqis, as Trevas, temos Athi;
. Para Ainitha, a Unidade, temos  Odin;
. Para Frodey, a Sabedoria, temos  Utar;
. Para Uf-Kunthi, O Entendimento, temos Luonatar;
. Para Waldufni, A Autoridade, temos Vainamoinen;
. Para Tugitha, A Firmeza, temos  Lemminkainen;
. Para Ana-Wiljei, o Equilíbrio, temos  Sole;
. Para Lustus, O Desejo, temos Vamala;
. Para Liuhadeins, o Esplendor do Intelecto, temos  Ilmarinen;
. Para Ga-Runjo, O Fluxo, temos  Menuo;
. Para Thiudinassus, O Império e Reino, temos  Sampsa;
. Para Af-Grunditha, O Abismo e o Êxtase do Conhecimento, temos Louhi.

E teremos assim uma escala livre em que os poderes puros ligados a escala cromática e musical, lembrando-nos sempre da estrofe e musicalidade, de tudo o que Vainamoinen sempre fez, eternamento guardadas tanto na epopéia Finlandeza, na Edda Nórdica, no Lebor Gábala Céltico, que Tolkien eternizou na música dos Ainindolê e na poesia Élfica, presentes sempre em suas obras.

 
 
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