Estranho como as notí­cias que vêm de Bri

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Escrito por Cassiano Ricardo Dalberto
(Nota – O texto foi publicado pelo autor Michael Martinez em 03/12/1999, antes do lançamento da Trilogia de O Senhor dos Anéis).
 
Dizem que não veremos muito Bri nos filmes de Peter Jackson. Bri é um
pequeno vilarejo ao leste do Condado, onde Frodo e seus companheiros se
encontram com Aragorn (lá conhecido como Passolargo). Espero que a
maioria das cenas de Bri explore como os Hobbits passam a viajar com o
Guardião, e assim o filme continuaria. Será que veremos Bri no Terceiro
filme? Ainda é cedo para dizer.
 
 
 
É uma pena que haverá pouco espaço para Bri no
filme, mas acredito que se alguém um dia criasse uma série televisiva
baseada nos filmes, haveria uma grande chance desta se basear em Bri. A
mini-série dos anos 80 “Anne of Green Gables�?, estrelando Megan
Follows, levou a uma seqüência de mini-séries e, finalmente uma série
televisiva, em que não aparecia nem Anne, nem Megan e nem ao menos
tinha a ver com as estórias de Anne/Green Gables. A série foi apenas
filmada na cidade onde Anne crescera.

Tal série televisiva
mostraria Bri corretamente? Infelizmente os filmes não o fazem. A Bri
de Jackson é um local pseudomedieval e ainda não está claro se a Colina
de Bri estará por perto (Esta é uma das pegadinhas lingüísticas de
Tolkien, pois “Bree�? quer dizer “Colina�?. Portanto, a cidade de Bri é
na verdade a cidade da “Colina�? – poderia esta ser a mesma sem a
Colina?).

Tolkien diz tão pouco sobre Bri que eu não me
surpreenderia ao encontrar muitas pessoas que não reparam em uma grande
parte da informação que ele providencia ao leitor. Bri dificilmente
seria considerada uma metrópole surpreendente. Tolkien diz que Bri
continha cerca de cem casas de pedra, pertencentes ao “Povo Grande�?. A
maioria dessas casas situava-se ao lado da colina e possuíam janelas
que apontavam para o Oeste (portanto eles estavam na parte oeste da
colina). O vilarejo era protegido por um dique profundo e uma cerca que
delimitava um semicírculo a partir da colina, no lado oeste. A estrada
passava pelo lado oeste da cerca e acabava na extremidade sudeste,
rodeando a colina.

Um dique e uma cerca para cem casas de
pedra. Essa descrição implica em ter existido uma grande quantia de
bens em alguma época do passado de Bri. Construções com pedras não são
difíceis de se achar aonde é fácil obter rochas, mas mesmo os Hobbits
tinham o hábito de construir casas de tijolo no Condado. Portanto, Bri,
aparentemente, tinha acesso a uma razoável quantia da grande economia
de Eriador em tempos passados, quando havia mais pessoas e certa
demanda por rochas.

A localização de Bri nos cruzamentos das
grandes estradas de Eriador provavelmente favoreceu sua sobrevivência
ao longo da Terceira Era, mais do que qualquer outro fator. As estradas
percorriam de Fornost Erain ao norte até Tharbad ao sul, e também dos
Portos Cinzentos a oeste, percorrendo todo o caminho até as Montanhas
Sombrias e além. A estrada leste-oeste aparentemente foi construída
pelos Anões, mas parece que os Númenorianos a tomaram quando fundaram
Arnor.

Os dias de glória de Bri provavelmente ocorreram a
partir dos anos 1300-1600 na Terceira Era. Esse foi o período em que os
Hobbits migraram para o oeste, de Rhudaur a Arthedain, sendo que muitos
deles se estabeleceram em Bri. Arthedain foi o mais poderoso dos três
reinos dos Dúnadan em Eriador, e seus habitantes eram os ancestrais do
povo de Aragorn. Outros povos viveram em Arthedain durante esses anos
também; alguns com certa descendência Dúnadan, alguns com descendência
dos Edain que se estabeleceram em Eriador (em sua maioria Beorianos) e
alguns descendentes dos Gwathuirim, o misterioso povo das florestas de
Enedwaith e Minhiriath, que lutaram por Sauron na guerra entre os Elfos
e Sauron. Os homens de Bri eram descendentes deste último grupo, sendo
o único grande grupo de homens (a não ser os Dúnadan) que sobreviveu à
Queda de Arnor.

Os reis de Arthedain proclamaram soberania
sobre toda a antiga Arnor a partir de 1356 e, após a Guerra de 1409,
Arthedain se tornou Arnor novamente. Mas seu povo havia diminuído em
número. Muitos pereceram nas várias guerras. Famílias inteiras e
vilarejos devem ter desaparecido na grande invasão de 1409.

Bri deve ter assumido um papel estratégico na guerra de 1409. Cardolan,
o reino sulista de Eriador, estava invadido. A maioria dos Dúnedain de
Cardolan vivia nas Colinas do Sul, uma cadeia de colinas ao sudeste de
Bri. Angmar invadiu e tomou essas colinas, matando muitas pessoas e
fazendo com que os sobreviventes migrassem na direção oeste. Alguns dos
Dúnedain se refugiaram em Tyrn Gorthad, as colinas ao sudoeste de Bri.
Nesta época não havia criaturas tumulares nas colinas e foi por muito
tempo um lar para os Dúnedain e Edain. Porém o exército de Angmar
também atacou Tyrn Gorthad e o último príncipe de Cardolan ali morreu.

Arthedain recebeu ajuda de Lindon. Círdan enviou um exército de Elfos
para ajudar os Dúnedain. Este exército deve ter unido suas forças ao
exército de Arthedain ao passar por Bri. Tal encontro ajudaria a
explicar por que o exército de Angmar não chegou ao norte, em
Arthedain. Os soldados do Rei Bruxo estavam no final de uma longa
linhagem. Eles estavam praticando uma política de destruição, enquanto
o exército dos Elfos havia surgido há pouco tempo. Elrond, que estava
sitiado em Valfenda, trouxe um exército de Lórien e ajudou a enfrentar
o exército do Rei Bruxo.

Após a guerra de 1409, Cardolan se
tornou uma parte da Arnor reunida, mas seu povo era pequeno e
dificilmente algum Dúnedain havia permanecido em Cardolan. Bri foi,
provavelmente, a primeira grande cidade ao norte de Tharbad. Devia
existir trânsito entre Fornost Erain e Tharbad, onde Arnor já havia
mantido uma guarnição ao lado de uma guarnição Gondoriana e,
provavelmente, os reis de Cardolan haviam mantido a guarnição sob seu
controle. Mas Arnor teve apenas duzentos anos para se recuperar da
guerra devastadora até a Peste Negra vir do Norte.

Além de
Tharbad, havia nas colinas ao norte de Dunland uma grande comunidade de
Grados. Alguns dos Grados viveram ali desde que seus ancestrais
cruzaram as Montanhas Sombrias por volta do ano 1150 da Terceira Era,
mas outros migraram para o Sul a partir de Rhudaur em 1300, quando
Angmar ergueu-se no norte. Os Grados de Dunland não parecem ter
estabelecido muitas interações com os Pés-Peludos e os Cascalvas de
Arthedain, mas havia algum tipo de comunicação, uma vez que muitos
Grados migraram para o Norte, quando o Condado foi fundado por Marcho e
Blanco em 1601.

É difícil imaginar como teria sido Bri antes
dos Hobbits chegarem ao oeste, a partir de Rhudaur. Provavelmente foi
uma cidade fronteiriça calma, aproveitando o fato de estar no
cruzamento entre dois reinos. Os Hobbits provavelmente devem ter dado
uma olhadinha na colina e então se apaixonaram. Muitos deles se
estabeleceram no lado leste da Colina, na cidade de Estrado. Como todos
sabemos, Estrado foi fundada nessa época.

Dentre os viajantes
que passavam por Bri devia haver Dúnedain, Anões, Elfos e vários homens
de muitos povos. O trânsito leste-oeste provavelmente era mais
utilizado por Elfos e Anões, e o trânsito norte – sul era utilizado
principalmente por Homens e Hobbits. Os Hobbits (e Homens)
provavelmente viviam ao norte da terra de Bri. As terras ao longo da
estrada ao norte devem ter sido bastante populosas.

Tudo isso
começou a mudar em 1601. Primeiro os Hobbits migraram para o Oeste, se
estabelecendo nas terras além do Rio Baranduin (Brandevin). Marcho e
Blanco partiram de Bri, mas nem todos os Hobbits de Bri saíram à
procura de novas terras. E como havia outras comunidades de Hobbits
naquele tempo, a maioria dos colonizadores deve ter vindo de fora de
Bri.

Por que os Hobbits decidiram colonizar novas terras? Tolkien escreve no prólogo que os Pés-Peludos “eram
a variedade mais comum e representativa de Hobbits, e sem dúvida a mais
numerosa. Eram os mais inclinados a se acomodar em um único lugar, e
preservaram por mais tempo o hábito ancestral de viver em túneis e
tocas�?
.

Minha opinião é a de que os Hobbits estavam
sofrendo um grande aumento populacional. Todos os povos de Arnor
poderiam estar em crescimento e o rei Argeleb II deve ter achado que já
era tempo de proclamar algumas das terras perdidas e abandonadas. O
exército de Elendil sofreu graves perdas durante a Guerra da Última
Aliança (Segunda Era, 3329-41). A principal parte do exército
sobrevivente voltou a Arnor no ano 1 da Terceira Era, mas Isildur
permaneceu em Gondor até o próximo ano e, subseqüentemente, sofreu uma
emboscada junto de seus três filhos mais velhos e 200 soldados Dúnadan.
Portanto, Arnor entrou na Terceira Era com menos homens do que tinha no
começo, quando Elendil fundou o reino, no ano 3320 da Segunda Era.

Não era somente o fato de que muitas famílias não tinham pais. Muitos
homens jovens devem ter corrido antes de ter se casado, ou mesmo antes
de poder criar muitos filhos. Famílias completas devem ter morrido
dentre os Dúnedain e outros homens de Arnor. Valandil, filho mais novo
de Isildur, vivia em Annúminas, a cidade do governo de Elendil, durante
os anos de seu reinado (Terceira Era, 10-299). Mas Tolkien escreve que
seus herdeiros (presumivelmente começando com Amlaith de Fornost, filho
mais velho do último Grande Rei de Arnor e primeiro rei de Arthedain)
mudaram a residência real para Fornost Erain.

É sensato
inferir que a maioria dos Dúnedain estava, nesta época, vivendo nas
Colinas do Norte, ao leste das Colinas de Evendim. Annúminas situava-se
nas Colinas de Evendim, ao norte das terras que se tornaram o Condado.
Elendil pode ter feito um forte recrutamento nas famílias dessa região
e esses soldados podem ter formado o núcleo do seu exército. A
afirmação de que os homens das Colinas de Evendim e a conduta real
entre o Baranduin e o Lune enfrentaram a maior parte das perdas de
Arnor na Guerra sugere uma razão pela qual tal região deixou de ser
populosa.

Sabemos que os reis se mudaram para o leste em
Fornost porque não havia pessoas suficientes para habitar Annúminas.
Presumivelmente, havia poucas pessoas vivendo perto da cidade também.
Portanto a cultura Dúnadan centralizou-se nas Colinas do Norte. Outros
homens de descendência Beoriana haviam vivido nas terras baixas entre
as Colinas do Norte e Bri. Sauron invadiu essas terras durante a Guerra
dos Elfos e Sauron (Segunda Era, 1695-1701), mas se alguns dos
Beorianos sobreviveram à guerra, eles provavelmente se restabeleceram
nas terras que haviam perdido.

Devido ao fato de que os
Dúnedain possuíam as Colinas do Norte, e de que ninguém escolhera viver
nas Colinas do Vento (que formavam a fronteira entre Arnor e Angmar),
parece que os Hobbits tinham poucos lugares para cavar seus túneis. Bri
teria sido o local ideal, mas pode não ter suportado todos os Hobbits.
Desta forma, Argeleb II teve que achar uma solução para os Hobbits que
queriam viver em túneis nas colinas.

As terras além do
Baranduin eram repletas de colinas. Eram as Colinas Verdes, Colinas
Brancas e as Colinas Distantes, menores do que as grandes colinas do
leste, porém suficientes para abrigar as muitas comunidades Hobbits. O
encorajamento para os Hobbits se estabelecerem nas terras ao oeste
teria reduzido a pressão sobre os homens que viviam ao norte de Bri, se
sua própria população já estava aumentando. Argeleb e seus conselheiros
devem ter achado que o futuro de Arnor seria um tanto quanto generoso.
Sauron deve ter concluído o mesmo também.

Gondor havia passado
por uma crise (1432-48) logo após Angmar ter sido derrotada em 1409.
Mas apesar dos rebeldes Gondorianos terem fugido para Umbar e se
separado do reino sulista, Gondor permaneceu forte e foi reforçada por
muitos homens do Norte que se estabeleceram no reino. Sauron deve ter
concluído que seus esforços para enfraquecer os reinos dos Dúnadan,
através de guerra após guerra não estavam funcionando. Então ele
preparou a Peste Negra e a liberou sobre a Terra-Média. Não parecia
importar a ele que os homens que o serviam também sofreriam. Seu
objetivo parece ter sido enfraquecer os reinos Dúnadan, e nisto ele
obteve sucesso.

A Peste Negra devastou o Norte e o Oeste, e
terras atrás de terras. Os habitantes de Dunland sobreviveram porque
eles ainda eram um povo essencialmente primitivo, provavelmente ainda
vivendo em clãs e famílias espalhadas, assim como seus ancestrais
haviam feito centenas de anos antes. Mas os Grados de Dunland viviam
unidos em comunidades e morreram como resultado da Peste. Tharbad,
provavelmente, também sofreu muito, mas sendo a base para as guarnições
reais, provavelmente devia ter certo contingente de sábios e
curandeiros que poderiam ajudar a preservar a cidade.

As
pessoas infelizes de Minhiriath e ao norte de Cardolan, por outro lado,
foram devastadas.Todos os Dúnedain remanescentes de Cardolan (que nesta
altura do campeonato já deviam ser poucos) pereceram e muitos dos
outros povos, que ali viviam, morreram também. Cidades inteiras
provavelmente desaparecendo no período de uma estação. Num dado mês,
pessoas estavam cultivando os campos, vendendo mercadorias; no outro
mês elas estavam mortas ou muito doentes para continuar.

A
Peste diminuiu assim que chegou às regiões situadas mais ao norte de
Eriador, portanto os Hobbits além do Baranduin sofreram intensamente,
mas sobreviveram. No entanto, pode ser que muitos outros Hobbits que
viviam fora do Condado e de Bri tenham morrido nesta época. Bri também
devia ter sábios e curandeiros, sendo uma cidade importante, mas seu
povo deve ter sofrido tanto quanto os Hobbits.

Portanto, Arnor
sofreu um contratempo mais sério nos dias da Peste Negra do que havia
sofrido na Guerra de 1409. Arthedain emergiu da guerra como uma Arnor
renascida. Muitas pessoas morreram na Guerra, mas os Elfos ajudaram a
atacar Angmar, enquanto não puderam ser muito úteis contra a Peste
Negra, mesmo tendo dons de cura. Homens e Hobbits tiveram que deixar a
natureza seguir seu curso.

Desta forma, Bri deve ter declinado
devido à Peste Negra. Muito do tráfego do Sul deve ter desaparecido
completamente. Tharbad ainda devia mandar mensageiros ao norte, mas
Gondor havia retirado suas guarnições (se é que algum dos soldados
havia sobrevivido) e após essa época os dois reinos Dúnadan se isolaram
por muitos anos. Sem os Grados não havia mais razão de esperar trânsito
proveniente de Dunland.

O povo do Condado permaneceu próximo
do povo de Bri nos primeiros anos, no entanto havia um grande tráfego
entre Bri e o Condado. Provavelmente os Anões também mantiveram um
trânsito estável, pois isso foi antes da desgraça fazer com que os
Anões Barbas-Longas deixassem sua terra natal para partir rumo a uma
migração de centenas de anos. Os grandes dragões ainda não haviam
chegado do Norte para perturbar os Homens e os Anões. A Terra-Média
devia parecer um lugar razoavelmente seguro após a Peste Negra.

O Rei Araval tentou recolonizar Cardolan, provavelmente após ele obter
vitória sobre Angmar em 1851. O ano de 1851 marcou o começo dos
problemas de Gondor com os ferozes orientais que derrubaram os homens
do norte de Rhovanion. Sauron deve ter se sentido ameaçado por três
poderes: Os reinos de Rhovanion, Arnor e Gondor.

Rhovanion
foi destruída, Gondor havia perdido um rei e suas tropas ao leste, e
Arnor havia vencido uma breve guerra. Mas os esforços de Araval para a
colonização falharam, pois Angmar havia enviado espíritos para
enfrentar as Colinas dos Túmulos em Tyrn Gorthad, após a Peste Negra.
Ninguém podia enfrentar o terror emanado por esses monstros.


A conseqüência, portanto, é que a população de Arnor estava crescendo
novamente, apesar de não sabermos que povo Araval tentou enviar como
colonizador. Bri deve ter permanecido serena para se beneficiar do
comércio renovado com Cardolan (que, de qualquer maneira, deve ter se
recuperado um pouco após a Peste), portanto seu povo deve ter ficado
muito desapontado com o fracasso da colonização.

O fracasso de
Araval precedeu, por algumas décadas, uma renovação do combate com
Angmar. Desta vez, os ataques de Angmar começaram a implicar em perdas
significantes para Arnor. A população deve ter diminuído e sua
habilidade em manter um grande exército se tornou deficiente. O Rei
Araphant retomou a comunicação com Gondor em 1940. Tal comunicação,
presumivelmente realizada através do palantíri, não deve ter surtido
impacto sobre Bri. Notícias da guerra passavam através da cidade, mas
eram notícias antigas e defasavas quando lá chegavam.

Em 1974,
Angmar invadiu Arnor. As Colinas do Norte se renderam, Fornost Erain
foi tomada e os Dúnedain que evitaram ser assassinados, em sua maioria
fugiram para Lindon a oeste. Tolkien escreve que “o povo do Condado sobreviveu, apesar da guerra atingi-los e a maioria deles fugiu, se escondendo�?.
Onde eles se esconderiam? Provavelmente nas colinas e bosques. Suas
cidades, como a Vila dos Hobbits e Beirágua, foram provavelmente
destruídas.

Que destino teve Bri? Não sabemos, mas deve ter
sofrido por ter sido privada de suporte e comunicação com o resto de
Arnor. O povo de Bri subitamente se encontrou sozinho, e pode ter sido
atacado ou talvez até mesmo afastado. Mas acho improvável que Bri tenha
sido diretamente atacada. O Rei-Bruxo parece ter se concentrado
primeiramente na destruição do poder dos Dúnedain. O povo do Condado
deve ter sofrido somente porque a guerra havia explodido próxima a eles.

Após Gondor, Lindon e Valfenda terem destruído Angmar, as pessoas
restantes de Eriador tinham que retomar suas vidas. Mas Arnor não foi
restabelecida por Aranarth, filho de Arvedui, o último Rei de Arnor. Ao
invés disso, ele assumiu o título de Capitão dos Dúnedain do Norte. É
possível imaginar como tais notícias foram recebidas pelo povo de Bri.
Ao invés de ver seu Rei retornar ao trono e Arnor se fortalecer
novamente, eles foram, basicamente, abandonados nas terras amplas e
desoladas. O Condado permaneceu, e ainda havia Anões para viajar nas
estradas, mas provavelmente não havia outros tráfegos nesses dias.

Além disso, Khazad-Dûm havia sido destruída apenas alguns anos depois.
Com o falecimento da grande civilização dos Barbas-Longas, Eriador
provavelmente vivenciou um breve influxo de Anões e depois uma baixa no
tráfego. Tharbad permaneceu, mas nesta época deve ter sido quase uma
sombra de si mesma, sem quaisquer soldados para protege-la. O Condado
também permaneceu, agora governado por seus próprios capitães e Thain,
mas o povo do Condado estava ocupado em reconstruir suas vidas após a
guerra também, e não era provável que eles participassem de grande
comércios.

Portanto o longo declínio de Bri começou após a
guerra final com Angmar. Os Dúnedain provavelmente se estabeleceram nas
terras ao leste de Bri, pois Tolkien diz que os habitantes de Bri
sabiam ou acreditavam que os Guardiões viajavam principalmente nas
terras ao leste e sul de Bri. E também sabemos que os Guardiões
mantinham guarda sobre o Condado, mas sua guarda mais visível foi
estabelecida no Vau Sarn, na Quarta Sul. É possível que o povo de
Aranarth, ou seus descendentes, tenham se estabelecido nas Colinas do
Sul por estar perto de Valfenda e se situar entre Tharbad, Bri e o
Condado?

Os Guardiões parecem ter atribuído a si mesmos a
tarefa de limpar Eriador. O Rei-Bruxo havia preenchido Angmar com
criaturas e homens malignas, e apesar de muitos destes terem sido
destruídos quando Gondor e Lindon derrotaram o exército do Rei-Bruxo na
Batalha de Fornost, parece que o norte de Eriador nunca esteve
totalmente livre de criaturas malignas novamente.

Em “No Pônei Saltitante�?, Tolkien escreve que no final da Terceira Era, “não
havia outros homens (com exceção daqueles de Bri) que tivessem fixado
residência em ponto tão extremo do oeste, ou dentro de cem léguas do
Condado�?
. Se tomarmos uma légua para medir aproximadamente três
milhas, isto significaria que os estabelecimentos humanos mais próximos
estavam nas Montanhas Sombrias. Uma vez que não é impossível afirmar
que os Dúnedain viveram nos pés das montanhas a oeste, próximo de
Valfenda, parece que os Guardiões deveriam passar bastante tempo fora
de casa. No entanto, a maioria das atividades dos Guardiões mencionadas
por Tolkien, de fato ocorreram próximas a Valfenda.

 
Ambas as Colinas do Sul e as Montanhas Sombrias parecem se encaixar às
palavras de Tolkien, apesar de que as Colinas do Sul estão mais
próximas do Condado do que cem léguas. Então, pode ser que o povo de
Aragorn tenha mesmo se estabelecido nas Montanhas, e só mandavam
Guardiões a Eriador para manter vigilância sobre o Condado, a Terra dos
Buques e Bri.

O declínio de Bri a partir do final do século XX
deve ter sido relativamente lento e gradual. Nunca houve alguma
esperança de recuperarem o antigo status que a cidade outrora havia
vivenciado, mas permanecia no cruzamento entre oeste, leste e sul.
Tharbad, o Condado e os Anões de Ered Luin providenciavam pelo menos
algumas trocas e comércio, e traziam notícias a Bri para serem
divididas com outros povos. Os Guardiões também devem ter visitado a
cidade em suas muitas viagens. O povo de Bri devia, em principio, saber
quem eram os Guardiões, mas com o passar dos séculos eles acabaram
esquecendo a conexão e se tornaram um tanto quanto desconfiados e
desdenhosos em relação aos Guardiões.

O século XXIV vivenciou
um retorno de coisas maléficas a Eriador, assim como a fundação da
Terra dos Buques. Tolkien menciona que havia transito entre a Terra dos
Buques e Bri por muitos anos, e entre a Quarta Leste e Bri. Acho isso
curioso, uma vez que a Quarta Leste parecia ter uma ampla população de
Grados. Mas talvez os Grados foram influenciados por seus antigos
hábitos de negociações com homens, portanto eram atraídos até Bri.

Assim que Eriador tornou-se mais e mais perigosa através dos séculos,
Bri deve ter sido como uma ilha no mar para muitos viajantes. Eles
deviam encontrar alojamentos seguros após muitos dias nas terras
selvagens, ou deviam se preparar para longas jornadas ao leste e sul,
obtendo provisões para seus grupos em Bri.A alimentação e equipamento
de grupos de viajantes não deve ter proporcionado muita renda, mas deve
ter ajudado a trazer o tráfego que Eriador podia proporcionar.

O último século da Terceira Era, no entanto, deve ter sido realmente
difícil para Bri. Tharbad fora desertada em 2912 após ter sido alagada.
Qualquer transito que passava por Bri deve, então, ter diminuído ou
desaparecido completamente. O Condado e a Terra dos Buques estavam se
tornando um tanto quanto insulares, e no final do século, Saruman de
Isengard se interessou pelo Condado, o que parece ter desviado uma
grande quantidade de negócios de Bri.

Tudo o que deve ter
restado para o povo de Bri seriam Anões, Guardiões e a migração
ocasional de Elfos fugitivos. É provável que a população local tenha
diminuído constantemente através das ultimas décadas, pois não havia
comércio suficiente para sustentar uma cidade grande. Mas para onde as
pessoas foram? Será que todas morreram?

 
Provavelmente não. Se Bri sofreu um declínio, sem duvida, alguns de seu
povo estabeleceram-se em fazendas fora das vilas da Terra de Bri, mas
ainda dentro das fronteiras da Terra de Bri e (desconhecidamente)
protegidas pelos Guardiões. Ou pode ser que alguns dos habitantes de
Bri viajaram ao Sul para Minhiriath, para tentar a sorte nos ermos.

Cevado Carrapicho parece ter sobrevivido principalmente devido ao
comércio local, clientes freqüentes que comiam e bebiam no Pônei
Saltitante, mas não usavam os serviços de quarto. A estalagem
provavelmente serviu como um salão de encontros e sede em épocas
problemáticas. Cevado também cuidava do único estábulo da Vila de Bri.
Portanto, parece ter havido poucos (se é que restou algum) mercadores
no final da Terceira Era. O povo da cidade deve ter continuado seus
trabalhos, independentemente de quais eram, e provavelmente eram
moderadamente ativos em carpintaria e trabalhos de fazenda. Assim como
Cevado havia contratado ajudantes parece plausível que as fazendas
maiores contratassem moradores da vila para ajudar a plantar e colher,
limpar campos, e talvez, ocasionalmente, construir um celeiro ou casa.

Tudo o que o povo de Bri precisava deve ter sido cultivado ou feito por
eles mesmos no final da Terceira Era. Eles cultivavam sua própria
erva-de-fumo (Borda do Sul era a variedade da erva-de-fumo que Cevado
deu a Gandalf e aos Hobbits após a Guerra do Anel). Eles, de vez em
quando, provavelmente chamavam um Anão para trabalhos de ferreiro, ou
contratavam Anões para projetos especiais, mas caso contrário, parecem
ter se tornado bem independentes e auto-suficientes durante os longos
anos do final da Terceira Era.

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