Quem ou o Que é Tom Bombadil?

Escrito por Fábio Bettega
Tolkien inseriu Tom em O Senhor dos Anéis em um estágio bem inicial, quando ele continuava a pensar nele como uma sequência para O Hobbit, em vez de para O Silmarillion [a forma alterou-se durante os primeiros capítulos de O Senhor dos Anéis]. Tom encaixa-se na forma original [levemente infantil] dos primeiros capítulos [que lembra aqueles de O Hobbit], mas com a progressão da história ele aumentou de tom e tornou-se de natureza mais pesada. Tolkien mais tarde comentou que deixou Tom no livro porque ele decidiu que de qualquer forma Tom providenciaria um ingrediente necessário [veja o último parágrafo deste texto]. Algumas razões muito convincentes são dadas em algumas cartas maravilhosas [Letters, 144 & 15].
Esta questão tem sido amplamente debatida, algumas vezes veementemente demais. Parte da dificuldade é a complexidade da história literária de Tom. Tom era originalmente um boneco [com casaco azul e botas amarelas] possuído por Michael, filho de Tolkien. O boneco inspirou um fragmento de história, como os que ele frequentemente inventava para o divertimento de seus filhos. O fragmento foi por sua vez base para o poema “As Aventuras de Tom Bombadil”, publicado em 1933, que também introduziu Fruda d’Ouro, os espectros tumulares, o Velho Salgueiro [o poema foi a fonte dos eventos dos capítulos 6 a 8 de O Senhor dos Anéis]. Em uma carta da mesma época [1937] Tolkien explicou que Tom tinha a intenção de representar “o espírito do campo [que está desaparecendo] de Oxford e Berkshire”

Sobre a natureza de Tom, existem várias escolas de pensamento:

 

  • Ele era um Maia [a noção mais comum]. A explicação aqui é simples: dado o grupo de personagens conhecidos da Terra-média, seria o papel mais conveniente para colocá-lo [e Fruta d’Ouro também]. Grande parte dos outros indivíduos de O Senhor dos Anéis com origens “misteriosas”, como Gandalf, Sauron, os Magos, os Balrogs são de fato Maiar.

 

  • Ele é Ilúvatar. O único apoio para esta noção esté em terrenos teológicos: alguns interpretaram a frase de Fruta d’Ouro para Frodo [Frodo: “Quem é Tom Bombadil?” Fruta d’Ouro: “Ele é”.] com uma forma do Cristão “Eu sou o que eu sou”, que realmente poderia sugerir o Criador. Tolkien rejeitou esta afirmação de maneira bastante firme.

 

  • T.A. Shippey [em The Road to Middle-earth] e outros sugeriram que Tom é um tipo único. Esta noção recebeu apoio indireto do próprio Tolkien:  “Como uma história, eu acho bom que haja uma porção de coisas não explicadas [especialmente se uma explicação de fato existe]; …  E mesmo na Era mítica deve haver alguns enigmas, como sempre existem. Tom Bombadil é um deles [intencional]”.  Existem referências esparsas a outras entidades que não parecem se encaixar nos padrões usuais.
Seja lá qual for a correta, a função de Tom dentro da história era, evidentemente, demonstrar uma atitude particular em relação ao controle e poder. “A história é colocada em termos de um lado bom e um lado mau, beleza contra feiúra rude, tirania contra realeza, liberdade moderada contra compulsão que há muito perdeu qualquer objetivo a não ser o simples poder, e assim por diante; mas ambos os lados, em algum grau, conservativo ou destrutivo, deseja uma medida de controle. Mas se você possui, ou toma para si “um voto de pobreza”, renuncia ao controle, e tem prazer nas coisas por eleas mesmas sem referência para si mesmo, assistindo, observando e aumentando seu conhecimento, então a questão sobre os acertos e erros do poder e controle podem se tornar totalmente sem sentido para você, e os meios do poder absolutamente sem valor.”- [Letters].
Tom representa “Botânica e Zoologia [como ciências] e Poesia como oposição à Criação de Gado e Agricultura e comodidade.” [Letters].

[tradução de Fábio ‘Deriel’ Bettega]

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CelsoRusso

Vou fazer uma tentativa de colocar o texto aqui sem aqueles caracteres estranhos – se não der certo, ficará provado que o problema é algo no site, porque no meu computador ficou perfeito:

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Quem ou o Que é Tom Bombadil?

Tolkien inseriu Tom em O Senhor dos Anéis em um estágio bem inicial, quando ele continuava a pensar nele como uma sequência para O Hobbit, em vez de para O Silmarillion [a forma alterou-se durante os primeiros capítulos de O Senhor dos Anéis]. Tom encaixa-se na forma original [levemente infantil] dos primeiros capítulos [que lembra aqueles de O Hobbit], mas com a progressão da história ele aumentou de tom e tornou-se de natureza mais pesada. Tolkien mais tarde comentou que deixou Tom no livro porque ele decidiu que de qualquer forma Tom providenciaria um ingrediente necessário [veja o último parágrafo deste texto]. Algumas razões muito convincentes são dadas em algumas cartas maravilhosas [Letters, 144 & 15.

Esta questão tem sido amplamente debatida, algumas vezes veementemente demais. Parte da dificuldade é a complexidade da história literária de Tom. Tom era originalmente um boneco [com casaco azul e botas amarelas] possuído por Michael, filho de Tolkien. O boneco inspirou um fragmento de história, como os que ele frequentemente inventava para o divertimento de seus filhos. O fragmento foi por sua vez base para o poema “As Aventuras de Tom Bombadil”, publicado em 1933, que também introduziu Fruta d’Ouro, os espectros tumulares, o Velho Salgueiro [o poema foi a fonte dos eventos dos capítulos 6 a 8 de O Senhor dos Anéis]. Em uma carta da mesma Época [1937] Tolkien explicou que Tom tinha a intenção de representar “o espírito do campo [que está desaparecendo] de Oxford e Berkshire”.
Sobre a natureza de Tom, existem várias escolas de pensamento:

* Ele era um Maia [a noção mais comum]. A explicação aqui é simples: dado o grupo de personagens conhecidos da Terra-média, seria o papel mais conveniente para colocá-lo [e Fruta d’Ouro também]. Grande parte dos outros indivíduos de O Senhor dos Anéis com origens “misteriosas”, como Gandalf, Sauron, os Magos, os Balrogs, são de fato Maiar.

* Ele é Ilúvatar. O único apoio para esta noção está em terrenos teológicos: alguns interpretaram a frase de Fruta d”Ouro para Frodo [Frodo: “Quem é Tom Bombadil?” Fruta d”Ouro: “Ele é”.] com uma forma do Cristão “Eu sou o que eu sou”, que realmente poderia sugerir o Criador. Tolkien rejeitou esta afirmação de maneira bastante firme.

* T.A. Shippey [em The Road to Middle-earth] e outros sugeriram que Tom é um tipo único. Esta noção recebeu apoio indireto do próprio Tolkien: “Como uma história, eu acho bom que haja uma porção de coisas não explicadas [especialmente se uma explicação de fato existe]; … E mesmo na Era mitíca deve haver alguns enigmas, como sempre existem. Tom Bombadil é um deles [intencional].”. Existem referências esparsas a outras entidades que não parecem se encaixar nos padrões usuais.

Seja lá qual for a correta, a função de Tom dentro da história era, evidentemente, demonstrar uma atitude particular em relação ao controle e poder. “A história é colocada em termos de um lado bom e um lado mau, beleza contra feiúra rude, tirania contra realeza, liberdade moderada contra compulsão que há muito perdeu qualquer objetivo a não ser o simples poder, e assim por diante; mas ambos os lados, em algum grau, conservativo ou destrutivo, deseja uma medida de controle. Mas se você possui, ou toma para si “um voto de pobreza”, renuncia ao controle, e tem prazer nas coisas por elas mesmas sem referência para si mesmo, assistindo, observando e aumentando seu conhecimento, então a questão sobre os acertos e erros do poder e controle podem se tornar totalmente sem sentido para você, e os meios do poder absolutamente sem valor.”

[Letters]. Tom representa “Botânica e Zoologia [como ciências] e Poesia como oposição à Criação de Gado e Agricultura e comodidade.” [Letters].

[tradução de Fábio ‘Deriel’ Bettega]

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Minha intenção foi colaborar, pessoal, não entendam isso como uma crítica, por favor.

CelsoRusso

O texto é bom e curioso – a história do bonequinho Tom, por exemplo, mas está muito difícil de ler. Não sei se é aqui no meu computador, se eu preciso de algum plugin, mas nenhum caracter “brasileiro” aparece, e no seu lugar vem um monte de outros que tornam algumas palavras muito difíceis de entender.

Se for um problema aí no Valinor, seria interessante corrigir, como o Heitor pediu acima, embora não sejam erros no sentido lato da palavra.

Heitor

Por favor…
corrijam os erros que apareceram no texto!

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